Frente a frente com o inimigo. Olhos que se encontram e se refugiam. Lábios retos, secos. Uma funebridade compartilhada. Compreendida. Ódio e amor.
Uma voz suave masturbando as almas doces. O pavor adormece. Como se dois órgãos copulassem em plena tempestade. Uma nostalgia forte de algo que já não existe. Um sentimento que só finge.
Tanta água derrubando todas as torres sóbrias. Tanto as que protegem, quanto as que aprisionam. Maremoto dos opostos.
Inconsequência degolada. Uma prisão em carne. Profunda escuridão. Oco.
Transpiro toda a essência e procuro ser nada porque minha cabeça ameaça explodir. Boom.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Ritual
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Guerra perdida. Looping stage
A primeira coisa que eu penso quando o vejo é que eu prefiro morrer.
A segunda é que o quero na minha cama.
A terceira coisa que eu penso é em como apanhar acalmaria toda a turbulência desses meus pensamentos.
A quarta coisa que eu penso é que eu devo me afastar.
Desejo me cortar. Desejo fumar.
Mas eu não posso fumar.
E na quinta coisa eu só penso que preciso mesmo é parar de pensar.
E aí vem o pânico.
Pane no sistema.
E o ciclo recomeça.
Um inferno em forma de gente.
Por favor, pare.
Pare de existir.
Eu não tô aguentando mais.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Folhas vazias
Viro uma folhinha,
Viro outra folhinha,
Viro uma folhinha outra vez...
Acabam todas as folhinhas do meu calendário
E eu ainda não ganhei nenhum freguês.
Mais uma página em branco,
Mais um dia.
É mais um vazio, que eu tenho que preencher
Sozinha...
Mas eu já tô ficando sem ideia
Cadê vocês?
Cadê vocês aqui?
Cadê vocês aqui?
Cadê?
Ando por aí em qualquer tempo
Viro em toda esquina
Olho ao meu redor
Olho para o céu
Vejo o sol se pôr ou nascer.
E ainda sim não há...
Eu não consigo te esquecer
Mas não importa
Não importa, o que eu quero é escrever
Mas eu não sei sobre o quê
Não dá mais pra cantar
Não há mais alegria
Não dá mais pra sentir...
Eu vejo todo mundo por aí
A conversar,
A gargalhar...
E se em algum canto, eu vejo alguém chorar
Eu quero encontrar
Eu quero conversar
Eu quero ajudar...
Mas já não posso, porque
Eu não sei mais sentir
Eu sou uma folha de papel
Vazia.
Pronta pra escrever,
Mas eu não sei o quê
Todo dia...
Eu falo
Com cada passarinho
Com cada borboleta...
Eu paro em qualquer lugar
Eu fico debaixo do sol,
Sinto a pele queimar
Ou pego toda a chuva
E a tempestade...
Eu vivo tudo que eu puder viver
E invento o que tiver pra inventar
Mas eu não sei
Como é que eu vou fazer
Para voltar a escrever
Se eu não sei mais amar...
Ah, meu amor
Não volte, por favor
Não te quero mais aqui
Mas eu não existo sem você
O que é que eu vou fazer
Eu não sei mais por quê
Eu não consigo
Viver.
Não consigo viver sem você.
Saia já daqui
Não quero mais ouvir
Eu quero é sorrir, me divertir
Eu preciso fugir,
Sair daqui
Vou mergulhar
No mar
Numa água qualquer,
Vou me afogar
Vou esperar
O mundo acabar
Não quero mais saber
Eu vou morrer
De tanto esperar...
Não quero mais saber...
Não quero mais viver...
Porque eu não sei amar...
Não sei amar...
Não quero mais...
Vou me afogar...
Passo uma folhinha
Passo outra folhinha
Passo uma folhinha
Do meu calendário que não tem fim...
São tantas mil folhas
Porque é que eu tenho que viver assim?
Vou pôr fogo
Em todas folhinhas
E vou me mandar
Daqui
Não volto nunca mais
Eu vou partir...
E talvez,
Eu te encontre,
Por aí.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Tempestade
Era uma daquelas sextas-feiras tempestuosas, em que a libido dela se apresentava tão intensa quanto a água do lado de fora da janela. Até a maneira dela de se mover mudava. Seu tom de voz, seu ritmo. A chuva costumava provocar nela um efeito inacreditável. Ela ficava irresistivelmemte sedutora. E não precisava fazer muito. Era o prazer dela. Era como se ela vivesse em um orgasmo constante. Como se tudo fosse maravilhosamente prazeroso, e especialmente eu. Ela se encostava em mim, e dizia que me amava. O seu cheiro impregnando-se no meu corpo, na minha memória. A pele morena, sensível a toques, mas não a marcas. Os olhos castanhos e o seu olhar profundo, desafiador. Ela me olhava como quem estivesse beirando a morte, e me provocava como se isso a excitasse ainda mais. Os cabelos escuros cacheados e rebeldes. Ela não se importava se eles estavam arrumados, e tampouco se importava com o próprio comportamento. Seus cabelos eram a metáfora da sua liberdade. Suas curvas não eram nem de longe perfeitas, ou geométricas. Mas me instigavam a modelá-la como argila, acariciá-la... E quando eu a tocava, era como se nela algo se explodisse. Ela era um maremoto aprisionado num corpo irregular.
Ela não demorou muito a se tornar um monstro sexual naquela noite. Nada muito incomum. A adrenalina de estar ali com ela era insubstituível. Ela me esgotou e prosseguiu com toda a sua tempestade até se exaurir. Só tive forças para observá-la arrastando-se entre os lençois, satisfeita. Ela sorria. Seu sorriso era sublime. Declarou que precisava de um cigarro e foi buscá-lo em sua bolsa. Tragou-o como se a nicotina fosse o seu oxigênio. Até o final de seu cigarro ela me observava. E no final demonstrou um imenso desgosto por mim e pela vida. Disse que precisava ir e foi. E não voltou nunca mais.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Androfobia
Dancei entre os monstros negros.
