segunda-feira, 25 de julho de 2016

Dor

Eu tenho uma dor que me deram.
É minha e apenas minha essa dor.
Não é de Adenor, de Jorge,
De Sofia ou de Maria.
Essa dor que tenho é só minha.

Não vejo por que doá-la,
Descartar na reciclagem,
Embrulhar pra viagem.
Se ela é minha e vem,
Como um cachorro e seu dono,
É companhia.
Então, gosto da minha dor.

Eu tenho uma dor que me deram.
Ela fura, aperta e enforca.
Ela me rasga
E às vezes me entorta.
Mas, se a dor é minha,
De que isso importa?

Foi presente
Recebido há muito tempo.
Estava eu ao relento,
Mendigando afeto.
Foi tudo que puderam me oferecer.

Eu aprendi a ler,
A beijar e a correr atrás.
Eu aprendi que às vezes
É só querer um pouco mais
Que gente passa a ter.

Mas eu já tenho essa dor,
Que me deram.
Não tenho as mãos vazias
Nem peso no peito.

Aceito a minha carga
Como fizesse parte
De minhas costas,
Dos ossos.
A mesma dor que eu tenho
Ao me levantar.

sábado, 23 de julho de 2016

Solidão

Eu tenho um sentimento
Como se tudo fosse demais e
Nada fosse suficiente

Tudo que não me mata é pouco

É preciso sacrifício para ter valor

Preciso queimar, queimar
Rasgar, doer
Agonizar

Preciso não respirar por horas
Afogada na existência
De dias e mais dias
De vida
De vida

Preciso ser invadida
Pelo pavor
Da vontade
Da ânsia de explodir
E ser mais e mais
E mais
E mais

Se não for no teu nome
No teu corpo
Nas tuas mentiras
Malditas

Se não for um esmagamento
De ossos
Um estrangular de órgãos

Se não for o suor escorrendo
E o frio me cortando a pele
E se
Não for a tua voz
Me desfazendo

Se não for tu
Em tuas agonias
Vadias
Constantes

Se não for a raiva
E a angústia
Que só têm os casais

Se não for o impacto

Se não formos nós

Nunca
Nem aí
Nem cá
Nem lá

Será algo
Outro algo
Outra dor da falta
Que há de me transbordar

Talvez não sejam os dias
Pesados
Um exausto
Cotidiano

Mas e se forem os bares
Talvez sejam

Se forem as drogas
E os sorvetes
E as cartas de suicídio

E se forem os cortes
E as canções
E os lugares
Tão silenciosos
Que perfuram
Dor e dor
Por dentro, por fora
Por tudo
Ao redor

E se for o sexo sujo
Nos becos
Na mesma cama de sempre
Violada
Pela heresia
Do desamor

Se forem os cigarros
Que regem
O desabar de minha
Respiração

Não eu
Não tu
Não nós
Ninguém mais

Nem as substâncias
Lugar algum
Atividades?

Ir e vir
Afobado
Fobia
Do mundo

Será alguma coisa
Será
Será
Será?

Se eu correr numa praia de noite
Um ato desesperado

Talvez eu afunde
E seja

Talvez eu só saiba
Despencar
Mais uma vez
Talvez eu voe

E se não forem as risadas

E se elas forem todas falsas

E se não for você?
O que eu faço?

Eu corro
Eu grito
Arrumo espaço

Mas só quero
Estar apertada e apertada
Quero explodir
Bomba atômica

Um último apelo
As coisas sutis
Talvez?
Infância

Resgata
Implora
Relembra
E se for
E se for?
Não sou

E se eu fosse?

E se eu chegar a ser?

Se não for a dor
O medo
Ou euforia

Se eu não for
Insuportavelmente
Vazia

Mas se nunca tiver
Também
Companhia

A morte
Não, espero

Não espero
Não espero
Espero

Só um pouco mais



Eu juro
Pressinto
Eu juro
Prometo

Algo será

Mesmo que tu vá embora

Mesmo que eu vá

Não será
Nenhuma catástrofe

Tu recebe
Os mesmos
Empurrões 
Eu sei

E se não for

O que não será
É isso

Tudo que faltar
A falta a falta

É isso

Precisamente

Não mente
Não mente
Se eu precisar 
Será

Até

Volto logo
Mas talvez não

E se eu nunca mais voltar?
Morreremos?

