sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

1 real

Sinto e penso tantas coisas e queria escrevê-las. Não tenho tempo ou forças. Me desculpe por decidir descansar. O silêncio agora vai falar por mim.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

My Little Princess

Me masturbo
De forma perversa
Para esgotar a ira
De ser violentada
Enquanto assisto a um filme
Que retalho
Em meio aos meus suspiros
Agonizantes
E o sol nasce.
Eu me derreto
Um bicho
Pronto para o abate
Enquanto o ar congela
Minhas vias respiratórias
E me infecta por dentro
Eu sou um poço de perversão
E violência
Um demônio em sacrifício
Flechado em seu olho direito
Esperando a morte
Eu sou a combustão
De um material tóxico
Vadia abusada
E destruída
Roubada de si no início
Espírito assassinado
Demolido
Destroçado
Algo entre a podridão e sexo
O chumbo que carrego, a culpa
Por ocupar espaço
No mundo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Sonhos

Acordei mais uma vez
Com essa rejeição pela realidade
Não que em meus sonhos seja melhor
Não tenho sonhos lindos
É só que neles tudo é tão imediato
Eu não sou responsável pelo meu futuro.
Quando eu acordo
Preciso de energia
E me falta
Preciso de vontade
Não tenho
Preciso satisfazer alguma coisa
Meus desejos estão mortos
Enterrados
Não tenho motivo para levantar
Tenho compromissos
Coisas que me tiram de casa
Que me levantam
A constante necessidade
De comer açúcar
Pra ter energia
Alguma
Não quero ter energia
Ou fazer coisas
Quero fechar os olhos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Antrax

Eu fracassei.

Desde meu fígado,
Aos prantos,
Ao meu pulmão
Cauterizado-
Eu fracassei em tomar banho
Manter-me limpa de mim
De minhas desesperanças
E desejos desgraçosos

Fracassei em escovar os dentes
Passar fio dental
Acordar pela manhã
Dormir pela madrugada
E sobretudo na exaustiva tentativa
De encontrar um sentido pra viver.

Não tentei.
Por um dia, deixei passar,
Vi se acumularem em meu quarto
Os restos empoeirados
Meu antrax,
Pedaços de alimentos,
Objetos perecíveis,
Roupas contaminadas
De mim,
Da minha sujeira,
Do meu descaso e tristeza
E meu quarto agora carrega
O cheiro morto da minha alma.

Eu não cumpri com meus deveres,
Não fui pontual,
Não organizei minhas coisas,
Estendi a roupa no varal,
Eu não lavei uma louça,
Ou economizei dinheiro,
Ou fui gentil.

Eu desabei no chão da sala
Com aquela garrafa de bebida
Que espatifou dentro de mim
Mastiguei o tabaco cru de meus cigarros
Igual se fosse a carne crua da vida
Da morte e da violência
Da minha vontade de morrer.

Não tenho gosto por isto
Por esta vida vazia
Tudo que sei é pútrido
Corrosivo e doente
Tudo que sei está morto,
Como eu,

Em 30 dias
Deixei de existir.

Happiness

There's something about
This dense sense of happiness
That kills my soul
From inside
The closer I get
To these very living people
In flesh, sweat and sound,
The nearer I find myself
To smell the poisoning herbs
Trapped and anchored
To life,
The less I know
About what happiness really is
And less I know
About who I even want to be.

Death has been
For all these years
My dearest friend
My only companion
To be free
Is to experience
An unending emptyness
A doubtable sort of existance
I never know if I was ever there.

So, I lock myself in.
Turn down the lights in my room.
Pretend I don't exist,
Try to breathe instead.
Because,
If I go out another time,
I will get hurt,
I will wish to get hurt,
And I will search for my pain.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Destoante

Não sou de aparências
Não quero ser
Se perco a linha
Se me perco e peco
Perante meus próprios princípios
Se rogo a morte de outro
Se me revolto
Sou a consequência de meus atos
Não rezo ou peço perdão,
Assumo a culpa
Não sou a vazia justificativa
Daqueles que falseiam o ser
Sou meus machucados, cicatrizes,
Matéria orgância
Excessos expelidos de mim
Sou o sebo, o caos, o medo
Mas não sou a reprodução condenada
Repetição programada
De tudo aquilo que já fracassou
Sou o feio,
O desprezível,
O deplorável.
Aquilo que há de mais humano
Na sociedade,
Sou em mim
O que nos torna todos reais.