terça-feira, 30 de junho de 2015

18,11

Eu deveria te ligar hoje
E mal consigo manter uma conversa
Por mensagens
E agora eu não consigo escrever
Eu nem quero escrever
Isso é uma farsa
Eu só quero assistir série
Até ter tempo de perceber
Que nem isso nem nada
Vai me fazer sentir melhor
Como aquele livro de colorir
Todo rabiscado
Por crianças de três anos
Inconsertável
Sujo
Que angústia enorme
Nada disso faz sentido
Eu queria sumir
É como se ele fosse meu ex
Já dizia a Carolina
Sábia menina que eu tenho abandonado
E Fred, Lúcifer, Ricardo
Eu tenho abandonado todo mundo

Ora, Alice
O que você está fazendo?
Eu preciso dormir
Está tarde,
Está cedo demais

Difusão de papeis

O que mais me entristece
É que eu já não reconheço a url ou o design
Eu não conheço mais teu rosto
Me percebo em profundo desinteresse
E já não faz sentido a tua companhia
Direto para a minha lista de resgate
Quem possivelmente entenderia
Que eu nunca sei finalizar coisa nenhuma?
E essa linha mal construída
Entre a realidade e a ficção
Dos mais de cem episódios seguidos
Eu já não sei o que estou fazendo
Isso não faz sentido
As duas reprovações
O vômito forçado
Por que isso parece uma coisa boa?
A fome
A vontade de beber todos os dias
O horário mutável
As tardes desperdiçadas
E um sonho com um tigre????!?
Eu nem escrevo mais
Isso é um completo desastre
Eu sou um total fracasso
Eu deveria ter amigos, sair,
Pelo amor de deus, trepar com alguém
Ou no mínimo estar pateticamente apaixonada
E parece que eu não estou
Odeio isso
Tenho evitado o chuveiro
E a porta da sala
Tenho evitado conversar com as pessoas
Dentro ou fora da internet
E me sinto sozinha
E ele não pode me curar
Porque ele não me ama

Estou fugindo
Pra não tentar morrer
Não lembrar que eu sou uma falha
A faculdade, os pais, a casa, o corpo, o menino, os amigos
As pinturas incompletas, garrafas escondidas e cigarros perdidos
A geladeira vazia, ô, que inferno, as roupas jogadas, o frio
O calor, a falta de libido, o descuido geral, a bagunça no armário,
Todas as outras coisas
E nenhuma esperança
Esperança zero
Não quero
Não quero nada
Além de querer os quereres do passado
Isso está errado
Vamo embora, Mel,
Faça o seu trabalho
Vá dormir

Móbile

Não vou te amar.
É só um tempinho de espera,
Tá tudo bem.
Eu aguento.
Eu tenho aguentado,
De uma maneira meio capenga, mas tenho.
Quer dizer,
Olhar tudo que eu posso,
São poucas informações,
Apenas olhar
Como se eu pudesse olhar você
Na minha cama.
Tudo bem.
Está tudo morrendo, eu sei.
Ela sabe o que faz,
Apesar de você não saber tanto.
Quer saber?
Vai dar tudo certo pra vocês.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Café,

Quando eu era pequena,
Eu amava o cheiro quente e salgado
Do café sendo feito na hora.
Eu seguia aquele cheiro até o copo
Só para não prová-lo.
Descobri uma vez
O quão diferente era o gosto
E passei a ignorá-lo.
O cheiro me bastava.
E pouco a pouco
Foi morrendo a magia.
Eu bebo café às vezes,
Não tem graça.
O gosto,
O cheiro já nem importa mais.
A efemeridade do prazer
Ficou no ar da minha infância.

Assim é o amor, querido.
Assim é o meu amor por você.
Como o cheiro indegustável do café.
Como o efêmero gosto do aroma falso.

Stomach

Nevermind
It's not working anyway
What am I supposed to do?
Why should I hide?
I drink
I cry
I miss
And I search for you
One more time
Or twenty others
Where should I go?
I am helpless
I am homeless
I am hopeless

terça-feira, 23 de junho de 2015

Ed

Kiss my sores,
You said
You're such a liar
Why did you just... ?
I mean
Why did you hurt me like this?
Why couldn't you tell me the truth?
You didn't care about me
How did you make me fall?
How could you make me
Believe so hard
That you loved me?
I ache everyday
I cannot live like this
I wanna kill myself,
But I drink and cry alone in the sun
I don't wanna smoke anymore
I miss you so much
I listen to this guy
He reminds me you
For such an idiot reason
I don't wanna do this anymore
Please, stop
Please, call me
Be my friend again
Or just
Kill me
I can't even live with myself these days
It's been so hard
Without you

I miss your voice
And everything else

domingo, 21 de junho de 2015

Livro de colorir

Eu continuo observando coisas que não fazem sentido pra mim. Queria pintar meu cabelo de azul, de preto, e aí emagrecer. Queria ter a pele bonita, uma mente limpa, uma vontade sã. Tudo isso falta. Falta paciência e talvez compreender que é tempo de ir. Eu acordei hoje pensando em você de novo. Mentira. Quando o dia começou, e o sol me viu pela primeira vez nesse domingo, eu já havia passado uma inteira madrugada pensando e despensando em você. De dez em dez minutos. É o tempo que dura a realidade, não é? Talvez não. A manhã viu estampado na minha nuca o sofrimento estranho de não te ter. Eu me sinto indigna de tudo isso. É como se eu não merecesse viver depois de desamada por ti. Quem é você? Por que eu te amo tanto? Sua falta não tem nenhum sentido, lógico, prático ou moral. Você é um absurdo que me aflige. E por alguma razão, domingo é um dia especial para sofrer por tua causa. É isso. Domingo é o feriado da nossa relação (que já inexiste a este ponto). Tudo em mim coça para falar com você. Eu escolho cores, rabisco, renovo as camadas da minha pele em agonia. Espero que a chuva volte e te traga com ela. Para que eu tenha tempo de estar contigo e descobrir que te desconheço. Que não te espero ou desejo. Mas é preciso tempo, espaço, paciência. Temo que o estoque seja escasso e o preço alto. Temo que não tenhas nome, endereço, ou ainda sangue correndo nas veias até hoje. E que você desapareça no vento, com a minha vontade de ser feliz. Carregando consigo todas as coisas invisíveis que eu degustava nos meus suspiros. Apaziguando meus ânimos e impulsos nervosos tão queridos, me deixando só. Não quero ficar só. Quero você. Não vai embora.

