segunda-feira, 28 de julho de 2014

Moon Bye

Hoje eu quero que a lua se vá, diluída nessas gotas que me chovem. Quero que a noite amanheça, e que o laranja refletido desapareça em meio à luz original. Mas não sei brilhar.

Há uma mágoa suja em tudo isso. E não entendo. Não entendo ser nada do que sou. Porque os externos não parecem agir assim.

Há uma companhia azul em meu caminho. E isso é bom. Como ignorasse o céu e sua teimosia em ser dias e noites, vejo um azul em terra. E toda a calma, e todo o socorro da vida se estabelecem em um corpo feito de carne.

Que o dia chegue e eu possa te esquecer rapidamente. E que eu não me sinta triste. Porque também não posso sentir amor.

Talvez haja alguns doces depois do fim do túnel. E o algodão em baixo de mim há de me ajudar a chegar lá.

Tudo bem se a lua se camuflar por um tempo.

domingo, 27 de julho de 2014

Lapso

É bom sentir que é o momento certo.
Você é minha alma, e ele a minha carne.
E o outro, bem,
Este é a minha alça.

Há uns seis ou sete cortes na minha coxa.
Mas estes novos foram bem gozados.
Bisturi,
Amor,
Orgasmo.

Risadas bobas.
Uma malícia idiota.

Eu vou montando as peças do quebra cabeça.
A pessoa que eu idealizei,
É na verdade três.

E está tudo bem.
Está tudo maravilhoso.
Meu corpo sorri para o universo com alguns novos machucados.

Eu me sinto uma puta, meu amor.
E sei que você me ama assim.
Como eu dizia,
A compreensão do nosso amor não diz respeito a ninguém.

Eu existo.
Eu me sinto bem.
Eu vivo, amor.

E ai de você se tiver uma recaída.
Eu vou te pressionar.

Eu leio, eu fodo.
Eu acordo cedo de manhã e aguento o colégio.
Tudo de repente ficou simples dentro de mim.

A aversão foi dormir.
Com todos eles.

Estou livre para ser.

Dormir cedo sem álcool e sem cigarros.
Talvez um.

Nem os loucos me tiram do lugar.
Eu vou ser feliz, e você também vai.

A vida é linda quando se está em paz.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Não.

"Mero suspiro,
Pouco movimento,
Um não."

Negar-se toda a humanidade que cabe em um.
Negar-se a companhia, e a alma.
Negar-se tudo que desfaz a calma
De não existir.

Negar-se o gesto,
A vontade,
O medo
(e sê-lo).

Negar-se o colo,
Para não cair.
Negar-se a vida,
Para não sentir.

Negar-se o bem,
Para não sorrir
(e não chorar).

Negar-se a ida,
Para não partir,
E não morrer.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Bem-estar

Está tudo bem, eu acho.
Exceto meus textos.
Exceto eu. Talvez.
Desabafo tanto que as palavras já não saem bonitas.
Nem eu tenho saído bonita.
Mas tá tudo bem.
E eu te amo.
E eu não vou me matar.
Será?
Anda tudo tão correto
(nem tanto).
Escola.
Faculdade.
Adultecer.
Não confio em gente grande, e em 21 dias,
Eu serei uma.
Como você,
Que não sabe o que faz.

Você está todo bem.
Está tudo bem entre nós.
Está tudo bem com você.
Está tudo bem comigo também.

Eu só não quero ir a escola.

Uma moça me disse hoje que você vai tentar se matar.
De novo.
E eu acredito.
E não me vejo fazendo nada pra mudar este fato.
O conformismo é uma droga.
E eu sou uma tremenda viciada.

Não quero que você se mate.
Não quero me importar.
Não quero sequer existir.

E por isso estou entrando de volta nessa vida insuportável
De acordar cedo todo dia
De estudar
De trabalhar
De me esforçar
(não que eu me esforce de verdade, isso seria viver).

Não há amor no mundo além do nosso.
Eu tenho muito aqui,
Muito a ser desprezado.

