Queria que você me queimasse, cavaleiro
Com a ponta da sua espada
a ferro quente
ardendo em brasa
Mas você não passa de um gentil infanto
E eu preciso de um pai
Preciso de um amante
de um Devoto
Estou cansada de lutar por migalhas
Queria ser a princesa dos jogos
Sou a da torre
A das tranças
E de tanto tempo a cultivar meus cachos
eles caem aos tufos
Sou forçada a decepá-los
como membros torpes que me sobrassem
A dor perdura
como arrancasse uma de minhas línguas.
O silêncio me corrompe.
Me converto a esta forma de ser,
de animal,
de abismo
Me sujeito à mais medíocre das fábulas
me sujeito ao homem
Ao camponês pagão que em nada crê
a quem nada rege
se não a força braçal de plantar o trigo
e assar o pão
Me curvo, sob o peso do cair da noite
e do adormecer de minha pele
da morte de minh'alma
E me sirvo em sacrifício ao único Deus
que me resta
A sobrevivência.