Um "amigo" meu me perguntou:
- Por que um suicídio tão doloroso?
E eu fiquei aqui me perguntando, refletindo. Por quê?
Um outro amigo meu escolheu uma morte doce. Uma morte suave. Ele quis dormir. Então por que eu prefiro a dor?
Talvez a resposta esteja na minha vontade adulterada.
Na verdadeira: eu não quero morrer.
Estava eu e uma poderosa lâmina (um deus em forma de objeto) escondidas entre quatro paredes brancas. Tremia. A morte me beijava as orelhas, respirava em mim. E eu gritava. Gritava em silêncio.
Imaginei a cena: eu ensanguentada, sendo levada para o hospital, e todos me deixando em paz, todos me dando espaço, me dando tempo.
E eu me condenava. Pelos pensamentos egocêntricos, desesperados, dramáticos. Me condenava pelo sangue desperdiçado no chão do meu delírio.
E a lâmina prateada reluzia encostando no meu braço, no meu pulso. Eu tremia e meu peito me dizia não. Você não vai se matar.
O meu capricho é simplesmente driblar tudo que o mundo me pede. Toda essa tortura, toda essa verdade. E viver de dor e amor. Porque é tudo que me faz sentido.
Eu não quero morrer. Nem me matar. Eu só quero ser amada. E parar de me desesperar, de ter medo de tudo, do mundo. De ter medo de ser só, de ser ignorada. Medo do abandono e da solidão. Tenho medo de ser ruim. E sou péssima. Insuportável. Tenho medo que descubram que eu não valho nada. E de certa forma eles sabem, porque eu nasci num mundo em que tudo é assim.
Eu devia me matar. Eu devia cortar os pulsos. E eu não sei onde fica o quê, mas não consigo tirar essa ideia da cabeça. Eu tô ficando louca.
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