Essa tristeza específica
Que preenche meu peito
E me consola
Não quer largar de mim
E ir embora
Ela assina o nome
Na boca do meu estômago
E me queima tudo por dentro
Me mandando jejuar
Eu sou dela
Dessa tristeza com nome
Queria me despedir mas não posso
Meu espírito e olhos
São dela
Moídos, feito cadáver de boi
Feito um tempero qualquer
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Vegetariana
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
15 seconds
Às vezes tenho impulsos
Que preciso respeitar
Organizo, planejo,
Realizo
Ou desisto.
O impulso passou,
E sigo
Espero o próximo
Se manifestar
Às vezes tenho impulsos
Que preciso evitar
Desvio, barganho,
Nego,
Negocio.
O impulso lateja em mim,
Preciso morrer
Pra passar
Às vezes tenho impulsos
Que não sou capaz de identificar
Calo, pondero,
Espero,
Calculo tudo
Que eu puder na hora calcular
Às vezes tenho impulsos
Tão fugazes
Que me decidem morar
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Água, farinha e cor
Todas as pessoas do mundo
Segurar firme e dizer
Chora.
Eu sinto a sua solidão.
Quando tentar fugir
Do excesso
Do caminho sem retorno
Deste verso
Tenho joelhos
Para ancorar-me ao chão
Saliva, para engolir o corte
Pulmões, para notificar asfixia
Para sentir-me vazia,
Insaciável
Ou plena e perpetuamente
Insuportável
A qualidade física
Da dor
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Itasaku
Tem dias em que me bate a saudade
De tudo que eu fui um dia
De quando ainda não sabia
Das consequências
Tem dias, raros dias,
Em que ainda sou sua.
Completamente sua.
Calada e distante,
Sufocante de meu próprio caos.
Tem dias em que não há nada mais
Que me contenha
Então afundo.
Mergulho na minha dor.
Mergulho no que eu tinha de você.
Aceito a morte.
Não a morte de cortar os pulsos e sumir.
A morte de existir.
De amar você.
De ter amado um dia, tanto faz.
De tudo ter acontecido
Exatamente como aconteceu.