quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Religion

The first pray I ever had
Was to survive
I was once so depressed
And I knew I was so close to death
I asked for help
They saved me

My second pray
Was to forget
Of a devil girl
That never was a devil
And still would make me
Want to kill myself
Once I was free
I didn't love her anymore
And she missed me

The third pray I had to make
Was to let go
The first boy
That really cared about me
Once I felt
What love should feel like

All over my body
When he was gone,
Because I knew
That I would never belong to him
I missed him so much
And at this time
He belonged to her
And she, to him
I left him go
And we had sex last month
He doensn't hurt me anymore
He never will

The fourth pray
The purest pray I ever had to pray

Was for this boy
He'd been a part of me for so long
I gave him my soul
I would always belong to him
And I knew it
Once I felt
Someone had finally killed me

I was so scared
But I was so close to the truth
Like I'd never be again
And it was good
He laughs to me today
He'll always be mine
We're great
And I never want to suicide again

My fifth pray
The most hopeful
The most religious
The most loveful pray
I ever decided to make
I call today Peter
This is the first pray
That had the liberty
Of choosing it's own name
And it's a beautiful name, Peter
None of other prays
Could make me feel so safe
Before I start to sing
In my every single morning
None of other prays
Would make me feel
I love myself
Once I was me
And I really wanted to be who I was

Today, future speaks to me
And I pray everynight
Before I fall asleep
I say
I love Peter
That's my pray
I love life
Tomorrow will be a wonderful day

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

As margaridas on bed

Tudo aqui tem cheiro de margaridas
Eu te disse que iria dormir mas não fui
Em vez disso colhi flores
Espalhei várias pela minha cama
Enfeitei o ambiente
Já que ninguém está, fiz um jardim
Me sinto meio louca
E quanto a você?
Me preocupo às vezes com a tua sanidade
Estranho o mundo com absurda frequência
Me sinto desconectada
Contigo e com todo o resto
Mas sinto cheiro de flores
Das margaridas que eu espalhei por toda parte
Onde você está?
Quem é você?
Por que o meu envelope não alcança os teus dedos?
Por que você não parece real?
Preciso te ver, ouvir tua voz,
Qualquer coisa assim
Ou ir vagarosamente me afastando
Até que tua falta me traga de volta
Para a terra do nunca
Para essa consciência bizarra da abstração
Eu e tu
Tu e eu
Peter, Tinker
Sejamos quem formos
Não sei de muita coisa
Sinto minha mente falhando sobre tudo
Preciso dormir bem
Você também, para voltar pra mim
De verdade
Quero te encostar virtualmente mais uma vez
Mas que ninguém saia machucado
Quero te amar um pouco mais
Vamos?
Me encontra num cais qualquer
Num barquinho a vela
Numa canoa
Não quero mais colher flores
Tenho todas que preciso
Inclusive você
Só quero sentir teu cheiro
Só quero que meu peito se agite de novo
Quero voar contigo
Essas margaridas não calam meu espírito

domingo, 27 de setembro de 2015

O balde, o poço e o tardar.

Despejo em ti o meu excesso.
Conscientemente o faço,
Mesmo que não tenha controle sobre meus atos.
Me desabo em ti.
E tu, em tua capa de ouro impermeável,
Vai me expelindo ao passo que exagero.
Eu me desespero todas as manhãs.
E quanto mais me afobo, mais me afogo
Em minhas próprias lágrimas.
Tu, em tua impermeabilidade,
Não podes nunca me ser,
E eu desrespeito os meus ensinamentos.
Eu quero ser você,
Mas quero que também me seja.
Quanto menos recebo,
Quanto menos descarrego no lombo alheio,
Mais me enchem todas as minhas coisas.
O caos se estabelece no meu autorretorno.
Te encontro cada vez menos,
Quase não me alcanças nunca mais.
E quanto mais o faço,
Quanto mais o digo,
Menos percebes tudo isso.
Porque és impermeável à dor alheia,
Porque não podes sentir coisa alguma.
Porque precisas de paz mais do que tudo.
E metade de mim só quer saber de morte.
Insisto em pedir perdão, mas não me curo.
Prometo que vou mudar, mas não o desejo.
Me compreendo insana e necessito
Aceitar bem toda a feiúra que recebo do mundo.
Percebo ricochetearem
Todos os objetos que te atiro.
E seria o melhor resultado,
Se não fosse esse grande estresse
Que em tudo se cria.
E cresce, e cresce,
Como a pobre Alice dentro da casa.
"MONSTRO! MONSTRO!"
O coelho a chamava sempre de Mariana,
Nunca a enxergava.
Não posso exigir
Esta recorrente tonelada de atitudes.
Sei o que faço e sei por quê.
Não sei como não ser quem sou.
Não sei não ser Alice,
Não ofender todos ao meu redor,
Ou conseguir enfim ser polida.
Alice está sempre errada,
Mas é sempre Alice.
Nunca monstro, ou Mariana.
Às vezes é impossível conversar com outra pessoa.
Às vezes as paredes absorvem mais
Do que a pele humana.
Às vezes é preciso isolar o som,
No lugar de produzir acústica.
O que te digo me cansa,
Não por culpa sua,
Mas por me atingir meu próprio excesso.
Em toda a violência que me nasce,
Em toda depressão que despejo
Para não admitir dentro de mim.
Tenho overdoses demais,
Preciso de um pouco de silêncio.

Volto depois que tiver a chance de transbordar.

