sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cubículo verde

Não tem mais cigarros nesse lugar.
O que eu faço com esse cinzeiro?
Onde eu ponho?
Me ajuda aqui.
Podemos reciclar?

Eu preciso pedir ajuda sempre.
É assim que funciona, não é?
Mas nós dois sabemos
Que eu preciso ser
Independente.

Abro meus olhos.
Mantenho eles abertos.
Eu amo que estas paredes sejam verdes.
Eu amo o prefixo cubículo.
Essas duas palavras não combinam:
Prefixo e cubículo.

Elas são parecidas demais.
Nós não.
Nós somos diferentes um do outro.
Mas nos encontramos
No escuro
E agora nos encontramos neste verde.

Não há alma num texto como esse,
Mas há de haver em algum outro.
Se você tiver paciência,
Se tiver tempo de esperar
Tudo cozinhar por inteiro.

Não só as bordas,
Não só o meio.
O todo.

Hei de me sentar
Numa escada de dois degraus
Preta e branca
E esperar a cor mudar,
O som da água
Conversar comigo.

Hei de assistir
E mexer de vez em quando
Com o garfo que deixei separado
Só pra isso.

Meus dedos passeando
Por dentro do peito.

Vou continuar aqui,
Mas vai ficar melhor se tiver um cobertor.
E se eu souber o que fazer
Com aquele cinzeiro.
Onde eu ponho ele?
O que ele vai ser agora?

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