Você nunca está perto
E nunca está longe tampouco
Já não se faz mais de louco
E não me convence que é são
Já não conheço
Ou recordo teu nome
Mas temo que sempre me chame
E que eu lembre do timbre sadista da tua voz
Eu queria esperar teu retorno
Gostar desse meu peito morno
Mas juro que eu não posso mais
Nunca importa
O que nós façamos
Há soldados que ficam pra trás
(Some soldiers must be left behind)
Os versos que você não me escreve
Os elogios que não me devolve
O medo que não partilha
Essa ilha em que me põe
Sempre que foge
E esse espelho de ações
Que somos
Todos esses pontos
Pra fechar as feridas abertas
Os cortes profundos
Contando na calculadora
Fazendo a tabuada nos dedos
Quantas vezes o universo já nos disse
Quantas vezes o dia tentou me dizer
Quantos gritos a lua deu
Me mandando parar
Me mandando ir embora
Eu nunca vou, eu nunca vou
Querido, você não se aproxima
Não me abandona ou alcança
Você nunca me morde os tornozelos
Ou me aperta o pescoço
Você nem sequer existe mesmo
Então por que eu te tenho compaixão?
Não posso mandar que você vá ou fique
Não posso conversar contigo
Ou controlar as vontades do destino
Não posso cantar ou recitar versos
Não posso te ter ou esquecer que existe
Talvez eu enlouqueça, talvez não
Eu acordo todos os dias pensando
No que é a verdadeira tristeza
E se os meus pulsos ainda são capazes de sentir dor
É isso
Eu sou insensata, insana e destrutiva
Eu tento ser estável, apenas tento
Não há verdade plausível
E não temos conexão alguma
Você é uma espécie de vulto
Uma enganação dos meus olhos
Ilusionismo, magia negra
Você está dentro de mim, por isso nunca se vai
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