Eu vou embora de mim, porque preciso.
Eu vou abraçar o silêncio, ele é o certo.
Eu vou me esconder um pouco, eu já sabia.
Tinha certeza prévia de que isso seria necessário.
Disse que te amava tantas vezes. Tantas, tantas.
Que agora já não preciso dizê-lo ou sequer estar aqui.
Esta distância é sagrada para que lembremos
Que há de fato a distância que não desejamos.
Minha mãe reza profecias:
Eu sempre estou perto ou distante demais.
Quem ainda não sabe que tudo meu é muito
Vive num mundo que de fato não existe.
A maioria das coisas soam irreais.
Eu preciso partir, preciso.
Disse algumas vezes sobre isso,
Você não compreendeu,
E não compreende muitas coisas,
Porque no fundo sabe
Que eu espero que tu me peças pra ficar.
Mas não devo ficar.
Devo ir embora.
Essa é a verdade suprema de tudo.
Espero que esteja bem, eu vou embora.
Eu sei que ainda vais me amar,
Eu vou embora.
Eu sei que nunca vou chorar como você chora.
Mas não preciso de lágrimas, vou embora.
Não há despedida que justifique
Essa partida absurda
Que Angela coordena.
É ela que compreende todas as coisas
Que antes não significavam coisa alguma.
Ela sim sabe
De toda a loucura que me cabe
Dos venenos em forma de doce
Da alternância diária
Do amor incondicional
Que só sabe reclamar o tempo inteiro
E sabe da raiva, do útero quente,
Dos abortos legais, da vontade de você,
De todas as formas que existem,
Das cores bem coloridas de fundo,
Como as de borboletas e sapos,
Como das cobras fatais das quais eu tenho medo,
E dos fios falsos de cabelo que perdoam tudo.
Angela, essa nova Angela, que tu desconheces,
Perdoa tudo que cabe, perdoa tudo que faço,
Ama com todos os lados,
Mas abraça o ódio como a todo o resto.
Id, Id, Id. Liberdade.
Eu vou embora antes que te consuma
Com minha identidade.
Eu vou embora antes que as nossas antigas rezas
Desmoronem tudo.
Eu vou embora antes que eu tenha chance
De nos afundar de novo
Você sabe onde.
Eu vou embora.
E como disse que voltaria, voltarei.
Mas vou embora.
É preciso partir todos os dias.
Abandono o método da privação,
Abandono os suicídios programados.
Uma vez um amigo me disse
Qe eu precisava ser sacra, mas profana.
Esta é Angela.
Que arde a pele cheia de radiação,
Que implora aos deuses por redenção,
Que transita entre os dois lados
Sem temer a paz ou o caos.
Tudo isto é justo.
Vou embora,
Porque preciso existir.
E quando voltar, te amarei.
Infinitamente te amarei.
Vou embora para não te machucar
E antes que você diga que não vai acontecer,
Que não devo,
Antes que se sinta obrigado a me responder,
Antes que se sufoque, se irrite,
Antes que tenha chance de tentar me segurar
Quando não quer fazer,
Eu vou embora, porque eu sei que vou.
Não faz sentido permanecer
Quando não o vejo.
Eu vou embora.
Aproveite o teu espaço
E o teu ar.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Amar-te como Lílian

Pudesse eu abrigar-te no meu peito,
A salvo de todas as maldades
O faria
Sem nada pedir em troca
Sem jamais me incomodar com a tua presença
Sem jamais enjaular-te em meu apego
Pudesse eu amar-te de forma concreta
E proteger a tua pele de cada estrago
Cada amassado, risco, cada dano
Pudesse eu te afastar de cada desengano
Não esperaria a hora de fazê-lo
Traria-te comigo coberto
Todas as vezes
Levaria em teu lugar
Todas as flechas

Mas, não posso
Não posso ser teu deus ou tua rainha
Não posso impedir jamais que o mundo te toque
E às vezes arranque pedaços
Tu pertences ao perigo do mundo
Como eu pertenço ao nosso perene encontro

Então apenas me cabe minimalizar os resultados
Hei de amar-te todos os dias
Hei te envolver-te com meu escudo sem nome
Hei de ser também tua filha,
Esposa, amante, namorada
Hei de ser a tua mãe e a tua casa
Hei de ser nos dias teu sol, nas noites a lua
E na excepcionalidade dos momentos
Hei de ser a chuva a apagar o fogo das catástrofes

Te amarei de todas as formas que me cabem
Em forma de puta ou fada
Em forma física ou inanimada
Serei então teu anjo, e o lápis entre os dedos
Partilharei contigo todos os segredos

Hei de acima de tudo
Ser fiel a tudo que nos for necessário
E por tijolos onde excederem espaços
E capinar os matos selvagens que os ocupam
Hei de reformar-me todos os dias
Para ser tua, sempre tua
Para permanecer em tua vida

Abstração

Poderia fazer-te um presente, artesanato
Felicidade com embrulho, enfeite e laço
Todo o meu amor carregado em palavras abstratas
Eu poderia entregar-te a minha alma
Esperando que ela tivesse valor além do mercado
Esperando que as cores que eu escolhesse fossem do teu agrado

Eu poderia criar todos os dias
Um novo modelo de objeto alternativo
Nomear todos os dias: alegria
Se tenho este, tenho todo o resto
E sou capaz de tudo

Como te nomeio todos os dias
Esperança, liberdade, cura
Mesmo que me encontre exausta
Internamente
Eu verbalizaria todas as coisas boas não ditas
E as sussurraria em teu ouvido
Para que nunca fosses capaz de esquecer
Que o bem que nos cabe
É obra de arte nossa de cada dia

Mais que o nosso pão
Mais que a overdose
Mais que o desatino
Mais do que a própria morte
É este ítem só nosso
E também pertencente a todos
Que justifica toda a nossa vida

Seja o objeto do material que for
Darei a ele o nosso sobrenome
E seremos felizes para toda a eternidade

A fidelidade da ausência

Não cobrarei de ti todos os dias
Não pensarei em ti todas as horas
Por estranho que o pareça
Vivo em desafios,
Descansos e arrepios
E conquisto pouco a pouco
Por período indeterminado
O direito de ser tua
Se é esta a recompensa
Eu preciso que ela o valha
Nem que parar de me punir
Seja o valor da honra de ser amada

Eu sobrevivo
Do que minha pele suporta
De dedos e unhas a ferro quente
De frios na espinha a carne exposta

E se o meu verso de hoje
For finalmente não te escrever
Verso algum, fracasso miseravelmente

