Às sete e meia da manhã
Às sete e quinze
Às sete e quarenta e cinco
Às sete e vinte e sete
Eu tenho sonhos estranhos
Sonhos comigo mesma
Com amigos que nunca tive
Com pessoas que nunca vi
Lugares em que nunca estive
Ou pessoas conhecidas
Com as quais nunca fiz questão de sonhar
Sinto que avancei no tempo
Temo envelhecer
Pois minha vida está passando
E perdi 4 anos em segundos sem sentir
Eu estava deslocada no tempo
Ainda não havia passado para mim
E de repente,
Assim,
Passou
Tudo de uma vez.
E percebi que agora eu já sou outra
Com outras desvontades
Com outros desgostos
Com outras decepções
Com outras concepções
E outros ideais
Não quero dormir à noite
Temo que não haja tempo
Que eu envelheça antes de achar o caminho
De volta pro meu caminho
Ontem dormi de exausta
Tenho sentido muita fome
Pois passo tempo demais acordada
Acho que é por isso,
Não sei dizer
Pode ser o medo
Às vezes também fujo de comer
Não sei explicar essa parte
;
Temo que ao acordar amanhã,
Às sete e meia da manhã
Já tenha passado muitos anos,
Anos demais,
E que eu não possa mais fazer nada
Para me ajudar
;
Ou quando chega a manhã,
Temo que acorde muy tarde
Tarde da tarde
No fim do dia
Com o sol se pondo
E minha vida findando
Sem ter vivido nada,
Sem ter tido um pingo de alegria.
Acordo em sobressalto
Olhos pesados
Hipervigilante
Estômago aflito
Como passasse semanas vazio
Vá fazer algo
Sobreviva
Tento provar pra mim que está tudo bem
Que tudo bem descansar mais um pouco
Que eu preciso desses minutos de sono
Mas de nada adianta
Às oito e vinte
Inevitavelmente
Estou acordada,
Gastando minha bateria
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