sexta-feira, 8 de maio de 2015

Estadia

Eu rezo pela morte
Toda noite
"Vem aqui e me leva"
"Pra eu não precisar mais vislumbrar futuro"
E quando estou sozinha é isso.
Não adianta mentir.

Também não vou mentir
Sobre quando acordo de manhã
Com vontade de não existir
Ou quando patética, eu resolvo sorrir
Pra tudo
Pra você,
Pra vida.

Você é a morbidez mais bonita que eu conheço.

E agora, você fuma os teus 52 cigarros,
Eu fumo três e me sinto mais perto de você.
E agora você se corta incontáveis vezes,
E eu te sinto mais perto da minha maldade.

E é quando doi que existe, não é?
E é quando eu amo que doi.
Doer é bom, afinal.

E como é que eu te explico
Que te quero bem,
Quando a sua dor me apaixona?

Como é que eu te convenço
De que existem várias coisas boas
Depois de venerar a morte?

Será que basta se eu disser
Que me sinto imensamente viva
Enquanto finjo que estou perto de você?

Isabel.
Isabel sabe de tudo.
Isabel conhece a morte e prefere viver.

Isabel.
Isabel te ama.
E também Diona.
Débora ama você.

Talvez não seja nem de longe
Suficiente pra suprir essa demanda
Nossa de esperança.

Mas fica.
Hoje.
Tenta de novo.
Tenta mais uma vez.
Quando no fim das contas,
Continua sendo você que me dá vontade
De existir além de sobreviver.

Eu quero poder te amar por muito tempo,
Quero poder te amar em carne e osso.
Quero sentir teu cheiro de nicotina.
Não me tira a chance de te tocar.
Fica.

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