Mas hei de me esforçar para ser digna
Das coisas que desejo
Se te desejo, irremediavelmente sempre
E para acompanhar-te preciso
Fingir que desejo-te um pouco menos
Se para que tu te sintas amado
Incondicionalmente
Eu preciso dar dois passos para o lado
Sem nunca ofender-te
Ou atirar-te cubos de gelo
Eu te prometo que tentarei
Com cada pedaço de corpo
Que em minha mente cabe
Com quaisquer artifícios que
Minhas mãos alcancem
Sem me machucar ou projetar guerras
Sem fugir do paraíso perdido
Ou tampouco atear fogo
Às nossas árvores
Calar-me na menor violência possível

Mesmo que todas as rosas
De todos os diversos jardins
Sejam clichês
Roubo delas o perfume da partida
E sem nunca sair daqui

Me ensino o que já devia ter
Aprendido há décadas:
Estar longe de ti e te encontrar.

Fecho então meus olhos mais uma vez
Ignoro as coxas doloridas
Por motivos banais
Escapo dessas roupas quentes infernais
E enquanto a água gelada
Me retorna a consciência
Que sempre tive
Limpo teu nome de todas as coias sujas
E antes que meus dois polos se reencontrem
Volto em busca de mim mesma
Livros, escritos, cores
Sem recitar-te poemas
Ou exigir-te coisa alguma

Se tu me amas, e eu sei que amas,
Não há jamais problema em ficar só
Não existe dor ou vazio que se justifique
Se posso morar em ti
E sempre voltar para casa

Objurgada

Quando eu hoje me deitar sem a tua companhia
Quando antes de fechar os olhos, o teu corpo não tocar o meu
Quando eu sentir o vazio da tua ausência
Me pesando feito uma coberta fria
Eu vou pedir a Deus que me alcancem todas as violências
Como se um toque pudesse adormecer a falta do outro
Como se minha alma pudesse livrar-se desta forma
Da angústia do não-tu
E como se houvesse um pingo de perdão cabível
A este sombrio tipo de rezas
Eu vou em seguida procurar calar meus pensamentos
Vou repetir teu nome em mantra
E tratar o amor como se a palavra carregasse a cura
Eu sei que não carrega
Talvez no fundo eu seja terminal
Mas quando eu estender meus membros pela cama
Sem calcular o espaço que ocupo
Sem compreender os segredos do mundo
Sem ter poder sobre o futuro que me aguarda
Eu vou desejar acima de tudo, você
Teu corpo, espírito
Todas as essências que te pertencerem
Eu vou te desejar inteiro,
E orar com todo tipo de força que me cabe
Pedindo em majestoso egoísmo
Que sejas meu, meu, meu
E mesmo sabendo que o universo é dono dos destinos
Que minha vontade não muda coisa alguma
Eu vou tentar sonhar contigo hoje
E todas as outras noites
Pois essa é a única paz que meu existir admite
Pois eu te quero a cada instante
Te quero hoje, te quero sempre,
Te quero mais e mais, infinitamente

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Chumbo

Hoje eu me levanto pela manhã
E me arrasto atrasada pelas ruas.
A banalidade dos dias não me afeta,
Não espero um projeto social que me salve de mim.
Tampouco medidas paleativas,
Ignoro a paz enorme da euforia.
Não que agora tudo volte a ter sentido,
Apenas não quero afogar-te neste mar.
Então, caminho pesada pelos espaços de sempre,
Aturando o sol de todos os dias
Me aquecer as costas passivamente.
Não vou mais surtar, prometo.
Mesmo sabendo que não posso prometer tal coisa.

É preciso diferir-se do outro ao exercer a habilidade empática.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

"Eu, que nunca fiz questão de nada, faço questão de você."


Overdose, linha, borda

Eu tenho chorado com frequência
Eu tenho tido surtos de ansiedade
Eu tenho vivido com a ânsia
De montar no teu corpo nu
E desabar sobre todos os mortais
Eu ando lidando com o apetite
De uma forma muito incomum
Eu posso ver que todas as coisas
Transitam entre os espaços
Nada mais sabe seu lugar de pertencimento
Eu sei que a maior felicidade de todas
Me aguarda ali na esquina
E ao mesmo tempo
Sinto as catástrofes me arranharem por dentro
Não sei onde a relação surge
Mas revivo constantemente
Todas as pessoas que já fui
Algumas delas muito pavorosas
Algumas delas sereias: encantos sem fim
Podia não te por tanta esperança
Podia não te amar nesta medida
Podia fugir logo
Me abster de ti
Fingir descaso
Como em tantas outras vezes o fiz
Mas tudo que desejo é a tua companhia
Teus braços ao meu redor
Teu cheiro que desconheço
A textura peculiar de teus lábios
O calor de teu corpo invadindo o meu
E todas essas formas de coexistência no mundo material
Quero teus olhos nos meus
Tua língua na minha
Minha verdade na tua
Não estar nunca sozinha
Procuro paciência em tudo que toco
Mas o amor me excede
Não cabe, espalha
Suja todas as coisas
Sou um balão de festa
O amor é água
Será que arrebento um dia?
Será que fecho a torneira?
Estico, estico
Faço tudo desajeitado
Te amo te amo te amo

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Um passo atrás

Sinto que amá-lo é parte da minha doença,
Que em toda desavença
Do universo comigo,
Ele é o lado bom de enlouquecer.
Ao mesmo tempo em que temo
Que ele descubra a verdade,
Temo desamá-lo tão facilmente
Que logo tenha vontade
De desaparecer completamente.
Se mais uma vez amo tanto
E repito tantos versos que já os sei de cor,
Se me escorre pela carne um novo excesso,
Tenho medo de esgotar o meu amor de uma vez só.
E será que o amor tem mesmo fim?
Sinto que tudo isso,
O exagero da fala,
Do pensamento e da reação nervosa,
É a distopia que me tem.
Realidade mutável,
Overdose de todas as coisas,
Paixão e ódio aditivados,
Digo que o amo mais que cinco vezes ao dia.