Aquelas almas putrefatas.
E as vozes me gritando
Eu quero, eu quero!
Eu quero vomitar.
Em minha mente
Um pau nas minhas costas.
Um socorro engolido feito esperma.
Falo.
Andro.
Fobia.
Aversão.
Suspiro forçado,
Orelha afogada,
Sobrecarga de energia.
Preciso sair daqui.
Refluxo. Suicídio. Masoquismo.
Tudo bem.
Eu tô aqui, não tô?
Morrendo.
Puro asco.
Puto casco.
Um nó de corda na nuca estilhaçada.
Um breu sujo
Regado de heterossexualidade.
Veneno escatológico.
Patologia.
Fim.
sábado, 8 de fevereiro de 2014
La Muerte
Vocês estragaram a minha mente,
e agora eu sou um vazio ambulante.
Eu não choro toda noite, eu não me desespero,
e tô quase acostumada à solidão.
Eu não amo, não gozo direito e até a comida parece mais sem sal.
É quase como se eu não existisse.
Me esqueci do que é autocontrole.
Devoro almas e corpos e palavras, engulo todos sem nem saber o gosto.
Nada me satisfaz. Depois de vocês, no vazio não há paz.
Meus poemas não têm sangue, nem felicidade.
Meu último amor está longe demais.
Minha razão me diz que é necessidade.
Meu corpo age por impulso.
Minha mente divaga, divaga.
E só me encontro no nosso passado podre.
Vocês me enterraram viva,
E eu morri.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Alguns filmes dos quais eu gosto bastante
Ninfomaníaca
Frida
Secretária
A menina que roubava livros
Amor além da vida
Pat Adams - Doutores da alegria
R. E. D. - Aposentados e perigosos
Closer
Cisne Negro
O profissional
O quinto elemento
Sexto sentido
Corrente do bem
Os homens que não amavam as mulheres
Jogos Vorazes
Em chamas
Casa de poemas
Li um poema na parede.
Ou dois, ou três.
Ou talvez tenha sido no teto.
Um poema de vocês.
Duas lágrimas me encheram,
Mas não quiseram a sair.
Achei tudo muito estranho,
Mas não evitei sorrir.
É que às vezes a gente se vê em casa,
Onde menos se espera.
E o nosso coração às vezes tá lá,
E às vezes,
Tá aqui.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Gole
- Senhorita, aceita um gole para atordoar o silêncio?
- Apenas um, você sabe. O tanto que dura o prazer.
- Como quiser.
- E que tal um poema? Estou certa que tem um a me oferecer.
- Só depois dessa garrafa.
- E por quê? Por que precisa dela?
- Porque ela já faz parte de mim.
- E a elegeu como sua acompanhante?
- É uma companhia prazerosa.
- E se eu me propuser a ser sua nova companhia?
- Eu te convidaria.
- A ir aonde?
- Aos meus cantos obscuros. À minha melancolia.
- À sua poesia, eu adoraria.
- Está certa disso?
- Estou... Curiosa. Interessada, eu diria.
- Me explique, moça.
- Não sei dizer ao certo... Sua tristeza me agrada.
A garrafa estava quase no fim. Fui obrigada a acender um cigarro. O silêncio desse instante preencheria o espaço de todas as respostas que eu não tinha sobre o futuro. Mas era mesmo incrível a minha capacidade de inventar futuros novos a cada semana.
Ele deveria dizer algo, mas sua boca estava cheia de álcool. Sua voz pareceu perder a sintonia com a mente, por vários segundos foi como se ele não estivesse mais ali. Esvaziou a garrafa no copo inócuo, e tornou a deixá-lo vazio. No último gole surgiu o meu poema. A madrugada o pedia. E eu degustei cada palavra devidamente escolhida por ele.
Teria perguntado a origem daquele sentimento, mas antes que eu percebesse ele já tinha ido. Havia uma despedida no final do poema, que eu notei um tanto tarde. Nada muito grave. Ele estaria ali na noite seguinte. Uma garrafa e um poema. Eu com o meu cigarro, interessada. E uma estranha e mútua inaceitação da morte.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
domingo, 2 de fevereiro de 2014
E qual é o filho que não mente para os pais?
Mas não tem problema,
Porque às vezes,
Nós mentimos por amor.
Açúcar
Te vejo assim tão perto, e já não posso me aguentar.
Me olhas assim tão bravo, mas preciso te tocar.
Me aceita e me permite, me apavora e não me nega.
Me convida com teus olhos, mas nunca diz que se entrega.
No compasso dessa louca,
Uma chance em um milhão.
Uns impulsos desvairados,
Desejo, fixação.
Te tornas todas as almas.
Te mete em todas as faces.
Sussurra em todos os corpos.
Preciso que me maltrate.
Mas do açúcar é feito, só.
Como à abelha é a rosa.
E a borboleta sou eu.
Não voo por ser medrosa.
Insisto até me doer.
Encosto até me empurrar.
Sufoco pra não morrer.
Não sei mais como é amar.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Um cigarro de você
Tua alma tá perdida.
Muito longe, muito vago.
Abstinência, nicotina.
Teu sorriso me embriaga
Nos sonhos falsos de ontem.
Quero estar à tua sombra,
Que eles nunca me encontrem.
Quero sumir em você.
E viver amor de novo.
Tudo falso, tudo branco.
Sem nenhum maldito estorvo.
Meus poros já sentem falta
Daquela quase antiga inspiração
Te fumo, te trago de volta.
E assim, não fico sem chão.