sábado, 8 de agosto de 2015

Quando me quero às oito

Não posso dormir
Mesmo que me gritem os olhos
"Vamos logo!"
Não posso dormir
Me ardem os pensamentos
Em direções contrárias
E aquela velha garrafa de vinho
Sempre branco e barato
Onde está?
E as tardes perdidas pintando
A chuva no fundo
Por que aqui não chove mais?
O que acontece?
E aquele monte enorme
De lágrimas derramadas
O infinito luto
Onde se enfiou?
Tinha medo?
Medo da morte, talvez
De não ser nada além de igual
A falta de sono doi
As ruas do dia a dia se aproximam
O sol queima rasgando
As minhas cortinas
Só um pouco mais
Uns dez minutos
Ou mais umas cinco horas
Eu nem vejo
Como o tempo passa
Quantos amores eu tenho
Assim que é bom
Ir perdendo a vida aos poucos
A cada mês um novo mundo
Pra viver
E adorar
Para fugir, como se não houvesse
Outros dias esperando deste lado
Como se não houvesse passado
Como se pudesse ser mesmo o agora
Toda essa loucura
E mesmo com medo da ânsia suicida
A beleza de todo o resto
Acaba mandando na vontade
E que se danem todos
Cada prazer supera toda a culpa
É isso
Antes que me doa a cabeça
Antes que me embrulhe o estômago
Crê nessa tua glória particular
Moça, quando o mundo não é teu
Não vale a pena
Sente o ar e tudo que te toca
O que te põe sempre à flor da pele
Existe
Sai gritando por aí que existe
Canta, agradece
Luta pela vida
Curte isso
Curte cada momento forjado
Curte o lado bom de ser insana

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