Peter,
Se eu não te amar amanhã,
Você me perdoa?
Se eu precisar ir embora,
Você se cuida?
Se eu te disser que é possível,
Que eu não me confio,
Você fica apesar de tudo?

Se eu te dissesse
Que eu sei que vou embora
Você ainda me amaria
Até que eu fosse?
Você faria de tudo
Para me fazer mudar de ideia
E ficar contigo pra sempre?

Se eu te dissesse
Que não acredito em sempre
Você enfeitaria o meu agora?

Te amo hoje
Tenho medo de tudo
Sou insana
Te quero aqui comigo
Você fica?
Fica e me ama?

Conscience

Você me faz sentir tudo que existe ao meu redor
Presente passado e futuro numa coisa só
Você me faz sentir as dores  e os prazeres na mesma pele
Você é uma overdose de percepção
E eu sinto os livros e filmes, os pássaros e as palavras do céu
Você me faz sentir vontade, desespero, medo e coragem, e ainda me faz gostar de tudo isso ao mesmo tempo
Você me faz querer saber das fórmulas que eu já tenho
Você me faz sentir que eu sou todas que eu nem sei
Você me faz querer fugir e ir te ver agora
Você me faz querer entrar em todo caos que você se puder
E contigo sou a morte, sou volúpia e também infância
E todo masoquismo, e toda ingenuidade e toda incapacidade de controlar as próprias pernas compulsivas é perdoada
Com você eu posso tudo
E sinto tantas coisas que me perco dentro de mim
Você me faz sonhar bastante e virar noites em claro
Você me faz saborear mais a comida e passar fome
Você me faz arder a existência em todos os cantos
Em esperança ou desespero
Você me faz querer tudo que sinto
Você me faz querer te querer mais ainda
Até o impossível
E se ela não me diz que sou louca
E eu sei que sou
E se eu volto no tempo
Para ser ainda mais louca,
Como sei que já fui
Eu de repente não quero mais cura alguma
Eu quero aquilo que torna a minha loucura bela
Você transforma em gosto todo o meu excesso, todo o meu caos
Acima de todas as coisas e pessoas
Acima de qualquer perdão ou paz interna
Acima da imortalidade ou mortalidade dos homens do mundo convencional
Eu quero você
Só você
Mais que tudo no mundo
Aquele que me torna ainda mais tudo que eu não queria ser
Aquele que me permite existir em carne e osso
Aquele que me traz de volta a mim
E assim me tem
Mais que qualquer outro
Aquele que me pertence, me causa gozo e me alivia
Aquele que me é
Me quero em ti

Talita?!

Mudo tudo completamente
Outra vez
Você não volta
Você apareceu
Com um problema daqueles
E eu entrei em pânico
Eu estava assustada
E agora quase não estou
Eu agora quase não existo
Esgoto as minhas energias
Perco uma madrugada esquisita
Quem é você?
Quem é você?
Você vai mesmo me curar de tudo?
Eu acho que se existe uma pessoa
Capaz de me salvar de mim mesma
Essa pessoa só pode ser você
Então espero o teu retorno
Você me diz todos os dias
Que todos os dias vai voltar pra mim
Então eu te espero, espero, espero
E a cada hora parece que passaram anos
Eu queria te sentir na minha pele
Eu queria gozar em cima de você
É muito estranho
Eu me sinto à flor da pele
Rosa desaprova diagnósticos, ela me disse
Ela nunca vai me dizer o que eu quero
Mas não precisa
Porque eu cheguei à conclusão sozinha
De que eu sou louca
Isso é verdade
Eu sou bipolar, boderline,
Qualquer coisa que o valha
Eu oscilo meus humores de forma absurda
Eu sinto coisas estúpidas
Em arrepios e tremedeiras
E corro pelo meu quarto
Enquanto meu peito se aperta
Ou acelera além da conta
Eu não sei o que fazer comigo mesma
Eu não sei ficar sozinha assim
Eu preciso da nossa fábula
Ou ao menos da tua companhia
Pra me ajudar a lidar com a realidade
Eu sou louca, louca, louca
E eu te amo muito, muito, muito
Eu queria que não tivesse Lara
Para nos atormentar
Se ela não estivesse no caminho
Se nós pudéssemos nos ver
Eu não me importaria de ser louca pro resto da vida
Às vezes eu me lembro de umas coisas
Que eu não devia lembrar
Às vezes eu tenho medo de querer me matar
Eu estou vomitando tudo
Como você diz que faz
Eu faço também,
Mas quando eu vomito, eu não encontro beleza
Exceto se eu tiver bebido muito
Eu não fumo mais, não bebo e não me corto
Eu não me reconheço sóbria assim
Mas me prendo à minha vontade desesperada
De ser amada
E sei que só você pode me amar
E mais ninguém
Eu quero ser feliz
Eu quero ser perdoada
Eu tento me perdoar, mas
Quando eu sinto medo
Me dá vontade de fazer todas aquelas coisas
Eu queria que você estivesse aqui
Às vezes eu volto no tempo
Eu sei que eu sou louca há anos
Talvez eu seja louca desde que nasci
Eu não posso ser ela
A menina que me fez chegar até você
Mas é assim que me sinto
Como se tivesse renascido
Do útero da mãe suicida
Como se tivesse um contador invisível
Marcando até chegar no momento certo
Eu te amo tanto
Eu quero antes ser feliz
Eu estou sentindo coisas estranhas
Coisas de gente instável e drogada
Eu preciso de você
Eu preciso de você livre

domingo, 20 de setembro de 2015

Preenchimento, convite, transbordar

Meu coração é criança hiperativa,
que com soberano descaso,
sai derrubando os móveis no caminho.
Meu coração além de correr, escorre.
Intoxicando tudo que percorre.
Meu coração em árvore é teu ninho.
E tu, tu és a minha poesia de todas as manhãs,
Tu és o braço que me desatormenta no raiar da noite.
Tu és a razão que me força a desviar do açoite.
E eu, que tu decretaste: possuidora de nome e sobrenome.
Eu, que fui batizada com nome de legume, doce e alimento.
Eu, que entrego ao teu espírito um certo acalento.
Eu sou tua. Em nome de conto de fadas ou cartório.
Em qualquer batizado triste ou novo velório.
Em qualquer esquina, verso, texto, dia, hora ou desabamento.
Eu sou o teu e o meu intento de rogar felicidade mundo afora.
Eu sou aquela que te ama agora,
E que se põe disposta
A fazer o agora de hoje toda a eternidade.
Eu sou a prova de que tudo que os poetas disseram
Era verdade.