Mas estou cansada de ter que lutar para escolher um lado.
É preciso sobreviver. Apenas.
Não viver. Não existir.
Sobreviver.
Sub-viver.

Eu posso me cortar nas terças,
Me embebedar às quintas,
E ir passear no sábado.

No domingo eu posso odiar a vida,
Te amar na segunda,
E pedir uma ajudinha na sexta.
Só para estar em dia com a minha necessidade.

Na quarta eu posso matar aula,
E quem sabe fugir pra algum lugar interessante.
Quem sabe eu me drogue numa quarta.
Ou pule de um abismo
Ou só fume um cigarro.

Um cigarro que me lembre você.

Você finge que está tudo bem.
Mas não deve estar,
Não pode.

E eu minto.
Minto contigo.
Porque eu te amo.

E vou te seguir aonde você for.
Ou vou existir.

Eu vou adormecer todas as minhas atitudes.
E voltar aos meus afazeres insuportáveis.
Me disseram que isso é crescer.

E minha terapeuta me ensinou o caminho,
Eu só preciso ir,
Pra morrer.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Suicida.

Eu queria me matar por você. Queria estar lá contigo, na beira do abismo. Como estivemos na primeira vez em que você veio me visitar. Queria estar lá pra você. Por tudo. Para que a morte nos arrancasse essa solidão imensa. Para que ali estivéssemos um olhando para o outro. Com a convicção de um amor tão grande que chegaria ao túmulo. E talvez isso nos salvasse. Eu sempre achei que a vida ficava mais fácil quando a gente se dispunha a enfrentar o pior dela. Abraçar a morte, amor. Achei que fosse fazer isso comigo. Achei que fôssemos ficar juntos. Para morrer, ou para viver. E se você apontasse uma arma na minha cabeça,  eu te olharia nos olhos, e faria tudo para te convencer de que seria a coisa certa a ser feita. Eu sempre quis ser forte por você. Porque você é a poesia da minha vida. Você é a única pessoa que entenderia se eu me matasse. Entenderia de verdade.

Mas não. Você estragou tudo com aquelas malditas pílulas. Por que você tinha que fazer isso? Talvez você quisesse sabotar os próprios planos. Ou desafiar Deus.

Ou talvez. Apenas talvez você tenha decidido me salvar. Mas você não percebe que salvando o meu corpo você condena o meu espírito? Eu preciso de você. Eu preciso poder estar ao seu lado e topar fazer absolutamente tudo. Como se fôssemos dominar o mundo.

A minha coragem é maior ao seu lado. Eu sou invencível com você.
É uma merda que você tenha desistido dos nossos planos.
Você estragou toda a minha base estrutural. Jogou nossa poesia no lixo. Os ratos estão devorando tudo.

E agora eu só quero me matar. Eu. Me matar. Sozinha. De qualquer maneira. Todas elas são válidas. Eu quero me matar de vingança. Como se fosse minha última cartada. Minha última chance de fazer algo de que eu poderia me orgulhar. Provar que eu sou corajosa sem você.

Mas ainda estou trabalhando nisso. Eu preciso ter certeza do que eu vou fazer antes de ir. Essa solidão só piora tudo.

Por que você desistiu de mim?

Te sofro.

  Sabe, amor? Eu estava lendo. Depois eu estava tomando banho, e depois estava apenas respirando. E não importa o que eu faça, tudo me remete você.

  Na verdade eu sou doente. E sou assim desde sempre. Dependente, carente, desesperada. Eu era assim os 7 anos de idade. Eu era assim aos catorze, quando eu te conheci. E eu sou assim hoje, prestes a completar 18.

  E essa é a verdadeira razão disso tudo. Não tem conserto, não tem salvação. Eu sou assim, eu nasci errada.
  E você me deu aquele deslumbre de felicidade.

  Eu sou uma pessoa que nasceu para ser infeliz. Você escolheu a pior pessoa, no pior momento para ser sua amiga. Será que eu já te fiz algum bem?

