sexta-feira, 29 de abril de 2016

Bela Adormecida

Pensei em dar um passo atrás,
Andei.
Você deu cinco
E agora não sei aonde você foi.
Aqui dentro
É como aquela cidade.
Te contei,
Acho que você não sabe:
Lá doi os ossos
E assim é o amor.
Encolho-me.
A coberta salvando a minha pele.
O calor que me resta
Se esvaindo e indo
Para bem longe,
Talvez te encontrar.
Chamei teu nome baixinho.
Não queria gritar.
Você não voltava.
Fechei os olhos para não te procurar
E para não contar os tics do relógio.
Eu não disse aquela frase de todo dia.
Hoje era diferente.
Hoje eu estava ausente de mim.
Você também.
A solidão me gelava
E tudo bem.
Eram meus dias habituais,
Longe de ti.
Mas queria saber, queria,
Como ouviria tua voz
Logo em seguida.
Queria saber o caminho
Guardado para mim.
Para nós?
Cadê você?
Então eu adormeci.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Condensação da melancolia

Falei pra você lavar o teu cabelo
Não lavei o meu
Eu deveria ter dormido
Não dormi
E não cortei minhas unhas
O que estava acontecendo?
Eu levantei da cama
Sem força nenhuma
Pra encontrar o dia
Queria ser eu, viva
Queria ser outra além de tua
O céu lá fora estava cinza
E tudo estava estranhamente escuro
Eu estava cansada das mesmas palavras
Dos mesmos versos
Eu sou uma pessoa
Que se consome
Queria um dia na terra sem você
Me prometi esquecer
Era absurdo
Por te amar mais do que o mundo
Queria terminantemente ficar só
Você me perdoaria?
Resolvi mudar tudo que havia
Estampado em todos os cantos
Não queria mais
Teu nome em todos os lados
Eu queria paz
Uma paz longe de você pra variar
Jurei silêncio
Eu sabia bem que o silêncio e eu
Tínhamos um caso
Um affair a longo prazo
Eu me negava a ele
Até que ele me dominasse
Era isso
O silêncio me segurava pelo pescoço
E quando mais gritava
Menos ar tinha
Eu queria ser minha, minha, minha
Eu queria saber o que acontecia
Do lado de fora de nós
Quando acordei,
Não te disse bom dia
Não pretendia deixar
Que a ansiedade me tomasse esse também
Não vesti meu casaco
Fazia frio
Fazia frio, frio
Eu quase tinha me esquecido
Eu queria estar na cama o dia inteiro
Pensando em quase nada
Pensando em adormecer
Os urubus voavam alegres
E as borboletas todas escondidas
Debaixo de folhas
Você dormia
Eu tinha quase certeza
E eu estava na rua mais uma vez
Caminhando
Com minha sorte e meus problemas no bolso
O manto mágico guardado
Eu não queria pensar sobre nada disso
Qual era o teu nome?
Quem era você?
Amor eu não sabia o que era
As pessoas pareciam
Incomodadas com o clima
Eu não
Eu estava radiante
Eu estava em casa
Em um lugar completamente diferente

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Kiwi Tea

Ele a chamou.

Ela estava dispersa, como sempre tentando varrer o excesso de pensamentos de si. Eram todos bons. Não fazia sentido repetir que o amava mentalmente tantas vezes em tão pouco tempo. Sua voz não conseguia acompanhá-la, por isso estava em silêncio.

Ele a chamou.

Seu coração disparou como de costume. Ela o olhou fixamente, como se estivesse prestes a literalmente cair de amores por ele.

Ele acenou para que ela se aproximasse.
Ela foi.

Ele tocou sua testa com o dedo indicador e médio. Choque.

Ela era como uma cafeteira, produzindo um líquido quente. Chá, na verdade.
Kiwi tea.

- Eu amo você.

Ela queria ter dito vinte vezes seguidas, mas se conteve. Contemplava os olhos escuros dele.
Ele disse que também a amava.
Tudo parecia andar meio devagar.

- Eu preciso ir. Eu preciso ir.

Mas ela não queria. Queria ficar ali pra sempre.

Interrompeu o contato visual.
Virou-se de costas e abriu a porta.
Parou um segundo, olhou para o céu lá fora.

Sussurou:

- Obrigada.