Não vai embora.
Fica.
Volta.
Eu ainda te amo.

Nem o brigadeiro

Que vida horrível.
Estou comendo sem vontade de comer,
Vivendo sem vontade de viver,
De pintar, de escrever,
De estudar
E sequer de amar alguém.

Eu me sinto mais perto
De me sentir humana
Quando te permito
Ausentar-se em mim,
Com voz em fuga,
Me sugando o ar,
Existindo
Em outro lugar
Que não aqui.

Apenas quando doi
A minha saudade
Eu insisto
Em querer sentir
Alguma coisa.
Mas é só dor, sempre dor.
Tristeza e vão.

Eu queria te amar,
Mas tu não recebes mais
Minhas cartas apaixonadas.
Tu não me amas.

sábado, 20 de junho de 2015

My sad face

Provavelmente, o fato mais confuso sobre a vida é que ela se parece com a morte. Entre outras coisas, existem principalmente a depressão e o suicídio. Sendo o segundo a morte e a primeira a vida. O que parece não fazer muito sentido. Mas faz. Antagonistas tão intrinsecamente conectados... É a minha triste realidade. Encare os fatos. Reality is sad. E o que há de mais bizarro no lado negro da força é que o suicídio tem um forte poder de contaminação empática. Contra o qual eu fujo todos os dias. Mas novas histórias me encontram. E eu sei que não serei amada. Toda vida é uma luta diária. Todo acordar é uma nova série de composições mentais. Tento sobreviver. Tento querer estar aqui. Ceder e resistir sempre aos lados certos. Don't give up, sweetheart. Não acredito muito no universo e tenho raiva de deus. Eu sou deslocada, apenas. Solitária. Tudo aqui é triste (sem ele).

Desconforto refrescante

Sonhei contigo outra vez
Ah, querido
Você se sentou num canto comigo
Era tão arisco
Queria carinho
E explorar a minha casa
E sumir
E eu te amei tanto
Você era como uma criança
De três anos e meio
E aí você foi embora
Até no sonho você foi
Eu me despedia
Pedia pra você ficar
Não te vi ir
Eu acordei
E foi tão triste perceber
Que eu não podia ouvir a tua voz
Quanta falta
Você faz

O dia estava bonito
Quando saí
Havia um bebê invisível
Mordendo minhas tripas
Mas eu te amava
E tava tudo bem

Eu encostei em você
Que saudades
Poderia ser sempre assim
Se eu pudesse
Não saía daquela cama
Nem desligava o telefone
Nem me calava
Nem ia embora

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Azard

Comprei um sanduíche
Que vomitei
E uma caixa de cerveja
Que não bebi
Perdi a madrugada
Estudando
Depois de perder o dia
Doente
Para ser reprovada
No fim
Com nota baixa
Eu precisava 
De três pontos a mais
Será que você tá vivo?
Como eu descubro?
É sexta-feira
Dezenove, não treze
Mas o meu anel da sorte
Rachou
Tem algo errado
Eu não devia sair de casa
Não tenho apetite,
Apenas fome
Não tenho vontade
De companhia
Pelo menos Rosa
Hoje
Foi um espelho gentil
Não sei
Se me perdoei
Um pouco
Ou se menti
Se foi a chuva
Ou se eu só não queria
Esperar a morte
Ansiosa
Ansiedade não mata
É um paradoxo
(São como maldições)

Neuromatemática

Hoje é dia 19.
Eu escrevo na minha agenda
De novo.
Na ponta do lápis
As contas,
Tentando organizar
Meus sentimentos.
Dia 26
Você me odiava.
E depois disso
Nada mais existiu.
Todas as outras
Vinte e quatro noites
Eu pensei em você.
E antes de dormir
Procurei
Pra ver se tu tinha escrito
Algo novo.
Eu ainda te amo,
Acho.
Ainda estou cheia de mágoa.
Nem tive tempo
De me despedir.
Dia 9
Você me disse
Para ir embora.
E eu fui, por fora.
Mas por dentro
Eu fiquei te olhando.
Te achando bonito,
Te vendo defeitos,
Querendo ver mais de perto,
Não podendo.
Eu conto os dias
Pra saber se já tá na hora
De parar de sentir sua falta,
Para descobrir
Se essa demora imensa
É só minha,
É porque eu muito te amo,
Ou é normal,
Do cérebro,
Pura adaptação neuronal.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Parede azul de lágrimas secas

Você lançou sua última carta
E eu achei que ainda houvesse tempo
Mas não tinha
E eu achei que logo te esqueceria
Não contava
Que ia me sentir mal
Todas as vezes que já não te amasse
Não coloquei na balança
A infinda seca dos jardins
Dos meus diários
Não percebi que viria
A parar de pintar quadros
E escrever livros
Não vislumbrei essa vontade de
Ausência
Que agora me toma todos os dias
E me abandona todas as noites

Sinto saudades
Toda vez que me deito pra dormir
Procuro textos novos todo dia
Releio
Não confio nadinha em você
E nas possíveis coisas
Que você me diria
Se ligasse
Mas você não dá a mínima
Importância
Pra nada disso
Nem pro fato de eu estar chorando
Com um texto que eu já li e reli
E tatuei dentro de mim
E daí?