  A verdade é que toda a minha obsessão surge de um sentimento construído em anos. O tempo me fez alimentar isso tudo por puro desespero. E eu explodi de satisfação ao te encontrar. E desde então eu venho me afogando nesse sentimento que acabou no momento em que eu saí daquele avião. 

  Depois de pisar no chão, tudo voltou a ser tristeza. E a tristeza é mais triste depois que a gente foi feliz.
  Esse meu desespero com a sua morte é uma enorme farsa. Porque o amor de fato, não existe. Existe apenas uma expectativa culturalmente construída.

  E eu não sei lidar bem com todas essas mentiras do mundo real.
  Porque eu sou doente. E se eu disser que te amo, é possível que nem mesmo eu acredite nisso. Como não acredito que você me ama. E a vida simplesmente não faz sentido.
  Mas se eu disser que te sofro, é verdade. Porque eu realmente entendo de sofrer. Nasci pra isso.

Obsessão Tolerável

Você está em todos os meus sonhos.
Você está nos meus olhos.
E pesa nos meus cílios.
Você está nas minhas bochechas gordas.
Nas minhas vontades, e nos meus temores.
Você está no meu céu, seja ele cinza ou azul.
E está no despenteado de meus fios verdes de cabelo.
Você está nos meus tombos,  quando tropeço no ser.
Você está no cheiro da chuva.
E eu pareço gozar com a nicotina que encontro por aqui.
Porque minha nicotina é você.
E toda nicotina é você.
Como ela me consome.

Meus cigarros parecem se deliciar com meus pulmões.
E te expiro.
Te sopro.
Te cheiro.
Te engulo em forma de gás.

Você é tóxico.
E eu não vou dizer que te amo.
Não hoje.

Apesar de você ainda existir em tudo que eu toco.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Janeiro pode ser aqui e agora.

E se, ao final disso tudo, o nosso destino for o mesmo.
Que seja.
Que eu te ame até a última gota.
Eu não preciso estar exatamente viva pra te amar, não é?
Te vejo do outro lado, amor.
Não se preocupe.
Vai ficar tudo bem.
Je t'aime.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Infindo

Ah, que mar infindo!
Que mar infindamente lindo!
Afogar-me-hei neste,
Como se ele te fosse.

Em toda a tua profundeza de existência.
Em toda a tua coerência desconexa.
Que apaixona-me.

Hei de mergulhar nesta paisagem,
Como se em ti morasse.
E como se nenhum mundo,
Em face da Terra,
Ousasse desabar em lágrimas.

E que de todos os meus amores visuais,
E dentre todos os meus prazeres e deslumbres,
Tu sejas ainda
O meu maior feito.

Que sejas sempre meu,
E eu sempre tua.
E que sejamos nós,
Mas desatados.

E que todo encanto,
Em vida
Ainda me lembre os teus.

Nós somos o infinito implodindo num corpo perecível.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Consigo

Não é nada com vocês. É comigo mesmo.

Foi o que me disseram. O único fragmento da carta.

Você aparentemente ainda não sabe que eu sou você.
Ou não se lembra.
Não se atentou a isso.

Tudo que diz respeito a você, diz respeito a mim.

Estou querendo viver sua morte de novo.

Mas você já chegou na superfície.

Eu só quero mergulhar.
E mergulhar.
E mergulhar.

Quero sufocar.

Por que será que eu sou assim tão errada?
Talvez eu não te faça bem.

Será que eu sou uma boa amiga?
Eu te amo.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Redamoinho, Yayo.