Se eu morrer,
Eu sei,
É isso

Porque é a morte
Que eu venho buscando
Todos os meus dias

 Não há nenhuma outra
Que possa se comparar

Ao nascer

E como nasceria
Se não partisse?

Se não me despedaçasse em mil

Mas as tuas contrações
Me empurram pra fora
Não está na hora
Não está na hora
De sair

Acelera ao máximo
Que puder

Só assim
Posso parar
E o fim
E o fim

Perdão

Só pode ser assim

Enfim
Não é?

Não é

Mas tudo bem

Alguém disse
Uma palavra
Angustiada

Uma esperança dopada

Eu repeti
Eu repeti
Eu repeti

Mas não

Até
Até

Nunca soube meu nome
E o teu?
Até

O que é?
Se eu não me recordar...

Tem jeito?
Tem jeito?

Quem é?

Se eu deixar de ser...

 Se eu me esquecer de você

É.

Agora é

É belo
E destroi
E faz medo
E alegra
E faz dançar

E canta e grita
E contorce
E torce
Para que dê certo
Mas
Se não der

Se não der
Não dará

E se matar
E se
Matar
Será bom

Perdão

 Me perdi

Nunca soube onde estava
Nunca esteve
Acho

Não estar
Não estar

Mal estar

A falta será.
Mesmo que
Nunca vá

Talvez
Você fique pra sempre

E se for?
É.

Assim não doerá
Quando doer
Doerá
É fato

Meu parto
Não parto
Não vou
Não fatio
Não tento
Não falo

Respira
Fôlego

Pela última vez
No mesmo lugar

Será
Será
Permanecerá
Como está

Sufoque
Num agudo
Com afinco
Rabisque
Na pele
No ar

Sobreviva

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Asa.

Sempre que eu pego um avião
Há algo que me rouba a identidade
Quando decolo, me perco nos ares
Juro que é verdade
Eu me esqueço de quem era
Em outro chão
Não sou mais ela
Quem dera
Não mais ser quem serei
Quando pisar de novo
Ausente de náuseas ou tosses
Plena de noites de sono
Que nunca terminam
Quando viajo
Quando saio de minha terra
De minha cama
De minhas esquinas e gentes
Recebo um presente
A mudança súbita dos dias
E a melancolia é só minha
Tenho paz
E quando eufórica pulo
Agradeço aos deuses
Pelo pouco que me agrada
Não tarda
Volto a me sentir exausta
Fugir incansavelmente
Na realidade cansa
É duro não ser
Mas também é preciso respirar
Então quando tomo fôlego
E me vejo no ar
Nuvens estiradas abaixo de mim
Eu sei que estou no fim
De tudo que sou
E quando acordo
Me doi um vazio agudo
Que aquece,
Como um tiro que saiu
Na cirurgia precisa
Da aterrissagem
Esta imagem
Que antes conhecia
É uma cicatriz
E o pássaro triste
Que antes ali havia
Se sofria
Agora morre
Deixa uma canção monótona
E segue um estardalhaço de cores
Outras asas
Alguém para nascer de novo
Um ovo esquecido
Chocado pelo sol
Para voar de volta
E morrer na queda
Para voltar a ser quem antes fui

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Água Doce

Coração sozinho
Vaga pelas sombras,
Pelo sol
Tal qual relógio
Anúncio
De que todos os dias
Serão iguais

Peito vazio
Um escorrer manso
Da realidade
Degradação da vontade
Não arde
Refresca ou amorna
Como os solos pobres
No raiar ou pôr

Pernas
Cansadas, lentas
Olhos que não atentam
À imensidão

Se não faço festa
Não tem valor
Este mar
Ou qualquer chão

Se não tem velório
Não há justiça
Nas lágrimas que seco
Não peco
Mas tampouco sigo
As intruções

