domingo, 29 de junho de 2014

Respirar-te.

   Eu poderia ser sua borboleta monarca, e voaríamos juntos para o asfalto. E quantos entre nós não ficariam atordoados com nosso bater de asas inconsequente? Seríamos livres. Como ninguém vê quando digere uma tragédia. Eu te seguiria por mais três mundos. Eu seguiria aquele ponto laranja no céu, até que ele se desfizesse. Eu te amo.
   Não há poesia mais concreta, e mais infinda que existir em você. E minha nicotina chora quando eu não te beijo. E eu me desespero toda noite porque sua presença escorre entre meus dedos enrrugados.
   Você é a ausência de sanidade que me transborda. É o meu vício em ser o que eu não sou. Você é o que acorrenta a minha alma em vida, e o que a intoxica. Você é minha inspiração. E o que me satisfaz. E o que me incompleta.
   Há um espaço-tempo distorcido entre te conhecer e pertencer-te. E é como se eu mergulhasse numa alucinação, e sufocasse à beira da superfície da realidade. É mais feliz celebrar a morte do nosso amor, que apenas respirar. Eu prefiro respirar-te.

Você é o meu tesão na nicotina.

Esquinas mentirosas

Eu ando pelas esquinas,
Te procuro.
Encontro essas almas tortas,
E as aturo.
Sigo-as, decadente,
Pelo escuro.

Te acho nos meus cigarros,
Mentolados.
E fujo com um estranho,
Atordoado.
Com todos os condenados,
Faço festa.
E em pouco tempo consumo,
O que me resta.

De você, eu tenho pouco,
E peço mais.
Mas dizem que você é louco,
Meu rapaz.

Me acabo com eles,
Mas no fim da noite,
Eles choram.

E te chamo de longe,
E amanhece.
Me devoram.

Esperava de uma alma torta,
Uma morte breve.
Uma dor mais leve.
De quem não se importa.

Mas eles são tão humanos quanto nós,
E menos deliciosos que você.
Quero te engolir a sós.
E nos assistir morrer.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Escrevo e não há texto

Escrevo. Não com reverência ou responsabilidade. Não por reconhecimento, e não por admiração. Escrevo às vezes, por puro narcisismo. Escrevo para me surpreender com quem eu sou, e também para me expor a todo o resto. Escrevo sem nenhuma aspiração. Escrevo sem nenhum momento para tal atividade. Escrevo parar tentar me lembrar de quem eu era em momentos em que não me aceito hoje. Escrevo ao tentar organizar meus modos em palavras, e me redimir dos erros que não vão ser perdoados.

Escrevia no início, por pura solidão. E dizem, que é assim que a maioria faz. Escrevo hoje mais predominantemente por puro hábito. Por não saber lidar com o conceito de morte, e não ter o desapego de meus momentos tolos, nem de meus pensamentos cheios. Escrevo porque preciso existir além de mim. E escrevo para o espelho, mais que tudo.

Escrevo. Preciso escrever. E não há relevância real para este fato.

domingo, 22 de junho de 2014

Intenção

Vi uma borboleta branca
No caminho
E ela se alegrou
Na minha frente
Ignorou que eu era gente
E me disse:
Cocaína.

Eu esperei encabulada
Disse que ela estava errada
E que me atrapalhava de passar.

Muito tarde,
Ela não tinha tradutor
Pra língua de destruidor
Dos seus jardins.

A frase dela se plantou no meu
Apego.
E não tenho mais sossego
Enquanto a ouvir sussurrar.

Todos sabem
O que é que eu tô fazendo
O que é que eu tô querendo
E que eu não vou me matar.

Eu sou ela
Eu vivo como ela
Eu sinto como ela
E estou me fazendo perder.