Me incomoda sim,
Como faltasse metade do meu cabelo
De um dia pro outro,
Fico triste,
Me isolo como uma maldita baleia
Antes conversando com essa parede, azul
Do que com qualquer pessoa
Desentendedores
Antes falando com ela
Que contigo

Você é um arrogante de merda

domingo, 14 de junho de 2015

Recheio, ponta

A massa pronta de pastel
E o recheio que não lhe cabe
Fura a massa, rasga
Não tem massa sobrando
Pra consertar
Não existe cola
Ou salvação
Praquele mesmo tanto de
Recheio e massa
Inutilizáveis
Não correspondem
Às expectativas
Do óleo quente
E da boca
E permanecem
Em cima da bancada,
Da bandeja,
Em frente a pasteis perfeitos
Sem um caminho pra seguir,
Se frigideira e boca,
Desgosto,
Se saco de lixo,
Pena
Então permanece na espera
Erro, defeito
Pastel furado, incompleto
Recheado,
Não coberto.

Impasse

Eu já quase não escrevo.
Não vou mais ver Rosa,
Não tomo mais aulas de direção.
Voltei a pintar.
Sonhei contigo.
Eu podia te pedir abrigo,
Mas você nem meu amigo mais quer ser.
Eu tenho medo
Que essa vontade de ninguém
Me tome conta
E eu desapareça.
Me sinto com vontade de calar
De queimar meus textos,
Meus quadros,
Meus cabelos.
Me sinto com vontade
De não mais ter amigos
De não pedir ajuda
Eu não confio em ninguém
Porque escolhi te amar
Nunca foi justo
Nunca foi correto
Eu queria tão profundamente
Como um faminto por sobremesa
Depois de um interminável jantar
Não faz sentido
Eu sinto sua falta ainda
Eu não seria saciada com a tua volta
Eu sei,
Mas meu peito parece não saber.
Eu te visito,
Não muito frequentemente gozo,
Raramente durmo em paz
E penso em você todas as noites.
Não posso amar,
Não posso sumir.

Pó mágico

Se eu insistisse em
todos os dias
escrever e recitar
os mesmos versos
não faria sentido algum,
Mas se toda noite
eu releio
o mesmo poema
que escrevestes para mim
é tudo aceitável.
O amor tudo permite.

Essa escravidão interpretada
E reincidência no crime
Da procura
São absolutamente perdoáveis,
E por isso durmo em paz hoje
E em todas as seguintes vezes.

Nunca te entenderei.
Talvez sempre te ame.
Eu nunca aprendi a desamar,
Mas aprendi a estancar o sofrimento.

Você não mais me escorre,
Cicatriza no meu braço.

Abençoado seja
Por me visitar
E por partir.

Eu te liberto.

sábado, 13 de junho de 2015

Intransponível

Me mate enquanto ainda há tempo
Ainda não é tarde, eu te prometo
Finca as tuas unhas na minha nuca morta
Tu sabes que aqui nada me importa
Com todas as luzes e breus
E pessoas rezando por um dia bom
Com todos os encantos e defeitos meus
E nenhuma das vozes carregando o mesmo tom
Que o teu,
De derrota, de morte, de fracasso,
De desprezo por toda a raça humana
Inferior à tua divindade
Tão iludido, tu
Mas eu te amava
Eu já não te amo,
Mas ainda sinto saudades
Então me agarre agora nessa madrugada
Dá pra ouvir os seus sussurros bem pronunciados
Na minha orelha quente
Dá pra ouvir tudo aquilo
Que você finge que sente
Tu, o fantasma de todos os sentimentos,
Nunca humano, nunca possível
Vem aqui com teus versos malditos
Traz uma faca, uma corda, ou os teus comprimidos pretos
Dá uma daquelas risadas de deboche
Como se fosse um deus condenado
Eu queria que tu me fodesse, me rasgasse em várias,
Queria que tu me amasse
Mas nem sabias ao certo
Pronunciar meu nome
E o que era isto
Se agora este vazio tão compreensível
E tão claro
Já ameniza todas as adversidades?
Eu não quero viver,
Mas continuo fingindo,
Fingindo que existe futuro pra mim
Só porque eu não choro por você
Porque não te confio a minha vida
Nada disso faz sentido
Eu só busco caminhos errados
Tudo me incomoda
Nada doi demais
Nada me satisfaz
Eu quero ir embora
Quero ir lá pra fora
E deixar essa infelicidade aqui
Não sei mais o que querer pra ser feliz
Não quero nada
Quero morrer
Quero morrer
Quero que você morra
Mas
Mas
Não posso mais falar
Adeus

quinta-feira, 11 de junho de 2015

quarta-feira, 10 de junho de 2015

terça-feira, 9 de junho de 2015

Desgosto Desgosto Desgosto

Raiva.
Muita raiva.
Desgosto por todos eles.
Qualquer barulho é melhor do que nenhum.
Não aguento meus pensamentos críticos,
Deturpados.
Vontade de quebrar coisas e pessoas.
Não aguento essa solidão absurda
E essa autoestima baixa,
E essa vontade de morrer,
Que insiste e insiste
E insiste em me cutucar
Nos ombros doloridos
De ter a cama quebrada,
Da noite mal dormida,
Da prova feita numa posição ruim.
Provas,
Manhãs,
Madrugadas,
Dor de estômago,
Dor de existência.
Perda
Cada ser humano
É uma nova esperança
Que escorre ralo abaixo.
Eu odeio viver
Eu odeio viver
Eu odeio viver

Eu odeio

Viver

Me deixa ir embora
Me deixa desistir
Não aguento cair e cair e cair
É repugnante
Esse estilo de vida
Patético
Desprezível

Morrer é bem mais simples
Eu não tenho salvação.

