Num dia desse estávamos no parque, distraídos. De repente eu resolvi olhar pra ele e foi estranho ele estar ali. Comigo. Entende? Éramos só os dois ali. Sem mundo ao redor. Eu olhei, olhei, e não conseguia parar. Uma espécie de sentimento, uma coisa estranha em mim. Até aquele instante tudo tinha sido bom. Maravilhoso. Era estranho. Tão estranho.
Meio inesperadamente, ele acabou percebendo que eu não tava normal. E me olhou como quem não entende.
- O que houve?
Eu não sabia. Não com certeza. Mas talvez desconfiasse.
- Estou com medo.
Sussurrei. Ele não entendeu por que eu estava sussurrando.
- Do quê?
De não amar mais. Nunca mais. De nunca ser amada.
- De você.
E ele entendeu menos ainda.
- Mas o que foi que eu fiz?
- Você não me ama.
Ele não soube bem o que dizer. Não teria como. Ele não amava mesmo.
Eu simplesmente sorri e declarei:
- Eu vou embora agora, vou acordar. Tudo bem. O meu amor daqui a pouco dorme. E eu não vou precisar ficar triste.
- Mas e o medo?
- Bom. Não posso fazer nada sobre isso. O medo faz parte de mim.
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