E foi.

domingo, 24 de abril de 2016

Night and day

My feet are purple
I have a face like I belong  to you
A stranger asked me this:
How would be a romantic relationship
Of a butterfly with a scorpion?
I couldn't answer
I couldn't talk much
They called me chimney
At some point I became smoke
I was melting
I don't know who I was
Somehow I feel sometimes
Like I lost myself
I couldn't find my way home
You are my home now
I wanna come back to you
Give you a kiss like you worth being alive
I wanna say I love you
So you can say it back
And then sleep by your side
You are so pretty
I love your face and your hair
I love your eyes
I love you so
Am I the sunflower or the sun?
Will you teach me what I have to learn?
I'll love you everyday
I believe in you even more than
You believe in yourself
We can do anything
I kissed the moon today
In my endless cigarettes
Everything I touched was you
And I could hear you calling my name
If I fall will you forgive me?
If I fly can I take you?

sexta-feira, 22 de abril de 2016

War

I have scars on my right thigh
A broken heart
A bone that didn't heal straight
A foot that never worked so well
I have my back, that always hurts
And so does my head
I have exhausted lungs from yesterday
I have a burning throat
And a white blur on my left leg
I was distracted
I have this weight I always carry up around
And I have you
And I have love
And I have hope
And also, there's always pain
Today, lots and lots of pain
I have falling eyes
So tired of not crying when I need to
At least my hair is pretty
And I didn't even talk about my mind
I have this darkness inside of me
This monster that keeps craving for more
I have a rebel blood
Running desperately through my veins
Wanting to come out
I have the stab you left in my stomach
An unhealable hole
Right in my pith

I have this silence
That comes to take my air
And finishes the poem

(I end up here too)

terça-feira, 19 de abril de 2016

Plant vs. Plant

Sentei-me no mármore da janela.
Encolhi, pernas e braços,
Equilibrada naquele espaço curto.
Frio, mas nem tanto.
Imitei o vaso de planta ao meu lado.
Com meu copo cheio,
Eu precisava de água.
Também precisava chorar.
Fiquei pensando no porquê
Da minha estranha tristeza.
Solidão um pouco, talvez, distância.
Medo das coisas do mundo real.
Não cheguei a conclusão alguma,
Cheguei a várias.
Tudo que eu conseguia pensar era:
Eu te amo.
Eu te amo.
Eu te amo.
Por favor, não me deixa só.
Mas parte de mim precisava estar só.
E eu estava triste.
Por que triste?
Apenas triste.
Era madrugada.
Onde estava o sol da minha fotossíntese?
A muitas horas de distância.
O calor estava distante.
E eu que sempre fui
Acostumada com o frio e tempestades.
Eu não respirei rápido,
Não sufoquei.
Meu coração não disparou desesperado.
Eu só conseguia pensar:
Eu te amo,
Eu te amo.
Por favor esteja lá quando eu voltar.
Por favor, diga que me ama mais uma vez.
Pra eu me sentir viva.
I was plant.
A little bit of water,
No sun.
I kissed it's leaf.
I wanted to be kissed back.
Somehow I was so happy to love you
That it made me sad
And then I wanted to cry.
But plants don't cry.
I just wanted to be kind and soft.
I just wanted to be yours.
I never wanted anything so badly
In my entire life.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Purple Haze

Lucidez.
Era isso,
Entre tantas outras coisas.
Você me tornava lúcida.
Talvez não na manhã de segunda-feira,
Em que eu tropeçava pelos móveis da casa.
Mas em toda madrugada,
Em todo fim de tarde,
Em quase todo nascer do sol.
Você dava um sentido
Para tudo aquilo que eu via,
Cheirava, sentia.
Você era a explicação de tudo,
A minha resposta.
O porquê da minha ira,
O porquê da minha maldade,
O porquê da minha vontade,
E o porquê da minha fraqueza.
Eu estava nua,
Às sete da manhã.
Estação central,
O caos da vida.
E eu nunca tinha estado tão nua
Frente a tanta gente
Que não me via.
Roxa, roxa, eu estava.
Uma uva, por falta de fruta melhor.
Você não me comia.
Não naquele instante.
Mas eu era absolutamente sua,
E até o ar que me tocava
Era você.
Tinha que ser você.
Eu tinha um cronômetro girando
Dentro de mim
E você era o único
Que fazia ele emudecer.
Então eu percebi,
Eu percebi.
De novo e de novo,
Era sempre mais um segredo,
Um novo caminho descoberto,
Eu estava amadurecendo.
Não era verde,
Não mais.
Era roxa.
Eu te disse, imprevisível,
Eu nunca tinha me visto
Daquela cor.
Eu engolia
O vermelho afobado
Do desejo em seu estado bruto,
E respirava o azul
De nosso estado mais sereno.
E tudo fazia sentido.
Fazia sentido e vibrava na minha pele.
Eu existia
Ali
Nua.
E eu nunca quis estar tão exposta pra você.
Eu tinha consciência
De tudo que me acontecia.
Lúcida,
Como te cheirasse a noite toda.
Louca,
Porque não me reconhecia mais no espelho.
Mas queria que você me visse todas as vezes
E você via.

