segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Já não me doi ou alegra. Já não me justifica ou satisfaz. Já não me é, já não sou. E se pudesse ser, seria tua.

Dizia o rodapé: "Suporta suicidas e caixas."

Inércia

Sob juramento do novo sistema de entrega: me pego relendo conversas nossas e gozando. Como eu disse a Rosa que faria. Sem dor, sem necessidade de nada além de tua presença breve. Sou adoecida, impura como toda neve. Faço o que os normais não fazem. Me condeno antecipadamente. E tudo que sempre gira, nunca sai do mesmo lugar. Sou um infinito pião em náuseas de labirinto quebrado.

Te amo te amo agora. Te amo te amo sempre. Ao tempo, o desafio: interrompe agora o que é perene.

Luz do sol, carne que brilha

Conversamos profissionalmente:
Dois filósofos sentados numa mesa,
Discutindo razões de existência.
E como se de fato não existíssemos,
Falávamo-nos sob a elegância da estrutura textual.
Que há de mais formal senão o pronome tu?
Penso a respeito, calculo, considero tal variável.
Dois cientistas, ninguém diria: outrora amantes.
Quem somos nós, afinal?
Quem somos nós?
Peter e Alice
Discutindo o mundo real
Com racionalidade.
Tudo que conhecemos,
Logo vira de ponta à cabeça.
Teto torna-se chão e vice-versa.
Torna-te são. Nos retomamos.
E se de fato há beleza nessa frieza bege do concreto,
Não há amor mais amor que este, é certo.
Em nova modalidade,
Essa nossa amável formalidade.
Não faço sacrifícios ou arranco minha pele de graça.
Enfio o masoquismo dentro da fronha e aguardo agora.
Pensando, pensando sobre tantas coisas.
Calando monstros, negando os elogios indesejáveis que me entrega.
Não sou raio de sol, não sou luz, não sou sereia.
Não sou fada-madrinha, fada-luzinha, fada-coisa-alguma.

Sou humana.
Em carne e osso,
Profana.
Um prato cheio de erros.
Incoerências difíceis de engolir.
Bittersweet,
Bittersweet number thousand three.

Pensa no que te atrai ao chocolate.
Pensa no mel de abelha que lambuza os dedos.
Pensa na infestação de formigas
E nos insetos mortos, queimados na lâmpada. Mariposas.
Doce, melado, grudento, asqueroso.

O que te traz de volta,
Eu recito,
São as incontáveis vezes
Que disse que te escutaria sempre.
Rezo de sempre a reza:
Fiz algo direito,
Enfeiticei mais um.

O que te expele é o que te traz de volta. Se não pura insanidade, obsessão. Gosta de ser amado, e por isso retorna. A crueza do ser humano doi as mãos. Te dou o que busca, não porque busca, mas porque quero. Não te espero as coisas de antes, mas te escrevo textos, duzentos. Te amo te amo e não importa a rima ou a convergência do tempo.

Pain


Conformismo e apatia

Eu digo que te amo.
Você entende que eu te peço alguma coisa.
Se eu digo que te amo,
Você espera que eu chegue a uma conclusão.
Não sou máquina criadora
Ou solucionadora de problemas.
Você continua a cometer esses mesmos erros de compreensão.
Eu digo que te amo
E apenas espero que você me escute.
Se eu digo que te amo,
A minha vontade, sobretudo,
É de fazer exatamente isto:
Dizer que te amo.
Não mais.
Que te importa se me chamo Melody?
Que te importa se te escrevo textos?
Que te importa se eu recito teu nome para o espelho?
Não é um mantra sagrado, mas também não sei o que é.
Tenho vontade de dizê-lo, é só.
Sei que não me amas.

domingo, 30 de agosto de 2015

Mil

Quando não posso pensar, quando já não te compreendo nenhum verso, quando a exaustão é tão imensa e chego dopada ao número mil, sinto que há algo querendo sair. E me toma a consciência, a respiração, tudo. Por mais cinco minutos acordada, resisto ao amor que te amo, já não tenho forças. Mas digo que sim, te amo. E adormeço antes que eu morra.

Querido Peter, Sou uma hoje, que te ama. Tomara que eu seja outra depois de dormir.

"Mas, quando não te sinto, pedra lascando pedra, criando atrito, faísca, me acendendo a alma, sinto-me incompleta."

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Coton Candy

Você me olharia dos pés à cabeça e perguntaria:
Mas que porra está acontecendo aqui?
Eu te diria, com toda a paciência do mundo:
Eu precisava fugir.

Você não entenderia quem eu sou
- esse famoso algodão doce de caos.
Você não entenderia a sutileza das cores e coisas,
Porque nem eu mesma saberia explicar.
Você não encontraria a esquina certa por nada nesse mundo
- ou em outros mundos.
Você me chamaria pelo nome que me deu,
Sem entender a pessoa estranha
Que te responderia.

Dizia heráclito:
Um homem não pode entrar duas vezes num mesmo rio.


Em alegoria:

Você me faria a seguinte pergunta:

Quem és tu, Mel?

E eu te responderia o mesmo de sempre:

Já não sei afirmar ao certo. Não sei.
Não sei quem sou. Conheço-te?

E me diria:

Sou Peter.

[Rewind]

Bem, Peter, é um prazer conhecê-lo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Mommy, am I a whore?

Uma puta quando entra no quarto
Faz o homem se sentir especial
Se põe a ser toda a sua sexualidade
A impropriedade social
Uma puta quando tira a roupa
Se entrega ao homem
Como se ele valesse a coragem
Que ela tem de encarnar toda a proibição
Uma puta, quando fecha a porta,
Toma seu banho e pula de macho em macho
Repetindo os mesmos versos para cada
Na abstração da melodia da voz
De novo e de novo dizendo
Revirando os olhos
Uma puta convence o seu cliente
De que ele é o único
O melhor, o mais especial
E quando a puta tem seu intervalo
Troca de fantasia, prende os cabelos
Conversa com outras putas,
Fumando o seu cigarro, tomando um café,
Terminando de engolir
A última garfada do seu almoço
As putas em conjunto
Falam abertamente sobre os paus e rolas
Que as percorrem
Sobre o esguicho de cada um
Comparam, analisam, riem descaradamente
Reforçam a cumplicidade
Na liberdade de serem elas, putas
Estende-se na mesa a lista
De taras, seres e medos
A insegurança da carne de cada um
O descarregamento necessário às putas
Para que sejam putas,
E suportem o peso da fraqueza alheia
Putas, que putas sejam,
Psicólogas dos corpos de todos,
Humanas sempre,
Em dor, em cheiro,
Em gesto de boa vontade, comprado,
Precisam do relaxar de ombros próprio
Para relaxar os quadris de outros

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Quem é você?
Onde está você?
Por que você não me ama?

