segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Dedais

Eu ponho meu dedo em um anel,
Depois, dentro de mim.
Escapo de toda rota,
E entre todas as derrotas,
Você é a única que doi assim.

De todos os nomes que praguejei,
De todas as miragens que reproduzi,
De todas imagens que imaginei,
Você foi a verdade mais hipnótica que já menti.

Em meus pés descalços
E enxaquecas nauseantes,
Em meus olhos escuros
E em pensamentos distantes,
Você arrasta tudo que tenho
E pesa tudo que sou.

Você me acaba,
Perigoso como a maior fé
De todos os tempos.

Eu ainda te escrevo na testa alheia,
Se não liberdade, prisão.
E se dádiva punitiva, amor,
Se amor que nunca cura, paixão.

Se já não te posso dirigir a palavra,
Se já não te posso desejar sem certa culpa,
Me sinto perdida no mar de cá.
Me sinto navegar para lugar algum.

Mais desnorteada do que de costume,
Tonta, solitária, cansada, vazia.
Se busco diariamente a alegria,
É uma enorme frustração a tua não-presença cá comigo.

O perigo está
Na minha esperança e fé,
E até que encontre uma solução
Para este dilema-tu,
Eu fico aqui,

A afundar e navegar no chão,
A secar-me nos amores breves,
A te acenar com os dedos infiéis.

Dedos em que ponho aneis,
Dedos que me ponho,
Dedos que se exaurem,

Dedos meus,
Dedos de Deus,
Dedos de dizer adeus
Aos teus.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Quase lá

Não sou uma garota  triste.
Ah, não. Eu apenas gosto.
Gosto da tristeza,
Gosto de expressá-la,
Gosto da liberdade de transmitir
E receber a tristeza alheia.

Sou uma garota que odeia domingos.
Não por serem tristes e desanimados.
Domingos são vazios e ocupados.
Em um domingo não cabe a tristeza como ela é.

Sinto falta daqueles 5 segundos de intensidade
E de toda uma vida que eu teria com Peter.
Sinto falta da minha imensa vontade
De alguma coisa.
Eu sou uma garota estranha.

Eu crio lagartas para abandoná-las
Na hora de partir.
Eu crio amigos para esquecê-los
Nos momentos cruciais.
Eu me apaixono para alimentar o ódio
Da decepção.

Eu sou uma menina absurda.
Eu uso meu corpo para certo arrependimento,
Eu uso minha voz para banalizar as coisas.
Eu uso meu sentimento para esgotar-me.
É isso que sou, uma sede de esgotamento.

Quando eu bebo minha tequila,
Quando eu como compulsivamente,
Quando eu danço e gargalho,
A vida é quase suficiente.

Mas quando eu te beijo,
Quando você me sufoca entre seus braços,
Quando me olha nos olhos
E eu sinto o maior pavor de todos os tempos,
É aí que existo.

Existo quando sinto algo
Que não posso suportar.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Safe and Warm

Às vezes, tenho a impressão
De que todas as conexões que faço
Com pessoas diversas
São mais momentos que de fato encontros.
Não posso repeti-los,
Tocá-los, ou sequer lembrar-me bem
Dos sentimentos que vivo.
Uma eterna espera por alimento,
Morta-viva, sub-humana.

Eu estou exausta e me arrasto pela casa.
Nauseada com meus feitos, me estiro na cama.
E entre todas as pessoas, mesmo Peter,
Eu não deveria sentir falta dele. Nunca.

Coleciono razões,
Como se me fossem necessárias.
Sinto uma saudade imensa
De um abraço molhado de 90 segundos.

Se o meu natal valeu a pena só por isso,
Quem será que eu sou?
O que faço aqui, afinal?

Notifiquei, confessei
Que é por isso que vivo.
Sou boa em dizer coisas,
Mas não em me por na vitrine.
Doi ficar exposta
Aos que não me sabem cuidar.

Um pano quente
Pra cobrir o inverno da alma
E fazer derreter um pouco
Essa nevasca.
Um breve tempo
Pra esquecer de todo o resto
E lembrar que ainda dá tempo
De ser amada.

Deve ser por aí, não sei.
Esperança, esperança e lágrimas.

Uma noite mal dormida, ansiedade,
Um pouco de remorso e leve aflição.

Não importa, vou continuar tentando,
Chorando todos os dias, fiel a mim,
Me arrastando o asfalto do olhar alheio.
Tentando um pouco mais disso,
Um pouco mais daquelas cobertas
Forradas no chão descuidadamente.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Epílogo

Eu não vou te dar:
As minhas noites de sono,
As minhas tintas lacradas,
Os meus terríveis enganos
E as minhas portas fechadas.

Eu não vou te dar:
Os meus suspiros baldios,
A minha fé derradeira,
Minha eira e minha beira
E os meus tormentos vadios.