domingo, 17 de abril de 2016

Courage, you

A professora disse
Você, vai precisar escrever um poema
Eu perguntei: agora?
E ela disse que sim
Ou será que era um professor?
Sentei-me, caderno aberto
Rabisquei uns versos
Só me lembrava de um texto teu
E de músicas da Cássia Eller
Queria dizer que você
Era a coisa mais bonita
Que eu já tinha reconhecido
E eu sempre retornaria pra você
Porque você agora
É meu lugar preferido no mundo

Não sei se isso foi antes ou depois
De eu esbarrar contigo
Já não sei o que faço
Ou o que fazia
Mas quando te vi,
Puxei você apressada
Como se soubesse que era questão de segundos
Até você desaparecer
E te beijei,  de novo
Eu não costumava ter confiança pra  te beijar
Quando sonhava contigo
Acho que agora você é meu
Isso é bom, mas assusta um pouco
A sua boca é maravilhosa
Não posso sonhar contigo toda noite

O resto do sonho virou um caos
Um rio estranho
Meninas andando sobre a água
Um buquê de fitas de senhor do bonfim
E eu com 5 celulares
De pessoas distintas
Eles estavam saindo pra beber
E eu sabia que tinha que ficar em casa
Tudo muito louco
Perdendo, perdendo o sentido

Você, você, você, você, você
E o nosso segundo beijo
Que minha mente inventou
Sabe aquela imagem?
Eu sou aquela menininha
Eu sou

quinta-feira, 14 de abril de 2016

O abismo do apocalipse de quinta

When I saw myself today
I was prepared for war
No, I really wasn't
I wasn't prepared to nothing
But I had no choice
I'd go to see the war anyway
When I saw myself today
I didn't see you
I didn't have to
You were all around the place
You were my fucking pace
And I wasn't going to die
Oh, not today
When I saw my pretty face
I was ugly
I was sad
Because of some useless thing
I had to do
The only thing
And that I didn't do in time
But I was in peace
I wasn't scared to go out
I wasn't trembling as usual
I wasn't falling apart
And surprisely
I wasn't falling in love either
Because I was already yours
And I didn't even want
Anyone else
I was in love
Every single morning
Moaning and waiting
Till you come back every night
And just talk to me
About your problems
About everything
You made my silence sound better
You gave some sense to my wasted words
I saw myself thinking
About the pretty things I said to you
There would always be a little more to say
I guess you wouldn't understand
That even my sadness
Would make me feel happier
When I talked to you
And that once in my life
I didn't have to build my own identity
To find out something to fill me up
I just had to be
And be and be myself again
A little softer, a little harder
I just had to know you
Reconize you
Meet you everyday
Like I was seing you
For the very first time

I didn't wake up
Because I didn't sleep
Was in a hurry
Took a quick cup of coffee
Always thinking of you
Saw my sleepy face in the mirror
Tired, but in fire
You were oxigen
And I would never stop
Consuming you
'Cause you were endless
I had no time
To do my stuff, to eat
To stop and love you
Like I should
But the good thing about
Being loved by you
And loving you back
Was that our love was timeless
We didn't care about the laws
Of time and space
From piece to piece
We were falling
Like leaves in the autumn
Like we didn't expect anything else
But we did
And you were becoming life
And so was I