Peter's Pumpkin

Te amo tanto que me causa estrias
A pele estica além do necessário
Pra ver se comporta em mim tamanho amor
Eu tenho tantas ideias
Textos e mais textos
Cartas, presentes, pinturas,
Excesso de inspiração
E você não vem
Temo que acabe se perdendo no mundo real
Aqui te amo, espero
Voo inquieta por todos os lados
Te espero, te espero
E você está nadando num mar de caos
Nunca retorna
Eu morro de saudades
E se você se esquecer
De que nunca deve crescer?
E se você se esquecer de mim?
Eu tenho tanto medo de ficar só
Eu tenho tanto medo de ficar comigo
Eu temo que me mate em teoria
Que me force a voltar pra vida de sempre
Eu quero a vida que não tenho contigo
Eu escolho esta realidade.
Mas se você não volta,
Se você não volta,
Fica tudo confuso,
Eu já não sei meu nome ou para onde eu vou
Eu sempre devo saber meu nome e sobre o meu futuro
Eu te amo, e peço fielmente o teu retorno
A cada momento que te sinto falta, a todas as horas
Enquanto não te beijo, produzo coisas inúteis
Pra provar pro mundo
Que o que eu mais admiro em tudo
De fato existe
E que degusto beleza
E pra isso vivo

sábado, 19 de setembro de 2015

Apelo

Eu te amo.
Eu te amo amo amo.
Eu tô morrendo de saudades.
Volta aqui e me dá um beijo.
Volta aqui e fica pra sempre.
Não vai nunca mais.
Fica aqui, eu corrijo teus erros de ortografia
Eu leio tuas histórias e dou pitacos
Eu aprendo a ler o triplo e escrever todos os dias
Fica aqui que eu te escrevo poesias
Fica aqui que eu roubo o teu cigarro e jogo fora
Que eu mato toda a tua ansiedade em beijos e mais beijos
Fica e me mora, que esta casa é tua
Fica, que eu finjo que não tenho medo de nada e de ninguém
Fica, que eu deixo a tua raiva morrer em mim
Fica, que eu faço graça toda hora
Pra você rir, pra você nunca ficar mal por coisa alguma
Eu faço charme, eu te esbarro
Eu deixo você ir pra onde quiser
Mas não sem te abraçar bem forte
Fica, que eu te digo sempre
Que vai ficar tudo bem
Só porque eu te amo
E eu repito fielmente:
O amor é a cura para todos os males 
Fica, que eu abraço os teus projetos
Aprendo a gostar do que você gosta
Canto as tuas músicas preferidas
Sussurro felicidade na tua orelha
Fica mais um pouco
Fica que eu te amo
Fica aqui comigo
Que contigo eu nunca nunca me sinto só
A companhia é tudo

Você é mais que álcool

Tum, tum, tum
Meu coração bate
Eu ando pelas ruas
Sorrindo, preocupada
Apaixonada,
Ansiosa com o encontro
Do teu corpo no meu
E quando minha mãe souber?
E quando ela souber?
Ela vai ter que saber
Ela vai ter
Porque se eu te amo tanto
Se vamos morar juntos
Se vamos fazer sexo por horas
E você vai largar essa menina
De uma vez por todas
Bem, querido
Eu vou precisar contar pra todo mundo
Talvez eu seja mesmo muito ingênua
Talvez você vá me largar a qualquer momento
Afinal, você já mentiu tantas vezes pra mim
Não foi?
Mas eu te amo
Então, de que isso importa
Se você já disse
Que me ama de volta
De novo
E de novo
E de novo
Eu preciso sair correndo e ir te ver
Eu vou sair de casa
Eu vou acordar cedo todos os dias
Eu vou tomar vergonha na cara
Trabalhar, estudar
Eu vou fazer tudo que eu tenho que fazer
Por você
Pra ir te ver
Pra te salvar
Pra te apertar contra o meu peito
Até doer cada centímetro de mim
Mesmo que você agora esteja com ela
Mesmo que eu queira falar contigo
Todas as horas
Mesmo que eu tenha tanto medo de tudo
Dos meus pais, dos meus amigos,
De você, de Deus, do universo
Do dinheiro que eu posso não ter
Do trabalho que pode não ser como eu esperava
De ficar sozinha outra vez
De não saber lidar com coisa nenhuma
Diz que me ama mais uma vez
E eu vou a pé se for preciso
Até a tua casa te beijar
Diz que me ama mais uma vez
E eu passo mais três dias sem comer
Sem desanimar nenhuma vez
Sem voltar atrás, sem titubear
Pode parecer absurdo,
Mas hoje eu comprei um daqueles livros
E mais uns quatro
E você vai ver que até o final do ano
Eu terei lido todos eles
E mais alguns
E terei passado em todas as disciplinas
Até naquela chata de projeto
Vai dar tudo certo, eu prometo
Eu vou me esforçar bastante
Mas volta e diz que me ama
Só mais uma vez
Porque eu te amo tanto
Diz que me pertence
Que vai vir correndo
Que vai morar comigo e ter 10 filhos
Quinze, vinte
Diz que vai morar comigo debaixo da ponte
Que eu juro que faço tudo direito
Eu salvo a gente
Eu me ajudo, eu te ajudo
Eu te levo e te encho
De todos os carinhos já experimentados
E uns novos até
Eu fico contigo pelo tempo que você quiser
Mas vem
Vem sempre
Volta
Me chama
Me liga
Me ama
Diz que me quer
Que eu faço tudo
Que eu fico aqui pra sempre.