Eu não vou te dar:
As minhas folhas em branco,
A virgindade da minha pele,
As minhas unhas que ferem
E o meu coração franco.

Pego de volta:
O meu tempo perdido,
As minhas canções de ninar,
O meu amor aturdido
E o infinito pesar.

Eu não vou te dar:
Absolutamente nada,
Nem paciência,
Nem empatia,
Nem um resquício de compreensão.

Pensei
Em te dar
Um verso
De poesia
Adestrada,
Mas não resta simpatia,
Mas não te resta mais nada.
Eu, agora,
Saturada,
Só lembro de dizer não.

Pra você,
Toda a minha negação.

Ausência de conflitos,
De beijos aflitos,
De ânimo, de castidade, de luto.
E no meu ressentimento absoluto,
Eu te entrego tudo que me resta,
Sem festa, sem vaidade, sem jeito,
Te entrego tudo que é teu por direito,
Do velório à cova,
Da morte à prostituição.
Depois que todos os outros
Me puderem gastar até os ossos,
Te entrego os meus restos
Para te degustar a decomposição.

O amor não deve respeitar hierarquias.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Antes que eu não tenha mais nada para te dizer

[te amo]
Vou te falar baixinho
Aqui, bem rápido, escondido
Sobre os sonhos que tenho sonhado
Sobre como penso em você antes de dormir
Sobre a minha tristeza que volta

Eu vou confessar, aos poucos
Que ainda guardo algo de bom em mim
Que penso que vamos ficar juntos
Mesmo depois de tudo que você fez

E aí, vou desandar a falar de tudo
Vou falar dos meus ciúmes,
Do medo de você não me amar
Porque a ama demais,
Vou falar do meu nervosismo,
Da minha vontade de ser alguém,
Do meu medo de ficar sozinha
(e de certos insetos ou incertos)
E vou falar também
De todas as coisas que já digo sempre
Que sinto saudades, que sinto raiva,
Que tenho essa ânsia de passar fome,
Que como tudo na casa,
Que queria te dar um beijo,
E depois que me masturbo
Não quero ninguém nunca mais
Vou falar até de como eu fiquei religiosa
Depois de tantas conversas que tivemos
Vou falar dos sinais e dos feitiços, de astrologia
E de como eu me lembro de você e do teu signo
Toda vez que aparece um personagem meio assim
Eu vou perguntar se você gosta de mim
Mesmo que já tenha gastado todas as minhas chances
Eu vou te contar sobre meus amores de infância
Vou te mostrar os meus diários,
Meus envelopes coloridos,
Vou te listar todos os meus amigos
E prometer te apresentar a todos eles
Vou pedir socorro mais uma vez,
Só mais uma,
Pedir que pense com carinho na minha proposta
Eu vou fazer uma aposta
Contigo, pra saber quem vai morrer primeiro
E quem vai ser infeliz até o fim

Eu vou perguntar seu nome
Como você quer ser chamado?
E a idade que você acha que tem
Eu vou concordar quando achar que você está errado
E vou me fazer de sonsa pro teu bem

Eu vou te contar os meus segredos mais secretos
Os lugares que eu ia sozinha,
As comidas que eu roubava de alguém que amava,
E os objetos bizarros cheios de valor sentimental
Eu vou te contar as estranhezas todas que tenho
Ou das coisas que fiz no meu passado
Eu vou tentar curar-me do seu lado
E fingir como ninguém estar feliz

Eu vou perguntar como está a sua família
Vou te falar da minha, mais que o necessário
Vou reclamar do nosso fusorário
E de como estou cansada o tempo inteiro
Eu vou te falar sobre todos os meus choros
Eu vou te contar todas as cicatrizes e tropeços
Eu vou te escrever poemas do lado avesso
E te ensinar a traduzir meus códigos secretos
Eu vou te dar todas as minhas senhas
Te dizer todos os meus nomes, endereços e medos
Eu vou te dizer tudo que eu conseguir me lembrar
E um pouco mais, até você me odiar

Eu vou implorar que você me perdoe
Que fique, que aguente, que permaneça aqui
Que me faça companhia
Para que eu nunca precise ir
Para aquele lugar que combinamos aos 20 anos

E em um último sussurro,
Antes que eu tenha tempo de estragar tudo
Antes que eu tenha culhões pra ir de vez
Antes que eu não tenha mais nada para te dizer
Eu te digo esse silêncio de três sílabas
Esse silêncio que só pertence a você
[/te amo]

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Maresia

Meu mar balança e balança
Eu estou a deriva, mas até que gosto
Estar sempre nesse movimento que não cansa
Há algo de bom em nunca secar,
Em nunca estar parada no meu mar

Eu me desligo, olho pras estrelas
Às vezes me desmancho quente,
Às vezes tremo de frio, tanto faz
É quando eu vejo o céu se pincelando
Que eu quero tudo isso e um pouco mais

