segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ciranda da Madrugada. Sem versos.

  Eu não podia me machucar. Então, eu juntei na mente todos os pensamentos pervertidos que eu era capaz de pensar. E me masturbei, como sempre faço quando me contam uma coisa importante. A verdade é que eu queria chorar, me machucar, ou como aquela moça do filme que eu vi hoje, apenas ser tocada. Ser vista. Você veio me atravessando feito uma espada, com os teus segredos absurdos e eu novamente me senti como se não tivesse poder nem sobre a vida de uma maldita formiga. E aí, eu me contorci no meio do sofá, até esquecer do que era tudo isso e de como eu não queria nunca mais ouvir as palavras sujas que sempre saíram da tua boca. Você provavelmente foi a primeira pessoa que me fez sentir amada, depois de tanto tempo em cativeiro. Eu vivia nas trevas, e você me mostrou o vermelho da vida do lado de fora. Em seus cigarros e sua vida borderline, você foi me ensinando tudo que eu não sabia sobre ser, sobre existir. Até que eu pensasse que não existia mais sem te ter. Seus poemas, suas canções e tudo que te dizia respeito me queimou a carne, e logo eu ardia em estar acompanhada. A vida não era nada, absolutamente nada sem você. Eu ando perdida, ainda. Você sabe. Eu quero parar com os teus cigarros, mas fujo e me intoxico de você. Agora eu tenho outros, acumulados pela minha estrada. Mas se tudo que tenho fosse um perfume, o que eles chamam de tema seria você. Essa consciência não me resgata de lugar algum, mas o silêncio, o silêncio que me amordaça todas as manhãs deve ser ameaçado. Devo gritar de volta, ofegar, fazer barulho enquanto sufocada. Quero o meu ar, quero viver, quero existir além do todo que te fui. Você foi quem me ensinou como se amava, mas hoje, hoje não sei amar. Não posso amar ninguém sem desejar a morte, sem saboreá-la como se já tivesse chegado lá. Eu fecho meus olhos, meu corpo não é suficiente, minha voz não é suficiente. Nada é. Eu preciso queimar, queimar até me compreender.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Mentiras

Você diz que me observa
Como se dissesse isso a uma parede
Ou a um mar aí por perto
Eu sei
Que nada disso me pertence
Mas quando você diz isso
Eu de repente me questiono
Do porquê de eu existir
Eu nem sei se eu quero estar aqui

Então vou fechar meus olhos hoje
Bem forte para digerir o choro
Vou beber só mais três goles
Até esquecer a vontade
De te conhecer

E quando eu levantar
Eu vou cair na próxima esquina
Uma menina
Lutando com a paz interior
Mais um pouco
De álcool, não de cigarros
Não posso mais pigarrear teu nome

A pele e as citações

Não há beleza
Nessa coisa que eu te escrevo
Nem na nossa estranha relação
Que de repente
Me parece absurda
Como se eu nunca tivesse
Tido tempo de ir perguntar seu nome
Quem você pretende ser?
É ridículo
Como você fala sobre mim
E em seguida finge
Forja o endereço
Pra qualquer outra pessoa
E é inaceitável
Essa sensação constante
De estar ficando louca
Por essa fixação que tenho
Em tuas palavras, saídas de tua voz
Quando você surge
Quando reluz nas pontas
Feito armadura de prata
Há uma tristeza que se engole
E uma raiva que se consome
Dentro de mim
Eu sei que há no amanhã uma morte
Das mais suaves mortes
Que já testemunhei
E teu nome vai desbotando
Cada vez mais
Quando escorre entre as chuvas de março
Dissolvendo a esperança
Que carrega o meu verão
Você fala comigo
Como se um dia tivesse me olhado
Você não enxerga
Eu vivo num mundo distante demais

Meus olhos pesam
Enquanto você reescreve um texto qualquer
Carregado de mim

Esses resquícios
Que comprometem toda a minha verdade
Me deixam mais dopada
Que qualquer droga

Eu quero
Você

Renovatrix

Chocolate.
Derrete na minha boca,
Eu nem queria
Ter colocado aquilo
Na minha língua.
É repulsivo.

Queria um belo
De um cigarro.
Tóxico e branco.
Cinzento.
Queria sentir
A minha boca suja,
Suja de caos.

Eu quis um dia
Te amar
Como se partilhássemos
O privilégio
Da simplicidade.

