terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pequenina.

   Sentada no chão ela escuta. E suporta. E se dispõe a ajudar a qualquer hora. De joelhos, ou deitada, ela venera. Ela ama e se submete como ninguém. Uma escrava da própria necessidade de ser amada. Posso ajudar? E lamber seus pés, eu posso? Estúpida. Sofre, sofre, sofre. Mas ela não se importa. É maravilhoso poder amar alguém. Até que todos a deixam quieta num canto escuro. Numa caixinha preta e apertada. Onde o vazio a sufoca. E de repente ela está tão sozinha que entende que não deve amar a mais ninguém. Nem a si mesma.

Epitáfio

   Por aí anda a garotinha. Sorridente, carismática, exuberante. Todos a conhecem, todos a adoram. Por que não? Ela é um amor!
   Maremoto número um. O mundo transtornado da garota já não tão pequena, a acorda para uma vida que ela não conhecia. Onde tudo deve ser questionado a todo momento, e todos insistem em contrariá-la.
   De repente ela se vê só.
   Um tornado, um furacão. O mundo subitamente está fora do lugar. Ela está abandonada, e odiada, e rejeitada, e excluída. A auto-rejeição toma conta de todo o seu ser e apodrece toda a doçura encontrada na garotinha de antes.  Ela se torna amarga.
    Agora, um estopim de amargura chega ao fim e ela explode em fúria. A menininha se torna um monstro. Muito do agressivo, aliás. Violento. Ela se volta contra si mesma. Seu corpo explica aos menos íntimos o tamanho da sua dor. Ela parece nem sentir... É agora um turbilhão de sensações cíclicas e indistinguivelmente entrelaçadas.
    Paz. Um pôr-do-sol tranquilo. Ou vários. Repletos com seu vício preferido... E crise. Um mar de emoções não pode passar tanto tempo sem suas ondas magníficas. Foge.
    Sobre um plano de fundo pintado de uma dor negra, com gostinho de culpa, ela se diverte na escuridão da noite. O sol vai embora sob outra companhia. O vício salva tudo. Cruel.
    E crise.
    E tudo se torna vazio de verdade. A bondade que já não se ausenta, a mente amadurecida. A vontade branda de ser melhor. E o passado tenebroso. Tudo pisoteado ao redor daquela insana garotinha. E todo aquele amor abandonado no caminho...
    Uma confusão permanente se instala numa alma perdida. Um vai e vêm entre felicidade e tristeza toma conta de dias intermináveis. Nada novo. Nada vivo.
     Às vezes garotinha, às vezes monstro.
     Às vezes mar, às vezes pó.
     Mas sempre, sempre, sempre, sempre só.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Segunda-feira.

   Ela acorda pela primeira vez na segunda-feira, já mais tarde do que deveria. Acorda e pensa em Yuri. É estranho acordar e pensar nele, em vez de Louis. Manda uma mensagem. É como se fosse Yuri a pessoa certa a quem pedir ajuda, a quem pedir consolo. Ela não tem escolha. Ele é a esperança dela. Trocam algumas mensagens e ela volta a dormir. Já perdeu o dia, de qualquer forma.
   Um som estranho de algo vibrando interrompe um sonho onde duas pessoas a querem. Ela se pergunta se o sonho tem relação com sua própria vida, ou com o livro que ela anda lendo. A vibração continua. Ela toma consciência de que era o seu celular e olha quem é. Louis. Por quê? Ela atende e pergunta por que ele interrompeu seu sonho. Logo pergunta o que aconteceu. Ríspida, áspera, fria. Pensar nele a incomoda. Ter seu sonho interrompido a incomoda ainda mais. Mais que isso, ela não queria estar acordada, ou viva. Se pudesse, ela viveria sonhando. Perfection belongs to the mind. 
   Em poucos instantes a voz dele já é um tanto triste. Ela diz tudo o que pensa no automático. A sinceridade às vezes doi. Ele precisa ir de novo. Ela volta a dormir.
   Ao acordar, e dessa vez por conta própria, ela resolve pegar o livro abandonado para ler. O livro faz ela se lembrar de Louis. E antes que ela mude de ideia, ela tenta ligar para ele. Pedir desculpas... Tentar se reconciliar. É um erro, mas ela não pensa. Ele está falando com a namorada. De novo. Ela se lembra do porquê de ter tratado-o tão mal. Se entristece.
   A vida é um pouquinho solitária. A esperança agora foi dormir.