É quase natal e eu quase sinto
As brigas de família nas esquinas
Todo mundo se abraçando
E as cozinhas sujas de açúcar da rabanada

É quase natal e eu queria estar errada
Quanto à minha desesperança no futuro

Falta quase uma semana
Pra chegar o dia mais quente do ano
Em que as pessoas se abraçam, bebem e comem
Em que tudo isso faz sentido

E eu afundo sem querer,
Tenho um desgosto de tudo
Nem sei o que me puxa para baixo
Maremoto, talvez

Eu sou esse mar, não sou?
E essa época do ano
E os infinitos pacotes
De simbolismos cronológicos

Eu sou as náuseas do ir e vir
E a limpeza eterna que o sal promove
Não posso ser nada além de mar
Sou mar, apenas mar

Na miséria invernal
Ou nos escapismos do verão
Eu preciso continuar aqui
Até que alguém queira
Me mergulhar
E ficar um pouco mais
Nadando em mim

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Condolências

O céu está vermelho.
É tão tarde que é quase cedo.
Cedo demais para ir embora,
Tarde demais para voltar para ti.

Hoje me culpei
Pelo vazio que carrego.
Pus teu nome 
Na escassez do meu ar
E chamei-nos de fracasso.
É isso que sei:
Fracassar.

Quando pesavas sobre mim
Era certo, mais que todas as coisas.
Mas, quando te esvais,
Quando escorres pelo ralo
Nos meus banhos raros,
És sujo como tudo mais.

O sol do meio-dia me desfaz.
Me estiro na cama, não peço
Por nenhuma força ou salvação.

Não é o calor ou a dor
Que me provoca isso.
Eu sei
Que é resultado
Da minha falta enorme
De coisa alguma.

Eu te chamo, te chamo,
E sei que contigo aqui
Não faria nada.
Tu não tens valor algum.

Se não me amas,
Se mentes,
Se não podes me preencher
De euforia ou desespero,
Se não podes explodir minha libido,
É como se estivesses morto.

Tu morres, morres, 
Pra mim.
Eu nem choro no teu funeral,
Apenas me sinto vazia.
Um pouco morta também,
Entediada.

Se tu amas outro alguém.
Não vales nada.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Parede, Fogo

Você se senta.
A garrafa cheia,
Tampa sobre a mesa.
Você repousa o copo,
Pega a garrafa.
E começa a entornar o líquido
Dentro do copo.

Você se cala.
Chega a ser ridículo pensar
Que eu nunca te esperei esse silêncio.
Talvez eu seja
Demasiadamente estúpida.
Mas há algumas coisas que sei.

Você toma a primeira dose
E a segunda,
E a terceira,
E a quarta.
Você bebe uma atrás da outra,
Já está na metade da garrafa
E nem se importa.
Essa vodca barata
Não faz passar o que você sente.

Eu escuto o seu olhar
Não dirigido a mim
Em nenhum momento.
Eu posso senti-lo
Pousar inerte sobre a parede verde.

Você ouve músicas
Das quais não gosto
No último volume,
Mas não é suficiente
Pra fazer parar.
Não é.

Você mente.
Você não diz que está melhor,
Apenas espera que o seu silêncio
Seja interpretado dessa forma.

Você tenta não pensar sobre isso,
Sobre coisa alguma,
Mas acha que se não disser,
Talvez você tenha alguma chance.
Não tem.
E você sabe disso.
Você tenta esquecer.

De súbito, acende mais um cigarro,
Porque está lembrando, está lembrando,
Precisa consumir alguma coisa,
Precisa queimar, sugar, apagar a própria alma,
Matar os próprios pensamentos de câncer,
Você sente o desespero e precisa contê-lo.

Você precisa de silêncio.

E assim, deixa de ser quem é.
Torna-se mesa, cadeira, chão.
Torna-se parede. Verde.
Cinza, preta, branca,
A cor que for.

Torna-se a inércia do objeto, garrafa.
Você já está quase no final,
Já nem se lembra do copo.
Cinzeiro cheio, está prestes a desabar,
Não tem mais nome, endereço.
Não tem mais dor ou culpa,
Pois não tem identidade.
Não ouve, não vê, não sente,
Não existe.

Você bebe e fuma até morrer.
E repete o processo. E repete.
Você não pode acabar com tudo.
Então apenas esquece.
Insiste em esquecer e esquecer.

Você me esquece.

E enquando eu escuto, escuto, escuto
O eco das coisas que você tentou extrair,
Enquanto você nem sabe que possui voz,
Nós morremos.
Não só você, nós.

Se você é o fracasso que se cala,
Eu sou o que se manifesta.
Maior tua dormência,
Incrível meu excesso.
Transbordo, copo, cinzeiro.
Acesa, queimando, ardendo, sendo.
Vivendo todos os dias.