Peter, Tinker

Mal sinto fome
Não durmo, não corro
Não me desespero
Não fumo, não bebo
Não teço maldades
A mim ou a outros
Não quero outra vida
Não quero outra hora
Não quero outro dia
Só quero você
Se tenho você
Só quero que pare
O tempo e o mundo
Só quero isso agora
Só quero que a noite
Não morra
Que o dia nunca
Acabe de amanhecer
Não preciso de nada
De filhos ou futuros
De profissões ou respostas
De missões, recompensas
De qualquer evolução
Ou indulgência
Não preciso de casas,
Dinheiro, alimentos,
Não preciso de um motivo
Ou de qualquer tipo
De problemas
Não preciso de tintas
Para pintar
Não preciso de canetas
Para te escrever
Não preciso de nada
Absolutamente nada
Além de você
Não preciso de água
Não me lembro de mágoas
Eu sou só uma fada
Você só precisa dizer
"Eu acredito"
E eu vou sempre
Tornar a aparecer
Eu Tinker,
Você Peter
Nossa Neverland
E nunca,
Nunca,
Nunca,
Nunca crescer.
Aqueles que contam
O tempo poderiam
Irem-se todos
Embora
De uma vez
Por todas
Agora eu te tenho
É tudo que importa
É tudo que penso
É tudo que sinto
É toda a existência

Amanhecer

O dia acaba de amanhecer.
Minha rua tem um cheiro maravilhoso,
Acho que choveu enquanto eu dormia.
Eu amo esse lugar.
Eu amo você.

Eu queria te trazer aqui,
Te arrastar por esses caminhos estranhos, bonitos,
Parar para te beijar a cada esquina
E rir ofegante de empolgação.
Eu queria te estender na minha cama,
Deixar a janela aberta para
Que o mundo nos pudesse ver.
Eu e tu, eu e tu.
E essa brisa de praia que me alcança
Queria que você sentisse.
E a suavidade dos meus dedos
Queria que você pudesse
Notar te percorrerem caminhos diversos
Queria te ressuscitar
Para o mundo lá fora
Através das minhas mãos pequenas.

Ah, Peter.
Tudo aqui é tão mais belo
Agora que eu te amo
Agora que o amor tem liberdade de ir e vir
Pra onde desejar

Ah, meu querido.
Queria que você pudesse
Encontrar meus olhos fascinados
E sei que você conheceria
Tudo que sou
Além do tudo que já sabe

Queria que me pudesse sentir
Viva, bem aí dentro de você
Em tua carne, sangue, cheiro,
Em tua busca fugaz por oxigênio,
Em teu estômago, bem ou mal satisfeito
Na fonte das palavras tuas
Que tanto amo.

Se me arrepia a pele
O frio ameno da manhã
Se tombam de cansaço
Os pés de muito andar
Se bate meu peito forte
E reivindica a própria existência

Eu penso que te amo.
Penso, porque de fato amo
E tudo ao meu redor
Tudo que posso, tudo que faço
Tudo que me esbarra nos sentidos
É igualmente um sinal de que vivo
E de que te amo

Vivo
Existo
Amo

Mas ainda queria você aqui.
Queria que pudesse se ver em mim
Na minha felicidade, paz
Na minha vontade de viver

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O ir e vir depois

Coxas quentes, calça suada
O amor martelando a espinha,
Como se doesse
Mas na verdade, apenas alivia,
O corpo se joga
Exausto
Na calçada fria
A via expressa, a SuperVia
E paz que cala qualquer fome
Já não sei seu nome
Nem faz diferença
Quero que ele vença
Mas isso não é mais uma competição
E se ele alcança a casa
Onde agora botamos chão
(antes não tinha)
E se tudo que era sonho
Agora se faz sentir
Fora da carochinha
Em meus pés e mãos
Já não aflitos
Em zero porcentagem de conflitos
Em sorrisos e mais sorrisos
Para o nosso corpo
No meio da rua
Ignoro avisos
É ele tudo que eu queria
Que supera o sol e o peso que suporto
Que supera as noites de sono perdidas
Que supera até meu alimento
E, pasme, os meus vícios de sempre
E como poderia não ser ele
O escolhido da minha pequena fábula
Com a moral de sempre:
O amor resgata tudo
Não importa a ida e sim a volta
E hei de voltar pra ele todos os dias

"Preciso ser flor"

Queria que fosses tu
Flor do meu jardim
Para que eu, borboleta que sou,
Pudesse beijar-te todos os dias assim.
Pudera eu
Sentir tua doçura
E alimentar-me,
Borboleta que sou,
Da tua beleza.

Eu ainda vou te amar quando você acordar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

90 graus

Zorro.
Se fossem três traços, seria simples.
Se fossem no tecido, seria fácil.
Mas, a superfície,
de cores peculiares e sua sutil variação,
possui nomes em dobro,
foneticamente compatíveis.

Pertence a um nome composto,
que é demônio e também é santo.
Não doi como antes doía.
Não queima a pureza do espírito,
ou sequer condena o que a danifica.

A inicial do nome de luta,
que esconde a sua verdade na rotação,
agora adora o seu dono,
como se não houvesse mais volta.
O que agora existe não deseja volta.

Traços irregulares,
dispostos em três direções,
carregados de transparências bege,
equivalem à oração de todos os dias.
Peter, meu Peter.
Revelam a permanência
do que não pode ser previsto.

Peter, meu Peter.
Cuja identidade é forjada
em letras de escolha própria,
consciente da própria voz.

Peter, meu Peter.
E seus belos tímpanos
em deleite dos meus elogios.
E meus profundos olhos
à espera da aparição
de seus medos e recados.
Peter, meu Peter.
E os diversos pecados
que decido não cometer.

