quinta-feira, 31 de março de 2016

euvocê

euvocê

(não dei espaço nem
coloquei conectivos
porque não queria
nenhuma distância
entre nós dois)

O alimento

Eu você e um frio
Em qualquer lugar do mundo
Sem roupa, sem documento
Sem limite e sem tempo
Recitando poemas
Para nunca esquecê-los
Eu e você
Em um lugar
Onde eu queria crescer
Eu e você deitados
De lado, de pé
Encostados no tronco de uma árvore
Rindo muito de entrar na água gelada
Eu e você e mais nada

Eu sei que eu vou me achar ridícula
Quando acordar de manhã
E dar de cara com essas palavras vãs
Cheia de amor e de vontade de ser feliz
Mas hoje eu tô aqui

Hoje eu te amo
Hoje eu te quero
Na minha boca
No meu cheiro
Na minha pele
No meu cabelo
Te quero em mim
Como me sujasse
Com todo o teu existir
Quero você aqui
Pra poder te dar
Todo o meu êxtase
Em te desejar
Para ser livre e rir contigo
Até chorar
E te mostrar alguém
Que nunca ninguém viu
Que mora em mim
Desde que te conheci

Quando te vi
Quando te li
Uma parte de mim floriu
Sabia, você também me era
E até as sombras que você formava
Eram formosas

Eu queria poder te tocar
E sei que quando eu levantar
Já terei esquecido disso
De agora
De como eu te quero agora
Sem pestanejar
Mas o melhor de tudo
É que eu vou me apaixonar de novo
Por você
Eu sei
Mais uma, duas, três
Nunca vou te amar de uma vez
Porque eu sou toda em pedacinhos
E é isso que me faz tão imortal
(Eu só queria que você comesse
Todas as minhas fatias)

quarta-feira, 30 de março de 2016

Um conto

Queria ser personagem.
Ninguém me escreveu.
Acabei sendo escritora:
Te escrevi
Antes que você chegasse.
Quando chegou, dizia,
Era escritor.
Mas já não tinha jeito,
Era personagem.

A explosão é meu estado de êxtase. Eu vivo para alcançar o caos.

Licking

Let me lick your face
Just once
So I can know your taste
So I can keep the memory
In my mouth
And it will be quiet
No longer cigarettes required
Please, let me lick it
I promise I'll be quick
I'll keep in silence
Will be our little secret
That I know you
Your taste
Your everything
Maybe I'll even keep hiden
What my love can actually do
For you, for me
For who we're going to be
Let me just once
Maybe twice?
And then I'll leave
I promise
I just wanna know
How sweet you are
How bitter
Maybe spiced

Bem-me-quer

Você diz que me ama,
Que eu sou tudo pra você
E que você não vai nunca me deixar.
Eles dizem que ciúme é sinônimo de amor
E eu nunca concordei,
Mas o fato de você não se importar
Se um dia eu passar a amar outro alguém
Me incomoda.
Vamos pensar bem sobre isso.
Vamos não, vou.
Posso dizer que talvez eu não te ame.
Eu só vou saber depois que eu te tocar.
Não é assim que eles dizem que funciona?
E se você um dia
Começar a estar com uma outra pessoa
E eu acabar percebendo
Que nem era você que eu queria?
E se eu te encontrar e descobrir
Que eu nunca quis te ver pessoalmente?
A gente sabe que essas coisas existem,
Só que sou eu que quero falar a respeito.
Me desculpa.
Eu sou chata até demais.
Eu sempre acho que você não me ama.
Você diz que sim,
E talvez seja verdade.
E talvez também seja verdade
Quando eu digo que não.
Porque você não vê o mundo
Da forma que eu vejo.
Você jamais entenderia a minha libido.
Ou como eu quero em um momento
Trepar toda uma vida com você
E no momento seguinte
Eu não quero sequer que a gente fale de sexo
E me sinto invadida.
Por que
Eu não tenho
O direito
De ter
Problemas mentais?
Por que
Os meus problemas
Têm que ser inventados
Por mim?
Só porque você quer que eu fique bem?
Por que você quer que eu fique bem?
Quem é você?
O que você quer de mim?
Você diz que me ama
E descreve um futuro
No qual eu seria feliz
E falaria contigo.
Mas nada me garante
Que você ia estar na minha casa.
Você não quer dizer isso,
Porque sabe que vai ser mentira.
Porque você não vai mais investir
Num relacionamento fracassado.
Você está aberto ao mundo lá fora,
Mesmo que não saia do seu quarto.
Eu saio da minha casa e estou fechada.
Porque eu só quero você e nada mais.
Você pode até fugir de uma coisa ou outra,
Mas sabe.
Sabe o que busca, sabe a verdade.
Sabe o que te irrita ou entristece tanto.
Você quer algo que eu não vou te dar.
E eu quero algo que você não vai me dar.
Porque estamos tão distantes um do outro
E de tudo mais.
Porque pintamos as paredes verdes
De roxo, vermelho
E de todas as outras cores.
Mas o desenho que está,
Nunca deixa de ser apenas mais uma pintura
Em mais uma parede.
Me perdoa.
Eu sei que vou fazer isso de novo.
Procurar problema onde não há.
E, veja bem,
Eu quero ficar bem.
Eu não quero sair reclamando de tudo,
Odiando a vida,
Querendo morrer porque tudo é fácil demais.
Eu quero que você seja meu amigo
Independente de tudo que eu quero
Que você seja além disso.
Meu namorado, meu amante,
Alguém que dorme comigo.
Mas eu ainda quero refletir sobre essas coisas
Que deviam ficar quietas
Feito a poeira no chão da sala
Que pode desencadear uma reação alérgica,
Se varrida.
Isso não vai fazer nenhum sentido.
Olha, eu amo você.
Eu juro que amo.
E talvez não seja bem da forma que a gente pensa.
Talvez eu não deva casar contigo
E talvez eu não deva nunca ir te conhecer pessoalmente.
Mas talvez tudo que você acha esteja errado.
Talvez você um dia enxergue tudo diferente.
Ou não. Talvez você não se importe.
E eu te veja, e a gente se ame,
E você me deixe escorrer pelos dedos,
Como se eu não fosse tão densa
Quanto de fato sou.
Talvez,
Se amanhã acontecer alguma coisa,
Tudo mude.
Eu e você sabemos
Que há um milhão de amanhãs
Para nós dois.
Mas, hoje,
Eu olho teus olhos escuros,
Teu sorriso torto,
Tuas bobagens,
E tudo que eu quero
É poder ser tua.
De mais ninguém, só tua.
E eu sei que quando você diz que me ama
E planta em mim
O futuro esperançoso que
Construiu para si,
Você não quer que eu seja tua.
Eu sou uma flor
Plantada na mesma terra desde sempre
E você todo dia passa
Para me admirar.
Mas nunca vai me levar contigo para lugar algum.
Você não ousaria
Me restringir a um vaso.
É bonito isso,
Também,
Só não é igual.
Mas continua voltando
E dizendo que me ama.
Você sabe que eu te amo também.