terça-feira, 12 de abril de 2016

A cor

As folhas da minha planta
As asas de algumas borboletas
Os olhos de minha mãe
Os fundos de quadros meus
Capim-limão
A limonada de domingo
O cheiro de Maringá
Meu cabelo
Os ladrilhos de uma foto
Dionéia
Um de teus diários antigos
Eu e você
A favorita dela
A imaturidade
A inveja
A esmeralda
Um vidro de shampoo
O mar
Bebidas alcoólicas
Minhas meias
Minha gargantilha indígena
Meus sapatos
Peter Pan
Tinker Bell
Eu e você,
Mas é segredo
Teu amor
E o meu
A nossa vontade frustrada
E nossa pureza de espírito
Os pés sujos
De pisar descalços
Na grama
Nosso teto
Meu batom
Borrado no seu rosto
A fita no cabelo de nossa filha
A janela
O mundo lá fora
Meu vestido
Suco-luz
Os bancos do metrô
As placas de trânsito
Eu e você
E suas paredes
Nossas paredes
Nosso chão
A nossa coberta não
Embalagens diversas
Que não te empacotam
Antes que eu as tire pra te comer
Um óculos de festa
Tintas de passar no rosto
Um anel que eu quebrei
Eu e você
E o nosso silêncio brando
Eu e você
Com um pouco de espaço pra doer
Suavemente
Aquela droga que a gente fuma
Meu mundo inteiro
E minha vontade de te pertencer
Meu alimento
Meu alento
Minha vontade de viver
Tua tipografia
E minha topografia
Uma religião
E o meu respirar controlado
Uma pulseira que tive
A vitamina do meu padrasto
Um copo comprado no ano novo
Uma mochila pequena
O cloro de algumas piscinas
Onde jogar o vidro
O peixe que eu tive
E nós dois
Eu e você
E o amanhecer dos nossos dias
E as suas paredes
Que eu queria conhecer
Com as minhas costas
Porque meus olhos estariam ocupados
E todo o resto
Eu e você
E o ano que vem
E a perenidade do que sinto
O quadro da escola
A infância
E tudo que eu amo
Meu giz de cera
Que derreteu
No banco do carro
E grudou
Como você grudou em mim
O semáforo
Quando é pra seguir em frente
Sem olhar para trás
Ou esperar que o carro passe por cima
O carro também
Um que minha mãe queria
As garrafas tediosas, sim,
Mas também a minha vontade de estar aqui
Você
E a madrugada que eu perdi
Porque precisava
Porque você gostou do tema
E apareceu para me cortejar
O meu silêncio quente
Chá amargo
Começa com a letra
Do nome que eu te dei
Esperança e fé
A tradução que eu te contei
Uma cédula extinta
As tartarugas
Que eu amo
A paisagem no fundo
Da foto que não tiramos
Você e tudo que chamo
De meu, sem nunca ter sido
Mas é, porque eu nasci assim
A maçã que mordi
E tu, que deveria ser mais eu
E tu, que eu deveria mais ser
Você
Eu e você, você, você
E tudo que eu já quis
E a razão de meus agradecimentos
Um enfeite nas minhas tranças
E a maciez de minhas pálpebras
Você
Uma saia que tive, já não me cabe
A infinidade de coisas
Deste texto estranho
E o caminho
E o ninho
Um balanço
E o fim
E o fim
Mas só depois que eu te reconhecer
E sujar você
De mim
Assim
Eu e você
Enfim

Good morning, plant.

Oh, dear plant, do you love me?
I know I forget to water you sometimes.
I was sad.
I was expecting for the sky to water you.
But it didn't rain.
I couldn't cry either.
I never meant to hurt you
Or leave you so dry.
It hurt me to see how I left you there.

You were almost dead.

When I saw you, plant,
I realized how bad I was.

I love you plant,
I'm sorry.
 
The good thing
Is that you can't hear my apologies.
You don't understand my english
Or my portuguese.
You don't understand my words,
Just like everyone else.