Se não tivesse, outrora,
avistado o poço,
Se a face que hoje agrada
não tivesse observado com cuidado,
Se não tocasse insistentemente
nas mesmas teclas melódicas,
Ou se, por acaso,
não sentisse medo a cada verso,
Não teria ainda
as vestes que hoje habito.
Não seria,
em voz quase exclusivamente interna,
fonte de luz alguma.
Não preencheria jamais
os pequenos vãos que me moram.

De que me valeriam, afinal,
as marcas de batalha,
se não antes soubesse
a beleza da sua estadia?

Peter, meu Peter.
Não há validade mais extensa
que a da regeneração finita.
Se há cura para o que me cobre,
Há cura para todo o resto.

E todo o resto agora
existe em torno de Peter.
Peter, meu Peter.
Precisamente meu.
Preciosamente
Peter.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Fernando Pessoa:

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Adoleta e Chapéuzinho

Panela no fogo,
Barriga vazia.
Eu e ele todo dia,
Eu e ele todo dia.

Acalma o afeto,
Não liga se chia.
Logo se alivia,
Não muito se cria.

Comida no prato,
Panela na pia.
Amor lá na ilha,
Amor lá na ilha.

Não serve potinho,
Não serve bacia.
Não serve lentilha,
Não serve família.

Você de forcado,
Você de forquilha.
Você e a manilha,
Você lá na ilha.

Dois olhos de água
E agora sorria.
Se chove lá fora,
Aqui dentro resfria.

Estia ou alastra
Na pele macia.
O banco molhado,
Pingava, não via.

Marquise de sal,
Conselho de tia.
Dedinhos de açúcar,
Bem cedo já lia.

Cestinha e quitutes,
Por lá não podia.
Chapéu não sabia,
Chapéu e a matilha.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Anjo ou Lúcifer

Carrego um sol no meu peito,
Em forma de corda.
Em dias frios, eu brilho
Por necessidade ou alegria pura.
Quando você aparece,
Não sei ser outra que Tinker.
Em meus sinos badalantes,
Que nunca doem os os ouvidos,
Que nunca me causam enxaqueca
Quando você vem.
Eu te amo tanto que ninguém entende.
Eu te amo tanto que digo que te odeio,
Tamanha a saudade.
Fica bem.
Você e a tua cadelinha.
Fica bem, que eu melhoro e minto de novo.
Fico dizendo pra mim que vou te encontrar.
Sabe, às vezes eu ponho uma coisa na cabeça
E ninguém tira.
Pode ser um chapéu ou um eletrodo.
Eu acho que sonhei contigo.
Ou terá sido com outro garoto?
Ninguém compreende
Que eu te amo tanto,
Que só de pensar em estar contigo,
Tudo se aquieta,
Enquanto tudo sai do lugar.
Ah, querido.
Por que é que eu quero te amar?
Minha mãe não aprova,
Meu pai nem imagina,
A Rosa disse que não,
A Lara mais ainda,
E todos os meus amigos,
E tudo que podia ser dito já foi dito.
Eu tentei sumir por um tempo,
Mas eu não quero ir embora.
Eu não quero ir embora.
Quero te ter pra sempre
E nunca ficar sozinha.
Eu não acredito na eternidade de nada,
Mas às vezes o poder do agora é grande.
Você é o agora mais forte que eu já tive.
Em manhã chuvosa,
Em noite que eu não viro,
Eu sinto tua presença virtual
E não poderia sentir nada mais belo.
Te encosto no ar,
Mergulho em canções que nunca fazem sentido.
Eu poderia nunca ter te conhecido.
Mas seria triste, sempre triste
Não ter a sua existência por perto.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Boneca em mil caquinhos

Rosa disse:
Não sei amar
Assassinaram minha alma
Crime hediondo
Não conheço sentimentos abstratos
Fui autista na infância
Rosa pergunta:
A dor é o teu caminho para o sexo?
Rosa disse:
Pulo etapas de relacionamento
Quero foder
Desconheço
A barreira que existe
O afeto
Rosa admite:
Sou boneca quebrada
Sem nunca dizer direto
Mas é verdade
Sempre sou e sempre fui
Criança perdida
Reprimida
Desesperadamente carente
De atenção
Rosa diz:
Estou presa
Do lado de dentro
Ou do lado de fora
Pintei a casa que sou
Ninguém me mora
Rosa diz coisas que doem
Em toda parte
Rosa diz coisas tristes, tão tristes
Rosa quer o meu bem
Não mais me elogia
Fala verdades
Eu falo de fatos, não de sentimentos
Talvez seja esse o meu talento
Em vez de dizer como me sinto
Ponho os elementos sobre a mesa
Quem chega, encosta, sente
As coisas como eu sentiria
Não preciso dizer como é
Quem esbarra, sabe
Rosa me diz
Que eu tenho um problema de verdade
Eu tenho tanto medo
A minha solidão é tão imensa
Fica tudo acumulado aqui dentro
Eu tenho cura, Rosa?
Eu tenho cura?
Quem vai me ensinar a amar, Rosa?
Eu não te falei sobre Peter
Não importa
Eu preciso de ajuda
Eu preciso ser salva
Ninguém vai me consertar, Rosa
Não se cola bonecas de porcelana
Porque elas sempre tornam a cair no chão
Me sinto triste
Triste, triste
Mas não sei sentir
Não é, Rosa?
Acho que eu quase não sou humana
De tão deformada
Não sou flor,
Não sou ninguém,
Não sou nada

Te amo te amo não amo te amo não amo amo sim não amo hoje amanhã não sempre permanente perene instável imprevisível imprescindível indecente o amor da gente amor meu que amo não amo desamo te chamo não chamo não amo não amo te amo

Não posso te amar, não posso te amar, não posso te amar.