Me guarda o cansaço
E o degolar monótono
Das horas
Não demora
Vou a fundo
E em tudo que há no mundo
Percebo
Tudo que tento ou faço
Tudo que sinto
É em vão

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Six Days

"The art of losing
Isn't hard to master

So many things seem filled
With the intent to be lost
That their loss is no disaster

Lose something everyday
Accept the fluster
Of lost door keys
The hour badly spent

The art of losing
Isn't hard to master

Then pratice
Losing farther
Losing faster
Places and names
And where it was
You meant to travel

None of these will bring disaster"

Trecho de "One Art", por Elizabeth Bishop.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

domingo, 10 de julho de 2016

O oco

Silêncio.
Esse silêncio é meu, muito obrigada.
Ninguém grita, nada bate.
Todos os corações pararam.
Não se ouve uma respiração sequer.
É madrugada.
Talvez tudo esteja fora de lugar.
Eu não me importo.
Não preciso dormir.
É o meu silêncio.
Não há nada no mundo
Que eu precise fazer agora.
Ninguém fala, ninguém chora.
Não há cobras rastejando pelo chão.
Não há amor no ar, nos olhos.
Não há cheiro nem gosto.
Quase não resta luz.
Um pouco de dor, tudo bem.
Silêncio.
Essa solidão é minha.
Minha, minha.
Eu só queria estar sozinha.
Uma vez, pra variar.
Sem som.
Martelos batendo na minha cabeça
Ou o gargalhar angustiante
De festeiros diversos.
Sem música, sem notícias no último volume.
Sem ajudas, sem saídas,
Sem álcool, cigarro ou brigas.
Sem ter nada pra fazer.
Sem ter aonde ir.
Só eu e eu.
E o escuro.
E o silêncio.
Sem que a tristeza me consuma
Ou a revolta
Ou o desespero
Ou a falta de ar.
Sem as vozes,
Sem discursos sobre a alimentação.
Sem relacionamentos ou parentes.
Esse silêncio é meu.
E doi.
Doi na escuridão.
Doi na luz.
Doi quando não tem som.
Ou companhia, talvez.
Doi essa solidão
Que é minha
E que nunca vai me deixar.
Mas esse vazio
Que toma conta de tudo
No fundo
Doi menos que o meu transbordar.

Fatídico

Casaco
Aberto
Peito exposto
Frio
Eu não tenho talento
Por que eu ainda tento?
Dor de cabeça
Um cansaço que não passa
Alguma coisa está errada
Mais desgraças
Estão vindo me visitar
Eu escrevo
Porque ainda não morri
Mas eu não disse
Que escolhi estar aqui
Eu não aceitei
O que seria a vida
Nesse lugar abandonado
Eu nunca tive coragem
Pra sair do tal berço dourado
Será que um dia eu chego
A ajudar alguém?
Cada dia passa
E eu sei cada vez menos
Sobre o mundo e sobre as coisas
Sobre mim também
Lá vem, lá vem
Lá vem, lá vem.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

No help coming

I like your text
I said
It was so great
And I
I should just write
You said
But didn't want to
To write was to exist
To have voice
I didn't want to survive
I had decided
Wanted to die
Let this pain run
All over you, girl
My mind spoke
I had to let it go
And grow inside me
The loneliness
And sadness
The sound of all the human beings
Around me
Was torture to my head
I wanted to hit it
Against the walls
I wanted to cut my wrists
Because I was alive
And I didn't want to be
I lost my purpose again
I lost it, I lost it
I lost myself
And I didn't trust you
To get me back
You didn't care, you didn't care
You were alive
You were there
Barely breathing
Away from me
Away
I couldn't bare how hard it was
It was destroying me
Just like everything else
All I wanted was to leave
To leave this place
This planet, this body
To leave my life behind
And never come back
And never come back
I was awful
So was the world
And I decided
Depression owned me
I was a slave
Waiting and waiting
Lying on my bed

