segunda-feira, 31 de março de 2014

Me deixa voltar

Quero voltar pra sua casa e me salvar nos teus cigarros
Quero poder abandonar meu sexo vazio em nome do teu amor
Quero ser a tua estrela e ter minha luz toda sugada
Voltar a me sentir tão saciada
Só de estar assim tão perto de você
Quero me recolher na sua sombra fresca e doce
A sua sombra
A minha casa
O meu recanto
Ora, mas eu te amo tanto
Que eu te daria todos os meus dias
E me perdia na noite
Vagava mesmo sóbria
Só seguindo a tua voz
A sua calma incalculada
Os seus sorrisos meio tortos
O seu brilho musicado
E nossas palavras vis
Só nossas
A linha tênue de alma
Entre a mente a boca
Acho que eu sou mesmo louca
Estou vazia
Só me falta a tua paz

domingo, 30 de março de 2014

Tenho
Libido
Mas não tenho
Liberdade

Eclipse de marte

Lábios mordidos
Pensamentos recorrentes
Uma navalha nos dentes
E uma mente que se explode

Um objeto sortido
Mais um gole, e a saliva
Representação nociva
Do ariano que me fode

Mais tempo debaixo d'água
Uma mão que não se apressa
Um cigarro mentolado
Faz que não se interessa

Quis buscar a noite quieta
Tem vontades como as minhas
Às vezes saio sozinha
Mas nunca sei ser discreta

Desalinham-se os planetas
Volto ao meu lugar vazio
É que eu sou bicho do mato
Mas de longe eu lhe sorrio

Te espero, se é que tu volta
Minha cama nunca tá morta
Meus olhos te explicam tudo
E a porta do meu quarto tá aberta

sábado, 29 de março de 2014

Sábado só

Um sábado cheio e uma melancolia ensolarada. Um sexo vazio, uma criança morta, e uma sede insaciável de esperança. Entorpecida. Uma melodia estranha, um caminho fácil para um outro mundo.
Aquela velha história de querer o que não pode ser da gente.
Querer um pouco mais do pôr-do-sol.
Da vida, da prata. Da mata.
Querer viver um pouco mais que as borboletas.
Pousar na sombra verde da companhia solitária.
Perder-se dentro de si.
Um dia de não saber o que fazer depois da felicidade torta.
Amortecer. Alienar.
Uma pausa no mundo para procurar a verdade que não existe.
Se somos felizes, ou tristes.
Se existir é mesmo essencial.
Dançar no sol e rir da cara do passado.
Debochar do futuro.
Fingir, mentir, sorrir.
Um otimismo tolo em meio ao caos inerte.
A própria tristeza se diverte.
A morte se derrete. Por alguns instantes.
Enquanto só. Só por enquanto.

Preciso adormecer meus pensamentos

Borboletas não deviam pensar

Borboletas não deviam viver por tanto tempo

quinta-feira, 27 de março de 2014

Ela queria a lua

Ela sempre dava respostas incompletas, e usava seus termos vagos como se a vida fosse uma grande poesia. Ela sempre nos fazia buscar mais, refletir, peguntar. E aguçava nossa curiosidade. Ela transava com todos os homens, e todas as mulheres que tocavam sua alma. E quando amava - ah, o seu amor! -, amava de todas as possíveis formas. Ela nunca teve uma noção muito boa dos limites. Ela era até onde podia ser, e quando não podia ser o infinito, ela morria. Ela morria ao menos uma vez por semana. E só não poderia compará-la a uma borboleta luxuriosa porque ela estava em constante metamorfose. E nem sempre precisava de um casulo. De qualquer forma as suas asas eram negras, e se perdiam na noite. Ela se afogava em solidão. Dizia ela, que sem eles ela não existiria. Que a vida era sempre muito pouco, e que um dia ela ainda amaria a lua. Se ela pudesse, treparia até com a mãe natureza. Com os rios, com os matos, com a chuva. E se o vento a quisesse engravidar, ela permitiria. Ela não ligava pra nenhum aprendizado. Ela não queria uma casa que não fosse gente, que não fosse viva. Ela vivia por aí perdida. E poucos a viam chorar. Suas lágrimas eram raras como as de um unicórnio, mas não se tem notícias de nenhum poder sagrado vindo delas. Gostava de todas as cores, de todos os sabores e de todas as histórias. Ela era só um pedaço bonito do mundo, e sumia tanto que temia desaparecer. Ela queria ser lembrada, queria nunca ser esquecida por ninguém. Queria saber que existia, que sentia de verdade. Queria saber o sentido escondido da vida. E decidiu que o sentido era ser. De todas as maneiras que pudesse. E foi. E foi tanto que um dia ela se cansou tanto de ser que resolveu evaporar. Sumiu do mapa. Ninguém mais soube dela. Às vezes eu sinto saudade e fico olhando pra lua. A lua me disse que também a ama.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Circular