About the week

Acho que estou meio deprimida.
Faltei a aula ontem.
Faltei hoje também.
Briguei com o meu melhor amigo.
Fui terrivelmente má com ele,
mas na hora pareceu que eu devia.
Eu não estava sendo sincera,
eu só queria castigá-lo.
Na verdade, eu queria brigar com várias pessoas,
pra poder ficar deprimida sozinha.
Eu não posso brincar com isso de depressão,
as pessoas depressivas dizem.
Porque eu não posso querer aparecer
às custas da visibilidade de quem tá sofrendo.
Mas e se eu estiver sofrendo?
Quem é que define se meu sofrimento vale o nome
que eles dão?
Falei com uma amiga de muitos anos atrás,
tive raiva.
Tenho raiva de tudo,
o tempo inteiro.
Quando não tenho raiva, quero chorar.
Mesmo quando me sinto meio feliz
com qualquer coisa,
eu quero chorar.
É sempre sobre chorar ou destruir coisas.
Mas eu quero ficar bem.
Mas eu não quero fazer
o que eu preciso fazer
pra ficar bem.
Não quero saber da minha aula de segunda.
Não quero saber do grupo da faculdade
ou dos trabalhos insuportáveis desse semestre.
Eu só quero que isso tudo acabe.
E eu sou terrivelmente mimada, eu sei.
Eu sou consciente demais para ser perdoada,
mas a minha culpa não me leva a lugar algum.
Se tem uma coisa que eu não tenho é responsabilidade.
E atualmente, também não tenho ânimo.
Uma amiga minha me disse
que eu só estou entediada,
mas eu queria que alguém dissesse
que tem algo de errado comigo
pra eu não ser responsável por tudo isso.
Eu já procurei em tudo quanto é lugar.
Nomes e mais nomes de doenças e transtornos.
Eu tô estudando isso
- mas não na segunda-feira, onde só tem bosta.
E eu não encontro em lugar nenhum
uma classificação que me sirva.
Eu só queria ser classificada.
Como os bipolares são, e os esquizofrênicos.
Tem gente que odeia categorias,
eu não.

terça-feira, 29 de março de 2016

Desencontro

Ele não liga pras coisas que eu escrevo pra ele
Ele não liga pros poemas que eu mostro

Quando eu acho uma coisa linda e mostro pra ele
Ele despreza
Ou não entende, ou não acha graça

Ele gosta de pessoas, e corpos e bocas
Dos quais eu jamais chegaria perto

Ele vive uma vida que não faz sentido pra mim
Em um lugar que não faz sentido pra mim

Ele não consegue largar os cigarros
Enquanto eu passei 5 meses tranquilamente sem fumar

Eu quase morro se passar uma semana em silêncio
Ele pode passar meses sem escrever

Ele tem os nomes dos filhos todos planejados
Eu só tenho medo de como eles vão se sentir
Talvez igual a mim

Ele é orgulhoso e quer a fama
Eu sou completamente insegura
E agradeço todos os dias por não ser famosa

Ele gosta de músicas
Que pra mim são só barulho
E ele não conhece nada
Do que eu falo que escuto

Quando eu surto,
Ele não entende nada
Quando ele surta,
Eu nunca posso ajudar

Ele sempre finaliza e guarda suas fases
Eu deleto ou mudo tudo, mas não saio do lugar

Ele diz que me ama quando eu peço
Mas não entende por que preciso

A minha solidão pra ele nunca faz sentido
A dele é diferente
Mas quanto mais ele tenta explicar
Menos eu entendo também


Ele é estranho

E eu nasci em um planeta bem distante

Somos dois viajantes
Que resolveram tentar ter um diálogo

Sentamo-nos num bar espacial
Nos olhamos como se tivéssemos o mesmo par de olhos
Ele enxergava tudo roxo
E eu amarelo
Pedimos a mesma bebida
Eu fiz careta porque gostei
Ele não se manifestou porque não suportava o gosto
Eu quando levantei quase caí
Ele estava em perfeito estado, fisicamente

E quando tentamos abrir a boca
Quando conversamos
Percebi que ele só ouvia o som da própria voz
Enquanto eu só ouvia a minha
Não chegamos a um assunto
Pois não entendíamos coisa alguma

E quem olhasse de fora ia pensar
Que estávamos juntos
E que o nosso caos fazia sentido
Mas estávamos tão distantes
Quanto o sol fica de plutão

E éramos tão diferentes
Que quando pagamos a conta
O garçom ficou confuso
Não sei se quem deixou a gorjeta
Fui eu ou ele
O dinheiro era diferente
Nem sei onde a gente tava
E quando a gente foi embora
Não sei se ele me disse até logo ou adeus
Não sei se ele perguntou meu nome
Tentei adivinhar o dele, mas não sei