Ilusionismo sos

Você nunca está perto
E nunca está longe tampouco
Já não se faz mais de louco
E não me convence que é são
Já não conheço
Ou recordo teu nome
Mas temo que sempre me chame
E que eu lembre do timbre sadista da tua voz
Eu queria esperar teu retorno
Gostar desse meu peito morno
Mas juro que eu não posso mais
Nunca importa
O que nós façamos
Há soldados que ficam pra trás
(Some soldiers must be left behind)
Os versos que você não me escreve
Os elogios que não me devolve
O medo que não partilha
Essa ilha em que me põe
Sempre que foge
E esse espelho de ações
Que somos
Todos esses pontos
Pra fechar as feridas abertas
Os cortes profundos
Contando na calculadora
Fazendo a tabuada nos dedos
Quantas vezes o universo já nos disse
Quantas vezes o dia tentou me dizer
Quantos gritos a lua deu
Me mandando parar
Me mandando ir embora
Eu nunca vou, eu nunca vou
Querido, você não se aproxima
Não me abandona ou alcança
Você nunca me morde os tornozelos
Ou me aperta o pescoço
Você nem sequer existe mesmo
Então por que eu te tenho compaixão?
Não posso mandar que você vá ou fique
Não posso conversar contigo
Ou controlar as vontades do destino
Não posso cantar ou recitar versos
Não posso te ter ou esquecer que existe
Talvez eu enlouqueça, talvez não
Eu acordo todos os dias pensando
No que é a verdadeira tristeza
E se os meus pulsos ainda são capazes de sentir dor
É isso
Eu sou insensata, insana e destrutiva
Eu tento ser estável, apenas tento
Não há verdade plausível
E não temos conexão alguma
Você é uma espécie de vulto
Uma enganação dos meus olhos
Ilusionismo, magia negra
Você está dentro de mim, por isso nunca se vai

domingo, 23 de agosto de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

I dont know what the fuck I am doing

Quando eu penso em você eu me sinto louca.
Quem é você?
Quem sou eu?
Onde estamos?
Quero desligar a minha mente.
Eu sou imprópria.
Sei que algo está faltando, sei que está.
Não deveria beber bebidas alcoólicas.
Me desculpa, me desculpa, me desculpa.
Me desculpa, me desculpa, me desculpa.
Eu só quero fazer coisas ruins com você.
Eu só quero que você me satisfaça.
Quero que você me...

Cala a boca, Débora.
Cala a boca, cala a boca, cala a boca.
Arruma outra coisa pra fazer.
Amordaça Talita.
Amordaça Lola.
Mata essas filhas da puta.
Mata todo mundo.

Confessionário

Estou me provocando. Me incentivando a ficar mal pra me machucar. Estou criando estímulos ruins para mim mesma na expectativa de voltar a ter coragem de me causar dor.
Acho que isso tem alguma relação com o sentimento de rejeição, abandono ou solidão. Eu acho que serei salva se me cortar. Se me destruir. Acho que vou ser bonita, digna de pena e protegida se eu fizer isso. Sou obcecada com uma espécie de companhia que não existe.
Me sinto vazia, não posso ser preenchida ou saciada. Preciso de alguma coisa, falta alguma coisa. E estou tentando preencher isso com sentimentos muito muito ruins.
Eu preciso de ajuda.
Eu preciso de ajuda.
Eu preciso de ajuda.
Não posso recomeçar tudo outra vez.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Bring me back my peace, demon.

nicolasnicolasnicolasnicolasnicolasnicolas

Eu quero chorar de desespero com as tuas palavras sádicas.
Os arrepios me percorrem o corpo de novo e de novo.
Eu quero brincar de cortes contigo outra vez.
Sinto que estou enlouquecendo, mas é tudo de mentirinha.
O sangue corre em mim, eu sinto sua falta.
Volta, com tua voz maliciosa e tuas preces de assassinato.
Volta, com teu pau metafórico pra me rasgar a alma.
Eu quero reconhecer a tua face demoníaca.
Quero temer novamente a tua voz e os teus fatos.
Quero desejar-te tanto que me machuque a pele só de pensar no teu corpo.
Quero o teu retorno incansável, o teu amor insensato.
Quero a crueza do teu espírito bruto.
Me perdoa.
Me perdoa, mas não antes de me castigar.
Eu tenho sido uma menina tão, tão, tão má.
Me perdoa.
Eu tenho sido fria e provocativa.
Eu quero que você se machuque.
Eu quero que você me ataque com unhas e dentes.
Eu quero me privar, quero entrar em pânico.
Quero os meus tremores de abstinência.
Quero enlouquecer outra vez.
Não me deixa enlouquecer, amor, não me deixa.
Não me deixa te trazer pro meu joguinho doentio.
Com quem eu aprendi isso?
Eu quero tanto ser domada e saciada.
Como uma maldita égua no cio.
Como uma drogada em desespero.
Volta, me dá mais uma overdose.
Me faz odiar a vida, me faz odiar todo o resto.
Me faz te odiar a ponto de querer tirar a minha vida.
Não brinca disso comigo.
De casinha cor-de-rosa, de amigos felizes para sempre.
Sem sexo, sem medo, sem paladar.
Não some de novo e de novo
Ou me fala das burocracias de sempre.
Eu quero ficar bem, ficar bem,
Quero estar saciada, sã.
Mas é impossível. Eu sou insaciável.
Desconheço a satisfação.
Eu quero de novo e de novo.
Quero que me doa tudo por dentro.
Quero sentir cada nervo meu agonizando.
Quero que você me mate de depressão.
Volta, volta, volta, volta, volta.
Tenho medo que você nunca retorne.
Tenho pavor de ser sã.

Rastro

Nessa minha mania de por os nomes dos outros em lugares que só eu frequento, passo aqui e sinto tua falta. Que falta grande. Você não é quem era quando te nomeei este corredor. No meu braço quase não dá pra ver a tua inicial. Sinto saudades de quando éramos loucos. Ontem, quando tive vontade de me cortar toda por razão nenhuma, pensei em você. Pensei em como seria bom te dizer isso. Pensei em ter um acesso de loucura contigo.

De que me vale a manhã se ela não tem as letras do teu nome, as cores da tua pele ou a sonoridade da tua voz?

Sobre estar apaixonada

A loucura me alcança em pernas magras ou braços gordos.
Em seios fartos, em grandes olhos, em lábios bem desenhados e em espaços mal preenchidos.
A loucura nunca corre, sussurra.
Como Iara a me recitar versos, nada na própria melodia e apenas aguarda que me afogue.
A loucura nem sempre me vê desprevenida.
Às vezes sabe, e ri convencida de que por ela eu sou tão apaixonada,
Que daria minha vida, é quase certo, para senti-la por inteiro.
A loucura gosta de brincar de posses.
Finge que me tem, finjo que é verdade e sorrateiramente acabo saindo do jogo.
Só pra equilibrar um pouco a competição.
A loucura me encontra em becos vazios, em praças lotadas ou no meu próprio berço habitual.
Me entrega flores, me oferece vinho, e nós sempre sabemos onde isso termina.
A loucura e eu trepamos como se não houvesse amanhã, e nosso tempo nunca é tempo de verdade.
Temos um espaço a parte dentro de mim.
Quando me trai a loucura,
Não mais me beija em colos sensatos,
Não mais me atinge zonas erógenas e orgasmos brutos,
Penalizo-a por sua insipidez e aguardo a próxima recaída.
Sei que estou presa a ela como estou presa à vida.
Por isso a amo e a odeio enquanto posso.