Sóbria, só,
Em autocombustão.

Afasia

As palavras dizem mais o que desdizem
Que o que de fato tentam dizer.
Não me convencem ou guiam,
As palavras não conseguem me entender.

Já fazem quase oitocentos textos
Que tudo está prestes a terminar
E um anjo guardião me disse
Que o que importa é continuar aqui.

Há coragem nas coisas que escolhemos ouvir
E há doçura no que às vezes decidimos não falar.
Não no medo ou malícia,
No silêncio compulsivo da passividade,
Há por vezes uma espécie de amor.

A paixão afásica me leva talvez
Ao mais desdito dos impulsos.
E ali, residente da fronte de desconhecidos,
Eu me enxergo satisfeita
No pranto reprimido de outros.

Isso me salva.
A palavra que não verbaliza-se
Ou o sentido que veste um belo disfarce.
Não o que possuem,
Mas o que são.

Sempre o que são os homens,
Mulheres, crianças, velhos,
Às vezes os cachorros, borboletas,
O que são os seres me intriga.

Sinto que para existir,
Preciso ser e compreender
Todos os outros.

Só sou se eu existir em você,
Se ouvir teu silêncio,
Se sentir teu medo,
Teu sorriso, tua dor,
Só sou eu mesma
Se eu antes te for.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Peace Spell

Red skies, red skies
Soon you'll see
The brightest light

New skin, new thighs
Soon I'll have
A quietest mind

No screams, no cries
Sadness won't be passing by
This body of mine

None of this I will remind

sábado, 12 de dezembro de 2015

Como borboletas viram lagartas

Lá vem ela
Você não a conhece
Não sabe seu nome ou o que ela pretende
Ninguém sabe, nem mesmo ela
Alguma novidade, talvez
Ou uma boa história pra contar
Lá vem ela
Sacudindo os braços e cabelos desgraçadamente
Praguejando vida como se fosse uma assombração

E lá vai ela
Num instante ela já te disse seu nome
E seus três enormes traumas mais recentes
Lá vai ela
Rebolando inerte pelos cantos
Provocando caos e rindo feito um demônio

Mas ela vai voltar
Ela vai voltar e te pegar
Como se não houvesse nada melhor
Pra fazer na vida
Como se fosse uma espécie de despedida
Do mundo dos mortais

Ela vai te rondar
E depois de uns poucos gritos
Você vai pertencê-la
Mesmo sem compreender sua semântica
Ou sequer se interessar

Palavra por palavra
Você não vai entender
Nada do que ela diz
E quando ela começar a falar
Sobre como lagartas viram borboletas
Você vai descobrir
Que está na hora
E então vai partir
Para todo o sempre

Ela vai tentar mais uma vez
E como é de se esperar
Não vai dar certo
Porque pessoas como ela
Só se conhece uma vez

Até que ela mude de nome
Ou morra de uma vez por todas

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Wake me up when tomorrow comes

Me recuso a ler
Os textos que você escreve pra ela
Me recuso a falar contigo
Me recuso a lavar a louça
E a sair da cama
Me recuso a pronunciar teu nome
Mas de vez em quando me escapa
Antes que isso me consuma
Eu me recuso a parar de ler teus textos
E me recuso a parar de te escrever
Embora eu saiba
Que é só questão de tempo
Até isso tudo morrer
E eu ser obrigada
A deletar todos os futuramente trezentos
É, eu sei que não vou parar
É verdade que doi em todos os cantos
O foco parece estar em dois lugares
Nas minhas têmporas
E em outro lugar não nomeável
Eu aparentemente estou em negação
E não acho que haja salvação pra mim
Eu disse a ela, eu disse
Que o meu futuro sem você era só lixo
Mas também lhe disse que
O meu passado contigo era deplorável
Aonde eu vou agora?
Qual é a minha escolha, afinal?
Eu não tenho uma, eu não tenho
Algo em mim está morrendo,
Eu posso sentir
Em meus sonhos
Quando eu penso em você
Você não mais está
Você está morrendo também
É só questão de tempo, não é?
Até que sejamos esquecidos
Pelo próprio tempo
É só uma espera pequena que nos aguarda
Um silêncio no rugir da noite
Uma dor aguda pela manhã
Quando percebermos,
Não haverá mais nada
E a que custo?
Você já parou pra pensar
No que isso significa?
Acho que você sempre esteve disposto
A sacrificar o que eu nunca sacrificaria
Você sempre teve assuntos mais importantes

E eu sempre culpei todo mundo
Por me fazerem sentir culpada
Ou por me coagirem a qualquer coisa
Isso é tão confuso
Às vezes eu tento ser boa
E às vezes eu tento ser má
Eu nunca sou propriamente coisa alguma

Então é apenas isso
Vamos seguir em frente
Como se esse ano não tivesse acontecido nada
Como se não tivéssemos esbarrado nessa faísca,
Nessa estática carregada do ar
Como se não fossem relâmpagos brilhando pra nós
Nós vamos seguir em frente,
Apesar de eu achar que nada pode destruir
Isso que eu tenho permanentemente
Nada me choca mais,
Você é como uma lavagem cerebral
Mas eu nunca te atribuí essa capacidade
Eu era a lunática, eu sempre fui

E tudo isso está para acabar
O fim está próximo!
O fim está próximo!
Protejam-se todos!
O mundo como conhecemos está para acabar!