Talk

I've always been that girl
With an endless speech about nothing
I could talk and talk for hours
Wouldn't get tired
Like I was just born to that
I've always been a girl
With an incredible sense of loneliness
Wasn't my parents fault
I had love and attention
They always took good care of me
But still
I'd always feel
Lonely
I've always been the girl
The one who acts strange
And never makes sense
I'd always want to make a thousand friends
Even if I knew
I'd have to forget
Each one
Over and over again
I've always been someone
And it always felt
Like I was the only girl to realize it
I was
And always in a place
That no one else could be
I've always been a piece
Incomplete
And I just couldn't change the fact
That I didn't belong
I didn't belong anywhere
And I tried, I tried
I swear
But in the end
There's something that I've never been
I've never been silent
Sometimes I had to be
But never could
And I would talk and talk
Often very loud
Like I didn't care
My soul was very locked
So I had to prove
I had to prove that I was there
So I've always been that girl
With an endless speech
Because every single time I couldn't breathe
And everytime couldn't bare
I'd talk
Loud and infinitely
I always knew
That I was never really there.

Desordem

Assim achava,
Palavras
Precisavam ser respeitadas
Honradas
Tratadas com perfeição
Não sabia
Palavras eram o caos
Da nossa estadia
Sobre o mal que nos aflige
A palavra estava
E sobre a dor a nos redimir
Havia poesia
E entre os ossos
Da antropofagia
Só de uma forma assim
Tão desconcertante
Nos explicaria
Não era sobre reis ou regras
Ou sobre a economia
Não era sobre fé
Ou sobre os politicamente ilhados
A expressão
De todos os nossos pecados
Vinha do mesmo lugar
De onde se comprovava
A felicidade
Se é que ela existia
A palavra não era mérito
De nenhuma sabedoria
Porque de fato
Não sabíamos
De coisa alguma
Era um pesar eterno
E um flutuar soberbo
Era sobretudo
A falta de harmonia
Entre as almas
Que aqui circulam,
Sem nenhuma orientação
Era
O que éramos nós
Uma aflição
De todos os dias
Não fazer ideia
Do que nos segue
Do que nos aguarda
Do que na verdade somos
A palavra
Era
O nosso não ser
E a vida
Que nos era tirada
Antes do anoitecer

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Se eu nunca te tivesse tocado

Os textos que te copio são meus.
Minha caligrafia, narração,
Minha respiração sobre os versos
Inversos aos que tu escreveu.
São meus.
O tom de voz rouco, desafinado,
O descompasso desesperado
E o apego desmedido.
Meus.
Os textos que te roubo,
Quando não mais expostos no teu mural,
Quando não te escorrendo sangue sob a pele,
Vendidos abaixo do preço de mercado,
Não são mais teus.
Rabisco meu nome em cima.
Tomo posse, contamino.
Corrijo um ou dois erros,
Olha só esse descaso nada novo...
Em minha tipologia e margem,
Cor e formatação.
Os textos teus que recito em meu diário
Apenas meus são.
Não por você tê-los me doado,
Como o fez tantas e tantas vezes.
Não por você ter me endereçado,
Nome, sobrenome e apelido,
Piada interna, descrição de mim.
Os textos que te copio,
Fiel, como a matéria na lousa da escola,
São meus.
Escolho as minhas pausas,
Arrogante e suja.
A minha ordem estraga
A perfeição da tua bagunça.
E a minha limpeza
Arranca
As dores e os tremores,
Calafrios sóbrios
Que teria ao reler-te mais uma vez.
Os textos teus
Na minha voz maldita
Só revelam a imensidão
Da minha escassez.
Copio um trecho,
Decoro.
Melodia solta
No meu velório.
Faço trilha sonora
Monótona
De todos os segredos
Absurdos
Que me tornam
Um breve pedaço gordo de derrota
Ou algo que tenha origem
Num lugar ruim.
Tento mais uma vez.
A fala, a poesia.
O ritmo, penso:
Como você faria?
Mas erro,
Porque desde o começo
Teus textos
Não foram feitos pra sair de mim.
Te peço uma vez,
Desisto.
Talvez não por princípio,
Por negligência mesmo,
Assim eu sou.
Prepotente, no mínimo,
Megalomaníaca.
E se tem algo no mundo
Que eu não posso tocar
Sem que toda beleza seja
Drenada
Pela minha sede incansável
De consumir tudo que alcanço,
Este algo, pode-se de dizer,
É o todo que sai de ti.
Uma vez que tu és tu,
E produz textos,
Não importa
A quem estejam endereçados,
Eles são teus
E só serão, se forem teus.
Em minhas mãos,
Carregadas de mortes, desgraças,
Autopiedade ou sabotagem,
São só restos mortais, resquícios
De toda a beleza que o mundo
Poderia ter tido.
Em minhas mãos, não são.
E através de minha voz,
Tu nunca serás tu.
Nunca teria chance.
Não adianta
Quantas vezes eu implore
Que me deixes guardar fatia
De uma estrela.
Quando chega em mim,
Você morre.
Torna-se um mantra satânico,
Fora de tom,
Esquecido na poluição que sou.
Torna-te algo
Que nunca mais tu.