sábado, 21 de junho de 2014

Aviso prévio

- Talita, pare.
- Você não entende. Eu não sou eu se eu não fizer essas coisas.
- Deixa de ser idiota. Nada disso vai te fazer mais feliz.
- E quem disse que eu quero ser feliz? Escuta, eu te amo. Mas eu não consigo viver essa vida, está bem? Essa não sou eu. Esses sorrisos, esse amor, essas margaridas e músicas alegres. Nada disso me pertence. EU NÃO AGUENTO VIVER ASSIM.
- E como você quer viver? Drogada na rua sendo fodida por qualquer um que passar? Sendo espancada, cuspida... ARG. Como você consegue aceitar isso para si, Talita?
- Porque eu sou essa pessoa. Eu já fui antes, e eu posso ser de novo.
- Mas você entende que eu não posso deixar você fazer isso?
- Você não vai ter que deixar. Não tem muito a ser feito. Eu vou acabar fugindo daqui. Admite, você sabia disso desde o início. Sabia que eu ia acabar fugindo.
- Detesto isso.
- O quê?
- Esse sentimento de incapacidade. Eu odeio. Odeio mais que tudo.
- Droga, Miguel. Eu não quero fazer isso pra te machucar. Ah, querido...
- Eu tenho o direito de ficar triste, não tenho?
- Tem, mas... Vem aqui. Fica aqui comigo. Eu não tenho escolha...
- Claro que tem, Ta!
- Não. Eu queria... Arg. Eu vou sentir sua falta. Não agora, mas vou.
- Se você fugir eu vou atrás de você.
- Eu não posso te impedir. Mas seria bom se não perdesse o seu tempo.
- Não vou saber viver sem você.
- O ser humano é capaz de coisas inacreditáveis.
- Eu consegui te encontrar.
- Você é um iludido. Mas eu gosto disso. Ai, meu deus, eu sou uma vadia sádica.
- Você pode ser o que quiser, eu ainda vou te amar. Ainda vou...
- Acho que eu também. Acho que eu vou te amar pra sempre, Miguel... Mesmo que eu nunca mais te veja.
- Como assim?
- Eu tô me despedindo. Mas não vou agora. De qualquer forma, adeus.
- Talita? O que é que você tá dizendo?
- Vai ficar tudo bem, eu prometo.
- Não vá.
- Boa noite, meu amor. Vamos dormir.

Você está aqui.

Você está em tudo.
Você está nas minhas esquinas,
E na memória das minhas retinas.

Você está em mim.
Está nos meus fios de cabelo,
E está nas minhas noites de sono.

Você está aqui.
Do lado de fora, no mundo.
No vento que me afoga de ar.

Você está no cinza do céu urbano,
E no sol que me desarma,
E na chuva que me bebe.

Você está na minha licença pra existir.
Está na minha voz pra reclamar,
E nos meus lábios pra sorrir.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Alice no seu mundo

Te amo agora exatamente como te amava há 4 anos atrás.
Talvez um pouco mais madura, talvez ainda completamente perdida.
Mas te amo tanto quanto.
Sem todos os fru-frus.
Sem todos os enfeites.
Sem todo o melodrama.

Te amo porque você me traz de volta à vida.
Porque você me enche de uma lucidez barata.
Isso não deveria ser uma metáfora, mas você é a minha cocaína.

Não é à toa que Yayo me lembra muito você.
Te olho debaixo, como se você fosse um deus.
Não dá pra evitar.

Depois te tudo que você fez e faz eu ainda sigo os teus passos.
E só me encontro em você.
Talvez você tenha mesmo um pedaço da minha alma,
Para que eu me sinta assim tão em casa quando estou contigo.

Me deu vontade de chorar agora.
Como se estivéssemos em 2011.
Eu ando me sentindo muito perdida.

Mas eu ouço sua voz e... é como se eu estivesse dopada.
Pessoas podem fazer isso? Ou eu estou mesmo louca?

Talvez eu tenha alguma doença, sabe. Porque eu não me sinto eu ultimamente. Como Alice.
Ficar acordada nessas noites longas me faz descer demais dentro de mim.

Eu poderia te ouvir pra sempre...
Amarrada, sacrificada, destroçada.
E tudo estaria maravilhosamente bem.
Doentio, não?

Eu te amo.
Te amo como um evangélico fanático ama a jesus.
Te amo como nazistas surreais amavam hitler.
Te amo como os judeus o odiavam.

Te amo numa sexta-feira suja, me entupindo de filosofias duras e me ensinando novas formas de me devorar por dentro.

Te amo rindo pra mim como se fosse o diabo.
Te amo quando você parece doente.
E adoeço contigo.
Eu me jogaria de um abismo com você.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sonhei contigo

Você se transformou tantas vezes dentro de mim, que hoje fui capaz de sonhar algo bom sobre ti.
Sobre todo o ódio,
Além de toda mágoa.
Como se estivesse presa lá naquele tempo em que eu te amava.
Com aquele meu lado idiota, cheio de borboletas no cabelo.
Cheia de esperanças no sangue.
Cheia de melodia na voz.

Você se supera, dentro de mim.
É uma bomba-relógio.
Uma substância química.
E acho que acordei feliz porque sonhei contigo.

E lá você era minha.
Eu devia queimar na fogueira, querida.
Eu devia virar pó.

Mas a noite hoje está tão bonita...