E se o amor não der conta de me sustentar aqui
Se não houver bondade para me manter sã
Se eu não puder ajudar ou proteger ninguém
Por não ter a quem recorrer quando tiver dúvidas
É provável que a falta de amor me mate
E pode acreditar, não há morte pior que essa

Então, agora é sua última chance
Mas ela provavelmente vai durar pra sempre

Wake me up when tomorrow comes
Not before, not after
Wake me up when love gets free
If it's not you, it doesn't matter
Wake me up when tomorrow comes
I hope the future will save us all
Wake me up when you love me back
Or just let me sleep for eternity

I don't wanna live here alone
I rather die
Without your company

Mas eu não realmente tenho escolha, tenho?
Eu não tenho opções
Isso é tudo que eu posso fazer.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

The dream

"The first time I saw you 
I took a picture of us together 
Now you're disappearing 
You're alone, sinking 
You're downing"  


(Escrevi isso no meu sonho, 
E recitava para ele, mas me via recitando, 
Como se eu estivesse no lugar dele 
A praia era colorida como uma edição de foto 
Eu estava afundando no mar, 
Eu sabia que ia me afogar)

I keep going

Shhh.

Eu continuo lutando contra mim mesma
E essa dor de cabeça?
Tudo que eu queria era falar com alguém
Eu sei que não adianta
Qualquer um com quem eu for falar agora
Só vai piorar tudo
Porque eu não quero admitir nada disso
Eu não quero espalhar a lama no tapete
Eu não suporto o som dessa tv
Acho que preciso de um pouco de água
Eu queria poder chorar
Eu queria ter quem me consolasse
Mas eu sou uma mentirosa qualquer
Como ele, eu o entendo
Tudo isso é absurdo, sempre é
Eu preciso descansar e não saber
Eu preciso me distrair com listas, mandalas,
Minhas séries e quaisquer outras coisas
Eu não posso ficar aqui 
Sozinha
E afundar pra sempre
Também não posso pedir ajuda para quem não vai me ajudar
Todos eles
Todos vocês
Meu estômago queima de nervoso
E meu pulmão não funciona corretamente
Minha cabeça só piora
Eu não sei o que fazer
Eu preciso conversar
Eu estou sempre tão perdida, tão sozinha
Eu odeio isso, eu odeio esse sentimento que volta
Eu odeio me sentir traída, rejeitada ou abandonada
Eu odeio pensar que mereço ou me sentir culpada
Eu só queria ficar bem
Eu estava bem
Não estou
Não estava
É tudo mentira, não é?
Eu não posso fazer isso
Eu não posso ter uma vida normal
Não sendo louca, não
Não sendo assim tão dispensável ou desprezível
Não tendo amor como uma praga
Isso está errado, muito errado
Tão errado.

A corda de que eu falava

Eu sufoco de tristeza
E começo a escrever poemas
Eu recito mentalmente
Palavras estranhas pra calar minhas ações
Eu sinto, eu sinto tanto
Eu preciso fazer isso ou aquilo
Pra fazer parar
Eu quero que acabe, que acabe logo
Eu quero que saia de mim
Quero esquecer, quero não ser quem sou
Eu fecho bem os olhos
Antes que comece a fazer algum barulho
Antes que comece a chorar
Eu estou com dor de cabeça
E preciso sair daqui
Eu preciso ir, eu preciso ir
Mas eu sempre me sinto tão sozinha
Ninguém, ninguém pode me entender
Eu sou tão má que os bons nunca
E tão pura que os maus me enojam
Eu não posso viver nesse mundo
E eu anseio pela mesma morte que temo
Eu sou um lá e cá que machuca
E também sou a insistência
Em não sentir coisa alguma
Eu preciso respirar, mas não quero
Não quero respirar
Quero chorar e fazer barulho enquanto sufoco
Porque doi
Porque é triste
É triste, é triste
Tem as mentiras e a solidão
E a certeza de que ninguém vai me entender
Pior
Ninguém jamais vai chegar a me conhecer
Então sou eu e esse silêncio
Esse silêncio que fica
E que grita
E me arranha por dentro
E não importa que eu o quebre
É uma maldição
Não tem pra onde ir ou o que fazer
Todos os lados são errados
Eu preciso sofrer
Eu preciso eu preciso
Isso não está certo
Eu queria alguma chance
De não ser isso aqui
De não ser eu