Depois que fomos embora
Descobri que nunca nos tínhamos encontrado de fato

Uma nudez, um caos e os pés

Quero recortar minha libido
Tacar fogo, jogar fora
Não quero comida ou sexo
Quero os meus cigarros
E como não posso,
Quero calar nossos diálogos
Eu costumava sentir prazer
Me despedaçando
Quero uma mordaça na minha boca
Talvez um não notar da sua parte
Quero uma agonia que me mate
Quero sentir, quero sentir
Na minha pele
Na parte de dentro
À qual ninguém já teve alcance
Quero ter você antes que me canse
A tua mesma imagem fotografada
Quero estar errada
E quero a punição que vem no troco
Quero te machucar
E não é pouco
Quero cuidar de ti
Como fosse meu filho
Perdido, dentro do meu útero
Na única escuridão bonita que me cabe
Quero tantas coisas que você não sabe
Quero ser, e ser um pouco mais
Não só metade
E se eu pudesse fazer algum sentido
Talvez não tivesse pedido
Pra você ficar
E conversar comigo só um tanto
Em esperanto
Na língua que costumávamos inventar
Você não compreende meu passado
Os tombos que levo
Ou meus desejos obscuros
E até os infinitos pecados
Que ainda preciso cometer
Antes de um dia
Poder te pertencer
Eu quero a carne fria
Depois gélida
Uma semana sem toque
E uma multidão me invadindo
Quero nunca saber
Quando estiver fingindo
Dispenso a culpa
Dos outros sentimentos
E o vazio
Essa sensação de não ter nada
De não existir e estar marcada
Para morrer amanhã
Sem nada ter feito
Quero que você se deite no meu peito
E acalentado ouça
O meu pulsar desesperado por vida
E a batida retumbante de meu corpo
De meus vãos pensamentos
De meus meros tormentos
Quero que você entenda
Que me escute
Que me sinta
Quero estar na sua pele
E ser finita
Como todos os outros
Aceitar que eu sou mortal
Quero sumir de mim
Por um dois dias
Pra esquecer qual é o meu nome
E quais as alegrias
De poder te encontrar
E te escutar
Como a mais linda das melodias
Tua língua tropeçando nas palavras
Sua empolgação ou incômodo súbito
Com algo que pra mim vai ser banal
Não quero me sentir normal,
Jamais queria
Quero te amar e estar em paz com isso
Sem medo das festas, e das alvoradas
Com medo de estar sempre enganada
Quero voltar e te encontrar aqui
Onde sempre esteve
Antes sequer de eu te encontrar
E todas as vezes que eu voltar
Quero poder sorrir
Por você ter estado sempre
Dentro de mim

Gasoline - Halsey

Are you insane like me? Been in pain like me?
Bought a hundred dollar bottle of champagne like me?
Just to pour that motherfucker down the drain like me?
Would you use your water bill to dry the stain like me?

Are you high enough without the mary jane like me?
Do you tear yourself apart to entertain like me?
Do the people whisper ‘bout you on the train like me?
Saying that you shouldn't waste your pretty face like me?

And all the people say
You can’t wake up, this is not a dream
You're part of a machine, you are not a human being
With your face all made up, living on a screen
Low on self esteem, so you run on gasoline

Oh ooh oh ooh oh oh
I think there’s a flaw in my code
Oh ooh oh ooh oh oh
These voices won’t leave me alone

Well my heart is gold and my hands are cold

Are you deranged like me? Are you strange like me?
Lighting matches just to swallow up the flame like me?
Do you call yourself a fucking hurricane like me?
Pointing fingers cause you’ll never take the blame like me?

And all the people say
You can’t wake up, this is not a dream
You're part of a machine, you are not a human being
With your face all made up, living on a screen
Low on self esteem, so you run on gasoline

Oh ooh oh ooh oh oh
I think there’s a flaw in my code
Oh ooh oh ooh oh oh
These voices won’t leave me alone

Well my heart is gold and my hands are cold

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouo levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

- Pablo Neruda

"Though it may look like - write it! - like disaster"

Me escreve um sexo circunscrito
Na minha vontade insana de te tocar
Me mostra como eu não te amo mesmo
Como seu nome é estranho
E eu não aguento te amar
Me apaga mais um cigarro
Na metade
Pra provar que não quer mais aquela vida
Faz dois dias, quase ontem
Quando a gente ainda queria se matar
Finge comigo agora
A noite toda
Que nunca pensamos nisso
Que somos outras pessoas
Que eu te valho alguma coisa
E vou saber como aceitar um beijo teu
Pinta mais uma palavra roxa
Naquele teu scrapbook estranho
Fluorescente, escuro
Me mostra como você quer ser bom
Pra eu dizer que tanto gosto
De você e dos teus versos
De fama e morte, de sexo
(porque você no fundo sabe
que eu vou gostar)
Me fala um pouco mais dos teus amigos
Sem perceber o perigo
A minha falha, o meu grito
Como tudo está perdido dentro de mim
Fica aqui, como se importasse
Como se você aguentasse
Realmente viver perto até o fim
Vira uma garrafa, fala da fumaça
E da dança sobre o colo
Fala dos lábios marcados
Como eles me falam das drogas
Como ela surge do nada
Me fala da maçã envenenada
Que eu invejo a Eva
Porque queria uma vez
Ter sentido o gosto
Me faz um charme, me conta mais
Mas você sabe
Que nada me satisfaz
E deve reconhecer
Que quando eu acordar pela manhã
Talvez na tua cama, pode ser
Talvez com nossos filhos, vai saber
Eu vou te olhar
E respirar bem fundo
Até onde meus pulmões forem capazes
De aguentar o cheiro do teu ar
E eu vou te odiar
E vou gritar e derrubar
Tudo que estiver no meu caminho
Se for você e o nosso ninho
Tanto faz
Você disfarça
Finge que há esperança
Que nós somos amigos
Partilhamos confiança
Mas me conhece e sabe
Que a maldade tá nas mesmas palavras
Que transbordam amor e liberdade
E se não souber, é tarde
Porque nada do que eu fizer
Vai acabar bem
E se você ficar
E eu aprender a te amar
Você vai acabar também

segunda-feira, 28 de março de 2016

Tu poderia calar-me com teus lábios. Seguramente seria a poesia mais bela Que já calamos.

Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)

sábado, 26 de março de 2016

The rhymes

I don't wanna be good
I don't wanna be great
I don't wanna be wasted
I don't wanna be rude

I don't wanna be mean
God damn
I don't wanna be clean
I don't know what I've been
But thats not who I am

I don't wanna be fake
I need you to be true
All I'm trying now to say
Is that I wanna be with you

I just wanna be with you
I just wanna be with you

I don't wanna see it through
And that may make you feel blue
But that's all I wanna do
I just wanna be with you

Top toe

I smell things
I'm in a terrible mood
With my legs dirty
Of walking hopeless on the sand
I feel warm
You gonna laugh if I say
It's in a bad way
I don't wanna be anywhere

There's is this green
That consumes everything
Around the place, on my knees
The green is on the floor
And on the walls
It's on my juice
And on my breath
But never around you
Never inside me
That green haven't been noticed yet

I feel like the air
Is heavy surrounding my soul
The world is all about the war
And I'm all about love

Maybe this is why I'm sad

Between each drop I melt
Like a giant lake
Dark in the deep of me
Shining on the sunlight lick

And now I'm angry
Like if I carried
The huge amount of salt
And all the hateful strenght
That tells the story of an ocean

Nature touchs me
Step to step
I hear everything it has to share
And I just wanna go away

I'll never be good enough
To deserve such a joy
I'll never be sweet enough
To match your kind

When I say
I feel the air
And all the butterflies
When I say that I'm alone
That I can touch the sky
When I say I love you
And my heart beats fast
As it can get
When I admit I am insane
As one can be

I know
I am pure art
At the chaos harmony
I am pure art
When I see your face
I am pure art
When I fear the end
I am pure art

And then I feel you
Every inch,
From top to toe
We are an absurd
We are the saddest painting of the Earth
We are the most beautiful thing
I've ever seen

Don't smoke

Don't smoke
For the clarity of your lungs
Don't smoke
For the anxiety I've bought
Don't smoke
For the days you have to spend
And for the kids
And for the peace
And for the further end
Don't smoke
For the kisses you may deny
Don't smoke
So I'll wish you even more
Don't smoke
For the empathy of the universe
Don't smoke
For the bless and for the curse
Don't smoke
For your parents,
For the future,
For the hope you wanna have
For yourself
More than anyone else
Don't smoke
For the walks,
For the talks,
For the dreams,
For everything you want,
Don't smoke
Because you know
There's always a first step
To go anywhere

To keep going
To keep your faith
To breathe like a healthy being
Don't smoke

And if any of this reasons work for you
Don't smoke
Maybe to prove
That you own your body
That you are stronger than me
That you don't need me to be there
To tell you

Baby, please,
Don't smoke

quarta-feira, 23 de março de 2016

Room

Eu pego o seu nome
E prego na minha parede
Ela é azul, eu sei
Mas não é possível ver
Se eu não souber
Se eu não lembrar
Se eu não quiser crer

Eu pego o teu nome
Cru, como a beleza
Do que conheço de ti
E faço dele a minha cruz
Não vou me ajoelhar
Implorar, rezar ou me punir
Vou chorar, sim, vou rir
E me pintar as mãos,
Os pés, os joelhos e o rosto
Gastar o meu desgosto
Só pra ter um pouco mais de espaço
Escasso, o meu desejo de viver

Então é minha fé que você vai ser
Um objeto, um nome, uma figura
Eu sei que ando meio torta
Nessa crença, nessa doença
Mas não disse que quero me endireitar

Eu quero é poder te desenhar
De folha em folha de capim
De gota em gota de tempestade
E em toda essa minha vontade
De poder um dia te encostar

Se isso me fizer sair da cama
Se isso me trouxer um pouco
De esperança,
Como se eu fosse ainda criança,
Perdida no meu mundo em quarto partes
Eu, minha mãe,
Meu pai e minha liberdade,
Se isso me fizer dançar mais uma vez

Em vez de me cobrir
Num gesto habitual
E me esconder de tudo
Incomodada
Eu escrevo teu nome

Nos lençois, no vidro,
Nos meus cadernos, na testa,
Na minha tinta, na fresta
Entre o aqui e o mundo,
Eu escrevo teu nome no fundo
Dos meus dois copos amarelos
Nos meus escritos singelos
E na minha oração

Eu escrevo teu nome no teto
E também escrevo no meu chão
Para que todas as manhãs
Eu possa te pisar as mãos
Como pisasse num ser
De suprema delicadeza
Em toda a minha destreza
Ser atenta a tudo que doi
Não só o que ama, mas o que destroi
E notar tudo que existe,
Eu você e o resto
O que não manifesto
Mas sei que sempre está lá

Eu escrevo teu nome na tela
Recito uma ou duas vezes
Canto.
Eu crio teu encanto todo dia
Só pra ter o que olhar
Pela janela

terça-feira, 22 de março de 2016

Dark Green

I could sit by your side
With my lazy thighs
And watch you while
You'd light up your cigarette
And then I'd steal it
Smoke a little
Feel the taste of your lips
Within the smoke
I'd give it back to you
And wait untill you get satisfied
So I could steal you from it
This time I'd smoke your lungs
Feel your breath within my own
Painting everything black inside
I am too colorful, I know
But all I wanna feel is you
So we'd have the strangest,
The wildest sex of all times
And I wouldn't mind
Any little mistake on our way
I'd be too lost inside your dark eyes
And love you more than anything
Lastly, I'd lay my naked large hips
On some old sofa
Maybe on the floor
And I'd keep staring at you
Untill I fall asleep
And I would dream about you

About the station

I don't wanna wake up
I don't wanna live
I don't wanna talk about
The excuses I give

I don't wanna be here
I don't wanna leave
I don't wanna think about
The words I breathe

What's up with the evil fingers?
What's up with that sweet little weak heart?
Aren't you strong enough?
Why you so lazy, girl?

