Alguém escreveu
Esperava uma poesia
Fiquei no ponto
Outro dia comecei um texto
Agora me lembro
De ter me esquecido
De como esse texto era
Precisava adormecer
Aceitei o luto
Um entre tantos
Definho no leito
Me doem as tripas
Escorre de mim
Até a última gota
Sonhei que ela me trocava
Por outra uma das trevas
Em uma convenção de bruxas
E todas perdiam identidades
Abraçava o Sinistro numa casa invadida
Assustava o Papa
Em ambiente remoto
Eu prometia ir a uma farmácia
Comprar fatiadoras novas
E tentava vestir uma capa do alto
Ficava presa num plástico, num círculo,
Roubava uma tesoura, e era abusada nua
Sexualmente
Enquanto doente e desorientada,
que pedia socorro
Minha cronologia debocha de mim
A semântica me vê uma grande piada
Um grupo se junta com a perspectiva
Egocêntrica de 5ª série
E me deseja a morte
Me sinto na escola
A linguagem não me reconhece
A psicologia não me reconhece
A minha família não me reconhece
A minha história não me reconhece
Eu não me reconheço no espelho
Eu não me conheço nas minhas memórias
Eu sou invisível aos outros
Eu sou um silêncio que faz barulho demais
Eu não existo
Me deito
E tento deixar de existir
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