O caos e a fala

Agulha no ponto.
Não costura,
Só fura o tecido.
Por quê?
Não abre o berreiro.
A vontade é grande,
Mas não consegue.
Não vê
Que o caminho da dor
Não é sacro?
Pinta um telhado,
Estrelado,
Paredes sem porta,
Três traços
Pousados no fio.
Não sabe
Que a dor não flutua.
Cultua
A maldade,
Entre todas as coisas.
Mente, ressente.
Enxerga verdade
Nos livros e filmes.
Só vê liberdade
Nas cordas e cortes.
Só vê liberdade
Em poemas de loucos,
De outros.
Não entende
A beleza da coisa
Ou percebe
A leveza do sempre.
Persiste,
Degrau por degrau,
Na queda.
Sossega,
Sem aviso prévio
Ou regrinha.
Está sempre sozinha.
Não vai ou retorna.
Se odeia, já ama.
A cama
É quase um palácio
Demente,
Que nunca desaba,
Mas sempre ameaça.
A graça
Do que nunca rende,
Conversa, lambida no rosto,
Remessa de beijos e abraços,
Está sempre fugindo o trajeto.
Não agrada
E por isso insiste
No céu e no mar,
No ar e no inferno,
Nesse marasmo eterno,
No incessar do impacto.
Pactualmente,
Retorna ao ofício.
Ignora a falha,
Aceita o sacrifício.
O amigo dizia
Pra não agitar a madeira.
Teima, acaba com a paz
Derradeira.
Sem eira nem beira,
Sem flor e
Também sem raiz.
Se afasta,
Se agarra com os dentes
A medos recentes.
Confessa ao seu servo:
Só quer ser feliz.

Sou uma eterna criança que soltou da mão da mãe no meio do shopping

O vai e o vem

Vou escrever um breve resumo sobre quando você está por perto.
Há novos assuntos no trend list. Religião, auto-conhecimento, compreensões sobre o universo.
Há novos elogios no mural. Eu sou evoluída, humanista e bastante empática. Inteligente.
Há uma gentileza absurda para os meus habituais padrões. Fica mais um pouco, entrega flores, espera, faz durar a conversa. A paciência reina nas esquinas.
Há sinceridade. Um menino que não conheço, equivalência.

Agora um breve resumo sobre a tua ausência.
Não há fé, companhia, elogios ou carinhos diversos.
Há inquietude, abortos, enxaqueca.
Há estresse em forma de tudo, exaustão, um peso sobre o corpo quando acordo.
Ninguém para pedir socorro, ninguém para me acalmar a alma.
Quando não me sinto louca ou estúpida, me sinto apenas sozinha.

Quando você vem, a sua ausência é como perder o ar. Existir se torna pura agonia.

Por te amar tenho medo das tuas aparições e das tuas verdades.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

É preciso ensinar a ti mesmo a ser o outro antes de ensinar ao outro como te ser.

Sobre a sanidade:
Tudo que sou me cabe.

De doce a incoerência,
Da amargura ao açúcar.

Vendo veneno e balas,
Alguém aceita?

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Aceito um chá.

  Chá de morango. Não de camomila ou erva doce. A ideia não é acalmar os nervos ou apreciar a falta de gosto da água fervida. Não. Chá de morango. Porque morango tem personalidade. Porque tem aroma doce, gosto azedo, e uma insistência em colocar sabor na água. Porque morango tem cor em forma de chá.
  Quando criei o blog, esperava que alguém me encontrasse ao acaso. Alguém que realmente me achasse interessante e se apaixonasse por mim pelos textos que eu escrevia. Idiota? Qual a importância? Faz três anos que eu escrevo aqui, e este é o post número mil e nove.
  Não sei se me dou ao trabalho de contar quantos desses posts são realmente textos e quantos são apenas títulos, ou citações, ou fotos, vídeos, etc. Independente disso, aqui há muitos textos. Muitos, é verdade. E me pergunto um pouco qual a utilidade disso tudo.
  Encontrei, já faz um tempo e ao mesmo tempo não muito, a tal pessoa que eu esperava que me lesse. Ele nunca foi um leitor compromissado. Mas nunca interessou o nível de compromisso que ele demonstrasse. Eu só queria ser admirada. E, bem, eu devo ter dois ou três admiradores, não sei ao certo. Talvez quatro.
  Um deles, esse que eu encontrei, soube perceber meus textos como eu queria ser percebida. Me respondeu. Entrou no meu mundo de fantasia dos chás doces que queimam a língua. Isso significa que a partir daqui o blog perderia o seu propósito?
  Posso dizer que agradeci a aparição dele. Ah, se agradeci. Até agora 214 textos, e contando, só para ele, sobre ele. Já se justificou toda a existência desse diário caótico-poético.
  E se eu escrevesse um livro? E se a partir de agora eu quisesse um pouco mais de gente pra me ler? Alguém compraria esse livro? Alguém leria os meus poemas? Quantos textos daqui são poemas o suficiente para sustentar um livro de poesia?
  Eu tomo meu chá, de morango. Chove lá fora, então eu abro as janelas. Desligo o fundo sonoro da página, para ouvir a natureza e não a mim mesma. Só pra variar.

Tartaruga, análise












Uma, duas, três margaridas no meu caminho.
Não vejo frutas, alimentos de qualquer espécie.
Vou morrer de inanição desta maneira.
Margaridas, sempre margaridas no caminho.
Plantadas frente à minha toca.
Almas imortais em forma de brancura, luminescência.
As malditas margaridas deixando o meu jardim insuportavelmente bonito.
Mas se não tenho alimento,
Como esperam que eu não as coma?
Me perdoem vocês, flores, se eu der-lhes uma lambida vez ou outra.
São as pétalas formosas, cheirando a amor e satisfação.
Me perdoem vocês, flores, se eu lhes sonhar um banquete de buquê.
Eu sinto fome. É meu instinto procurar o que comer.
Se nada consumo,
Se não há consistência em alimentos,
Se não devo comer as flores, margaridas,
Por serem demasiado bonitas
Para a minha breve nutrição,
Por que são as flores essenciais ao meu jardim?
E mais,
Por que as considero tão bonitas,
Se nunca poderei comê-las propriamente, devidamente, engolir e carregar ao estômago?
Que há de evoluído na falta de vitaminas e energia?