Urubu

Apesar de seus sapatos caros e cabelos extrovertidos,
Havia solidão nas suas coxas gordas
E miséria em seus olhos tediosamente castanho-escuros.
As costas mal arqueadas faziam parecer seus seios
Dois pêndulos, carregando em si todo o desgosto
Pelos dias que a precediam, e também pelos que viriam a surgir.
Não tinha passos leves nem ar taciturno.
Parecia ser essencialmente a incoerência,
Vestida sistematicamente em sua camiseta preta e calça jeans,
Carregando no mesmo bolso as mesmas coisas
E no peito as mesmas mágoas fazia anos.
Não era possível prever o que a empurrava ladeira acima,
Debaixo de sol quente ou chuva fina.
Não fazia sentido aquele ser, quando não estivesse em sua cama.
Era ela, ali, humana como qualquer outra,
Infeliz como qualquer paralelepípedo daquela rua
- já fazia setenta e oito meses, talvez mais, que os conhecia.
E o que haveria de incomum ali naquela pessoa,
Senão a própria tendência do homem a permanecer de pé?
Mesmo curvando os ombros e aceitando a perda, todos o fariam.
E os que não fizessem, seriam certamente mal julgados.
E em seguida, esquecidos. Como a todo resto. Como a todos nós.

Oh, my baby

Eu vou sentir sua falta, criança
Mas você tem a liberdade
De se matar
Longe de mim

Ritmo, propriedade

Explode a bola de chiclete
no céu da boca
Mentalizando o estouro
Da arma apontada pra cabeça
E a consistência dos miolos
Espalhados pelo chão

Escreve a frieza do outro
Na quentura da própria pele
Aguardando alguma
Resposta à prece
Algum sinal inconclusivo
De redenção

Se agarra a paredes,
Muros, portões,
Qualquer coisa que a proteja
Da queda
Mas é inevitável que
O concreto a toque
É imprescindível
Que as contradições reinem
Por período incerto

Há necessidade tanto dessa
Permissividade exaustiva
Quanto desse estúpido
Isolamento afetivo

Paciência é a chave-mestra
De todas as coisas
Paciência.

É preciso muito amor próprio
Para sustentar a responsabilidade
De escolhas autônomas

É preciso muita fé
Para manter alguma coisa em foco
E permanecer em dia
Com a própria consciência.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ensaio do não-amor

Eu sinto muito.
Queria que não tivesse sido
Desta forma.
Queria não ter escutado
Tuas mentiras.
Queria não ter me decepcionado.
Porque neste caso, ainda te amaria
Como amava no ano em que
Nos encontramos.
Não doeria,
Eu seria capaz de te salvar.
Mas tu buscastes caminhos
Mais confusos.
Ainda acredito numa alternativa.
Eu tenho fé
Em coisas que você
Não entenderia.
Ainda acho que te posso colocar
Na minha realidade
Pré-concebida.
Ainda acho que posso
Te resgatar
Dessa cegueira branca.
Como é possível assassinar a crença?
Com doses
E doses enormes
De traição?
Não teve efeito.
Talvez leve tempo.
Não sei se carrego
O tempo que me exige.
Talvez eu me decomponha
Ainda antes de alcançar o chão.
Talvez eu abra o meu peito
Para acomodar a tua breve morte.
Insistente ida.
Talvez eu deva me pôr de pé
Outra vez.
E atacar e atacar
Até que tu sangres
Frente à minha luta.
Quis defender sobretudo
Quem tu eras.
Tu e apenas tu.
Não queria que inventasse gestos,
Danças, fantasias.
Queria acariciar tua face feia.
Estás matando a ti mesmo.
Eu sentirei falta.
Provavelmente
Continuarei tentando
Te arrancar
Desse fim de poço,
Que tu pintas de paz
Com a moça insana.
Ela não te ama.
Eu sim.

Miopia

Coleciono fotos tuas.
Tu não tens nome
Em toda a face da Terra.
O próprio dicionário
Desconhece o teu significado.

Talvez o ódio incutido
Na miserável raça humana
Seja capaz de me curar
Desse estado de falta,
Como deveria ter feito
A tua imagem.

Canto versos em línguas
Que teus olhos não alcançam.
Te calastes, e eu já quebro
Todas as promessas recitadas.

Não há melhoria possível
Na minha composição
Enquanto ser
Que vive atormentado,
Que seja capaz de virar o jogo,
Mudar a direção da queda d'água.

A gravidade não mente, querido.
Tudo acontece de acordo
Com a força que não pode ser contida.
Prevalece um de teus lados.
Prevalece a minha partida.

Aceitar é tão estupidamente difícil
Quando se trata dos teus fios de cabelo
E dos teus olhos perdidos.
Quando desenho os teus braços
Permanentemente rabiscados.

Como o vapor do banho quente
Faz ao espelho,
Tu deformas toda a realidade
Que te sustentava.

Eu escorro pelo vidro que forra a prata,
Tentando limpar alguma coisa,
Tentando enxergar alguma essência.
Mas embaça cada vez mais,
Embaça tudo que me impede
De te buscar.

Nada aqui existe.
Nem nós.

domingo, 7 de junho de 2015

Prólogo ou Epílogo de Alice

"Quem és tu, afinal?"

"Não sou."

"Então não existes?"

"Não como eu, não. Apenas vivo.
Respiro e tento me satisfazer.
Mas, ser, não sou.

Não há identidade que me caiba, dona lagarta."

"Mas, Alice..."

"Um nome é apenas um nome. Não significa."

"Desta forma, os meus dez centímetros não diferem dos teus."

"De maneira alguma. A efemeridade das coisas é tão imensa, que já nem faz sentido dar tanta importância a algo tão banal quanto uma identidade."

"E como escolher um caminho sem uma identidade?"

"Aí que está. Não é preciso escolher um único caminho. Assim como a sua forma, todos os caminhos são mutáveis. Não é preciso ser para agir. É preciso querer."

"Nunca será possível querer uma única direção."