O que eu vejo aqui é um ciclo
Quanto mais te amo, mais te busco
Quanto mais te busco, mais te encontro
Quanto mais te encontro, mais te amo
Nós somos o infinito
Sol e lua
Dia e noite
Vida e morte
Nós somos o limite do universo

Antítese do clímax

Achei um oponente à minha altura. E é por isso que eu quero que você me foda. A dor que você me provoca é tão magnífica quanto o meu orgasmo sádico em seu grito. Minha antítese suprema. Meus quadris assassinos. Eu preciso te matar três vezes, e assim morrer. Para que enfim sejamos tudo o que podemos ser.
Sou fiel ao meu sadismo como sou fiel às suas mãos. Me devore, me devore ainda mais. Em retorno te darei a dádiva do desprazer.
Meu amor inacabado.
Pare tudo ainda antes do orgasmo
Mas depois de gostar
Se for capaz.

Missing piece

Omg
I love you
I miss you
I miss your eyes, your skin, your lips.
I miss your heartbeats
And your smile
I wish I could never ever leave you
I wanna live inside you
I wanna be your shadow
You don't have to see me there. But I need to be by your side
My soul doesn't exist (far) away from yours

quarta-feira, 19 de março de 2014

As cinzas de uma fênix

 A insensatez era meu lema. E não morrer era a lei primordial a mim imposta. Eu deveria fazer de meus dias uma enorme festa, forjada sobre meu suor e sangue (dessa vez dentro das veias). A partir do momento em que eu me resgatara do inferno, eles me forçavam a engolir aquelas dádivas malditas. E eu tinha que reconstruir como obrigação. Eu devia evoluir, e agradecer a tudo aquilo, ao universo, e nunca aspirar a nada além. Eu deveria apodrecer por dentro e sorrir admitindo a morte, que semelhante a todo o resto, era o lado bom de se viver. A recompensa, ou a redenção. Eu lutava por minha vida como se a apreciasse, mas vomitava em todo prato em que comia. Amaldiçoava o mundo, e os meus próprios gostos e anseios. Desejava, como temia, a senhora encapuzada, meramente ilustrativa. Buscava uma existência analgésica, como buscava a overdose. Eu havia me perdido no momento em que me salvara da autodestruição. Era agora um espírito vagante. Refugiando-me na existência alheia, abandonando toda a minha carne em busca de uma única crença. Uma nova fé. Algo que me conformasse e me engolisse, algo que me trouxesse de volta à realidade. A verdade que o mundo não mais possuía a me oferecer. Buscava a vida que eu sentira mais na morte. Buscava sobreviver também no céu, e não só no chão. Buscava o infinito.

domingo, 16 de março de 2014

Eva no infinito

   Sentou-se no mármore frio da janela e viu a rua vazia enegrecer gradativamente. Nenhuma alma viva poderia vê-la, e assim ela se sentia muito mais intensa. Havia uma certa liberdade em meio à solidão.
   Resolveu por algum impulso procurar um texto dele. E lendo o último da lista, ela lembrou de como se apaixonava por aquela alma triste e fascinante. Algumas lágrimas foram se formando e se atirando por seu rosto enquanto tudo parecia demasiadamente justo. Justo, longe de justiça. Justo como apertado, sufocante.
   Continou ali lendo sua alma, e por acaso se encontrou perdida entre os versos, que não por acaso eram tão semelhantes aos seus. As duas almas eram gêmeas separadas pelo nascimento. E a saudade pegou fogo, como se a inundasse de álcool por dentro. Uma noite tão comum, de lua cheia e cintilante. E ela sentia falta de estar ali com ele.
   Mentalizou uma conversa que pudesse ter com ele ao telefone.
   "Eu te amo", ela diria.
   E ele responderia "eu também".
   "Sinto a sua falta", confessaria, "eu queria estar aí com você".
   Ele seria doce.
   "Nós dois, não vamos morrer jamais".
   E ela não conseguia parar de chorar. Queria poder tocá-lo mais uma vez. Ouvir sua voz. Reparar nos infinitos detalhes do seu movimento corporal. Amá-lo infinitamente.
   Eva sentia uma imensa falta do paraíso. E nada nem ninguém habitava a sua rua.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O bater de asas de uma borboleta