Recaída antes das três

Não sei quem eu sou.
Quando acordo do sono profundo, louca.
Quando quero me matar do nada.
Quando quero fazer coisas que as pessoas fazem na tv.
Não sei quem sou.
Quando estou apaixonada, tecendo elogios.
Quando mando cartas e espero respostas.
Quando pinto quadros, dou risadas, bebo vinho branco.
Não sei o que me dá.
Quando resolvo fazer tudo direito,
Organizar a agenda.
Quando acordo cedo, lavo a louça, anoto tudo.
Quando o cardápio é importante,
E as horas de sono, e tudo que eu faço.
Não me reconheço
Em nenhuma das faces pouco confiáveis.
Sou esquizofrênica ou apenas bipolar?
Que há de errado comigo?
Por que tenho opiniões tão opostas,
Atitudes absurdas, vontades que se contradizem?
Por que nada disso faz sentido por mais de uma semana?
Não sei o que eu estou fazendo.
Não sei o que pretendo ou quem eu quero ser.
Não sei do que preciso, o que me faz bem.
Não sei o que ou quem me salva.
Não sei o que tem que sair de mim.
Que agonia, que agonia, que agonia.
Preciso de entorpecentes, de uma noite de sono,
De alguém pra cuidar de mim, preciso me matar.
Preciso me acalmar e calar a boca.
E essa dor de cabeça de novo?
Será que estou doente? Será que sou?
Preciso parar de escrever.
Preciso desligar os olhos.
Preciso ter confiança em mim mesma.
Não estou aguentando essa loucura.
Eu preciso de ajuda, preciso de paz.
Acho que ninguém pode me devolver minha paz,
Nem eu mesma.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Getting mad

Deixe-me te dizer algo sobre a sanidade.
Nenhuma sanidade é perene.
Tudo está sujeito a mudanças.
Num segundo eu sei que sou capaz de me conter,
No outro eu fumo 15 cigarros seguidos
E morro de enxaqueca.
Agora, por exemplo, vendo um filme,
Eu tenho o impulso de cortar a parte interna das minhas coxas.
Eu sou louca, querido. Eu sou.

Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.
Preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Preciso de ajuda.

Amor, desamor e falha

Ninguém responde as minhas cartinhas.
Tudo bem, eu não me sinto sozinha.
Ninguém realmente me ama.
Tudo bem, eu não mereço isso.
Eu não sei amar ninguém.
Eu continuo nessa de fugir das pessoas.
Eu continuo me forçando a me apaixonar por estranhos.
Por que eu faço isso?
E por que eu sinto repulsa?
Agora eu não quero nada.
É como se eu não tivesse nascido.
Não compreendo.
Não sei o que eu espero, o que eu desejo.
Está tudo errado.
Quem são eles?
O que eu tô fazendo aqui?
Isso não faz sentido.
Eu preciso sair
Até voltar a ser eu.

Nova Playlist

Por conta da nova tag de músicas (♪), eu fiz uma nova playlist com todas as músicas que entraram nessa tag. Só para facilitar o acesso, na verdade. Na prática, o reprodutor vai continuar tocando o som de chuva no automático, como sempre foi.

Segundo dia.

Quero um cigarro.
Mea culpa,
Mea maxima culpa.
Nada de cortes.
Mea, mea culpa.
Coração acelerado.
Gritos.
Quando me vejo,
Já repetindo em voz baixa.
Tá tudo bem,
Tá tudo bem,
Vai ficar tudo bem.
Circulando em vermelho os erros
Na agendinha.
Não repita-os.
Mais um problema.
Fujo desse também?
Preciso comer agora.
Escovar os dentes.
Me acalmei, mas não queria sair de casa.
Tão errada.
Mea maxima, maxima culpa.
Vai ficar tudo bem.
E os refrões se repetem.
Vamos sair dessa cama.
Trocar de roupa.
Vamos fazer o pouco do pouco
Que tem que ser feito.
Pelo menos coma.

Não é meu nome, não é meu nome

Me sinto só.
Desculpa.
Queria que você me dissesse
Vai ficar tudo bem,
Dorme.
Eu tomo conta.
Queria que você me dissesse
Te amo
Isso te protege.
Me sinto triste.
Não devia.
Não podia.
Sinto.
Como seres humanos sentem.
Tenho sono.
O plano é fugir.
Descansar, fugir.
Me curar de tudo
Pela manhã.
O universo não quer
Que eu tenha
Aquele tipo
De companhia.
O universo, sempre ele,
Não me gosta.
Gosta sim.
Meus dias foram lindos.
Mas me sinto só e triste.
Porque ninguém vai me beijar a boca amanhã.
Porque ninguém vai amanhecer me amando.
Porque ninguém vai me ouvir falar sobre meus cortes.
Porque ninguém se importa com essas bobagens.
Ninguém vai dizer "por favor, não se mata"
Mesmo sabendo que não é necessário.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Radioactive - Marina and the Diamonds

Lying on a fake beach
You'll never get a tan
Baby I'm gonna leave you drowning
Until you reach for my hand.

In the night your heart is full

And by the morning empty
But baby I'm the one who left you
You're not the one who left me

When you're around me I'm radioactive

My blood is burning radioactive
I'm turning radioactive
My blood is radioactive
My heart is nuclear
Love is all that I fear
I'm turning radioactive
My blood is radioactive

Waiting for the nightfall

For my heart to light up
Oh baby I want you to die for
For you to die for my love
In the night your heart is full
And by the morning empty
But baby I'm the one who left you
You're not the one who left me

When you're around me I'm radioactive

My blood is burning radioactive
I'm turning radioactive
My blood is radioactive
My heart is nuclear
Love is all that I fear
Ready to be let down
And now I'm heading for a meltdown

Tonight I feel like neon gold

I take one look at you and I grow cold
And I grow cold
And I grow cold

When you're around me I'm radioactive

My blood is burning radioactive
I'm turning radioactive
My blood is radioactive
My heart is nuclear
Love is all that I fear
Ready to be let down
And now I'm heading for a meltdown

My heart in nuclear

Love is all that I fear

Mad Hatter - Melanie Martinez

My friends don't walk, they run
Skinny dip in rabbit holes for fun
Popping, popping balloons with guns
Get high off helium
We paint white roses red
Each shade from a different person's head
This dream, dream is the killer
Getting drunk with the blue caterpillar

Now I'm peeling the skin off my face
'Cause I really hate being safe
The normales, they make me afraid
The crazies, they make me feel sane

I'm nuts, baby, I'm mad
The craziest friend that you've ever had
You think I'm psycho, you think I'm gone
Tell the psychiatrist something is wrong
Over the band, entirely bonkers
You like me best when I'm off my rocker
Tell you a secret, I'm not alarmed
So what if I'm crazy? The best people are

All the best people are crazy
All the best people are

Where is my prescription?
Doctor, doctor, please, listen
My brain, scattered
You can be Alice, I'll be the Mad Hatter

Now I'm peeling the skin off my face
'Cause I really hate being safe
The normales, they make me afraid
The crazies, they make me feel sane

I'm nuts, baby, I'm mad
The craziest friend that you've ever had
You think I'm psycho, you think I'm gone
Tell the psychiatrist something is wrong
Over the band, entirely bonkers
You like me best when I'm off my rocker
Tell you a secret, I'm not alarmed
So what if I'm crazy? The best people are

You think I'm crazy, you think I'm gone
So what if I'm crazy? All the best people are
And I think you're crazy too, I know you're gone
It's probably the reason that we get along

I'm nuts, baby, I'm mad
The craziest friend that you've ever had
You think I'm psycho, you think I'm gone
Tell the psychiatrist something is wrong
Over the band, entirely bonkers
You like me best when I'm off my rocker
Tell you a secret, I'm not alarmed
So what if I'm crazy? The best people are

All the best people are crazy
All the best people are
All the best people are crazy
All the best people are

domingo, 16 de agosto de 2015

Gelatina de corzinha

Quando você me toca
É como se cada verso ainda fosse o mesmo.
Quando você me olha
Eu sei que conversamos

Sem que ninguém nos possa ver.
Quando te encosto, adormeço,
Volto pra casa.
É tão estranho o retorno.
É tão estranho o gosto da tua boca.
Tão bom.