Maybe if I stay quiet
Maybe if I don't leave my bed
This voices will shut up
But they won't

I am fine
Untill the whispers come
I should cut myself
Perhaps stop eating
For a week
I should smoke 20 cigarettes
Just because I don't want to
I should get drunk
Every single afternoon
I should stop talking to my friends
I should listen to these songs
Just because they make me cry
And lose my air

Is keeps running, running
This is why I shouldn't write
I just wanted to love him
But the voices won't let me
They say I'm gonna hurt myself
And that I should, but not
With this sick little premise of happiness
This is foolish

This is why I listen to my music
I sing, I scream, I cry
And right when I'm about to choke
I talk to you
So I can forget that I'm killing myself
And then I have to go
They say I must be sad

segunda-feira, 21 de março de 2016

Hurtful

I am hurt
And I think there's something
With this house
I wanna sleep
A little more
I missed my class
I missed my love and my short life
I wanna be away from them
Realizing who I am
Hurts me
And I think I know why
I don't wanna know anything
I wanna go back
To this time when I just wanted do play
And I thought I was happy
I hate today
With this guilt everywhere
With this huge lack of hope
I hate today
And that mysery of mine
I don't wanna hate it
I don't wanna have it
But for me, feelings are the supreme truth

domingo, 20 de março de 2016

Capim-Limão

Você tem cheiro de céu
Quando não fala
Sobre as noites
Que não vamos passar juntos na cama

Você é verde, como um lago
Que reflete sua flora vizinha
Quando não repete que me ama

E quando não me deseja
Quando não me escreve textos
Quando desaparece
Você se torna macio
Esquecido no bolso
Da minha camisa azul

Mas quando te mordo,
Antes de escaldado
Quando quero sentir teu gosto, sólido
Teu cheiro me chama
Você arde na ponta da minha língua
Dilacerado

E todo o sonho que eu tinha
Morre em violência

É por isso que eu não posso te amar

O meu amor é a morte
Das coisas que toco

E não posso ser amada
Por um pedaço de planta
Destroçado e seco
Na palma da minha mão

Eu não posso ser amada
Por alguém que eu não posso tocar
Que eu não posso ver, cheirar
E consolar nos dias chuvosos

Eu não posso amar alguém que não me ama
Porque não me conhece
Porque não sabe as histórias
Porque se esquece

Você se parece
Com as comidas gostosas da minha infância
E com a água de uma cachoeira
Escorrendo fria pela minha pele
Você parece o canto dos grilos
No meio da noite, de um lugar distante

Você se parece comigo
E eu te amo

Mas eu só posso te amar assim,
Daqui, de longe
Triste, triste,
Me escondendo nas cobertas
Carregando uma colher de brigadeiro
Pela casa
E me dopando
No final das minhas noites

Eu não posso te amar,
De qualquer forma
Mesmo que você tenha
O cheiro que teria o paraíso
Mesmo que eu saiba
Que ficaria te olhando
E acariciando teu cabelo por horas
Mesmo que eu admita
Todos os sentimentos que tenho
Eu ainda não vou poder te amar

É por isso também
Que eu não acredito nos sinais do universo
Eles disseram que eu devia ficar contigo
E eu acreditei.

Broken hearted girl

I spent my last night with you
And I accepted that I am still in love

But now, since I woke up
I only know that loving you
Will get me hurt

So I am running

I put my lipstick
My black dress
I'm gonna get drunk
And maybe I'll cry again

It doesn't matter what I'll do
As long as I forget
That I reminded myself
Of my endless love for you

I'm a selfish girl, you know?
I'll never help you with anything
I'm selfish, I'm heavy
I'm hard to live with

And you're not an angel either

But I can't forgive myself
For the things I do

sábado, 19 de março de 2016

The baby

Pensei teu nome,
Feito um sonho que tivesse.
E dei um pulo
Quando percebi
Que ambos existíamos,
Que eu estava viva.
E você,
Você era real.
Ao ouvir teu nome,
Eu acordei.
Como se tivesse dormido
Durante toda uma vida.
Como se tivesse acabado de nascer.

Sadness

Stay with me a little longer
You think I'm lying,
But I don't knot what to say
When people don't see it in my eyes
When I have no deep stories
Left to tell
I don't know how to show you
Who I am
Tonight I feel in love with you
I wish I could trust my feelings
I wish I could trust my words
And I believe in you
Because I believe in me
And if you knew what I can see
In my daily mirror
You'd be surprised to notice
What I never say
Talita
She could make everything clear
In a sec
I used to cry through my cigarettes
And no one would ever see it
I always feel like
No one can see me
And it makes me sad
I wish I was worth
Someone's eyes attention
But maybe this whole problem is with me
If I could only fix myself...
Stay with me
A little longer
Untill I fall asleep
I feel so sad, so weak
I only wanted
For you to stay with me
So come back, stay,
Never leave
You're the single one
Who can save me

I don't know who I am.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Endless text

I lost myself
When I lost you
I still do need
This old fake warm
To pull me home
I lost myself
And now I feel
Like I should keep
Spending my time alone
And that's the only reason
Why I saw 4 friends
Separetely
In a single week
I lost you
I know I did
And this is why
I miss so much my cigarettes
And so it's why, I may confess
I realized that I have smoked
Enough already
But I miss everyday I speak to you
I shouldn't fuck
I have decided
Because I lost myself
And I don't think
That I can find it
On some other body
Except on yours
I need some help
But I spent my whole life
Trying to figure it out
Who I really am
And I found myself in you
And I was free
I was pretty
Everything was
You still are
And you told me you liked me
Like you always do
Without noticing
Sometimes you don't see
Half of what I see
You named my liberty
Like I used to do
And then you showed me
You said I should just be
The bitch I am
And I am not
I saw myself
Staring at the mirror
What kind of image is that?
Some cheap orgasm
I thought about you
Nothing was clear
But deep inside I knew
That face was mine
Full with that hard sex pulse
Dieing in that place I was
And there I was
Never intending to be back
I didn't want to be turned on by you
But then I did
And I shouldn't use drugs or smoke
I shouldn't open my legs
I shouldn't drink
And I am drunk
I do it all from time to time
And I love you
But it dies inside of me, everynight
This is only one of my pains