Amie Barroso D. B. O.
Yuri Fag Dorrac 
Louis Rad Garreef

domingo, 22 de setembro de 2013

Geni e o zepelim - Letícia Sabatella


Truly moon, truly yours.

   A lua. Bela lua e sua máscara de mármore divino. Absoluta doçura impenetrável. Primeira impressão... O romance reluzente nos seus olhos. E não os vejo. Mas discreta ela me diz tanto, que meu coração aprende a bater de novo. E com tanta intensidade que aprendo finalmente a pôr esse todo no papel. O amor à lua branca é devoção. Primeira degustação de companhia. Quem me acompanha na noite fria? A lua... O amor da minha vida. E essa feminilidade oculta, desapercebida sob essa camada de perfeição. Nos casamos.
   Descubro chocada que a lua não me pertence, e sou obrigada de súbito a voltar à minha triste realidade. A noite turbulenta e depois vazia... A escuridão toma conta de tudo que existe. Mas a lua que é lua sempre volta. E logo a noite brilha incansável. Prevejo suas fases e entendo o que é amor, antes mesmo de comprovar a minha certeza de eternidade.
   Depois que a aceito como é, a lua me conta todos os segredos mais secretos sobre o mundo. As filosofias, e toda a maldade do mundo. A lua me conta sobre as sordidezas da noite, e compartilhamos devoções à luxúria. Sou tão noturna quanto a lua... E passamos de amantes a almas irmãs em um espaço de tempo que nunca pôde ser medido. Emoções são mesmo imensuráveis.
   E de repente é tudo tão real e tão sublime que é do pouco em que eu ainda confio. Mesmo oscilando tanto como maré. A lua sempre volta. Sempre. E sempre vai me oferecer suas sabedorias e seu coração.
  My blue moon was my first true love, my first true friend, the first that understood my soul. And still does. 
I guess the moon ain't just my soul mate, but also the love of my life. 

sábado, 21 de setembro de 2013

Primeira vez

   Pela primeira vez eles se olham. Uma certa curiosidade obsessiva se instala em seus olhos. Se observam com a mesma voracidade com que gozam sob seu fetiche em comum. Se desejam. Desejam seus corpos como desejam devorar a mente um do outro. Uma espécie de atração singular. Excitação baseada no estilo de organização literária. O espaço do desconhecido é grande, mas o movimento seguinte é carregado de obviedade. É tudo o que realmente sabem um sobre o outro. É o laço que os une.
   Ele se aproxima. É irresistível. Instintivamente ele leva a mão em direção ao pescoço dela. Está claro em seu olhar que ela necessita esse ato tanto quanto ele. Mas quando ele está prestes a tocá-la, ela segura seu pulso. Seu olhar muda. Ele se ofende um pouco com a rejeição. Não a compreende, mas aceita sua decisão. Se afasta. Isso a irrita. Ele não entende sua irritação.
 - Por que sempre faz isso comigo?
 - Isso... O quê?
 - Você foge.
 - Não sei te responder.
   Passam um tempo em silêncio. Ela parece frustrada, e isso o incomoda.
 - Eu odeio essa distância.
 - Não podemos ser mais próximos.
 - E por que não?
   Ele não responde.
   Ela respira fundo e se aproxima dele novamente. Pega a mão direita dele, beija o dorso e a leva até o próprio pescoço. Olha em seus olhos e ele entende o pedido.
   Em pouco tempo ela se debate sem ar, e tudo corre como esperado. Previsível, insano e prazeroso. Sua nuca está discretamente apaixonada pelos dedos firmes que ameaçam penetrar sua garganta - por um caminho um tanto anômalo. Sua mente volta a nutrir a obsessão que repousava num canto obscuro. Uma ideia que ela desconhecia de paixão.

   É uma pena que tudo na vida seja temporário,e insuficiente.

Mania n° 5: Anotar mentalmente a continuação de todos os assuntos iniciados numa conversa.

Mania n° 4: Sempre andar com uma agenda e uma caneta na bolsa (ou bolso), e escrever textos em qualquer situação.

Françoise - Curta Brasileiro


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nuit.