I hope you understand my kisses
And the water I give you.
I hope you understand the sun.
I hope you feel loved.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Mudança

Deixei Isabel do lado de lá
Mas acordei disposta
A enfrentar o mundo
Vesti meu short correndo
Para esconder a tristeza
De minha mãe
E troquei o par de meias
Estavam todas velhas
Mas meus pés também
Não estavam assim tão limpos
Eu teria que desmarcar com ela
De novo
Mas tudo bem porque
Hoje eu não podia falar sobre
Como estava triste
Todos os dias
Porque não podia ficar triste
Porque tinha artes pra fazer

Eu trouxe da outra casa
As minhas dores do lado direito
Do pé, da coxa riscada, do pulso
De tanto mexer no celular
Talvez um pouco
De tanto me agradar
E a cabeça
Doendo de tanto pensar em você

Ninguém me disse
Que quando eu resolvesse terminar
Meus textos todos
Falando sobre amor
Mesmo que sobre morte também
Seria tão mais difícil
Ser amada
Do que, como de costume,
Não ser

Eu guardo meus elogios
Desde sempre
Em caixas muito especiais
Me sinto, no geral,
Amada
Pelos estranhos humanos,
Pelas pessoas que abraço
No caminho diário
Me sinto querida

Mas protegida, nunca
Entendida,
Muito dificilmente
Eu queria que a gente
Se beijasse, pelo menos
Pra ser como nos filmes
Pra acalmar a ardência
Dos meus lábios

Você me ama
Eu sei
Você me chama
Com teus olhos cerrados
Em sussurros fortes
Finge que não sabe
Mas eu sei
Eu te toco
Todas as noites
Pra lembrar que tenho pele
Eu raramente me sinto
Tão pacificamente calma
Quanto eu me sinto contigo
Querido,
Eu moro em você

Não é do lado de lá
Ou do lado de cá

domingo, 10 de abril de 2016

Fotografia

Você provavelmente já dormiu
É quase manhã
Queria ter perdido mais uma noite contigo
Mas não tive palavras
Para te manter aqui
O que eu não te disse
Era pra ter sido algo bonito
Mas calei-me, sem saber o que fazer
Queria ter te lido
Por mais cinco minutos, que fosse
Me escondi no mundo de cá
Mas fiquei te olhando
Até quase amanhecer.

sábado, 9 de abril de 2016

Todas as coisas que eu queria falar e calar

Queria dizer que te amo
Queria dizer que não te amo
E como a verdade não pode
Ser transmitida assim tão facilmente
Não podia dizer nenhum dos dois
Então resolvi calar-me
Havia tanto que queria dizer
E eu nunca soube
Conviver com o silêncio
Mas cada vez que eu abrisse a boca
Seria mais uma morte
E mais uma dor para um de nós dois
Então calei-me
Calei-me no pavor de que
O meu silêncio
Pudesse também te doer
E tudo que eu menos quero
É que tu tenhas dor
Enquanto me encolhia
Tentando esconder-me
De tudo que precisava ainda fazer
Para que meu mundo não se desabasse
Eu pensei em você
E agonizei um pouco
Pensei: saudade
Queria um colo
Um eu te amo
Ou qualquer coisa
Que tivesse o mesmo efeito
Não queria estar só
Queria estar contigo, somente
Então eu disse que iria embora
Mas falei contigo
E você me respondeu
E conversamos
E por um instante
O silêncio tinha se dissipado
E nada doía mais
Eu estava calma em minha melancolia
Mas num segundo
Tudo era novamente finito
E o meu calar aflito
Me pressionou contra a cama
Até que eu não aguentasse
Mais de enxaqueca
Eu era tua toda vida
E por isso queria sumir do planeta
Porque você me amava
E a nossa reciprocidade
Machucava tudo, tudo
E eu nunca pensei que o amor
Pudesse ser tamanha sede em deserto
Frente à água
Queria dizer-te todas as formas que tinha
De te amar e desamar
Enquanto não te olhava
Pudesse assistir teus lindos lábios
Quieta
Enquanto manuseasse
Minhas próprias mãos trêmulas
Não dizer-te nada bastaria
Mas não posso
E já não posso dizer-te nada
Porque te amo
E porque me amo
E porque nos amo
Prezo a liberdade
E sinto que devo partir
Mas a minha permanência
É tão fugaz quanto perene
Teu nome ecoa suave na minha agonia
Queria escrever-te
Mas acidentalmente
Pari este caos