Enciclopédia

Sobre o meu amor:
Parece mais sujo do que realmente é.

Sobre mim:
Pareço mais forte do que realmente sou.

Sobre você:
É mais o meu amor do que parece ser.

E sobre nós:
Sobre nós, tudo que as palavras não puderem dizer.

terça-feira, 17 de junho de 2014

O céu e o inferno.

Se eu pudesse me partir em duas,
Te entregaria uma parte,
E a outra deixaria na esquina.

E se pudesse sobreviver de um lado,
O outro morreria aos poucos.
E ambos estariam em casa.

Se eu pudesse, teria duas vidas.
E as viveria calmamente,
Como quem rema em meio à neblina.

Seria uma por vez,
Mas insisto em ser duas ao mesmo tempo.
E morro em dobro.

Passarinho.

Eu sou aquele pássaro de canto feio.
Aquele que ninguém gosta de ouvir.

"Os gritos da ave espalhafatosa
Acabaram por levá-la à gaiola.
E ela se enfurnou por lá."

Você é o ser estranho
Que me encontra todo dia,
E abre a portinha de metal.

Você sorri para o meu canto feio,
E de alguma forma ao te ver,
Eu começo a assobiar.

Como se fosse canário,
Como se soubesse cantar.

E se eu sair dali, só pouso no seu ombro.
Você me liberta todo santo dia,
E em todos eles, eu me decido por ficar.

domingo, 15 de junho de 2014

Ele quis algo meu. Respondi que pegasse à força. Que o sangue era lucro, e a dor era privilégio.

Eu vou morrer.
E ainda vou dizer.
Que foi de amores por você.

Tremedeira.

Eu tremo.
Eu tremo.
Eu tremo.

Meu coração se desespera.
Como se eu fosse morrer.
Como se eu não fosse te ver nunca mais.

Você não vai me salvar.
Você não vai.

Eu vou desmoronar.
De pedacinho
Em pedacinho.

Eu vou te sufocar e você vai pisar em mim.
E eu vou ficar triste.
E vou cortar meus pulsos.

Mas eu te amo.

Eu vou explodir.

Eu digo isso em todo texto que eu escrevo.

Aquele álcool está me matando.
Eu estou me matando.
Devagar.

Back to you. Back to Juno.

You could close your eyes once more.
And I'd fuck you in my mind.
And I'd touch you from my core,
As I fucked a butterfly.

I would sweet kiss all your body,
And follow ya to every party.
Wouldn't scream not even once.
Wouldn't care for anyone.

I'd be quiet as a shadow.
I'd be happy like a dog.
And finally act like
I was never really unhappy.

Let the silence talk for me.
Let my hands speak.
Let my eyes smile.
Let myself cry for a while.

I love you,.
You hear.
You answer,
I fear.
I see you,
A tear.
I touch you,
My dear.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Hidrocinesioterapia

Na minha janela, a menininha:
- Hidro...ci-ne...siote-rapi-a.
A mãe:
- Caraca, você conseguiu ler isso!
A menina:
- Hidrocinesioterapia...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Am_r

Eu penso em você e meu peito acelera.
Já faz quatro anos.
Não posso ser tão patética,
Ou você me devora.
Mas eu te amo.

"Nossa, que ultraviolento."

Eu trocaria toda uma vida por mais um dia inteiro em que eu pudesse te admirar. Olhar, apenas. Não tocar. Sim, admito que pra mim é bem difícil resistir à sua pele. Você sabe, eu te amo demais. Mas eu trocaria tudo só pra estar do seu lado mais uma vez.

I really don't know how you did it, but I'm still able to miss you. Somehow.

Arritmia

E nesse desespero todo.
Esse cheiro insuportável de amor no ar.
Esse meu medo de não amar nunca mais.

Me esforcei tanto pra sentir isso de novo,
E já durou tão pouco.
Eu já estou correndo.
Quase em maratona.

Vou pra longe de tudo.
Porque já não tenho esperanças.

Já não acredito em mim.
Já não acredito no amor.

Só há você no mundo.
E você há de nunca ser meu,
Mesmo o sendo.

Estou em plena arritmia,
Daquelas de feriado,
Daquelas que eu só sinto depois de querer me matar.
Depois de não o querer mais.

Queria amar,
Mas só sei fugir de mim.

Um fósforo

Não sei se o cigarro de hoje me acendeu por dentro.
Ou se foi esse doze de junho.
Ou se algo aqui deu errado.