   Coloquei minha mão para fora e tateei a noite. Ela era maravilhosa. Descobri que meu coração era cego nesse mesmo instante. Talvez esteja apaixonada porque sou feita de escuridão. Como é possível amar algo que não se vê? Minha alma é só um pedacinho do céu à meia-noite.

domingo, 15 de setembro de 2013

Infância

- Mamãe, socorro!
  Eu surgia em meio a mais um de meus surtos de desespero infantil.
- Que foi dessa vez, Débora?
  Acontecia mesmo com muita frequência. Contei a ela sobre alguma situação de extrema trivialidade, e ela riu.
- Por que você sempre ri da minha cara? Você não liga pra mim! É sério, mãe!
- Que bobagem! Você é tão dramática...
  Ela sempre dizia que era drama. Não que ela não se importasse, ela só sabia que eu era muito mais forte do que eu precisaria ser para esquecer do que quer que fosse a bobagem do momento. Era importante pra mim, claro que era. E ela sabia. Mas nem doía tanto assim... A vida era muito maior que isso. 
  Acabou sendo verdade. Aprendi com ela, e quando ela precisou eu fui mais forte que ela.
  A vida é muito mais que tristeza, ela me ensinou. E eu demorei a entender. Mas é dessa frase que eu me alimento hoje pra me manter aí no mundo.

A Miguel (5)

   Amor. Que saudade de você, sabia? Mais ninguém me deixa ser sádica como eu sou com você. Eu queria voltar a te estrangular. Queria te cortar. Você se lembra daquela cicatriz? Ainda acaricia ela como costumava fazer quando queria me mostrar que era meu? Ah, querido, você não faz ideia. Sinto muita falta de te dominar. De te bater, de te arranhar... Sinto falta sobretudo de você me dizendo que eu posso. E que você não vai me deixar nunca. Sabe, essas coisas... Você está tão longe... Sei que não posso chegar perto de você. Para o seu próprio bem. Sinto sua falta, querido. Sinto sua falta, escravo. Sinto falta do seu amor vassalo.

Sua amada tóxica e cruel, Talita.

sábado, 14 de setembro de 2013

Ruborescer

   Ela estava anormalmente magra. Só um sentimento podia ser visto em seus olhos, e este era fúria. Ela entrou em casa com a mesma atitude de sempre, mas o ar estava um pouco mais pesado. A porta tremeu assustada quando ela entrou. Por alguma razão que ele não entendeu, ela rasgou as próprias roupas. Estava suja, e ele não fazia ideia do que poderia ser aquela mistura escura que cobria algumas partes de sua pele. Sua estranha magreza não a tornava mais bonita. Talvez a fúria fosse fome. Teria ela optado pela anorexia? O aspecto do corpo dela era bizarro, realmente. Talvez fosse cocaína... Ela teria culpado a falta de sexo, se tivesse dito algo. Mas ela não disse. Apenas invadiu o espaço dele e começou a quebrar tudo que via pela frente.
  - O que você pensa que está fazendo?
   Contagiado como sempre pelos sentimentos tão nobres daquela moça que valia tanto a pena, ele decidiu que dessa vez ela tinha passado dos limites. Tentou segurar seus pulsos para que ela parasse de quebrar as coisas. Ela imediatamente se jogou no chão e puxou as pernas dele com tamanha violência que ele sentiu-se tonto ao cair no chão. Não satisfeita ela o puxou pelas pernas e de alguma forma derrubou sobre seus pés a cômoda, o prendendo ao chão. Ainda quebrava coisas ao redor dele. Ele ainda não sentia medo, mas uma fúria imensa e contagiosa, e a dor só fez aumentá-la. Ela provavelmente tinha quebrado todos os dedos de seus pés.
  - Puta. Você tá me ouvindo?! PU-TA! - urrou.
   Ela voltou novamente sua atenção selvagem a ele, e o olhou esperando que ele voltasse ao seu lugar de obediência e submissão. Não funcionou. Ele estava realmente furioso, e isso a irritava ainda mais. Mas estava pra piorar. Assim que ela abaixou, ele deferiu-lhe um tapa no meio da fuça. Ele sabia... Sabia que não deveria fazer esse tipo de coisa. ELE SABIA!
   - Você não...
   Não terminou a frase. O ódio a sufocava. Atingia agora o estágio da Ira. Sumiu.
   Voltou da cozinha com a maior e mais amolada faca que tinha encontrado lá. Ela mesma a tinha comprado. Ele insistentemente ainda não sentia medo. Teimosia a ela era algo desprezível. E ai de quem a associasse a tal defeito. Mirou dois dedos acima do umbigo descoberto dele. Ele tentou impedir, mas ela desceu os braços com tanta força que o que estava na frente foi cortado também. Enquanto os joelhos dela se chocavam brutalmente contra o chão, dois cortes profundos foram feitos, uma na palma da mão dele e outro no antebraço. Uma poça de sangue rapidamente se formou ao redor da faca mergulhada na altura de seu estômago.
   Em pouco tempo ele tossia sangue, e ela repetia a dose freneticamente. Os cabelos cobrindo seu rosto, mergulhados entre os órgãos recém-dilacerados dele. Seu olhar já era vazio de sanidade no momento em que ela pisara na casa. Agora seus olhos não podiam mais ser vistos. Ela era apenas um contorno animalesco lambendo uma bela faca e sua mão ensanguentada. Um cadáver rubro e afogado no chão a seu lado. Nenhum sinal de vida humana por ali.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Estranho