Azulzel

Calço meus pés de Peter Pan,
Visto meu manto protetor,
Prendo ao pescoço as sementes
Que um dia me escorreram os olhos
E me arrancaram risos

A minha meia é colorida
Todos os dias
Para trazer uma alegria só minha
Para pisar em meu próprio arco-íris

Botei meus pés calçados lá fora
Pra saber o que havia
Do outro lado de mim
O céu se mostrou assim
Na minha pele
Alusão à minha disfunção
Cinza e amarelo
E a beleza do caos era tanta
Que nem procurei os traços de harmonia

Saí, como quem não saía
Há vários meses
Era a terceira vez na semana
Eu estava cansada
E meus pés não se manifestaram contra
Uma vez sequer

Eu tenho voz
Aquela voz perdida dos que amam
E não se desfazem
Arrasto minhas tranças pela rua
Rapunzel, e sua agonia nua

Existo hoje,
De volta ao meu faz de conta
Que arranha a minha lama da decência
Me visto, me expresso, existo
Agora posso me debater em paz

quinta-feira, 17 de março de 2016

Quando eu morava em ti

Há algo no espaço que nos ocupa
Como se houvesse alguém
Que outrora fomos
E enquanto dançamos
Pelo nosso piso iluminado
Há algo a ser condenado
E nos beijamos

Entre um passo e outro
Onde me arrasto ou canto
Eu esperava que você soubesse
Estou fugindo
Do afeto, e para não te machucar
Eu vou mentindo
Sobre tudo que te digo em dialeto

Escrevo mais um texto torto
E já é certo
Eu te quero bem por perto,
Então eu choro
Já passou mais um bom tempo
E eu demoro
A voltar a te ofertar algum alento

Ainda me lembro
Costumava apaixonar-me dentro d'água
Já não reconheço a morte
E resta a mágoa
De nunca mais te ser apaixonada

Eu queria estar errada
Ao pensar que o que me passa
Já se acaba
Faço graça,
Como louca boba que tanto se gaba
Em carregar uma tristeza ornamentada

Levanto um pouco, saio
Passo um batom vermelho,
E então eu caio
Perco não só três horas, uma noite
E estalo as minhas tranças feito açoite

Quanto mais me sou,
Mas medo tenho
Não aguento este lugar
Pra onde venho
Não sei por que tudo doi,
Mas eu te entendo
E às vezes tento,
Mas a dor é minha sina e meu segredo

Não te espero, sobretudo,
Que se vá no mundo, que suma,
Ou que pense que me deve coisa alguma
Sequer te espero que me compreenda

Sei que tu me escuta bem e é só lenda
O que dizem sobre o amor que nós fazemos

Há em nós uma rima fácil, repetida
Que de tanto recitar foi aprendida
Mas que já não faz sentido há muitos anos
E entre tantos enganos que tive
E ainda neste espaço,
Onde tu agora vive,
Quando te encosto, acalento
Eu acabo me enxergando em casa
Nossa casa, mesmo que ao relento

quarta-feira, 16 de março de 2016

Palíndromo instável

Depois de tudo
Que fizemos de errado
No fim das contas
Somos um ao outro
E gradativamente
Nos erramos
Em porporcional escala
Mesmo que não saibamos
Mesmo que nem
possamos controlar
Depois do todo que enxergamos
Em nós mesmos
Depois de admitir
Todos os erros
Depois de rejeitar e ir embora
Depois de fugir de tudo
Depois da raiva e da vitória
Que falsificamos
Nós ainda somos
Um ao outro
Como deveríamos ter sido
Você profetizou
No verso da minha fala
E mesmo que esteja resolvido
Que o destino tenha dito
Que não seremos juntos
Em nenhum de nossos futuros
Ainda seremos um ao outro
E em minha dor que carrego sempre
Em minha solidão subsequente
Hei de encontrar beleza toda madrugada
Em ser você um pouco
E estar errada
Mas te amar assim
Do mesmo jeito

Where love dies

I can't talk about love
While you become my friend
You were there, but once again
I have no place to run and hide

I can't talk about love
While sorrow becames my middle name
I have no blanket to save me
I have no strenght to fight the pain

I can't talk about love
When my doubt grows up everytime
I used to love you so much more
I was sure I could call you mine

They say it doesn't take so long
For us to forget someone
But I never meant to forget
What I used to feel with you

I can't talk about love
When there's no one to touch me nice
When there's no grace from me to self
When there's no peace for me to sleep

I can't talk about love
I can't write good stuff
I can't do my homeworks
And I can't help anyone

If I can't talk about love
I clearly lost my faith in life
And there's a few left deep inside
But I don't let them see my sad dark eyes

So I declaim you once or twice
With your wild hair
And your strange voice
I recite what I remember of your rhymes
And hope one day
I'll find my worth
Where I found yours

terça-feira, 15 de março de 2016

Os destinatários

Eu tive um dia
Mil cartas sem nome,
Até que enfim eu resolvi endereçá-las.
O que eu não sabia, pasmem,
Era que as cartas tinham vontade própria.
É preciso que o universo
Conspire a seu favor.
E então todas elas foram perdidas.
Revoltada, frustrada com a vida,
Meio entristecida, até,
Tive o trabalho de apagar nome por nome
De todas as minhas cartas doloridas.
E machucou, claro que machucou.
Eu queria ter um corpo no qual tocar.
Queria ter algum deleite para os olhos.
Queria ter a quem amar.
Mas, a quem interessar possa,
O meu amor hoje não é endereçado.
Se você sentir vontade,
Rabisca teu nome em cima
Da minha dor e poemas,
Da minha doçura escondida,
De tudo que tenho estendido
Nesse infinito varal de mim.
Mas, se não te fizer graça
A minha desgraça enfeitada,
Me faça o favor de ir embora.
Eu já não vejo a hora de ficar só.
Me ponho a reescrever todos os nomes.
Agora sei onde mora a minha solidão.

domingo, 13 de março de 2016

Anti-harmony

You are quietude
When I'm loud.
You are the bright of colours
When I'm blind.
You are explicit sadness
When I'm fine.
You are a tempting fall
When I am high.