Se

Se eu te largasse e fosse procurar a outra
Que me dirias para melhorar?
Me sequestrarias, matarias, deixarias escapar?
Do teu coração, estarias morta?
Que sentimento tu tornarias teu padrão?
Por todas as vezes que me disseste
“Te amo”
Olharias aos céus, os olhos de lágrimas tristes
E pedirias por perdão?
Os textos tantos que escrevi durante este ano
Recuperarias para ler
Infinitas vezes em esperança de seres
Minha mais uma vez?
Dirias aos teus pulsos que não eram dignos
De possuírem sangue?
Ou pensarias, nem que por um segundo,
No teu ser exangue
Caído morto, número deposto do montante,
Gado fora do rebanho
E então dispersar-te-ia destes pensamentos?
Se eu fosse embora,
Tua luz apagaria ou incendiaria florestas
À procura do meu olho
Minha metáfora, do jeito estranho que
Apenas eu tenho?
E se de qualquer resposta dessas te fosses
Plausível de momento
Que te adiantaria me teres agora que te amo?

- Nícolas Arths.

Liberty - Maps To The Stars

On all the flesh that says yes
On the forehead of all my friends
On every hand held out
I write your name

~

On my school notebook
On my desk and on the trees
On the sand and in the snow
I write your name

On all the flesh that says yes
On the forehead of my friends
On every hand held out
I write your name

Liberty

~

On my school notebook
On my desk and on the trees
On the sand and in the snow
I write your name

On all the flesh that says yes
On the forehead of my friends
On every hand held out
I write your name

~

On absence without desire
On absence without desire
On naked solitude
On naked solitude

On the stairs of death
I write your name
On the stairs of death 
I write your name

On health that is returned
On health that is returned
On danger that is left
Danger that is left
On help without memory
I write your name
On help without memory 
I write your name

And by the power of a word
By the power of a word
I renew my life
I renew my life
I was born to know you
And to name you
I was born to know you
And to name you

Liberty
Liberty

segunda-feira, 4 de julho de 2016

37,7

Um pedaço de lixo
Sentado no meio do estacionamento
Deixa queimar, deixa queimar
Estou morrendo de frio
Mas tá um sol do cacete
Doente de novo, menina?
Você não se cuida não?
Eu não me cuido
Mas podia ser bem pior
Não é, não é?
Eu só consigo pensar
Em uma coisa
Em uma, em uma só.
Isso, só.
Seria essa coisa eu?
Faz sentido
Eu não procuro abrigo
Estou é de castigo
Talvez eu esteja febril de novo
Por um mero capricho
Do inconsciente
Eu só quero estar ausente, ausente
Me sinto triste,
Mas nada sai de mim.
Chorei ontem,
Lágrimas geladas
Por isso eu preciso da estrela
Combina com minhas unhas cintilantes
Absurdo
O que está acontecendo?
Eu vou falar
Mas vai ser de vingança?
Vai ser um pretexto?
Vai ser mentira?
Não me admira este tipo de comportamento
Eu me sento
No chão
Debaixo do sol
E com algum conforto
Me espero piorar