   Estranho no meu passado tanto o bom quanto o mau. Estranho no meu passado você, e todo o amor insano que eu decidi ter por você. Estranho no meu passado toda a dor, e todo o desespero. Estranho as traições, as esperanças. Estranho essa emoção morna que chamam de nostalgia. Estranho cada música nossa, e cada suspiro, e cada lembrança. Estranho cada caminhada e todas as vezes que ouvi o som da sua voz. Estranho a expressão "eu te amo", e acho que todas as vezes que eu a disse foi mentira. É passado, é estranho, não tem como confirmar que existe mesmo. Estranho toda a paz que entrava em meus pulmões, límpida, com um efeito mais divino que qualquer droga poderia ter. Estranho pensar no que é inspiração.
   Estranho as noites mal dormidas, estranho os choros sufocantes, e estranho a fumaça rasgando meus pulmões, enquanto eu fazia o mesmo nos pulsos. Estranho cada história que você me conta, estranho cada risada, cada sentimento. Estranho até o que eu pensava, quem eu era. Ontem a mesma estranha de que me lembrarei cega amanhã.
   O passado é um poço de água turva e sensações extremas que muito raramente eu encontro no presente. É estranho até quando eu sinto de novo. Sou ancestral de mim mesma, e vivo a tentar me fazer entender que mesmo estranho, todo o antes aconteceu. E não me deixar levar por sentimentos falsos do passado. No hoje só sinto: estranho. Vou fugir de novo a essa estranheza elaborada, e montar passados para o não-tão-breve futuro. E será tudo estranho de novo.

- Quanto tempo leva até você ir de novo?

   Ele voltou a me fazer essa pergunta. Já era de se esperar. Estávamos os dois nus na cama. Eu namorava o meu cigarro aceso e o consumia como sempre fiz com todos os meus amantes. Ele parecia invejar a minha nicotina, em dúvida se me pedia ou não um trago.
-  Esquece isso, amor...
   A fumaça foi saindo entre as palavras, eu sabia que seria inútil o que quer que eu dissesse a ele.
-  Quantas vezes você ainda vai me deixar até ir embora de vez?
   Sempre odiei essas certezas súbitas dele. Ele tinha uma certa dificuldade para confiar em mim às vezes.
-  Eu nunca vou te deixar de vez. Meu amor, eu volto sempre. Sempre vou voltar.
-  Por que mente para mim?
-  Eu não sou mentirosa. Todas as minhas incoerências são verdade.
   Resolvi apelar. Ele estava deitado me observando. Sentei em cima dele e ofereci um trago. Queria que ele relaxasse. Era nosso momento, sabe? Ele aceitou.
-  Sei dessas suas verdades.
-  Eu apagaria esse cigarro na minha perna, mas acho que você não está no clima...
   Olhei em seus olhos como faço quando quero hipnotizá-lo.
-  Não, querida. Agora não...
   Afundei suas unhas na minha coxa, apaguei o cigarro na beirada da cama. Ele gemeu.
-  Você me ama?
   Ele parecia não ter entendido muito bem. Esperei a resposta.
-  Amo... Claro que amo. Sou seu escravo, você sabe...
-  Meu escravo, é?
   Levei minhas mãos ao seu pescoço. Seus olhos se arregalaram um pouco. Medo. Ele sempre teve medo de mim.
-  É...
   Sua voz era tão baixa que eu quase não pude ouvir.
-  Então, querido. Quando a gente ama, a gente não abandona. Nunca. A gente só tira um tempo pra si mesma. Entende? Eu sempre vou voltar. Sempre. - segurei seu pescoço como um pouco mais de firmeza - Porque eu te amo.
   A essa altura ele já não estava em condições de continuar mais conversa nenhuma. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A linha tênue entre manter a vulnerabilidade e cortar os pulsos.