You are a club, saturday night,
I'm the silence of a hospital.
You are my kinematics
I am static.
You are a giant laziness
I'm just a failure.
And everything I am
Depends on you.

You have methodic rhymes
When I'm chaotic.
You're deeply yourself
When I am faking.
You embrace and accept
your darkest fears,
While I'm just running away
to someone else.
But there's no love
Anywhere else, but here.

When I'm north, you're south.
When I'm sugar, you're salt.
When you're sun, I'm rain.
When you are feeling happy, I'm in pain.

And now you are the beauty,
I feel ugly.
And now you look so clear,
I feel insane.

I wanted to touch you once again.
Because I saw one day
This beautiful place
That made me wanna live
For the first time.
And when I looked at you
I could hear every sound,
Every little song the birds had ever sang
And I had missed, by living in my room.

I believe
One of the things that hurt me so much
Is that I can only find love
And life
And a reason to even want this all
In you.

The Purple Planet

I like my face today.
Maybe it's about the rain
That slipped on me.
Maybe it's about the loneliness
We used to share
In our long speeches.

I feel myself again.
It hurts so deep,
I don't know why.
I can't hear your voice
So far from home.
Won't you take me back?
Could you sing for me?
I wish I knew your name.
Or how does it look
The fresh tone of your skin.
I wish I knew the real colour of your hair.

I'm all alone.
Completely.
Vastly.
Deeply.
Absolutely alone.

And there's your name.
Have you ever noticed
The significance of a name?

I feel my eyes
Burning like the dead stars
Lying on our skies.
I feel the pain
Of a life wasted
Waiting for the chance
To do something,
Or seeking desperately
For true happiness.
I'm affraid
That this sweet joy
Does not exist.

I'm in a place
Where no people are allowed.
And it's so quiet,
So silent, this not-being of everything
That I wanna scream.
But there would be no soul
To hear me, anyway.

It doesn't matter.
What can I just say?
I miss you.
I miss you.
But this pain
Ain't yours.

There's a entire universe
Over there.
Why would ever want
To visit mine?

sexta-feira, 11 de março de 2016

Victor's piece of space

If I only knew
Where home was
If I just knew
What home was
Supposed to look like
If I knew it's name
If I had the adress
If anyone had told me
Which color's on the walls
If I only had the balls
To look after my place
Maybe if I searched
A little foward,
Through the space
Maybe if could find you
If knew where you are
And how you use to take your steps
If I could touch your hands, perhaps
If I were stronger
To take you on my shoulders
And carry the heavy you
Arround the world
If I had better eyes
If I had the age
To know anything about
This empty stage
If I could hear
What universe has to say
If I could stay
Wherever I'd go
Then I am sure
I'd take you home
As fast as I could
And then I would
Take care of you
So you'd never leave
But, baby, believe
I feel so lost
That I can't even breathe
I have no arms, no ears, no eyes,
And there's nothing on my skies
That would ever teach me
How to take you home

quarta-feira, 9 de março de 2016

Without falling apart

I have a zillion things to say.
I need to tell you
All the games I used to play
And count on fingers
All the guys that went away.

I have to tell you
How rarely I miss you now
And the way I became stronger.
Anyhow,
I must have told you
That I'd never go outside,
But when I did, I've found no light
To guide me home.

Do you remember
When we used to talk it through?
Do you remember
All the life I had to spend
Staring at you?
Do you?

Do you remember
How it used to taste
That endless meal of ours?
Or even that strange feeling
Like we never had to sleep
For being sane?

We were so gone,
But we came back.
And then I wish that made me glad
And proud of how
We stand for things right now.

This girl I've been,
She didn't last at all.
I thought my heart was huge
But I was just too small.
And I keep trying
To get almost killed inside.
And no one gets
What I'm always trying to hide.

It's like I said:
The more you tell,
Less they do know.
I fought so hard
But never wanted you to go.

And there you are.
I hear your voice,
You sound so soft.
But there's this hole
That eats me up
And takes my hopes.

Here you are,
Talking to me
Like you've always cared.
And here I am
Like you don't know me,
But you do.

There's so much
Inside of me
And it never goes out.
But I am proud
Because I'm living with myself
And I can live with you too.

S.H.H.S. - Short Version

"...
I am a bad girl, I have to stay inside
...
I'm a bad girl, I think I should suicide
...
I'm a bad girl, you should try this time
I must tell you that, just do it
I'm so very bad, just kill yourself tonight
I'm a bad girl, I'll ignore you
I'm leaving, I'm bad, It's heavy
I'm a bad girl, I won't go to sleep
Neither cut myself
Neither kill myself, but
But I am bad, I swear
I'm a bad girl, I'll go to hell
Not just because I repeat
That god doesn't exist
I'm a bad girl
Because I curse goodness
Because I don't believe
In myself"

segunda-feira, 7 de março de 2016

Fantasia

Preciso falar
Sobre as infinitas rimas
Que você roubou de mim quando partiu.
Preciso saber
Das tantas coisas
Que você pensou de mim quando me viu.
Preciso arrumar
Um quarto,
Um pedaço de chão intacto,
Inabitável,
Para te morar
Enquanto é improvável
E entender
O que você não vai dizer
Sobre o lugar.
Preciso, preciso falar
Sobre a falta que me fazem
Nossas brigas
E do excesso de noites bem dormidas
Que eu pedi a Deus
E ele me trouxe, fácil assim.
Preciso saber
Se é isso mesmo
Que você espera de mim.
Só um encosto
Para não perder o gosto
De gostar mesmo de mim só essa noite.
Não se afoite,
Que já logo eu vou embora.
Não demora, eu me lembro de quem sou.
Mas, preciso lembrar.
Preciso antes dizer e recordar
De como me queimava o rosto
Quando vinha meu aposto
Me fingir de adoração.
Eu disse não, e não, e não.
E quando vi, tava perdida,
Aturdida com a tua alegoria,
Alegria sobre a minha depressão.
Não posso mais
Calar o tanto que me cabe.
Não me resta mais espaço e você sabe
De todas essas novas coisas
Que vou te dizer.
Sobre te querer
Imensamente,
Sobre o não pertencer
Intransigente
Dessa vida de gente que já cresceu.
Mas o que não me acometeu
E não poderia, assim, ter te contado
Era que tudo que eu pensava estava errado
E que hoje em dia
Eu não iria mais te amar.
Então é isso,
É sobre isso que eu preciso te falar.
Quando eu fecho meus olhos aflitos,
Não há mais nenhum atrito
Entre nós dois.
E tudo aquilo que deixamos pra depois,
O que era nosso, e era certo, e era meu,
Quando deixou te carregar teu lindo nome,
Tudo aquilo que criamos
Morreu.