Quando você me abraça
Eu sei que os teus braços são só teus
E me cabem assim tão bem
Que às vezes me esqueço
De todas as coisas que mudam,
De quem somos,
Das pessoas distintas que acabamos por ser.

Quando tu vai embora,
Todas as vezes,
Há algo triste que fica.
Debruço no teu ombro,
Finjo que moro ali.
Faço que durmo quando tenho vontade de chorar.

Não posso ser essa pessoa.
Obrigada pela visita.
Quando eu te encontro, é bom.
Talvez a gente se veja de novo em breve.
Tomara.
Quando a gente se esconde, eu te amo tanto...
Eu fico bem.

sábado, 15 de agosto de 2015

Teoria do ódio em excesso

Odeio quando você diz que me ama.
Assim, claramente,
Como se não houvesse dúvida.
Odeio quando você me manda áudios.
Odeio sua voz linda.
Odeio a vontade que tenho
De escutá-la bem ao pé da minha orelha.
Odeio o seu sotaque estranho.
Odeio ouvi-lo enquanto viajo.
Odeio sentir tua falta quando você não está.
Odeio quando você se ausenta.
Odeio a tua companhia.
Odeio quando você pergunta
Por que eu não estou te respondendo.
Odeio quando você me diz que algo é importante.
Odeio quando você me gosta.
Odeio os teus elogios insuperáveis.
Odeio quando você me trata
Como se eu fosse a rainha da tua vida.
Tua amiga eterna ou sei lá.
Eu odeio.
Odeio os textos que você me escreve.
Odeio não sentir nem um pingo do que eu sentia
Dois meses atrás.
Odeio não saber quem sou.
Odeio sentir tão forte a impossibilidade de eu surtar.
Odeio o quanto você mexe comigo.
Odeio o fato de você namorar.
Odeio a tua ex-namorada.
Odeio que você tenha voltado.
Odeio que você tenha ido.
Odeio quando você é sincero comigo.
Odeio quando você mente.
Odeio quando você inventa aquelas coisas legais.
Odeio os nossos pseudônimos.
Odeio querer qualquer coisa.
Odeio acreditar em palavras estúpidas.
Odeio que você não vá falar comigo no meu aniversário.
Odeio não poder te ver pessoalmente.
Odeio a resposta que você me deu pra última pergunta.
Odeio ter ferido teu ego.
Odeio não te ter todo pra mim.
Odeio querer me viciar nas coisas que você diz.
Odeio que você saiba exatamente como servir de cocaína pra mim.
Odeio.
Odeio tudo que vem de você.
Odeio o que me faz correr o sangue nas veias.
Odeio sendo por raiva ou por amor.
Odeio dizer que te amo.
Odeio querer ficar perto de ti.
Odeio quando você se incomoda
Que eu te chame de tu, ti e você.
Odeio quando você me critica.
Odeio quando vejo seus defeitos.
Odeio quando me sinto atraída.
Odeio quando te tenho repulsa.
Odeio ter te conhecido.
Odiaria não ter tido, ao mesmo tempo.
Odeio como você faz sentido pra mim.
Odeio a maneira como você manuseia os meus órgãos.
Odeio que você me encaixe tão bem.
Odeio que a gente junto não se dê de jeito nenhum.
Odeio que sejamos tão iguais em mundos tão distintos.
Odeio que o que existe fora
Impeça os de dentro de se encostarem.
Odeio a sensação de estar me masturbando
Com a parte mais pura de mim
Quando você me pede desculpas e diz que me admira.
Odeio quando eu tenho compulsão por pedir desculpas
E odeio quando me sinto culpada o tempo todo.
Odeio quando quero me jogar aos seus pés.
Odeio quando quero pisar em você.
Odeio o tanto que odeio tantas coisas que te envolvem.
Odeio todas as dúvidas que tenho.
Odeio quando sinto medo perto de você.
Odeio quando sinto vergonha ou vontade.
Odeio esse sentimento perene
De encontrar em você os orgasmos que eu precisava.
Odeio essa euforia mórbida.
Odeio gostar dela.
Odeio amar tanto tanto quando meu coração acelera.
Odeio, odeio você.
Queria não precisar falar contigo nunca mais.
Porque odeio o tanto que quer te amar.
O tanto que te confio o espírito,
Mais do que a carne e a língua que usas pra falar.
Te odeio os dedos que me escrevem.
Odeio não poder te trancar no meu porão.
Odeio o quão absurdo é isso tudo.
Odeio não poder ser meramente indiferente.
Odeio ter que ficar nesse meio termo,
Tomando sempre cuidado
Para não te magoar, ser injusta,
Ou me permitir sentir alguma dor.
Odeio sentir que preciso ficar tomando conta de mim
Para não sentir dor.
É exaustivo.
Odeio ter que pensar em você.
Odeio ter que lembrar de você.
Odeio saber que você existe.
Às vezes queria esquecer.
Odeio todas, todas, todas,
Odeio todas as vezes que me sinto bem contigo.
Eu sei que é errado
Como se eu fosse morrer
Ou ser muito castigada por isso.
Odeio essa sensação de morte iminente.
Odeio ser tão auto-repressora.
Odeio te dizer essas coisas
Que me expõem tanto.
Odeio não confiar em você.
Odeio me sentir na obrigação de confiar em você.
O que me ajudaria,
O que não me machucaria,
O que eu não odiaria,
Seria não precisar falar com você.
Mas isso não vai acontecer, não é?
Odeio como eu me sinto tão sozinha
Odeio como eu me sinto tão louca
Quando falo contigo.
Odeio me estressar tanto.
Odeio nunca ter paz.
Odeio nunca ter companhia.
Odeio não ter nenhuma garantia
De que você vai ficar.
Se eu tivesse...
Ah, se eu tivesse.
Talvez eu não precisasse te odiar.
Mas eu odeio, eu odeio.
Porque nada disso volta pra onde deveria.
Tudo isso me aflige, me inquieta, me acorda.
Tudo isso me incomoda quando eu falo com você
Mesmo que por 10 minutos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Todo dia de hoje

É muito difícil manter a consciência o tempo todo.
É muito difícil não ter alergia com o ar condicionado sujo ligado toda noite.
É muito difícil manter a fantasia intacta.
É muito difícil se organizar a ponto de satisfazer os outros.
É muito difícil acordar de manhã disposta
A levantar na hora certa, fazer tudo corretamente.
É muito difícil ser adulta, madura e responsável.
É muito difícil isso tudo.
É muito difícil fugir da culpa, fugir da raiva, do medo e da ansiedade.
É muito difícil lidar com a depressão.
É muito difícil não ser julgada pelos olhares alheios.
Muito difícil fazê-los esquecerem todos os meus erros.
Muito difícil ter paz.
É muito difícil fazer certo todo dia,
Acordar todo dia,
Me alimentar direito,
Dormir cedo,
Ser sempre pontual.
É muito estressante lidar com aniversários.
É muito triste passar o aniversário só (ou odiada).
Desmereço confianças.
Nem eu me confio nada.
Porque é tudo tão difícil, exaustivo, instável
Que a vontade nunca basta.
Esse é o todo dia da vida,
De pratificar o futuro,
Para que tudo dê certo.
Isabel, Isabel, Isabel.
Continue tentando.
Amerelo, Amarelo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Cigarrillos