Unos cuantos

Pienso: no más piquetitos
Pelo los quiero
Pero no puedo
Pero no sé quién soy
Hay tantas cosas que no puedo
Hay tantas cosas que deseo
Hay tantas cosas que no soy
Pero pienso:
Más dos piquetitos
Ya no sé lo que decir
Es lo que soy
Silencio
Silencio
Silencio
Estoy sola

terça-feira, 5 de abril de 2016

Dark red thoughts

My feet are black
My soul is black
I'm deeply mad
And I don't wanna talk about it
I don't wanna have friends
I don't wanna go out
I don't wanna see the sun
I wanna play my stupid game
And listen to my songs
And sleep
I wanna do drugs

I don't wanna cry
I don't wanna eat
I don't wanna live
I just wanna do deep
And deep and deep
I wanna choke myself
With the blood
That runs within my veins

I don't know who I am
Is that a problem for you?
Do not come back and say you love me
Come and see me
Show me how unreal you are
Make my mind burn
I wanna love you like you were the devil
Because I am too

I'm sorry

I wanna do bad things
You know?

Do you wanna know?

I'm sorry

I should have never loved
Anyone
Ever
I should have never loved you
Such a beautiful thing
In the world

I am a snake
I wanna bite my tongue
And get high with my own poison
Why don't you disappear, baby?

I love you, darling.
I love you.
I love you.

Eu te amo como ao teto de minha casa.

Lustre

Tudo que eu faço
Faço como se fosse doente
Não é exatamente o que eu desejo
Não quero ser louca
Não quero ser sofredora
E acima de tudo
Não quero passar uma vida
Racionalizando tudo que eu sinto
Eu quero viver
Quero sentir as coisas
E aceitá-las o máximo possível
Quero compreender o mundo
Através do espírito
E não simplesmente pensar
Sobre tudo que existe
Sobre tudo que sou
Eu quero a arte
E como ninguém entende
Eu tento me explicar
Mas não devia
Porque tudo que me importa
O que pra mim faz algum sentido
É o que só é dentro de mim
Quando fecho os olhos
Por tempo indeterminado
E quando os abro de novo
E descubro um mundo
Completamente diferente
Aí eu quero viver
E quando me arrepio
Em pensamentos diversos
Quando a água se parte,
Competindo espaço comigo
Quando o ar me toca
E me aperta
E me aprisiona
Ou até me espanca
É aí que eu sei que estou no lugar certo
Não existe nenhuma outra maneira
De viver valer a pena
Se não for por esses momentos absurdos
Que sinto, que sou
Que almejo por já possuir

Pudesse eu tocar o meu amado
E senti-lo assim
Pudesse eu compartilhar
Todo esse sentido
Que é cravado em minha carne
Acho que alcançaria
O topo
De toda a vida
E todas as minhas dores
Se tornariam
Um infinito gozo

Ele não faz ideia
De quem sou
E de que o amo
Tudo bem
Esta solidão é tão minha
Que quando ela doi
Desidratando o meu ar
Eu sinto que ainda dá tempo
De amá-lo mais uma vez
E me sinto em casa

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Sem par

Não disse que te amava
Não penteei o meu cabelo
Queria dormir o dia inteiro
Para não ir para a aula de segunda
Minha tristeza nem é tão profunda
Mas eu só acredito naquilo que sinto
E god knows como é fácil
Não sentir o teu amor aqui

Talvez eu seja uma sereia
Eu deveria ser
Eu não pertenço a este lugar
Devia estar no mar
E nunca com você

Mas quando você fala comigo
Quando a gente ri
E há um encontro
Entre duas ondas desgovernadas
É como se existir fizesse sentido

Você não sabe
Ou vai entender
Por que quando você dá dois passos
Eu já tenho certeza
De que vamos morrer sós

Estou tão enjoada
Como se nunca devesse
Ter acordado

Eu não disse que te amava
Mas te amo
E quando não te escuto
É como se você
Nunca tivesse nascido

Ah, querido,
Me perdoa,
Porque eu nunca aprendi
A fazer sentido
Esse que você tanto queria
Eu nunca tive
Eu só queria mesmo
Era um pouco de amor

Mas em determinado ponto
Tudo morreu
No meio do caminho, da fala
No meio da melodia
Tudo virou um caos
O mais monótono de todos
E todas as coisas
Foram deixadas pela metade

"Quando não te sinto
Pedra lascando pedra
Soltando faísca,
Sinto-me incompleta."

sexta-feira, 1 de abril de 2016