domingo, 6 de março de 2016

Ficção

Eu me toco
Com filmes e discursos
Com a sua voz na gravação
Com uma chuva lá fora
Nada faz sentido
Eu só preciso
Quando eu sinto demais
Demais, demais
Eu sinto tudo
E então eu tenho que sentir
Cada vez mais
Dentro de mim
Na minha alma
No tremor da minha pele
E na agonia do calor
Eu preciso ser o desespero
De quase alcançar a queda
De quase debater-me
Do outro lado
Do lado em que os mortos vivem
Revivendo a sua dor eternamente
Entre tudo que não existe
Nas coisas que não são ditas
Mas que moram barulhentas
Dentro de mim
Eu preciso aceitar
O que não digo
E provocar
Essa mudança selvagem
Na realidade
Eles me chamam de louca
Os seres, os livros e as vozes
Mas nenhum deles sabe
Onde eu realmente estou
Então me toco
Para provar que eu estou lá
Quando ocasionalmente
Me deparo com este evento

sexta-feira, 4 de março de 2016

Os restos

Eu quero vomitar.
Perdi meu ritmo,
Meu gosto,
Meu tesão na vida,
Perdi você.
E você nunca valeu nada
Até eu te inventar
Até eu te querer.
Eu quero ir embora
Eu quero dar o fora
Nada disso importa
Nem os berros
E as pirraças
Desse monte interminável
De crianças tolas
Espertas, manipuladoras
Que se arrastam pelos corredores
Buzinando o meu ouvindo
E me atormentando
Num prazer sem fim.
Eu quero vomitar,
Porque não aguento
Passar horas sem comer
E já não acho graça
Nos cigarros e nos cortes
Também não vejo graça nos hematomas
Eu queria cair mais uma vez
Me machucar de verdade
Pra poder chorar em paz
E reclamar como todos os outros
Sem me sentir culpada
Por tudo que digo
Queria não falar sozinha constantemente
Repetidamente
Insaciavelmente
Conversando com as paredes
Que mal me escutam
Quanto mais respondem
Elas só conversam entre si
Eu nem queria estar aqui
Às vezes tenho vontade de morrer
Mas nem isso parece ser real
É tudo um enorme brinquedo
Em que eu entrei para me divertir
Mas não para de girar
E eu vou me machucando
E eu me tremo toda
Estou completamente tonta
Eu quero vomitar
Eu já não sei o que é amor
Ou compaixão sequer
Eu quero ir embora
Eu quero sumir
Pra todos eles
Que não me escutam
Que não me conhecem
Não sou mais capaz
De sentir a arte
Nem os textos, nem as vozes
Muito menos essas cores e formas clichês.
Se eu pudesse
Vomitava tudo que conhecia
Pra recomeçar do zero
E reconhecer vestígios de alegria

quinta-feira, 3 de março de 2016

Há um vazio que permeia tudo
E me anoitece por dentro
Queria antes ter vivido
Em perpétua escuridão
A assistir o pôr-do-sol
De todas as manhãs

quarta-feira, 2 de março de 2016

Mary N.

I know
The next time I put
This on my dirty mouth
I'll call your name
Like I was expecting
For you to come and kill me.
I know
There will be a next time.
But I don't know
How long will it take
For me to do drugs
Twice again.
I miss you
Like my everynight
Depended on you
To exist.
I wanna run
To somewhere I don't know.
I need to forget my own name
So I'll be cool reminding yours.
I'll get mad still
So many times.
It doesn't really matter
How old am I.
I'll throw myself on stage
And wait for you
To get me out of there.
But I don't think
You'll ever recognize me like that.
You've never seen
My real face.

When I sing for you,
When I dance
On the middle of the floor,
I know you won't see me.
You won't hear
Your beautiful name
Being called.

And then,
I'll disappear
Like you wrote
On your childish notebook.
And I'll do it
All over again
With your pretty words
On my dirty mouth.

I'm a slow mess

Você não vai entender
Quando eu tentar explicar
Que voltei a fumar.
Você não vai entender
Quando eu disser
Que acordei ouvindo Ed.
Você nem tinha entendido
Na época em que eu costumava ouvi-lo.

Você, como todos os outros
Não vai entender
Por que eu fiquei quente de repente
E qual é a importância
Do sangue correndo
Pelas minhas artérias.
Você não vai entender
O meu silêncio,
Por mais que também tenha o seu.
E não vai me perguntar,
Se interessar sequer.
E eu nem vou tentar te explicar.
Eu estaria perdendo o meu tempo.

Por isso resolvi
Me esconder.

Se vivêssemos em outro mundo,
Talvez metade do meu arrepio
Fizesse sentido.
Mas, você sabe,
Eu vivo em um mundo tão imenso,
Tão diferente de tudo
Que realmente é.

Se eu tivesse chance
De te tocar,
Talvez fosse capaz de suportar
A minha decadente ilusão.
Mas você não entende.
Ninguém vai.

Como ninguém me ouve,
Como se curvam de costas,
Como somos apenas
Um despejar recíproco
De palavras fúteis,
Eu me calo.

Um, dois, três.
E a voz dele me esquenta
Num dia impaciente.
Eu vou morar aqui,
Distante de tudo,
Ausente de ti.

Cubro meus olhos
E orelhas,
Como se admitisse
Uma paz insalubre.

Não choro,
Desperdiço sorrisos
Silenciosos.
Mas,
Se chorasse,
Seria de solidão.