Meus cigarros não vão entender
Nem as vinte colheres de brigadeiro
Nem meu dedo que insiste em me machucar por dentro
Não tem ninguém para entender
Nem o espelho, nem as flores na minha janela
Nem os pássaros, nem os ratos, nem as formigas
Muito menos as borboletas
Não tem ninguém que alcance esta falta
É apenas isso, falta
A ausência que se alastra por todo o resto
Fim de domingo, de semana, de existência
Minha vida já não faz sentido a cada "não" que repito.
"Não vais fazer isso, moça. Não mais"
E tudo vai morrendo.
Sagu é o novo prato principal.
Há vontades fracas de coisas proibidas,
De desproibi-las para resgatar a falha
Pois esta arde no lugar de tamanho vão
É tedioso e fúnebre
Não justifica uma estadia tão longa.
Não há voz de consolo, nenhuma
É tão inconsistente que não há solução.
Minha coberta também não compreende
Ou a cama quebrada
Ou a calça rasgada estirada no chão
Ao lado do sapato imundo.
Se alguém pudesse ver isso aqui
Esse momento,
Talvez fosse capaz de entender a todas as outras coisas.
Meu ir e vir incansável
Talvez este seja o normal.
Dizem, saudade.
Saudade e domingo combinam demais
Especialmente nesse frio chuvoso.
As realidades estão mudando,
Nada vai me tirar daqui por enquanto
Mas não sei quem serei amanhã.
Não sei de nada.
Sei que falta,
Que se ausenta,
Que não está preenchido
O meu vazio.
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