Eu gostaria de escrever a sua morte. Mas não teria coragem. Só tenho coragem de senti-la. E doi. Eu não tenho conseguido terminar meus poemas, meus textos. Não tenho terminado muita coisa. Percebi que nem mesmo lavava nos meus cabelos desde quinta-feira. Hoje é segunda. Sabe aquele clipe? Aquele de onde você tirou a maldita frase pra me dizer. Tô ouvindo a música. Porque é como morrer contigo. Eu só consigo pensar no quanto eu sou quebrada por querer aproveitar a tragédia toda vez que ela passa perto de mim. Como eu gosto de aproveitar a sua companhia. Até que me rasgue os poros. Eu não vivo num mundo muito real, percebe? Acho que eu sou doente. E eu te amo muito. E isso me faz sentir uma alma boa, apesar de tudo. E agora você me lembra aquele feto desenhado na sua parede. Pequeno, frágil e lilás. Eu interferi nele demais, lembra? E você lá cabisbaixo fazendo sua pintura, brigando com todo mundo. Que saudades de ver você brigando comigo. Que saudades de tudo. Que saudades de você. Queria poder te tocar. Te tocava como se fosse mesmo um bebê. Ou uma bomba, prestes a explodir. Como se teu corpo fosse um campo minado. E se eu pudesse, me deitaria nele e explodiria em mil pedacinhos. Eu morreria. Eu morreria feliz contigo. Vê? Estou falando sem rumo de novo. Você me tirou o rumo. Às vezes eu penso se talvez se eu tivesse sido mais forte com você, mais agressiva, isso talvez tivesse adiantado alguma coisa. Eu gosto da agressividade, entende? Às vezes sinto falta dela. Naquele seu texto você me disse que queria que eu o enforcasse. Como teria sido isso? E os cortes? Teria gosto de amor? Porque eu te amo. E eu repito isso como se fosse o mantra da minha sobrevivência. Da minha sanidade. Queria que não fosse tão complicado entre a gente. Nem sempre é. Agora é. Queria não ter medo de te ultrapassar os limites. Queria não viver essa incoerência todo santo dia. Queria que você não tivesse feito o que fez. Queria saber por que o fez. Um dia eu vou te perguntar. Não suporto sentir que você me deixou de fora. Porque não me disse nada além de um maldito trecho de um clipe. E foi lindo, eu tenho que admitir. Teria sido lindo se tudo acontecesse como você planejou. Eu tenho tantas perguntas para te fazer e não posso fazer nenhuma. Não posso conversar contigo. Não posso porque minha cabeça está cheia de você. Eu durmo e acordo e você tá ali. Foi quem me tirou da cama hoje. Tá tudo girando em torno de você. Eu tô me afogando em palavras aqui. Queria que isso passasse. Queria que essa distância terminasse. Estou com medo de ter abstinência de você, Yayo.

domingo, 13 de julho de 2014

Um espírito cheio de lama

Eu disse a um estranho que tenho um impulso suicida correndo nas veias.
Será que estou tentando te alcançar?
Ou será que eu sempre o tive dentro de mim?
Isso talvez explique o fato de eu querer os meus cigarros,
De eu querer os meus cortes,
De eu querer me matar.
Mas só de vez em quando.
Isto talvez explique a minha insistência em enfiar guela abaixo uma bebida que me dá ânsia de vômito.
Qualquer bebida alcoólica me dá vontade de morrer.
Não de me matar, de morrer.
Tenho vontade de me matar por volta das três da madrugada.
E é geralmente quando eu tomo um banho por me sentir muito suja.
Toda suja.
Eu sinto a minha existência suja.
É como se eu quisesse tirar meu espírito lamacento pelos poros.

No fundo eu sou um ser muito ruim.

sábado, 12 de julho de 2014

Eu te perdi?

Te amo
Te amo
Te amo
Te amo
Te amo
Te amo
Te amo. 
Te amo. 
Te amo.
Te amo. 
Te amo. 
Te amo.

Te amo. 

Te amo. 

Te amo.

Te
Amo.

Daqui.
Aí.

Em algum planeta que não existe.

Te amo.

Só.

Muito só.

Porque você entrou numa viagem, e não me convidou.

Porque detesto não ser convidada.

Porque me sinto só.

Você, Deus.

Você, o único sentido que eu encontrei.

Nessa vida podre.

Você que não sabe o que faz, tanto quanto eu.

Eu estou seguindo um louco.
Estou te seguindo cega e de mãos atadas.

E me perdi.

Você vai pra direita e me manda para a esquerda.

Desnorteei.

Você está confuso, meu amor.

E o que eu faço?
Como você quer que eu viva a minha vida longe de você?