Maldição

Eu tive um sonho com um cara
Não era você
Eu te encontrei,
Aposto que você não sabe
Sempre foi tão desleixado,
Tão desleal
Eu teria culpado até o meu pai
De sempre me exigir apoio
E nunca me apoiar
Mas é por você que eu vejo
A bondade de todos os outros
Você é exatamente o lado mau
Eu não suporto ficar calada
Isso me consome
Mas eu nunca tive escolha
Eu poderia falar e não ser ouvida
Ou poderia fazer isso que faço
Eu não conheço o silêncio
Nem sei o que significa
Mas sinto você me partindo o peito
Repetidas vezes
Isso é proposital?

Pelo que parece
A dor de um peito sendo partido
É tão sonora, mas tão sonora
Que não pode ser ouvido um pio
Eu me calo aqui
Preciso doer

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Tic Tac Tchau

Eu vou embora porque não importa o que eu faça, eu não posso te salvar. E você não pode estar comigo. Nunca vai estar. E a cada dia eu tenho menos certeza do quanto eu realmente gosto de você. Eu vou embora porque não suporto muros, meios-fios, pontos intermediários. Eu não suporto passagens e dúvidas, e suas certezas são sempre vagas demais. Você me disse que não podia mudar sua natureza, e isso dizia respeito tanto aos seus surtos destrutivos, sádicos e arrogantes quanto a sua insistência em não comparecer. Eu não posso suportar isso. Nem como amiga, nem como coisa alguma. Não estou disposta a estar sempre à espera de um contato. Não suporto ser passiva, submissa e não suporto usar mordaças. Eu nunca vou suportar a tua ausência. Nunca.

Eu preciso de alguém que aceite as minhas bobagens e me respeite. Eu preciso de alguém que me escute, que fale comigo, que apareça e me conte coisas. Eu preciso de alguém para falar sobre o meu problema com os meus pais, sobre a minha dor de cabeça e sobre as mandalas e telas que pintei. Eu preciso de alguém pra quem contar o que aprendi na aula, o que aprendi no caminho de casa e os sinais que acho que vi no universo. Eu preciso de alguém pra quem reproduzir as vozes que aparecem na minha cabeça e pra dizer o quanto eu estou eufórica ou deprimida hoje. De todas as coisas que eu podia querer em alguém, a mais importante de todas é companhia. Eu preciso de alguém que queira a minha companhia. E você não quer. Não importa o que eu diga ou faça, você não quer. Não precisa, não deseja, não se lembra, não se importa. Eu preciso de alguém e esse alguém não pode ser você.

Eu achei que entre todas as pessoas, você era aquela única pessoa no mundo capaz de me entender. Me entender de verdade, desde os meus temores da infância, às minhas crises depressivas, com as oscilações de humor e a necessidade de cultivar esperança. Achei que mais que todos os outros, você seria capaz de entender a minha solidão e a minha vontade de realmente estar com alguém. Mas você me deixa só.

E se você for essa única pessoa no mundo que também me é, eu estou destinada a estar sempre sozinha, porque você não sabe o que fazer, ou ao menos tem o livre arbítrio voltado pro lado oposto ao do meu. O que significa que eu preciso ir embora.
Se eu soubesse como fazer isso por dentro sem precisar te bloquear em todos os lugares ou jogar todas as coisas fora, eu o faria. Se eu soubesse que ir embora não vai te machucar de nenhuma forma, eu já teria ido. Mas eu não sei, eu não sei. E enquanto estou aqui, tudo que posso fazer é fingir que nada disso está acontecendo.

It came back

Eu estrangulo a minha tristeza diariamente.
De vez em quando ela solta um ganido ou qualquer coisa.
Às vezes ela escorrega, mas eu pego ela e prendo de novo.
Aperto o pescoço até ela se calar outra vez.

Eu sei que não há futuro para nós,
Não é novidade.
É só o que eu leio nas tuas poucas palavras,
É só o que eu escuto na tua voz falsa.
Quase não faz diferença
Quando você vai e quando você fica,
Mas, se ninguém sabe o quanto eu estou mentindo
A respeito de tudo que conheço,
São todos estúpidos.

Eu minto quando começo a sentir tua falta:
Digo que é fraco, que está tudo bem.
Eu minto quando digo que te amo:
Eu me encho de raiva e desgosto quando falo contigo.
Não há resultado possível,
Não há opção agradável.
Eu sei
Que não vamos dar certo.
Eu minto sobre isso também.
Eu não tenho fé,
Mas eu apenas gostaria que isso existisse.
Eu não acredito que você existe.

Mas em certo ponto,
Eu não sei mais o que é real
E o que não é.