Você nunca enxergou nada dessa forma.
Você sabia a vida que teria, eu não.

A doçura dos dias me irrita.
A humanidade de tudo me incomoda.
Não vejo muitas opções.

I wanna jump, I wanna jump.

Talvez se eu reagisse melhor às drogas,
Talvez se a minha consciência
Fosse um pouco mais fraca.
Será que eu consigo matá-la?
Mas eu não saberia o que fazer com o medo.

Quero um cigarro
Para me sentir dona de tudo,
Dona de mim.

I can't smoke.

Preciso fazer minhas unhas,
Tomar um banho,
Vestir um vestido preto.

Só queria que,
Bem,
Eu queria coisas
Sobre as quais não tenho controle.
Eu queria uma outra vida.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

42. Você me disse que eu vivia num mundo distante.

Falo contigo
Como se não fosse eu
Como se não fosse você
Como se eu não te amasse
Como se nada disso fizesse sentido
Falo contigo
Como se fôssemos mortais
Como se fôssemos amigos
Como se fôssemos conhecidos
De vez em quando eu noto
Que tudo desaba
E quando eu falo
As palavras não soam como minhas
Não doem como minhas
Não saem da minha boca
Eu falo contigo
Como se já tivesse desistido
De me apaixonar
Mas estou te buscando
Te buscando
Como fosse a pesquisa da cura do câncer
A resposta para todas as perguntas
Estou te procurando
Em você mesmo
Pra ver se você me ama de volta
Mesmo que por um segundo
Mesmo que por acidente
Mas a gente nem se conhece
Tudo parece meio
Surreal

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

I am supposed to hurt.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

About you, and the girl, and love

Hold me.
Look into my eyes
And kiss me.
Go away.
Get back.
And kiss me.
I wanna love you
'Till the end of my days.
I wanna hold you
Like there's nothing outside
That worths the view.
Stay with me.
I wanna give you my heart
Every single morning.
And every single night
I wanna give you my body.
I wanna be with you.
No where else is priceless.
So just stay.
Keep talking to me.
Say it soft, say it loud.
Tell me how you do not care.
Tell me what you'll write about.
Hurt me once, hurt me twice.
Talk to me about how is she nice.
I just need you by my side.
Stay with me
And hold me tight.
Kiss my neck
And say the words.
That you never gonna leave.
That you wanna stay right here.
But you wanna be with her.
I will never meet you there.
Like a ghost,
You disappear.
You were never here
With me.
You never loved me.
I was alone
This whole time.

"Se eu não existisse, você simplesmente amaria qualquer outra pessoa?"

- Victor.

Os fios

Estou cansada
Dessa gente que não sabe
O que é o amor.
Estou cansada dos carros,
Dos trens, metrôs e ônibus.
Estou cansada deste caos
Que é cidade grande.
Estou cansada da impessoalidade
Dos indivíduos
Que moram todos
No mesmo lugar.
Estou cansada do medo,
E de não fazer nada
Que os outros não fariam.
Estou cansada de ver
Ninguém lutando por ninguém.
Estou cansada de me sentir
Cada vez mais desestimulada
A lutar pelo que me faz bem.
Estou cansada desse estresse do dia a dia.
Eu queria um chá pela manhã,
Ver o sol nascer.
Eu estou cansada de precisar todos os dias
De algo para me movimentar pra frente,
Algo que me faça querer viver.
Estou cansada dessa minha identidade
De coração urbano
Que quase sempre vira a madrugada.
Queria dormir
Como deveríamos dormir
Nós, os mortais.
Estou cansada do ir e vir aos mesmos pontos,
De ver as mesmas caras,
De dormir na mesma cama
E fechar a mesma janela
Por causa da poluição ou dos mosquitos.
Quero sentir o cheiro da chuva
Sem precisar chorar.
Quero chorar,
Tombar no chão quantas vezes for necessário.
Quero poder abraçar quem amo
E não tolerar essa droga que é a internet
E a distância maldita das coisas.
Quero não ser doente,
Quero ser sã, normal e zen.
Quero poder ir além
Do que eles geralmente vão
Sem precisar me comprometer
Com minha própria dor.
Eu quero uma vida,
Mesmo que vivida só dentro de mim,
Na qual eu possa existir e ser feliz.
Sem agonizar por coisa alguma,
Sem morrer de solidão,
Sem estar sempre tão ilhada de tudo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Quietude

I feel so sad
I need to sleep
The more I have
The more I need
If I keep going
I'll die soon
I know I am just talking to the moon
I need to run away
But the more I run
The less I breathe
And then I feel so sick
I am so tired of choking anyway
I need someone to hold me to calm down
I said today
Sometimes I fantasize
I'm drowning
And dieing
It's such a painful way to die
That's why I love it
Baby, I am so sad
I'm going down
I don't even have a floor
To stop my fall
My hands, they scream for me
I throw them in the air
But no one's there
And then
I feel like I'm about to die
And everyone gets quiet
The whole world
This silence
Of speaking to you
It kills everything around me
It hurts.