Pienso: no más cigarrillos
Pero los quiero
Pero no puedo
Pero no sé quién soy
Hay tantas cosas que no sé
Tantas cosas que no puedo
Tantas cosas que no soy
Ya no sé lo que decir
O desear
No sé
No sé
No sé
No te conozco

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Para não ser insana

Quando estou perto de enlouquecer
Eu anoto tudo
Marco datas, faço planos, crio alternativas
Me privo de coisas fortes
Brinco de musa sacra
Tento me limpar de toda a sujeira possível
Alcançar todos os objetivos
Invento projetos, maneiras
De me curar de toda enfermidade
Que me atinge
Eu não quero ficar louca
E quando acho que estou perto
Não conto a ninguém
Apenas tento conversar
Sobre assuntos vagos
Procuro ter conversas alegres,
Dormir cedo
Praticar atividades tranquilas,
Exercícios,
Ou desligar os aparelhos eletrônicos
Não que eu seja esta pessoa
É só que eu preciso ser
Então eu organizo
Tudo que acontece no meu dia
O que como, o que bebo, o que cheiro,
As minhas horas de sono,
Os assuntos dos papos que tenho,
Eu monitoro cada pedaço
E fico me elogiando
Quando me olho no espelho
Eu quero a paz e posso provar isso

Por que um corvo se parece com uma mesa?

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Tardar

Boa noite, passarinho.
Não se preocupa,
Eu sei como as coisas são.
Eu juro que sei.
Não tem porquê tremer as pernas.
Não há motivo para preocupação.
Eu sempre sei como tudo há de terminar.
Dou dois passos para trás.
Adormeço mais tarde do que deveria.
Nem todas as sementes se puseram
Em seus devidos lugares.
Mas, quem sabe amanhã?
Se eu fizer tudo certo...
Boa noite, passarinho.
Vá proteger teu ninho
Do céu que tudo decide.
Porque quando o céu resolve,
Não há ser no mundo que faça-o mudar.
Querido passarinho,
Agora que bicaste a minha janela,
Que roubaste a água açucarada de meu colibri,
Vá-se embora.
Saia daqui.
Amo as tuas penas coloridas,
Mas não te quero ouvir o canto pela manhã.
O silêncio da manhã é só meu.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Copo Amarelo

Eu tenho um copo amarelo.
Só gosto de beber nele.
É o meu copo preferido.
Se você me pedir que eu pare de beber neste copo,
Talvez eu pare mesmo.
Não pode me pedir que ele deixe de ser meu copo preferido,
Mas talvez ele também deixe de ser, no futuro.
Hoje, agora,
O copo amarelo é o meu copo preferido
E eu só gosto de beber nele.
Ninguém pode mudar isso.
E digo até mais.
Provavelmente,
Este copo ainda será meu copo preferido
E beberei nele também
Amanhã.

domingo, 9 de agosto de 2015

Exemplos

Uma tacada de sorte sabor menta
A cor preta com canela
Teus camelos de hollywood
Ou um pouco de liberdade
Por que me agrada?
Aceito este desafio
Porque preciso deles
Dos desafios estúpidos
Porque preciso de exemplos
Nove miligramas por vez
Existe um outro tipo
De fantasia
Não sei traduzi-la
Não importa
Tudo isso está fora
Da minha cesta
Da minha sexta
De todo o resto
Até dia 31
Do ano que vem
Ou só por vinte e quatro horas
Não se sabe
Alguém sequer sabe quem eu sou?
Aposto que não
Vamos filtrando da vida
Toda a insensatez do vício
Até que ela não mais tenha gosto
Até que eu seja uma adulta responsável

Domingo 9

Vou matá-lo
Ausência e desinteresse
Para não sobrar ansiedade
Não mais textos sobre este assunto
Lápis de cor, jogos, livros
Um pouco mais de paz
Menos cigarros
Ninguém tem notícia de lâmina nenhuma
Que sono
Preciso dormir cá em mim
Preciso extinguir nomes e hábitos
Me dou uma semana
Prometo cumprir todas as regras
Por uma semana apenas
Como se liberta a alma?

Lucky Dice

Passa aqui
Me diz que há esperança
Melhor
Me fala do mundo real
Como é lá fora?
Me ajuda
Vem cá
Fala baixinho
Que eu amo quando as pessoas falam baixo
Me diz que na verdade
Isso tudo não passa de um sonho
Diz que eu vou ficar bem
Mesmo sem essa história
Por favor,
Me fala isso
Me fala que eu não preciso te amar
Pra ser tua amiga
Ou para que tudo faça sentido
Me fala que a liberdade
É toda minha
Que eu já estou acompanhada
Que eu não preciso disso
Não só me escuta
Diz coisas
Me convence a mudar de ideia
Eu me sinto tão triste
Como eu mudo tudo?
Como eu altero o nosso destino?
Me diz pra desistir da gente
Antes que me machuque outra vez
Não quero mais que você
Seja o meu dado
Não quero jogá-lo na mesa
E esperar a sorte me encontrar
Eu só quero estar satisfeita
Com a vida que tenho
Mas quero tanto tanto
Te amar
Mais que tudo
E ser amada igual
Isso não pode me consumir
Não pode
Aparece
Me tira daqui
Me deixa sã de volta

Dust

Onde está você
Enquanto me deito e aguardo o teu retorno?
Como está você
Enquanto me acalmo
E te amo noite adentro?
Porque não me sacias
Em uma única dose
Certeira
Porque não me matas de vez?
Volta
Me atinge numa dor breve
Mergulha
O meu ser
Em tua overdose
Não mais demora o tempo dos mortais
Como se fora zeus
Em um relâmpago
Me ateia fogo
Dos pés a cabeça
No choque da morte
Se vai
Mas não me deixa resquícios
Nem pó quero ser
Se já não te sinto
Ou encontro

sábado, 8 de agosto de 2015

Note: I smoke for being awesome

Quando me quero às oito

Não posso dormir
Mesmo que me gritem os olhos
"Vamos logo!"
Não posso dormir
Me ardem os pensamentos
Em direções contrárias
E aquela velha garrafa de vinho
Sempre branco e barato
Onde está?
E as tardes perdidas pintando
A chuva no fundo
Por que aqui não chove mais?
O que acontece?
E aquele monte enorme
De lágrimas derramadas
O infinito luto
Onde se enfiou?
Tinha medo?
Medo da morte, talvez
De não ser nada além de igual
A falta de sono doi
As ruas do dia a dia se aproximam
O sol queima rasgando
As minhas cortinas
Só um pouco mais
Uns dez minutos
Ou mais umas cinco horas
Eu nem vejo
Como o tempo passa
Quantos amores eu tenho
Assim que é bom
Ir perdendo a vida aos poucos
A cada mês um novo mundo
Pra viver
E adorar
Para fugir, como se não houvesse
Outros dias esperando deste lado
Como se não houvesse passado
Como se pudesse ser mesmo o agora
Toda essa loucura
E mesmo com medo da ânsia suicida
A beleza de todo o resto
Acaba mandando na vontade
E que se danem todos
Cada prazer supera toda a culpa
É isso
Antes que me doa a cabeça
Antes que me embrulhe o estômago
Crê nessa tua glória particular
Moça, quando o mundo não é teu
Não vale a pena
Sente o ar e tudo que te toca
O que te põe sempre à flor da pele
Existe
Sai gritando por aí que existe
Canta, agradece
Luta pela vida
Curte isso
Curte cada momento forjado
Curte o lado bom de ser insana