"I don't know what is real and what's not."
"Then ask."

"You love me. Real or not real?"

A estação e os trilhos eletrificados

Eu uso guias anônimas para fazer apenas duas coisas:
Uma delas é me masturbar
A outra é ler você

Como você pode ver,
O pudor comum não aprova
Que eu te acompanhe ou deseje
Você em mim é erro social
E todos eles concordam a respeito
Talvez por isso, sejam quase trezentas
As vezes em que te escrevi
Não sei onde foi que me perdi
Nem por que continuo a te esperar
Você desaparece num instante
Eu não sei o que acontece
Não importa
Se eu estou obcecada ou não
Você sempre me dá temas para escrever
Apesar de o tema sempre ser você
E por mais que eu esconda os textos
E os rabiscos, e os quadros debaixo da cama
Quando você vem e me chama
Eu me esqueço até do meu próprio nome
Eu não quero existir sem você
Mas sou tomada de uma raiva insana
Incompensável, insaciável
Uma raiva de quem não ama
De quem necessita
Uma raiva de todos os famintos e exaustos
Mas tudo que eu quero
É você

Então, não volta
Não volta nunca
Que eventualmente eu vou esquecer
Ou me acostumar a tudo que não é
Não retorna
Não alimenta a minha estadia decrépita
Não me prende nesse não ir e não vir
Nessa eterna estação de trem
Não me fala coisas que não diz
Não some outra vez
Não me deixa aqui

Eu vou rezar para você voltar
E aí terei ódio por tudo
E dia sim ou dia não
Eu vou me esfregar nos lençois aflita
Ou sufocar de choro apavorada
Eu vou temer a infelicidade
E despejar em você todo o meu desespero
Enquanto você não voltar
E quando voltar
Se voltar
Eu vou dizer que não vivo sem você
Pronunciar a minha ordinária desesperança
No nosso futuro, juntos
 Isso chega a me doer sem que eu nem fale
 Só em pensamento
Eu vou falar tudo que você já sabe
E você não vai dar a mínima pra nada disso
Nada vai ser novo ou interessante
Até que

Eu não faço ideia
Aqui tudo falha
Eu falo demais e não concluo as coisas
E o futuro
E o amor
E o medo
E o dinheiro de que todos precisamos
E você
E você, cadê?

Eu odeio conversar com as paredes
Eu odeio querer que você volte
E eu odeio me sentir frustrada quando você volta

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Intocável

O texto que você mandou
Me dá vontade de sair correndo
e ir falar com o Peter
Também me dá vontade de abraçar ele
e não soltar nunca mais
Mas não dá pra abraçar o vento
Mesmo que ele seja um furacão

Mimo

Preciso escrever alguma coisa
Me sinto nauseada,
Acho que é fome
A chuva encheu de glitter
Minha janela
Eu mudo de humor
O tempo inteiro
E quebro frases,
Escrevo lixos,
Entro em pânico
Quando elogiada
Quando me dizem
Que eu estou errada
Eu penso logo logo
Em me matar
Como se a chantagem emocional
Fosse funcionar comigo
Também

Eu quero sair daqui
Não tem pra onde
Eu chamo isso tudo de tédio
E depois digo que estou doente
Eu incorporo essa ideia
Eu sou triste, eu falo
Mas não quero ser,
E continuo insistindo
Nos mesmos temas
O que duzentos e oitenta textos
Significam?

E eu choro,
Eu leio as desgraças dos outros
Eu tento fazer amigos
Eu odeio estar de férias
Eu odeio viver sem um sentido
Eu me distraio com o natal,
Está chegando,
Eu tenho gente que me chama pra sair

Por que
Eu fico
Dizendo
E pensando
Que vai tudo
Dar errado
Sempre?

Eu não consigo
Ou talvez eu só não queira
Deixar de ser tão obsessiva
Tão convencida, tão egoísta
Mas eu sei que isso está me consumindo
Porque a cada dia eu me odeio mais um pouco
Eu perdi minha vontade de fazer sexo
Ou sequer de estar com alguém
Eu quero estar só,
Completamente só,
Mas por favor
Me dê um sentido,
Para que eu não fique louca
Não me deixe sozinha
Porque eu surto de solidão

Eu preciso
De vocês

Eu preciso dele

Esquece
O texto nem era sobre isso
Eu estou condenada pra sempre
A continuar me condenando
Dizem que o controle é todo meu
Eu só quero ser feliz
A qualquer custo
Eu só quero me sentir amada,
Importante, imprescindível,
Eu quero viver num mundo que não existe

Vamos embora
Eu não vou acabar com isso
Eu não vou mudar nada
Às vezes eu tenho medo
De ser infeliz pra sempre
Às vezes eu me dou conta
Da minha infinita arrogância
E de como eu me torno
Todos os dias
Todas as pessoas que desprezo