The fall

You'll never know
You'll never know
How does it feel
To lose it all
When it's just a few
You have
You grab and hold it
In your nails
You fight with anyone you see
I want you to come back to me
But you don't know
You never would
And I'm the only soul left here
And I'm about to lose my faith
I don't believe
I even have it anymore
Nobody knows the way I feel
They say I'm so unique
So many times
They do not care that I'm alone
You do not care how am I hurt
You'd never know
The way I fell
Because you never felt this way
About anyone you met
I bet no one else did

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Victorious

Mudei teu nome
Como se fosse fazer alguma diferença.
Escutei uma música
Completamente diferente
De tudo que tenho escutado.
Estou tentando não ser eu de novo.
Estou tentando não te amar.
Mudei tua definição
No meu dicionário.
Tentei dizer
Que nunca te amei,
Que nunca te quis,
Que eu era louca.
Não funcionou.
Tentei ir embora.
Tentei ficar calada.
Mas não importa quantos meses passem,
Só os anos me tornam indiferente.
É preciso muitos anos de distância
Para eu me reabilitar.
Agora, agorinha,
Eu faço tudo de novo.
Mentindo, mas disposta
A me jogar na linha do trem.
Porque li meu endereço
Em uma carta tua.
Porque sou insana.
Porque não importa quantos nomes tenha
Teu sopro da morte ainda é lindo.
Eu gostaria de morrer ao teu lado.
Mas eu nunca admitiria.
É mentira.
Não demora, eu vou te dizer de novo
E de novo
Que eu não sou capaz de te deixar pra trás.

Eu sou um rato.
Você é minha caixa.
Um caos condicionado em mim.
E novamente eu pego tudo que aprendi
E sujo com teu cheiro.
Feito uma lama cobrindo minha felicidade.
A felicidade agora é suja
E se chama Victor.

Broken Bone

I wanted to be weak.
I swear I wanted to be weak.
So I could smoke a cigarette
And cry, and talk to you.
'Cause it's so tiring to be strong.
It gets me mad,
It makes me wrong.

I wanted to be in love again.

People Make the World Go Round

I chose silence.
For the long talks we used to have.
For the long nights we used to share.
Because the more I talk,
The less I speak.
Because I feel
Like I am speaking to the walls.
But I wanted you to keep noisy.
I wanted you to keep talking to me.
'Cause when you open your mouth
Feels like the world goes round again.
It doesn't make it beautiful or ugly.
Just feels like I'm not stuck in time
Or in some weird place.
Feels like I am not just a waste of space.

And then I woke up.
I felt like a kid.
I dressed myself like a kid.
Wanted some bubblegum ice cream.
Wanted to gab around
Like I was free.
Like I used to do when I was younger.
I had so many friends.
Was so naïve, and never lonely.

I put my red lipstick on.
I was a grown up woman now.
Alone. Strange.
I had my class.
I was in time.
I couldn't make myself just cry.
And I had so much to say.
So much to say.
But I was quiet again.
And I was reading
You, speaking to me.
It didn't have my name on the bottom.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Começo, meio e fim

Me apaixonei por você.
Nunca te toquei.
Você me abandonou.

Beep, truth,

They do not know,
They do not know.
I'm terrified.

They do not hear
When I breathe.
They do not listen
When I speak.
They do not know
What is my name.
They do not see
Who I really am.

They do not care,
They do not care.
They may be deaf
Or maybe blind.
They can not see
What I can find
In human kind.
All it can be.

They talk a lot
About possessions.
They say a lot
About reactions.
That's not for me
I know it's not.
I guess they don't.
It means a lot.

I'm going down,
I'm going down.
It takes a sec
For me to drown
In my own fears
At this old town.

