segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Luz do sol, carne que brilha

Conversamos profissionalmente:
Dois filósofos sentados numa mesa,
Discutindo razões de existência.
E como se de fato não existíssemos,
Falávamo-nos sob a elegância da estrutura textual.
Que há de mais formal senão o pronome tu?
Penso a respeito, calculo, considero tal variável.
Dois cientistas, ninguém diria: outrora amantes.
Quem somos nós, afinal?
Quem somos nós?
Peter e Alice
Discutindo o mundo real
Com racionalidade.
Tudo que conhecemos,
Logo vira de ponta à cabeça.
Teto torna-se chão e vice-versa.
Torna-te são. Nos retomamos.
E se de fato há beleza nessa frieza bege do concreto,
Não há amor mais amor que este, é certo.
Em nova modalidade,
Essa nossa amável formalidade.
Não faço sacrifícios ou arranco minha pele de graça.
Enfio o masoquismo dentro da fronha e aguardo agora.
Pensando, pensando sobre tantas coisas.
Calando monstros, negando os elogios indesejáveis que me entrega.
Não sou raio de sol, não sou luz, não sou sereia.
Não sou fada-madrinha, fada-luzinha, fada-coisa-alguma.

Sou humana.
Em carne e osso,
Profana.
Um prato cheio de erros.
Incoerências difíceis de engolir.
Bittersweet,
Bittersweet number thousand three.

Pensa no que te atrai ao chocolate.
Pensa no mel de abelha que lambuza os dedos.
Pensa na infestação de formigas
E nos insetos mortos, queimados na lâmpada. Mariposas.
Doce, melado, grudento, asqueroso.

O que te traz de volta,
Eu recito,
São as incontáveis vezes
Que disse que te escutaria sempre.
Rezo de sempre a reza:
Fiz algo direito,
Enfeiticei mais um.

O que te expele é o que te traz de volta. Se não pura insanidade, obsessão. Gosta de ser amado, e por isso retorna. A crueza do ser humano doi as mãos. Te dou o que busca, não porque busca, mas porque quero. Não te espero as coisas de antes, mas te escrevo textos, duzentos. Te amo te amo e não importa a rima ou a convergência do tempo.

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