Fire, East

Acho que eu nunca vou dormir
Sinto meus ídolos por dentro de mim
Como se fosse tudo verdade
Misturo o que é real e a fantasia
E me queima as veias
Eu poderia ficar aqui por mais três dias
Absorvendo coisas
Existindo na melodia alheia
E eu poderia
Te escrever poemas
Fazer valer a pena a tua estadia
Porque toda vez que acordo
Busco inspiração
Pra ser aquilo que também existe
No teu universo
Talvez sejamos loucos, talvez não
É isso que espero
Todo dia encontro um novo desatar
Um entretenimento falso
Que me valha a noite
Eu sei que compreendes
O escorrer do sangue
Se não o fizesse não te amaria
É por isso, por isso que te amo
Porque me entendes em poesia
Porque quando canto sem notas
Para tu já faz sentido desde o verso
Porque mesmo quando não me amas,
Me amas
Quando já não há lógica
E quando a existência se contradiz
Porque os teus anseios tocam os meus
E mesmo que o nosso destino
Não nos trace juntos
Sei que me percebes
Em toda a vadiagem sacra
De alguém que brinca de deus
Mas quer ser sempre o centro do universo
Quando o homem, a protagonista
E quando escrevo, dona da minha própria história
Essa arrogância de sempre dos fracos
Quero existir sempre que me for possível
Mesmo que para isso me ponha aos pés da morte
Não hoje, não agora
Talvez semana que vem
Hoje te amo,
Além de todas as coisas, faz sentido
E ainda que não queimes comigo
Ainda que não nos afoguemos no mesmo mar
Te amo, hoje
Porque me leste de dentro pra fora
E recitaste as melodias
Que não cantei a ninguém

Bel Air - Lana del Rey

Gargoyles standing at the front of your gate
trying to tell me to wait but I can’t wait to see you
So I run like a mad to heaven’s door
I don’t wanna be bad I won’t cheat you no more

Roses, Bel Air, take me there

I’ve been waiting to meet you
Palm trees in the light, I can see late at night
Darling, I’m waiting to greet you
Come to me, baby

Spotlight, Bad Baby

You’ve got a flair
For the violentest kind of love anywhere out there
Mon amour, sweet child of mine, you’re divine
Didn’t anyone ever tell you it’s ok to shine?

Roses, Bel Air, take me there

I’ve been waiting to meet you
Palm trees in the light, I can see late at night
Darling, I’m waiting to greet you
Come to me, baby

Don’t be afraid of me, don’t be ashamed

Walking away from my soft resurrection
Idol of roses, iconic soul
I know your name
Lead me to war with your brilliant direction

Roses, Bel Air, take me there

I’ve been waiting to meet you
Palm trees in the light, I can see late at night
Darling, I’m waiting to greet you
Come to me, baby

Roses, Bel Air, take me there

I’ve been waiting to meet you
Grenadine, sunshine, can you feel this soul of mine
Darling I’m waiting to greet you, come to me, baby

I don't wanna see myself so free speaking in metaphors

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Vozes

A minha instabilidade e falta de autoestima são as doenças que irão me matar.

É sexta-feira, amor.
E eu me sinto tão louca.
Não sei quem sou.
Antes de dormir,
Me ouvia aos berros dentro de mim.
Dizia tantas coisas que me perdia.
Com tanto medo de ser insana,
Com tanto medo de ser instável.
Me sabendo aquela pessoa que
Num segundo agradece por toda a felicidade
E no seguinte já se acha indigna de tudo.
Eu sou louca, amor.
E é sexta-feira.
E já na terça tudo recomeça,
Como combinado.
Ontem de madrugada,
Quando me via acordada,
Novamente perto das 5,
Pensava em como me sentia um lixo.
Me olhava no espelho,
Tentava me perdoar por tudo isso.
Mas o espelho nem sempre é tão gentil.
Eu sou maluca.
Eu sou autodestrutiva
E logo, bem logo,
Vou querer me matar mais uma vez.
Amor, acordei agora,
Tentando fazer
Com que a parede me engolisse
No canto da cama,
Me perguntando quem eu sou.
Quem eu sou?
E você repetiu o meu mantra
Não codificado.
Vou morrer disso.
De instabilidade e autoestima baixa,
Talvez pelas minhas próprias mãos.
Nunca se sabe.

After three a. m.

After 3 am
The demons are all here
There's some kind of a party
They have time for having fun
After 3 am
The voices do no shut up
I have to keep listening
They say I should just die
I make all wrong
After 3 am
I know I have no hope
I feel I'm going crazy
I try to get some silence
But I can't
After 3 am
I'm so damn sure I love you
As I am that I'll probably kill myself
Someday
After 3 am
When I give up of being loved
Is when I need it so bad
I have to screw everyone up
After 3 am
When I write you songs
When I ask for help
I am so deep in myself
I can't handle any truth
After 3 am
When I'm about to cry
I never do
I say I need to sleep
Because I know
That after 3 am
Is when I see myself
And I am ugly, crazy and sad
It's not because of you

Astrologia

Estava lendo sobre nós
Dizia lá que para nos manter
Precisaria estar sempre em aventuras
Tenho tanto do medo do caos que mal me sei
Queria ser magnânima, magnífica
Queria ser a protagonista de uma história esplêndida
Como eu sempre falo sobre você
Olha, é mentira.
Me desculpa por passar a vida
A projetar-te coisas que sou
Defeitos que tenho
Queria que fôssemos mais parecidos
Queria que o fraco fosse tu
Mas não é certo
Eu quero tanto, tanto ser correta
Acima de tudo me importo
Com a justiça e honestidade nas coisas
Há coisas que não vemos
Há momentos em que falhamos
Eu falho tanto, tanto
Eu tenho tanto medo da vergonha
Da exposição, da fraqueza, do abandono
Tenho tanto medo de ser banal e humana
Tenho medo da mortalidade que me aflige
Tento conviver com ela, mas nem sempre posso
Eu quero ser perfeita, maravilhosa
Quero ser a mais generosa
E sempre a dona da razão
Eu sou religiosa, mas prego que os que são, são todos loucos
Eu tenho uma fé egocêntrica
Acho realmente que o universo faz coisas só por minha causa
E quando me liberto
E admito essas crenças absurdas
Me vejo tão idiota, tão estúpida
Quando eu repito que são todos os outros
Eu me acho melhor que eles
Me acho melhor que todos, mas não sou
A maneira como eu vejo o mundo não é a melhor e mais correta
É apenas a minha maneira, e eu me prendo nela em desespero
Por estabilidade
Metade da minha estabilidade se dá por egocentrismo
Por desejos e necessidades primitivos, quase incontroláveis
Me desculpa, por ser tão imperfeita
Por ser tão arrogante e te cobrar tanto
Não seja tão gentil, eu não mereço
Mas, por outro lado, a tua honestidade me melhora
Eu me vejo admitindo tantos defeitos
Aceitando que existem várias falhas,
Que erro e erro
Que não tenho posição para exigir-te tanto
E mesmo assim,
Tu vieste preocupado
Se pondo a me escutar e me fazer promessas
Se dispondo a ser alguém que eu desejava
Me sinto tão mimada
Eu preciso ser sincera
Eu lia sobre a gente hoje
E lá dizia que éramos assim, intensos, caóticos
E que só daríamos certo mergulhados nesse nosso caos
Brigando todas as vezes
Criando novas coisas,
Mudando tudo de lugar
Mas a verdade é que eu não quero isso
Eu busco todos os dias a calma que me falta
A mesma paz com a qual eu não consigo lidar
Quero que sejas paz, e eu também o seja
Quero que tudo se acalme
Quero ser apenas uma,
E saber de tudo que se passa na minha vida pacata
Quero passar uma eternidade a ajudar pessoas
Ser agradada por isso
E ainda agraciada pelo universo
Eu quero que seja sempre tudo bom comigo
Como se eu merecesse
Mas isso sempre será absurdo
O mundo não quer que eu seja isso
Eu quero ser, eu preciso disso
Sem minhas crenças esquizofrênicas
Sem projetar nas pessoas com quem me importo
Todas as malícias que tenho, todos os defeitos
Como se pudesse curá-los desta forma
Eu me enxergo
Lado direito e esquerdo
E não é reconfortante a minha imagem
Mas é real
Me sinto na necessidade de admiti-la
Queria que tu lesse isto
Desculpa por ser tão arrogante
Eu ainda tenho medo que não possamos dar certo
Em toda teimosia, fantasia, necessidade básica
Eu penso muito sobre isso
Obrigada por ser honesto
Serei honesta contigo
(no fundo, talvez eu nem tenha ideia
de quem tu realmente és,
talvez eu seja um fracasso,
talvez eu acerte só uma parte,
e seja incrivelmente comum,
como todos os outros)