"E não é necessário. Desde andemos para algum lugar. O movimento causa a ilusão de existência. É disso que eu preciso. Creio que precisamos todos nós."

Simetria

Se todas as coisas que existem
Tivessem seus devidos nomes
Talvez não fôssemos todos
Tão fracassados.

Se nada nunca tivesse sido nomeado
E nós fôssemos afinal
Parte de um mesmo todo,
Partes exatamente iguais
Talvez houvesse esperança.

Mas não há.

Não somos motivos,
Não somos seres,
Não somos resultados.

Todo ato seguido de consequência
Parte do acaso e da contradição.
Toda tentativa permite falha,
Mas nem toda desistência garante conhecimento.

Não há certezas plausíveis,
Não há verdade.
Mas num mundo em que
Nenhum futuro pode ser provado,
Tudo é possível.

E a possibilidade é a chave mestra
De toda e qualquer ignição.
Eis o lugar de onde parte a vida
E onde nasce a catástrofe.

Neuralizador

Recito os dias da semana
Como a tabuada
Esperando que surja dali
Uma importância
Mas todos os dias
São iguais

Me sento em frente a você
Reflito a respeito
Teu nome está proibido
Por uma semana
Te dou chances que você não enxerga
No meu mundo
Existem castigos e recompensas

No fim do mês de junho,
Terei permissão para te ligar.
Até lá
Você não existe.


26, 2, 9, 16, 23, 30

No lo puedo

Coração apertado
É domingo, é domingo
E não vejo futuro pra mim
Ninguém sabe o tamanho
Do meu descaso
Ninguém sabe o desânimo
Que me possui
Ninguém sabe o tanto
Que eu te amo ainda
Te queria na minha vida
Era tudo,
Exatamente
Já não faz sentido
Viver essa mentira tão imensa
Sempre acontece no domingo
Quando eu percebo que existo
Que uma vida me espera
Eu te queria pra sempre
Eu te queria comigo
Se você pudesse
Ser ainda meu amigo
Mesmo que não me amasse
Aquele tanto
Eu queria estar em paz
Mas eu te amo
Eu...
Me ajuda, amor
Fica comigo
Volta
Não vai embora
Luta por mim

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Miguel, Alex, Max

Se chega, despede-se das convenções.
Alisa o abandono acompanhado,
Goza o maltrato que permeia o status.

Eis aqui a única chave não numérica
Que tens ainda.
Porque te decidistes desta forma.

Hei de amarrar e amordaçar
O meu eu amante.
Hei de nunca assassiná-lo,
Porém nunca lhe ser cortez
Em prol da liberdade.

Entendo que a liberdade exige
Que seja feito o certo
Bem como o errado
Simultaneamente.

Mas é preciso antes
Que haja troca
Entre o ser e o mundo.
O existir é o único capaz
De tomar forma.

A parte de mim que fica
É esta.
Somente esta.
O resto se vai.

Adeus.

Salut

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Amigo Imaginário

Me ponho a escrever.
Crio um universo,
Seres dentro dele.
E desses mundos todos
Nasce um blog.
Está escrito em todas as paredes
Como se eu morasse
Em uma solitária.
Há versos, delírios,
Alternativas para a verdade
Que não me satisfaz.

Dentro dessa
Exposição,
Numa bíblia de oitenta páginas
Que mudam de cor
Conforme a posição do sol,
Mora um menino.

E o menino, quando fala, recita
Os meus absurdos escritos.
Haja memória interna
Ou capacidade de absorção.

Cozinha dentro de si
As minhas profecias.
Surge, some, ressurge das cinzas.
Decide pertencer à minha
Projeção insustentável.

Tenta escolher um personagem,
Mas muda de ideia conforme
Eu vou arrastando os meus gostos
Por lugares inesperados, inexplorados.
Não se decide por uma fantasia só.

Ah, esses meninos
Lunáticos.
Um amigo imaginário
Para mim,
Que não sou louca.
Ah, não.
Eu apenas escrevo.

Lista Urgente

O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares
A Menina que Não Sabia Ler - vol. 2
A Menina Sem Qualidades

A sensatez de Ana

There's a world full of disgraces
Away from you.

Aqui, no mundo real,
Eu sinto vontades verdadeiras
De cortar a minha pele.
Aqui, eu fumo alguns cigarros.
Não é glamuroso, é apenas normal.
Aqui eu sinto raiva,
Tenho que estudar pras provas,
Tenho que ser alguém.

Aqui não existe Melody, Isabel, Alice.
Existo eu.
Com raiva, cansada, triste, com calor.
E a cama quebrada, vontade zero, sono em prejuízo.

Aqui você não é ninguém.
Nem com essa sua foto escrota
Nem com seus textos bonitinhos.
Aqui a sua mediocridade se exibe.
Tudo faz sentido.
Você volta a ser real e repulsivo.
É da natureza humana desprezar.

Aqui, longe do paraíso adolescente,
Não há resquícios de amor
Ou entretenimento.
Não há boas justificativas
Para o surgimento de super-herois.

Daqui,
Você é tão humano
Que eu tenho decorados
Teus defeitos, um a um.

E não se justifica
A minha pirraça,
Porque você é só
Outro rapaz.

Toda ausência de sexo
É facilmente traduzida
Em masturbação.

Nós, homens, somos o gado de Deus.

Porque nascemos pra pecar.
E comemos capim,
Nos reproduzimos
Feito praga.

Porque nossos olhos secam
De tanto vento
E nossos joelhos doem
Com o nosso peso
Ao subir o morro
- o mesmo morro -
Mais uma vez.

Porque há sempre coisas
Que nos assustam em bando
E sabemos da morte,
Sem correr na direção oposta.

Somos conformados
Como o bife no jantar de alguém.

Pero, se hay una cerca,
Hei de tentar pulá-la
Como fariam as vacas
Em determinadas ocasiões.

