quinta-feira, 30 de junho de 2022

Arroz

As árvores chacoalham
feito um chocalho de criança
ou cem chicotes
O vento tenta carregar meu copo
A janela bate
Eu entro correndo pelo quarto
Tranco e destranco a porta
Protejo wally
O céu tem um roxo azulado
Eu penso se fecho a janela
Quero tirar a roupa
E vestir cinco camadas
O ar é gélido
Não o suficiente
Mas não de forma que eu o suporte
Penso se a deixo aberta
Ouço um som de alguém tossir
lá de baixo
Alguém fuma um baseado
O cheiro entra no meu peito
Agora sei ainda menos o que fazer
Talvez eu esteja a ponto de perder a mão
Desse meu texto estruturado 
Porque alguém me droga contra a minha vontade 
Mas eu quero 
As minhas costelas sangram
A minha coluna
Meu alicerce 
Tudo apodrece
E rasga e racha por dentro
Estou em cacos
Espero os morcegos
Talvez se por alguns segundos 
Eu tiver um átimo
De esperança
Eu não me jogue do segundo andar
Só pra sentir meus ossos se despedaçando
Mais um pouco
Eu quero que tudo acabe
Eu quero que eu acabe
Quero que meu corpo inteiro queime
Corroa, doa, morra.
Eu quero morrer.
E quero morrer com dor.

Queria que meu prédio fosse alto.