Mais uma garrafa,
Mais um copo de café.
Uma enxaqueca na alma,
E mais um ciclo
Do meu útero,
Que trabalha impiedosamente
Todo mês.
Uma melodia nova nos pulmões,
E desespero nos lençois incomodados.
Atendendo aos pedidos da solidão:
Dor, anestesia,
E tinta nas palavras mortas.
Como se morrer fosse algo bom.
Talvez se eu soubesse o que os meus fios de cabelo esperam do mundo,
Se eu soubesse a que meus poros aspiram
Na vida, de tudo.
Talvez.
Eu poderia finalmente
Fazer da minha cama
Um descanso.
E não um lar.
Talvez eu não tivesse tanto medo
Se eu soubesse realmente
Que alguma coisa existe.
Que há, que vive.
Talvez eu levasse a sério
O tanto que o sangue corre em mim.
É possível que nem tudo seja assim tão pouco,
Que a alma seja saciada.
E que esse nada
Não seja a vida, e sim falta
Não do amor em si, mas de compreendê-lo.
De enxergá-lo ali na esquina.
É, talvez seja isso.
Talvez seja culpa da esquina,
Ou do poste no meio do caminho.
(talvez seja tudo mentira, mas eu quero a minha esperança)
(mais do que a morte)
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