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Deve ser o sono

Tudo que eu quero
É ter esse tipo de conforto de alguém
De um homem
Talvez eu seja realmente hétero
Será que eu tenho transtorno bipolar?
E quanto a hoje?
Hoje foi bom
Eu quero uma cama para ser reconfortada
E um pouco de sexo para acalmar o espírito
Eu quero poder falar de coisas
Que doem tanto
Que quase justificam a existência
Por que eu te amo mais que os outros?
Será que é por que você se parece comigo?
Nós dois somos tão absurdamente diferentes
Será porque você é o mais bonito
Ou só porque você sempre sabe
O que eu quero ouvir?
Você é bom nisso
É inteligente, sagaz, sedutor e lindo
Mas nada disso é suficiente
Por que eu te amo mais?
Se o meu peito é tão aberto e elástico
Se tudo que eu faço é só mais um teatro
Quando eu sou o bem
E quando eu sou a loucura
Eu quero ser acalentada
Você sabe me masturbar por dentro
Tudo que eu quero é chorar
Me sinto insana
Agora sou uma, amanhã sou outra
Enxaqueca
Tomara que dê tudo certo com ela
Eu não vou ser sua musa,
Só sua amiga
Tá tudo bem
Eu quero ser especial
O prêmio de alguém
Uma redenção,
Um presente de Deus
Eu quero ser uma fábula
Eu quero ser Alice ou Tinker Bell
Não quero ser Isabel
Ela precisa tentar tanto ser feliz
E sabe que é louca
Sabe que vai dar tudo errado
Eu pedi tantas vezes que fosse sincero e sensato
É quase um orgasmo falar contigo
Tudo gira em torno do meu umbigo
Não vai durar muito, eu sei, eu juro
Tudo se acerta e eu te ajudo
Não desiste de contar comigo
Vai dar tudo certo
Ainda não sei quem sou
Mas nunca estabilizo
Apenas estou bem
E tudo faz menos sentido

Traço

Abraço, amasso
Amarrotada a roupa,
Sem cansaço
Escrito treze vezes
No almaço
Retocando a pele
Passo a passo
Extinguindo de uma vez
Aquele espaço
A minha satisfação
Eu mesmo faço
E o Universo
Sabe que eu não sou de aço
Quando caio
Me refaço
Alguém sempre me ajuda
A recuperar os meus pedaços


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quando você vem me visitar

Não sou a melhor das anfitriãs
Eu teço uns elogios
Conto uma história triste
Brinco um pouco
Converso sobre o assunto vigente
Dou um jeito de enfiar tudo no armário
Pra ninguém ter que viver com a minha bagunça
Mas ainda tem roupa na corda
Ainda tem poeira nos móveis
Eu não sou a melhor das anfitriãs
E também não a melhor das convidadas
Pelo menos eu lavei a louça
Pelo menos eu escuto com carinho
Pelo menos meu abraço é de verdade
Eu sou sempre sincera, às vezes não devia
Não sei cozinhar bem, mas se eu puder fazer alguma coisa...
Eu faço um cafuné como ninguém
Aceita um copo d'água?
Um café?
Aceita um beijo
Na bochecha?
Quando você volta?
Eu não sou a melhor das anfitriãs
Mas eu gosto tanto da sua visita...

Tudo em cima, Universo?

20 seconds of joy

Ninguém vai entender
Quando eu conversar com o universo
Ninguém vai entender
Quando eu chegar no fundo do poço
Ninguém vai entender
Quando eu estiver mais uma vez naquele mesmo lugar escuro de sempre
E ninguém vai entender
Quando eu disser que estou ficando melhor nisso

Ninguém vai entender
As noites de sono que eu perco
Ninguém vai entender
Os dias de falta que eu vivo
Ninguém vai entender
O meu desespero tão imenso
De por alguém acima de todo o resto
Ninguém vai entender
Quando eu disser que amo
Quando eu pedir a Deus que me ajude a aprender a amar eles
Ninguém vai entender
Quando eu resolver sentar na borda do precipício
E ninguém vai entender
Quando eu disser que a beleza de um lugar
Está na morte

E se eu puder
Vez ou outra
Me sentir assim dentro de alguém
Dentro da pele
Dentro do pensamento alheio
Se vez ou outra
Eu puder fazer parte de uma consciência
De uma existência
De um amor tão amizade
Que tira o ar por alguns segundos
Tudo
Tudo vale a pena

A obsessão
O desatino
A tentativa desesperada
De encontrar equilíbrio
O medo da morte
A necessidade de se ter coragem
Para entrar em si
Nos lugares mais feios
E assim estar no outro

Tudo que existe
As noites mal dormidas
A solidão
Tudo vale
Tudo vale
Aqueles vinte segundos de alegria

Só por hoje
Sinto-me acompanhada
E quero ser melhor
Todos os dias

Jovem adulta

Apoiei meu pulso na quina do notebook
Foi afundando, até doer a minha artéria
Que inferno
Que inferno
Era exatamente assim quando eu queria me matar
Quando eu ficava pressionando a lâmina contra o pulso
"Vamos, agora"
Por que eu não paro de pensar nisso?
Estou passando tempo demais dentro de casa
Todo mundo diz que pessoas da minha idade não param
Será por isso?
Ou será que eu sou a única depressiva que fica assim?
Que ódio
Não suporto esse meu vício
Não suporto nada disso
Eu só quero fugir de tudo o tempo todo
Eu quero fugir de tudo que eu fui
E de todas as pessoas que conheci
Eu quero sumir
Eu quero sentir medo em um novo lugar
Eu quero não saber de coisas imprevisíveis
Eu quero não ter essa responsabilidade toda
De lembrar