As asas da borboleta

O coração despetalado
Por uma borboleta de cor forte

A mente apavorada
Os pensamentos sobre a morte
E uma turbulência apaixonada

O mundo cão, latindo
Ela rosna de volta
E depois rola na grama

A inocência de quem ama
Sem saber como se solta
A alma prateada

Como os detalhes na asa
Da borboleta medrosa
Acuada
Escondida
Amedrontada

Um corpo muito pesado
Para se manter no ar
Nunca voa,
A menina

Chora sem poder se libertar
E desatina

As mãos atrapalhadas
Quase inertes
De quem ama
Sem nunca querer machucar

Uma criança adormecida
Na paz alucinante
Descobrindo ser
Quem pura e honestamente
Verdadeiramente
Não é

domingo, 9 de março de 2014

Quero um cigarro,
Dois cigarros,
Três maços.
Quero você.

terça-feira, 4 de março de 2014

A chuva assoprando as árvores e eu suspirando apaixonada.

Beco sem saída

   Tentei outras bocas, mas nenhuma tinha o gosto da sua alma, que eu sugava embriagada e caprichosamente. Frustrante foi notar que ao ler tão sabiamente o meu olhar, você não pôde compreender minhas poesias. Que admito, muito a contragosto, ultrapassaram meus limites.
   Tentei de toda forma me refugiar dos gritos secos que me surgem ao te encontrar. Tentei me abster de suas carícias, de suas palavras, da sua voz. Mas se por acaso eu fosse à lua, lá você estaria, pronto para me atormentar com meu amor.
   Tentei me entregar, tentei me destruir, tentei me libertar. Mas você insiste nesse meio termo. Você é o muro de concreto, o fim cinza do crepúsculo. Você é o meu dilema interminável.
   Meu suplício é te adorar, te odiar e abominar.
   Você é um câncer plantado em mim.
   Me resta vegetar, porque não tenho mais certeza de nada quando se trata de você.

   Partir ou ficar, fugir ou perseguir. Minha dúvida maldita.
   Me desespero.
   Me canso.
   Estou exausta de você.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Mas desde que você foi minha paixão falsa pós-janeiro ninguém mais me satisfaz.

Noite funda

A água me olha morta, e me informa que engoliu minha alma. Eu já sabia. Ela me chama. Quer me afogar. Minha garganta seca. Meus olhos vazios procuram inquietos alguma existência fútil no azul. Uma metralhadora se instala no meu crânio. Os tímpanos se anestesiam. Na noite não há borboletas negras pra me resgatar. As vozes noturnas me devoram e apavoram. Estilhaço, definho, desintegro. Evaporo ou viro pó. Desapareço.

No coração os cortes, nas mentes a guerra, na alma pó.

domingo, 2 de março de 2014

Sobre você

Ah, meu deus, menino. Eu quero me declarar loucamente pra você.
Pare de ser o satã.
Desocupe os meus pensamentos.
Desabite-os.
Cara, é sério. Você tá na minha cabeça como cocaína fica na mente dos viciados.
Você é a minha nicotina. A nicotina é minha você. A minha nicotina é você. A minha você é nicotina.
Você me faz querer morrer todos os dias.
E eu tenho que morrer sozinha. Como eu odeio essa solidão.
Como você me faz sentir que ninguém nunca vai me amar. Que sequer o amor existe. O amor é uma enorme farsa.
Mas por que é que eu não consigo me livrar de você? Por que é tão difícil?
Você é o único. O único que ainda me excita. O único com quem eu ainda quero ter/fazer alguma coisa.
Os outros são meras tentativas frustradas. Mentiras.
Mas você era uma bela de uma mentira no começo.
Você é o demônio. E eu não sei como sobreviver.
Ou eu te aceito, ou eu morro.
Eu vou morrer de qualquer jeito.