Repito para o espelho:
Eu sou uma péssima pessoa.
Preciso aceitar que sou
esta péssima pessoa,
que me seguem dizendo.
Preciso ser a boa pessoa
que me seguem exigindo.
Fecho os olhos para as súplicas.
Mostro minhas omoplatas contorcidas.
Elas dizem eu tenho tentado ser essa pessoa.
sobre meus pés.
Se me entoco, silenciosa e distante,
É gritar o tímpano alheio,
distoar-me.
Se falo, reajo, conquisto território,
Sou exército, que cala os fracos e governa
Até a rebelião.
Governar terra alguma.
Quero é ser só.
Sou covarde.
Me olho e repito ao espelho:
Sou covarde.
Por isso deveria seguir regras,
e não a revolução.
As regras não me respeitam,
não obedecem.
Torno-me deusa, dona de mim.
Não de mais ninguém.
Apenas das minhas omoplatas
corrompidas e tornozelos gastos.
Como tenho dito,
Se sou bárbara, homicida, omissa.
Sou algema.
Um peso atado aos pés de escravos.
Qualquer coisa que não humana.
Isto apenas eles são.
para apunhalar-me,
que não muito demore,
pois morrer aqui
é todo o sentido que me restou.
Se sigo viva,
Te amo até o dia
de minha morte.
Para que eu possa ao menos
Suportar a dor.