Alex vs. Ana

Primárias

Verde,
Vermelho,
Preto.
Ciclo de cores
De vontades
De vida.
O período de latência,
Crisálida escrita,
Chás.
Sexo,
Anarquia,
Violência.
Luto,
Ódio,
Isolamento,
Depressão, suicídio.
O ir e vir do blog
E da personalidade
Eu sou um triângulo.

Reversibilidade

Tão ridícula e farsante quando apaixonada
Que cabem os mesmos versos
De ano em ano
A cada vez endereçados
A uma nova pessoa.
Miguel tomando o nome
Do indivíduo perdido da vez
E tudo se repete
É ele, ó salvador
É ele que tanto morre
E os apelos são os mesmos
Brinquedos meus
Para tentar gostar da vida
Numa enorme alegoria
Numa alegria fingida
É tão assim, inóspito
A releituras
Patético de tão infantil
Inconsistente, negligente, forjado

Daqui a três meses
Estarei lendo e relendo
E pensando "é tão normal assim"
Depois de gritar versos desesperados
De amor
Eu deveria dizer que amo com menos frequência
E também com menos frequência
Dizer que desejo a morte.
Talvez eu possa não ser a paixão medíocre e estúpida
E o álcool, cigarros, cortes
E coisas repetitivas, suicídios,
Talita e Miguel - a dupla dinâmica

Ainda procuro alguma identidade
No mundo real, Débora
Não os pais, não os filmes, livros desenhos
Não as músicas ou os amores
Não as minhas próprias invenções

Eu.
Autônoma.
Existente.
Genuína no que diz respeito
A sentir coisas pelos outros
E não apenas repetir
O comportamento padrão.

"Receita vegan para gatos vampiros"

Negativas

Atento as orelhas.
Será a campainha?
Ou apenas passos de
Seres do outro lado?
Você não está.
Quandos copos já foram?
Quantas vezes ela já gozou contigo?
Você já decidiu
O que fazer com a sua vida
Ou vai continuar
Nessa imundice?

Praguejo os dois.
É claro que sim.
Preciso odiar
Para limpar
Toda a mágoa de
Dentro de mim.

Quarenta socos em
Quatro travesseiros
Amarrados no meu
Guarda-roupa
Imenso e resistente.
Um punhado grande
De dores musculares.
Tão bom sentir dor
Nessas horas.
Tão bom poder
Cantar o meu escárnio.

Eu olho de novo e de novo.
Verifico qualquer update.
Preciso estar informada.
- Para quê?
Não faço ideia.
Apenas preciso.

Pra manter a calma.
Os dedos compulsivos
Insistem em traçar
Os mesmos caminhos.

Chega de proibições.
Liberdade, liberdade, liberdade.

Desprezo pelas tuas coisas.
Animal em queda
Ataca o chão a todo custo
Quando chega.

Há coisas aqui
Sobre a vida
Que ninguém se deu ao trabalho
De resolver.

Não sei onde cabem as coisas.
Não sei.
Não sei
As opções de recheio
Que eu posso usar.

Cada dia
É uma nova diferença sobre tudo.
Abençoada seja
A partida da noite
E a chegada do dia.
Mesmo que tão vazia a existência.

Mesmo que tão traída como pessoa,
Como amiga,
Como um pet domesticado
Para ser deixado em casa por dois meses.
Só.

Nem tudo começa
Com a mesma letra.

Mörda

Vejo a sua foto
A mesma foto
E tenho ânsia de vômito
É só isso que eu sinto
Vontade de pôr tudo pra fora
Toda a minha raiva
O meu desgosto
A minha profunda aversão
Você não faz ideia
Eu continuo falando com a parede
Turista do meu teclado
Surge de outro planeta
Dá uma bagunçada nas coisas
Vai embora
Eu achei que eu te amasse
Porque apertava o peito às vezes
Tudo passa
Tudo acaba passando
Mas ainda tenho profundo nojo
Dessa tua foto
Desse ser que você é
Do meio ao qual você pertence
E agora eu vou sair daqui
Tá me incomodando
Teu cheio é tóxico
Como inseticida

Inseticidas também podem matar humanos.

Se não fosse Deus
Não existiriam ateus.

Se não fossem os homens
Não existiria Deus.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Teoria da aceitação (da mágoa)

Você nunca me disse que a escolheria.
Mas é isso que você faz
Todos os dias.
Eu achei que você fosse meu amigo.
Eu achei que se importasse minimamente.
Eu só quis que você me amasse
Porque você disse que amaria.
Mas você não sabe amar, não é verdade?
Você só sabe escrever coisas bonitas.
Vou contar todas as suas atitudes.
Uma a uma as vezes em que você me machucou
Por puro descaso, por puro egoísmo.
Eu deveria aceitar tudo assim abertamente,
Mas preciso aceitar também a mágoa.
Preciso aceitar quem tu realmente é.

Eu aceito essa tristeza que uma hora vai passar.
Que eu sei de onde vem, de certa forma.
Eu aceito que eu ainda esteja apaixonada por você.
Eu aceito que exista muito futuro ainda me esperando.
Eu aceito as minhas noites de sono perdidas
E a minha necessidade de escrever
Sobre todas as coisas que eu sinto.
Eu aceito.

Eu aceito ir na psicóloga uma vez por semana.
Mas não quero sair essa sexta ainda,
Quero um pouco mais de luto.
Sábado há de ser um dia emocionante.
Sábado eu vou sentir a tua falta.

Eu aceito que amanhã eu não tenha aula.
Eu aceito a prova de neuropsicologia sexta-feira
E aceito ter que estudar para ela.
Eu vou estudar.
Eu vou seguir construindo o meu futuro absurdo.
Tijolo por tijolo.
Eu aceito que você não seja um tijolo
Ou um construtor.