Vamos embora
Eu precisava escrever algo
Mas isso não presta
Nem a minha imagem no espelho
Nem os orgasmos que tenho
Nem as comidas que como
Compulsivamente
Como se tivesse voltado do deserto

Eu devia morrer
Não é chantagem
Ou autopiedade
Autocrítica, talvez seja
Eu me sinto cansada
E tenho repulsa
Por tudo isso
Todos os erros lá de fora
E os defeitos meus
Para ignorá-los
Era isso que eu queria
Ignorar tudo que não me agrada


Ou

Talvez

Estar em algum lugar

Com você


Eu estou perdida
Agora apenas me assista
Andar em círculos
Mas você não está aqui
É tudo que me importa
Porque eu sou louca
Louca louca louca
Eu sou a frustração em pessoa

A ânsia,
O não ter,
O possuir,
O querer
E o não ter.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Estocolmo: toler ou tolher

Hoje em dia eu vou dormir
Por volta das duas da madrugada
Estava lendo um texto teu
Você dizia que depois das três,
Tudo piorava
Mas você me pedia
Que sempre voltasse
E eu sempre volto pela manhã

Eu não sei por que penso em você
Quando sinto cheiro de doce barato
Eu não sei por que penso em você
Incontáveis vezes por dia

Eu não sei por que eu te escuto
Em quase todas as músicas que descubro
Ou por que encontro teu nome
Em todos os lugares
Ou por que eu te enxergo em personagens
E quero desenhar teus olhos na minha vista

Eu não sei do teu silêncio
Ou da tua fala
Eu não conheço o cheiro
Das tuas falhas
Eu não sei de onde vens
Ou para onde vais
Eu não sei o que procuras
Ou o que te satisfaz

Não te conheço,
Não importa mesmo
Eu te obceco,
Seja quem for
Vamos dividir a culpa,
Vamos fugir juntos
E nos matar

Eu me sinto
Cada vez
Mais louca

Eu conheço todos os teus passos
Mas nada que tu já tenha visto
Eu sei como tua mente funciona
A não ser que você seja um sociopata
Talvez eu que seja doente, na verdade

Eu às vezes procuro meus remédios
Mas eu sempre procuro você
Algumas vezes para te matar,
Outras pra te proteger

Eu sei que agora
Já passa das três
Você me dizia
Para não procurá-lo nesse horário

Porque é agora que eu descubro
Que eu sou completamente insana
E perigosa

A solidão faz isso com as pessoas
O escuro, o silêncio e o medo
Nos fazem virar animais

E se eu disser que te amo?
Que precisamos necessariamente ficar juntos?
Realmente juntos, por bem ou por mal?

E se eu te disser que se pudesse
Eu o forçaria a estar comigo
Para sempre?

Você se mataria?
Ou me amaria ainda mais?

Talvez,
Seja você,
Por causa dela,
Voldemort

Talvez,
Seja eu
Por causa dele,
O condenado

Quem é Marie
ou Emily a essa altura?
Quem é Lara?

Eu sei de toda a verdade
Que sobra
Eu sou uma bomba-relógio
Não sabe?

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Dezembro

Já é dezembro
E eu ainda não te tenho.
Eu nunca te tive,
Na verdade.

Já é uma da manhã
E as luzes estão ainda acesas.
Meu cérebro, vazio
E eu só sei escutar a tua voz.

Você diz que me ama
E de primeira isso me basta.
Mas meus olhos não aguentam
E tu escorrega de mim, molhando o rosto.

Essa ausência de sempre doi.

Me sinto triste.
Triste, triste.
Como se nem teus braços nos meus
Pudessem fazer alguma diferença.

Eu sou assim, só.
E assim serei.

Eu quero morrer
Um pouco.
Me sinto louca
Quatro vezes por semana.

Não adianta.
Nós não vamos salvar nada.
Nós não existimos, afinal.

Já é dezembro.
Esse ano deveria ter sido feliz.
Eu te conheci, te amei.
Já é dezembro e você me ama,
Eu sei.

E se tivesse sido tudo de outra forma,
Talvez eu guardasse alguma esperança.
Talvez, se eu não te amasse,
Eu ainda pudesse pensar
Que um dia seria feliz, acompanhada.

Mas não.
Eu te amo,
Como é dezembro.

Ainda é dezembro,
E esse ano não acaba
(nem nós).

Sei que te amar
É ser pra sempre triste
E enquanto for eterno meu amor,
Também será a minha solidão.

Que venha o próximo mês,
O próximo ano.
Não me atormenta nada,
É apenas isso.

Choro, notifico
O fim de novembro, do ano,
E antes que tenha tempo de mais nada,
Antes que tenha tempo de me calar,
Eu digo mais uma vez que te amo.
Como se isso pudesse mudar alguma coisa.