Sou um punhado de brasa
Que chamusca na sua faísca
Um fuzível que queima
E desarma o painel elétrico
Uma lâmpada que estoura
Salpica seus estilhaços
O molhado gélido do mármore no refratário
Saído direto do forno
O secador de cabelo na banheira
A corda da cortina...
A corda.
Você é o estampido da bala de festim.
É o que o fogo de artifício é para os cães.
O que são as palmas para os pássaros domesticados
E o que o som do carro é para os pombos domésticos.
É a energia que causa o olhar que eu vejo
nos cachorros que eu conheço,
ao ver um celular
E bichos silvestres ao se depararem com câmeras
É o motivo pelo qual não se deve fazer movimentos bruscos,
ou correr, perto de animais
É o que era pra ele
Algo caindo no chão,
Um grito,
Qualquer objeto estranho,
Seringas,
Remédios,
Frutas,
Vegetais,
Em geral o escuro,
Lugares desconhecidos,
Ficar só,
Insetos,
Gatos,
Cães,
O que eu era para ele,
O que você me fez ser,
O que você era para mim,
Tudo que,
Eu via, quando olhava pra você.
Você é a brasa
Que causa o meu incêndio
E eu coloco gasolina
Até que a casa venha abaixo
Você é a usina
Que fornece energia
para que eu acenda
Todas as luzes da casa ao mesmo tempo
E os aparelhos na mesma tomada
Até que um pane na fiação dê um apagão geral
Você é o escuro
No qual eu me coloco
ao tatear a parede tentando encaixar a tomada
Sabendo o que me espera,
com os dedinhos entre o metal e o plástico
A gota no quente do vidro fino.
Você é água.
A água que racha, que explode,
que conduz à — ✃ ~
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