Eu aceito a tua ida,
A tua vinda
E a tua permanência inconstante.
Só aceitando o ir e vir é possível superar você.
Aos poucos tudo se resolve.
Dia após dia.
Talvez você descubra em algum momento
O que andou fazendo comigo.
Talvez não.

Eu não dependo disso.
Eu só dependo de mim.
A responsabilidade é toda minha.
Nós somos seres condenados à liberdade.

Eis a moeda. Esperança para cima.

Libélula

Não me importa a veracidade dos fatos
Não me basta a única batalha perdida
Não me aceito na inerte loucura aturdida
Não tolero mais os teus cegos relatos

Agora tenha em mente
Que eu existo independentemente
Da tua vontade
E o teu capricho egoísta
O teu teatro
Com tão insano roteirista
Já não entra mais
No meu alarde.

Sigo,
E todos eles sabem
Como eu sigo
Porque sou tão transparente
Quanto a asa da libélula
Criatura encantadora essa, aliás

É por dentro que tudo acontece
Que tudo deve ser feito, refeito, resgatado
Este lado, apesar de incongruente
É o lado
Onde eu sou capaz de me doar
Meu próprio sopro de vida

Eu vou me sentir sozinha
Na próxima esquina
E será tolerável

E talvez eu te encontre
No meu caminho ainda
Muitas vezes

E se tudo correr como planejado
Não doerás mais
Nunca mais
Pois estarei curada
De mim mesma

Patience pray

Eu sei o que precisa ser feito
Eu sei como deve ser feito
Eu ainda não sei como lidar com o que existe dentro de mim
Mas eu vou aprender
Vai dar tudo certo
É preciso desprendimento e paciência
É preciso aceitação, autoaceitação
E preciso me permitir pedir ajuda
E ser um pouco menos louca
Ser louca não é minha identidade
Mas passa por isso.
Às vezes tudo bem querer me matar
Às vezes tudo bem me sentir extremamente apaixonada
Às vezes tudo bem não me sentir bem
Às vezes tudo bem me sentir bem também
O ser humano acontece de acordo com o seu momento
Eu tenho os meus
Um momento não define a minha identidade
Vamos lá,
Você consegue fazer isso, menina
Eu acredito em você
Você precisa sobretudo ser verdadeira consigo
E não precisar ficar mentindo para todo mundo
Não deixe que o buraco tome teu nome pra ele
Isso não é tudo que você é
Ele muito menos
Você consegue reestruturar a coisa toda
Você tá no caminho certo, só houve um pequeno desvio
Mas a gente consegue
Eu e tu
Tu e eu
Eu e eu
E os amigos
E Rosa

Deadly

I feel so empty
So cold
So hurt
So dead
I'm living dead
Because of you
Because you have me
And no one else does
I wish I could get some help
I'm trying to get it
Everywhere
But everything looks
So fucking dead
And so cold
There's no love
For anyone
There's no hope
Anywhere
You make me believe
Less in humanity
I wish I could kill myself
I wish I could kill myself
I wish I could kill myself
I don't believe in life
I don't believe in love
I don't believe in you
I wanna die

terça-feira, 2 de junho de 2015

Ugh

Arranco toda a minha roupa
Para te sentir à flor da minha pele
Tudo bem se ossos doerem por enquanto
Um pouco de dor e um pouco de frio não vão matar
(Pelo menos não hoje)
Eu vou morrer amanhã
- de novo - ?
Tudo bem, então.
Eu não sei lidar com nada
Eu sou uma incompetente
Tudo que eu faço é escrever
De novo e de novo
Tem gente que admira isso
Tolos,
Estúpidos
Eu tô com uma vontade bem forte de me matar
Pra não precisar ser alguém
Mas eu tirei a minha roupa
E não quero morrer sem roupas
Na verdade eu nem sei se quero morrer
Quero?
Eu bolei uma carta
De três páginas
E entendo perfeitamente
O meu motivo pra me matar
Qual é o seu?
Me convença.

Pare de falar comigo
Como se pretendesse resolver alguma coisa
É tudo mentira
Você é um inconsequente
Você não me ama
É de um egoísmo tão imenso

Você não me alcança quase nunca
Você talvez nem saiba quem eu sou
Ou me ama ou me ignora
Não pode os dois
Resolva isso e vá embora

Vamos contabilizar

Uma ligação por dia
- ignorada -
Cerca de três mensagens
- cínicas -
Três cigarros também
- enxaqueca -
Três é o meu número da sorte

Duas vezes por dia
- ou cinquenta e sete -
Eu tenho vontade de chorar
Porque uma coisa qualquer
Me lembra você.

Você
O tempo todo
Na mesa
No ar
No teleférico
No ventilador
No short curto
No marasmo

Você
Na minha
Falta de término
Não acaba
Nada acaba em mim
Nunca

Nem a morte
Nem a vida
Nem amor

Não existe cura
Para as coisas
Que são infinitas

Queria poder contá-las
Talvez
Se eu soubesse quantos dias
Faltam
Para tu parar de me faltar

Aqui na minha cama
Aqui dentro do peito
Aqui em todos os lugares
Que eu habito

Talvez houvesse alguma
Esperança

Tenho vontade de morrer
Com essas coisas que eu faço
Você sabe por quê?
Nós nem conversamos

Eu não tive escolha.

"Maintain"

Foi a palavra da vez.

Eu queria a simetria perfeita.
Você se esquiva
Eu também
Eu te chamo
Você me chama
Mas você não responde
Quando eu tento fazer contato

Nem toda ação
Tem uma reação
A física não explica
Porra nenhuma



Eu ainda te amo muito;

Água.

Tudo começa de novo
Com a contagem
Talvez seja uma maneira de me acalmar
Talvez eu só seja uma bomba-relógio
E queira explodir no momento exato

Here we go

Um, dois, três,
Quatro, cinco, seis dias
Uma semana a mais ou a menos
Daqui a pouco chegamos a um mês
É tudo tão fácil que só doi assim de repente
A abstinência vem em picos,
Às vezes é tudo uma calma irreparável.