I have no hope,
They do not know.
'Cause they don't hear
What I can see.
I'm all alone,
That is the truth.
I'm going home.
Jump of the roof.

I am so scared,
I am so scared.
I have no voice.
I wish I had.
So I could say
How it has being.
Sometimes I think
I should be dead.

Bomb 20

Queria ficar aí
Falando tanto
Até ficar sem voz
Doendo tanto
Até não sentir mais
E te abraçando
Te beijando aos poucos
Provocando leve
Rindo de você
Jogando contigo
Queria ficar aí
Até domingo
Pra ter tempo
De entender
Que não é só o sexo
Que eu quero
Que eu só quero mesmo
É passar um tempo
Com você
Sentir um pouco de dor
Eu nem me importo
Me drogar um tanto
Isso queria
Mas toda a minha agonia passa
Jogada na cama contigo
Brincando, ar condicionado ligado
Pés congelando
E os bichos do teu zoológico
Eu aí também não sei
Quem eu sou
E isso é bom
É bom até demais
Eu sempre quero ser
Qualquer outra coisa
Além de mim
Eu entendi
Que sou profundamente triste
É isso que eu sou
E destrutiva
Vai ver eu ainda acho
Que a minha bomba vai explodir
Aos vinte anos
Ele disse
E eu acreditei
Deixa eu ficar aí
Eu quero
Até os 21
Pra ter tempo
De entender o que incomoda
Pra aceitar a falta de tudo
Pra ficar feliz
Porque menti contigo
Me deixa ficar aí
A salvo
A salvo de mim

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O tempo e o sol

Andar contigo
Até doer os pés,
Tomar um sorvete.
Rir até dobrar os joelhos,
Fazer planos.

Cadê você?
E a nossa gelatina,
E os nossos beijos,
E as nossas mãos inquietas,
Cadê?

Cadê você?
Você se lembra
Dos poemas que eu escrevia
Sobre nós e sobre o sol?
Você se lembra
De como eu estava sempre triste,
De como eu sempre pedia a sua ajuda?
Você agora não pode me abraçar.

Eu sinto falta daquele lugar.
Hoje tudo parece mais quente
Do que costumava ser
Antigamente.
Eu te amava.

Eu te amava
Quando eu ainda era gente.
Quando doía o que doía
E quando gargalhava sobre as coisas boas.
Antes de ficar tudo ao contrário.
Antes do relicário,
Antes de o amor me machucar.

Agora eu não confio,
Não te desafio.
Nem quero mais ficar
Tão do seu lado.
Está errado.
Tudo isso está errado.
Cadê você? Cadê?
Eu não me encontro mais onde eu deixei
E onde te deixei de lado,
Tão cansado
De já não estar comigo.

Eu te perdoo
Pelo tudo que eu te digo
Que tu fez.
Eu te perdoo
Por ter se tornado,
Ainda meu amigo,
Alguém que não me quer.

Mas onde está você?
Ainda me pergunto.
Como faço pra voltar no tempo?
Eu não sei mais amar.
Nem a você.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A dança da rotatória

Antes do começo de tudo
Os dias são intermináveis.
Antes do fim do mundo,
Depois do início de mim.

Sob a pele que me abrasa
E sobre o fogo que me afaga a face,
Na coberta que me expulsa, passe
Um pouco dessa fé que os outros falam.

Me encaram os ponteiros do relógio.
Desvio os olhos, não sei, não noto
Sua teimosa marcha rumo à morte
Ou a sua demora mal intencionada.

Me encolho um tanto sufocada.
Não tem nome o sofrimento que me atinge.
Não é permitido alento aos intocáveis.
Não é permitido amor ao que não finge.

Entre a água que ferve, fora da chaleira,
Um desconforto breve, porém durável.
O meu barco solitário é naufragável.
Eu permaneço acordada a noite inteira.

Antes do recomeço,
Do girar cansado das horas sobre o círculo,
Não faço mais nenhuma pirueta
E é ridículo
Como um pedaço de terra
Pode nos beijar ou nos morder.

Antes que saiba
Que virá o mesmo
Ou que o futuro vem pra me assombrar,
Fecho meus olhos
Para tudo que existe.
Entre cinquenta sonhos, dinamite
Nas coisas que não quero suportar.

Busco meus dedos decepados
Pelo pôr do sol.
A ditadura do silêncio não é minha,
Mas, sozinha
Eu venho me resgatar.