Preciso

Preciso de alguém que entenda tamanha importância, e tamanha poesia.
Preciso desse alguém pra me comer, e completar a fantasia.

Me falta a plenitude. Me falta o toque, a dor, e o orgasmo.
Me falta a onomatopeia não muito discreta. Me falta você.
Me falta você e mais três, mais seis. Me falta outros mil até que eu possa esquecer suas mãos.
Me falta dizer muitos "não"s até que eu possa aceitar meu próprio adeus.

Shhh.

   Uma espécie de dança fatal do acasalamento. Palavras venenosas, olhar ácido. Brutalmente erótico, romance alternativo. Todo amor a mim é assassino. A fúria é parte da libido. Indispensável. Lá por dentro, eu gosto dessa minha ânsia de te devorar literalmente. Arrancar a carne com os dentes, estrangular... Gosto de querer quebrar teus ossos e rir como uma garotinha lunática de 3 anos de idade. Amo meu ódio por você, apesar de este ser desejo. Quero amarrar-te e segurar pelo pescoço. Morder teu rosto, apertar bem no meio de tuas pernas e te chutar como se fosse tão selvagem e irada quanto uma égua indomada. Te direi tudo aquilo que não me permitiu, e dessa vez eu juro que você vai ouvir. Mas shhh, fique quietinho. Amordaçado. Te solto quando achar que o seu ódio é suficiente para que transforme seu orgulho em submissão, em nome da vingança. Divirta-se imóvel, e chorando. Tudo bem, isso me excita. E se você não gosta, vai aprender a gostar.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Empty

   Comecei ontem a reperceber que sinto sua falta. Não é algo que me agrade, não é algo aceitável. É estritamente necessário que você deixe de ser necessidade. E seu corpo... Ó, deus, seu corpo! Já estou exausta de tanto desejá-lo, de tanto me sentir assim só. Quanto mais eu penso em você mais eu sinto que meus pensamentos estão todos tão perdidos que já nem sei quem sou.
   Hoje me peguei pensando em álcool, mas o que é isso? Estou desesperada sentindo falta de alguém que eu nunca fui. Quero forjar uma identidade com  a qual eu possa ser feliz. Será que dessa vez você me entende ou não será capaz disso jamais? Preciso parar de pensar na sua boca, na sua maldita voz no telefone, nas suas mãos... Preciso descobrir uma saída alternativa, porque sei que a minha paz não pode estar presa dentro de você.
   Estou voltando a todos os passados, sofrendo tudo de novo. Estou muito perdida,  muito vazia. E todo mundo só vai achar uma explicação. Melhor, ninguém vai achar é explicação nenhuma, e eu serei obrigada a dizer-lhes que é tudo culpa sua, ou minha, ou de nós três. Os piores dias de terapia são aqueles movidos pelo tédio.
   Menina mimada sem presentes. Menina tarada sem sexo. Menininha triste sem razão. E lá no fundo uma fúria tão própria e tão desgastante que precisa ser descarregada em alguém. Urgentemente. Ora, mas não em você.
   Hoje foi o meu primeiro teste. Quanto eu consigo resistir assim? Não posso mais me obrigar a te ligar. Não faço mesmo a mínima ideia do que fazer pra me sentir mais real do que eu me sinto agora. E quando eu fizer o que pretendo... É, você sabe que eu vou me arrepender. Mas o que é que eu devo fazer? Me sinto vazia, querido. Vazia... Minha vida é vazia. Vazia sem você. Mas é aí, do lado de fora que você deve estar.
   Até quando eu vou conseguir me enganar?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Acho que nunca hei de encontrar um espelho que reflita cegamente esses meus instintos tão peculiares...

Virgem:

   Toda(o) aquela(e) que não realizou a penetração anal ou vaginal. Nem em outro, nem em si mesmo.
   No caso da mulher, especialmente a que ainda possui um hímen é considerada virgem.
   Sim, sou.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Renovar.