Não consigo entender
Essa suspensão geral das ideias
Esse não ser de todas as coisas

Essa tua ausência inquestionável
Você sabe que eu não sei controlar meus dedos
Eu sempre toco nas coisas,
Nas dores, nos assuntos
É tudo puro teatro

Todo mundo sabe,
Eu insisto em vomitar verdades
E talvez tudo fique muito confuso
Mas não vou parar de atuar nem
Me dispor a falar só o que é certo
Não sou

Eu reproduzo mais uma vez
Inúmeros, incontáveis trechos
Que me pertencem
Nas coisas que você escreve
Só pra me arranhar por dentro
E se desenhar nos meus órgãos internos

Você não entenderia
A minha reprodução gratuita
Peço perdão por isso,
Mas é tudo tão efêmero
E você tão comercial
Tão preocupado com
As coisas mais banais da vida

E eu tão preocupada com você
Que possui mente própria
Que vive, respira
E toma decisões
Contra as quais não me cabe conspirar

Tudo que eu aprendo
Ainda passa pelo teu nome
Pra pedir permissão
E tomar forma,
Para existir dentro de mim

Sem tu na minha memória
Eu não existo
Devo cair em esquecimento
A qualquer instante
E vou chorar com isso,
Se vou.

Vou nadar na contramão
Mais uma vez
Só mais uma
(virão outras)
Eu preciso ir aos poucos
É assim que se morre
Aos poucos.

Tic tac

Não tenho muito tempo
Preciso ser breve,
Escovar os dentes,
Arrumar as minhas coisas
Socorrer o meu cabelo
E resgatar alguma vontade de viver
Preciso constatar
O tamanho da minha negligência
Com meus pais, amigos, faculdade
E metade da minha atenção ainda é tua
E sempre a concentração pra não morrer por acaso
Como se eu tivesse prometido.
Eu decidi parar de me cortar
Pelo menos até o fim deste mês
A sessão acabou
A gente se vê na próxima semana

Escavação

Uma,
Quatro,
Onze,
Quinze daquelas coisas
Se espalhando pela cozinha
Contaminando tudo
Explodindo a minha cabeça
Oito horas de enxaqueca
O que eu fiz pra merecer?
Exaustão, calor, exaustão
Limites se superando cada vez mais
Eu não podia ter trepado com ele?
O que importa isso tudo? Na boa.
Eu já estou perdendo,
E cada vez mais
Por que me torturar desta forma?
Tudo bem
Eu vou parar de lutar, eu prometo
Pare de fazer essas coisas darem tão errado comigo
Faz parar de doer a minha cabeça
Me deixa dormir essa noite de sono
Que inferno
Eu devia ter me matado hoje
Era o dia certo
Eu sabia como
Mas quis tomar um banho
E logo eu já queria ele de novo
Estava errado
Foi aí que eu errei, eu sei
Eu não aguento mais de tanta dor
Eu não aguento mais as tremedeiras e o colapso nervoso
Eu não aguento mais não ter ele aqui comigo
Tinha que ser ele, tinha que ser
Meu poço tá cada vez mais fundo
E eu não quero ter que me matar
Ninguém cuida de mim ou acredita na minha felicidade
Eu não aguento mais, tô no meu limite

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mudez

Eu morro.
Morri ontem.
Morrerei amanhã.
Todos os dias um novo pedaço,
Um novo cansaço,
Uma nova maneira de sentir dor.
Enxaqueca.
Eu fico me despedindo
E pedindo ajuda
Compulsivamente.
Não me resta força
Pra mais nada.
Eu ainda preciso de respostas,
Mas não faço ideia
De como consegui-las.
Se eu não mereço nada disso
Eu vou virar o desgosto puro.
Mas eu ainda te amo,
Ainda te amo.
Quanto tempo ainda
Essa tortura vai durar?
Ninguém entende a metade que vai
Ou a que fica.
Eu sinto muita falta
De ouvir a tua voz.
Me liga uma última vez?
Só uma.
Eu só queria me despedir.

Quando eu me calo

Três cigarros.
Um, dois, três.
E uma tristeza profunda.
Exclusiva, singular.
Que só te pertence.
A nicotina me seca por dentro,
Mas eu ainda consigo chorar.
E o céu chora junto.
Eu preciso ser forte o tempo todo
Para aguentar a dor nos ossos
E o frio dessa noite chuvosa.
Eu preciso aguentar
O silêncio interminável,
Mesmo enquanto leio e releio
As pragas que você me joga.
Sou da sarjeta, da morte.
Eu sou a ofensa, a heresia,
A rebeldia mal calculada,
O pecado espalhado por todas as coisas.
E por dentro disso tudo
Alguém em mim te ama tanto
Que quer morrer.
Não sinto meus dedos dos pés
Ou minha alma.
Vou esperar que o mundo me devore
De verdade.
Deixar que a maldição me tome.
E no momento certo, bem,
Você sabe o que acontece a todos nós.

Quando eu tento falar

Três lágrimas.
Uma, duas, três.
Gemidos sufocados
Como se me doesse de verdade.
É estranho chorar por tua causa.
Eu preciso de um cigarro.
Estou de banho tomado,
Só preciso me vestir.
E ir te ler.
De novo e de novo.
Eu sei o que eu vou sentir.
Eu sei que é masoquismo.
Eu só não sei o que fazer com isso depois.
Escrever ou cortar os pulsos?
Hoje eu andei pensando em me matar.
Com que propósito?
Eu só achei bonito.
Eu penso nisso toda hora.
Na beleza das coisas que morrem.
Em você,
De costas,
Indo embora.
Minha voz morre.
Tem algum cachorro ganindo
No fim da estrada.
Ele vai morrer também.
Todos vamos.