Por que você sempre desfaz os planos?

Por que eu tô chorando o tempo todo se você ainda existe?

Por que você não quer existir?

Estou tão triste.
Tão triste.
Quem diria que eu ia reagir assim?

Estou triste.
Como se tivesse te perdido.
Eu te perdi?

Não se vá.
Por favor.
Eu te amo.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Venta-me

Você é vento.
Que me assopra forte
Eu, árvore.
Em todo meu tamanho vou quebrando em galhos.
Perco minhas folhas.
Sementes.
Tudo.

E você, vento.
Não posso tocá-lo.
Mas você me toca quando quer.
E me atravessa sempre.
Sempre forte.

Impetuoso, irredutível.
E pertencente, como se me mergulhasse.
Em ar, em terra.
Como se entrasse em minha alma.
E por lá deixasse os restos.

Os seus pedaços invisíveis prenderam em mim.
E você nem percebeu.
Foi vento, voou.
E eu continuei aqui.
Presa.
Dura.
Árvore.

Viva.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Amaldiçoei o diabo

Eu prestava-te contas, e me embriagava com tua imagem distorcida. Fazia-te promessas, e ignorava a realidade como quer que fosse. Um sentimento quente me tomava o corpo, e não havia ser no mundo capaz de me tirar do estado de transe. E eu precisava transar. Enquanto isso, me surge Yuu no horizonte. Muito provavelmente possuída por Nina, e amaldiçoou o demônio. Eu estava dopada, e ela brava. Inocente e brava. Uma combinação que não faz muito sentido.
Então você se virou pra mim em desapontamento com a escolha que não tinha exatamente sido minha. Haveria consequência para aquele ato.

Havia estado em uma sala, ou várias, de madeira. Não sentia nada que não me fizesse bem de uma maneira sombria. Não entraria no profundo de meu prazer, infelizmente.

sábado, 5 de julho de 2014

(Se eu digo que te amo, é fase)

Quando o peito se racha de tão inutilizado,
Qualquer óleo lubrifica o sentimento-quase-pó.
A cada esquina, mais flores são percebidas.
E dentro das memórias nascem futuros mortos,
Cheios de esperança pra engolir.

Quando eu me perco sozinha,
E me encontro em tudo.
Quando eu sinto sua falta,
Como se fosse morrer amanhã.
É só um vazio feito de céu que mora em mim.

Em cada um de meus vãos deita-se um homem,
Ou uma mulher.
Uma história, uma mentira, um violão.
E uma noite bem dormida.
E um choro no fim de tarde.

Essa minha solidão,
Que arde na sanidade gasta.
Me perco nas minhas perseveranças,
E na minha ânsia de felicidade.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Às vezes eu penso em você, de dentro do meu cobertor. E só assim meu peito se acalma pra dormir.

Confissão de cama

  Quero dizer, toda noite eu tenho me sentido só. E toda noite eu penso em você. E talvez se eu congelar minha alma debaixo de cobertores com mangas, isso se torne mais simples. Provavelmente não. Mas eu tenho ido bem, vê? Porque apesar de não estar feliz eu estou novamente controlada. E é como se eu estivesse satisfeita desta maneira.
  Amando você.
  Porque, você sabe, eu preciso de um romance que não estou encontrando. Eu preciso de um carinho que não estou recebendo. Mas está tudo bem. Porque eu estou aprendendo novamente a me alimentar de palavras. E meu espírito se reconforta assim.
  Amanhã eu fujo para o inverno. E talvez eu me divirta por lá. Mas certamente sentirei a mesma falta ao deitar sobre minha cama gelada.
  E talvez eu fuja pra janeiro. E me parece a solução mais forte pra essa minha solidão estupidamente conformada. Talvez eu vá contigo pra qualquer lugar. Você sempre foi a pessoa em quem eu mais confiei. Mesmo quando eu não queria confiar.
  Eu te confiaria a minha vida, e a minha morte. Eu deixaria que você me destruísse. Eu te amo. Eu te quero aqui. Eu estou muito só. Todas as noites.