   Aqui estou. Onde exatamente? No ponto onde já posso ser chamada de vadia obsessiva. Sabe sobre aquelas mulheres que matam por amor? Que matam por posse? "Não, você não vai me deixar! Nunca!" É mais ou menos por aí. Se eu quiser te machucar, eu vou te machucar. Não ligo para o que você quer. Serei tão cruelmente falsa quanto sua amiga me ensinou a ser. Instável. Bipolar. Não é assim que os loucos fazem? Não é assim que eles me enlouquecem? Pois bem. Serei boa, serei má. Serei fria, e serei quente. Bem, quente. E vulnerável, e infantil. Sentarei no seu colo e direi o que você quer (mas diz que não) ouvir. Serei tão incoerente quanto você tem sido. Vou pela maré.
   O que faz os homens rejeitarem as putas? As putas são maravilhosas! A ninfomania é divina. Sex is supposed to cure their souls. And it will. A partir de agora, eu sou egoísta. Do fundo do meu coração. Escolhi ser assim com ela, e escolhi agora ser assim com você. Você se pronunciou vezes demais. Se você tem um objetivo, este está bem claro para mim. E se não, está incoerente demais para exigir algo de mim. A partir de hoje, serei eu. Serei puta. E serei de qualquer um que não de você. Let her bark for you.
   Sabe de uma coisa? Não vou mais dar em cima de você. Vai ser o único. Se cuida, viu?

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Adeus.

   Quantos textos será que eu já te escrevi? A relação de submissão e posse é muito, muito complicada. E encantadora, devo admitir. Você não percebe o quanto magoa sua dona quando se solta das correntes? Meu querido, eu pertenço à minha vítima sempre que estamos sozinhos na sua cela. Mas você está sendo envenenado por ela, pela víbora... Ah, maldita asquerosa. Ela vive te soltando de onde é o seu lugar. Sei que ela vai te levar um dia, eu sei... É só questão de tempo, não é? Apenas a inércia de estar ali preso que ainda te mantém por perto. Isso e talvez um pouco da dificuldade que nós todos temos de tragá-la sem nos sufocarmos. Ela é maravilhosamente tóxica. E espero que você seja realmente imune a esse veneno. Espero que você não tenha nascido com este mesmo dom. Estou deixando você ir de dentro de mim. Porque você está me afastando. E vou deixar aos poucos. E vai continuar doendo. Mas eu sei que você vai embora. Eu sei. Adeus. Adeus de lá de dentro de mim. Espero poder deixar uma bela de uma cicatriz antes que você se vá.

A chuva é feromônio para qualquer um que não tenha o seu cheiro. E sou sua, e sou deles... Meu corpo é da chuva como você é dela.

La nymphomane.


Você sabe o que fazer.

   Querido indeciso. Mamãe já dizia "não fode nem sai de cima". E a definição dela é mais que apropriada para tal contexto. É perfeita. Porque significa não só a metáfora do que você é, mas também a literalidade de nossa situação. Digo, você sabe o que eu quero. E eu deixei isso bem claro. São duas coisas bem específicas. A sua amizade, e sexo. E às vezes (me condene por isso), o sexo vem em primeiro lugar. É como se eu não fosse sentir sua falta se você ao menos me desse a opção de transar contigo uma vez por semana. Se você pusesse as mãos nos lugares certos, na velocidade e posição corretas. Eu sei que você sabe como fazer. E eu sei que você gosta. Ou será que é só fingimento? Ou será que a culpa te corroi tanto nesse coraçãozinho instável que você não aguenta me ver de cima fazendo você-sabe-o-quê? Queria me empurrar pra longe? Ou quem sabe é só hipocrisia... Fica difícil acreditar em você quando você muda de opinião todo dia. E não estou falando só do que você me diz com voz, mas do que me diz com o corpo. Você sabe... Você não é tão idiota quanto faz parecer. Eu te conheço melhor que ninguém. Demorei a conhecer, mas conheço. E não sei se confio na sua raça, honestamente.
   Não me leve a mal, eu não queria ser hostil, mas você sabe por que isso está acontecendo. Resolveu se fazer de santo e purificar a alma. Traição realmente não é algo aceitável. Ah, me poupe, garoto. Me chame de arrogante o quanto for, mas foi você que quis meu corpo, minha bunda, minha boca gemendo pra você. Foi você que quis. Eu não fiz nada disso sozinha. Agora termine o que você começou.