Hoje senti sua falta.
Senti sua falta de manhã.
Senti sua falta ontem, antes de dormir.
Senti sua falta ao sair de casa e me deparar com o cinza do céu.
Senti sua falta quando vi a chuva desabar da minha cama.
Senti sua falta quando vi a lua cheia.
Senti sua falta enquanto falava comigo.

E quando disse que era meu.
E quando me lembrei de tocar o seu corpo...
Ah, meu amor.
Eu nunca me senti tão libidinosa.

Eu quis estar aí.
Eu quis fumar os teus cigarros.
Eu quis me engolir de novo em todo o meu caos desesperado.

Contigo eu sou alguém.
E é exatamente esse alguém que eu gostaria de ser todos os dias da minha vida.
Ao seu lado eu existo, amor.

Eu te amo.

Queria te tocar de novo.
Queria te olhar de novo.

Eu te amo.

Queria fugir do mundo.
Queria te abraçar mais uma vez.

Eu te amo.

Eu te amo.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Um reflexo da maldição

Me lembro bem daquela tarde em que você me ligou.
E eu desabei tão forte que você pareceu pasma.
Chorava em teus ouvidos, soluçava.
E parecia tão intenso, tão real, que estávamos as duas atordoadas com aquela situação.
Era impossível forjar um sentimento àquele ponto.
Você notou.
Notou que aquilo tudo vinha de um canto tão profundo de mim.
Ah, menina. Se você tivesse metade da sinceridade que eu tive contigo, já seria muito.
Vê?
Somos como a bela e a fera.
O monstro queria a beleza para si, e de toda forma se despedaçava em pétalas para entregar a ela.
Mas a bela moça no caso, teve tamanha repulsa pela voz alterada da besta, que sumiu do mapa.
De fato, histórias assim não existem.
Queria que você não tivesse tido medo de mim.
Queria não ser hoje ainda mais destruída que já era quando a conheci.
Sabe aquela flor?
Aquela rosa vermelha guardada num pote de vidro.
O encanto em forma de objeto.
Ele não existe mais.
Por mais que não se importe, saiba que se perdi meu dom de amar foi por sua causa.
E eu o perdi. Estou certa.
Fui condenada a ser monstro, e de fato tive minha chance despetalada até a semente.
Eu gostaria de pedir desculpas a mim mesma por ter te deixado entrar aqui dentro de mim.
Me desculpe, querida.
A esse reflexo gordo no espelho.
Esse pedaço de carne com fios arrepiados no topo.
A essa personalidade desbotada.
Me desculpe por deixá-la entrar assim.
E sugar tudo que havia de potente em minha existência.
Você foi a minha morte no quesito amor.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

2,38

Há coisas sobre mim que não sou capaz de explicar.
Um momento do dia em que a minha única e absoluta preocupação do dia é me mover corretamente,
Bom, é muito incomum.
Duas doses semanais de paz de espírito
E uma maravilhosa dor nas coxas
Me parece razoável.

Independer fisicamente de alguém é apaziguante, eu diria.

Há sentimentos muito bons em pelo menos 2,38% da semana.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Cores

Vagando.
Devorando uma alma congelada entre minhas mãos.
Branca.
Algumas algas plantadas sobre a minha cabeça.
Turquesa.
O sol me irritando a existência mensal.
Amarelo.
E uma música. Algo sobre corações partidos e amores passageiros.
Um rosa embaçado.
A transparência da brisa, certamente mais discreta que eu.
O sentimento todo é estranho.
Uma calma entorpecida.
Leve, porém cheia.
Uma vida que não é tão importante quanto os passos no concreto cinza.
É como se eu não existisse.
E estivesse em paz.

Meu amor, eu tenho medo

Amor, tem uns ratos passeando por aqui. Não se preocupe, eles vão virar pó quando encontrarem o muro. E esse pó servirá de purpurina para as minhas palavras enfeitadas.
Amor, você não pode nunca me deixar. Não consigo imaginar uma vida sem você. E não é pelos ratos.
Querido, você está em tudo que eu tenho feito há quatro anos, desde que eu te conheci. Você está nas músicas que eu escuto, e nas que eu escrevo. Você está nas palavras que eu escolho usar quando não consigo ver o sol.
Ah, minha estrela, você está nos cigarros que eu fumei, e também na minha decisão de largá-los. Imagine por um instante o tanto que em mim é apenas você. E perceba o que sobraria de mim sem você.
Meu amado, nunca, nunca, nunca me deixe. Por favor. Eu te amo com minhas intenções mais puras. Eu te amo mais que qualquer outra coisa, e qualquer outro alguém no mundo.
Não deixe que isso morra. Tudo que eu sou morreria também.