Rejection

Não vai dar certo.
Não vai dar certo.
Não vai dar certo.
Você devia ir embora.
Não quero que vá, mas você devia.
Tenho um péssimo pressentimento a respeito disso.
Talvez eu só esteja entrando em pânico.
Talvez eu esteja sendo influenciada por pessoas que não entendem.
Você devia ir embora.
Não moro na sua Terra do Nunca.
Eu vivo na minha Wonderland.
Você devia ir embora antes que a rainha de copas te encontre.
Ela vai mandar cortar sua cabeça.
Você devia ir embora.
E não faz diferença.
Na verdade, faz.
Se você está com Mariana ou não.
Eu sou Alice.
Mas você seria problema de qualquer forma.
Você não entende.
São sentimentos tão controversos que eu nem tenho como conversar sobre isso.
Com ninguém.
Me sinto tão só.
Você precisa ir embora.
Antes que tudo desande de novo.
Antes que o mundo desabe outra vez.
A gente sabe que tem chance de isso acontecer, não sabe?
Talvez eu esteja sendo neurótica.
Talvez eu não esteja cumprindo o meu dever.
Eu devia poder ajudar, mas não você
Ah, droga.
Você não sabe,
Mas eu já fiz isso com tantos outros.
Continuo a falar com eles
Pra sempre.
Eu vou sentir sua falta se você for.
Mas você precisa ir, precisa ir.
Porque me incomoda tanto.
Tanto, tanto.
Eu sinto que vai tudo desabar a qualquer momento.
Me sinto tão insegura.
Eu sou a insegurança em pessoa.
Tenho medo de enlouquecer.
Tenho medo de me frustrar.
Tenho medo de me corroer de inveja toda vez que você estiver namorando alguém.
E quanto à próxima?
E quanto à possibilidade de vocês voltarem?
Eu sempre faço isso, eu sempre faço.
Fico tentando ajudar no relacionamento alheio.
Isso me irrita de uma forma que você não entenderia.
Ah, não.
Nós somos completamente diferentes.
Nós vivemos em mundos paralelos.
Eu odeio, odeio, odeio
Quando as pessoas namoram.
Eu odeio muito quando as pessoas têm crises em seus relacionamentos
E todas as vezes eles acabam terminando.
Eu odeio até quando as pessoas têm bichos de estimação,
Porque eu não tenho.
Eu odeio quando as pessoas têm irmãos.
Eu sou um desastre de pessoa.
Você devia ir embora.
Porque eu sou louca, egocêntrica e egoísta.
Porque vai dar tudo errado, eu sei que vai.
Vai embora, Peter. Vai embora.
Mas eu vou pedir pra você ficar.
Porque se você for vai doer de novo.
Eu não quero lidar comigo.
Queria ficar mais um mês sem internet.
Queria não ter tanto medo.
Eu tô morrendo de medo, Peter.

Meia noite e quinze
Faltam cinco dias pra eu voltar pra faculdade
Faltam dez dias pra eu fazer aniversário
Dia quinze
Eu não sei o que eu estou fazendo com a minha vida

Ponte, corda, pulso

Que falta faz,
Quando tu não me amas,
Ser amada.
Que falta faz
A heroína de sempre,
Aqueles elogios loucos.
Eu sei que tudo isso
Era só um jogo.
Por que
Insististe tanto assim
Em brincar comigo?
E o que é
Que tem nisto
De tão fascinante?
Aquelas promessas tinham,
Tenho certeza,
Um algo a mais.
Conteúdo batizado,
Pra manipular os vícios,
Pra deixar bem os resquícios
No coração drogado da vez.
Que falta faz
A tua rebeldia inconsequente
E o medo de acordar pela manhã,
E o medo de não dormir,
E o medo de já não estar aqui
A tua companhia de quase todas as noites.
Que falta faz
A adrenalina da crise
Que rejeito.
Não sei se era mesmo
Esperança
Ou se eu só
Procurava um jeito
De me distrair,
Não sei, assim,
De mim.
Essa mudança das coisas
Me incomoda tanto.
Todo dia
Me encontro de luto
Outra vez.
Ninguém entende
O tamanho ou o conteúdo disto.
Meu retorno ao que me doi
Não é bem visto.
Mas não é como se doesse como antes.
Eu queria que doesse mais
Pra eu me arrepender.
Não sei de onde parte
Esse meu impulso suicida.
Não o quero.
Eu vou me sentir louca de qualquer maneira.
Vou ter que me sentir
Pro resto da minha maldita vida.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Tédio

Me deixa dormir me deixa dormir
Me deixa ir, não sei por quê
Me deixa sair daqui
Não demora muito
Já canso de mim
De ter que conviver
Com a minha própria pessoa
Que tediosa sou
Já conheço todos os meus cantos
Já sei o que repelir e o que aceitar
Eu passo tanto tempo só
Que já me canso de tudo que sou
Não há mais o que explorar
E essa maldita dor de cabeça?
Excesso de celular ou escassez de sono?
E essas cicatrizes pelo corpo
Sei quantas são, onde ficam
Quase sei a história de cada uma
Eu conto muito as minhas histórias
Que tédio
Me interesso pela dor alheia
É tudo novo, interessante, especial
Mas já não quero doer coisa nenhuma
Queria um fascinado estúpido
Que viesse me tecer elogios
Queria que alguém me fodesse como se deve
E na realidade
Eu vou comer
Dormir mais umas horas de sono
Quem sabe ir ver alguém amanhã
Eu tenho que resolver a minha vida
Olhe como sou mimada
Insatisfeita com essa coisa toda
Nem os cortes, nem o álcool, nem os cigarros
Nem a depressão, nem o amor
Acho que nada mais é remédio
Que tédio,
Que inferno indolor

Sofá, notebook

Fiz um corte no dedo
Abri seu blog outra vez
Eu não sei mais por quê
Minha cabeça
Ameaça e ameaça doer
Mas não doi
Eu ia sair hoje
Não vou mais
Queria terminar certas coisas
Mas não tenho vontade
Eu acho que eu preciso dormir
E ingerir um pouco de açúcar
Eu acho que eu preciso de outra vida
Não sei se confio tanto no universo
Me sinto meio louca
Mas tá tudo em sua direção convencional
Eu vou terminar a faculdade
Seguir com o plano
Mas eu juro que esperava algo mais
Pelo menos
Eu faço aniversário
Daqui a onze dias
Não que isso signifique alguma coisa
Eu nem sei o que que eu vou fazer

Ordinary

Minha doença seria a solidão
A escrita, um paliativo
Os sintomas, vários, em sua maioria compulsão e masoquismos
A cura, alguém.
Se eu me curasse
Não mais precisaria da escrita
Não mais reagiria de todas as formas caóticas
Teria paz e viveria
Como um ser humano comum
Ordinariamente
Sem me destacar em meio aos outros
Sem ter que viver à parte

Nem papel nem conta

Minha mãe mandou que eu dormisse cedo.
Eu te pedi que não me fizesse dormir depois das três.
Marquei com o meu amigo no iníciozinho da tarde.
Estou aqui. São quase sete.
Nem vi o tempo passar depois das dez.
Parei um filme no meio, ouvi músicas.
Essa nem sou eu.
Eu acho.
Talvez eu fosse antigamente.
Eu penso muito sobre você.
Nem tanto assim. Há intervalos.
Penso em como eu não quero mais falar contigo nunca.
Eu penso em como nossa história se encaixa em todas as músicas que ouço.
Penso em como eu realmente devia ficar só.
A companhia das pessoas têm me doído ultimamente.
Virtualmente, eu acho.
Você mesmo sabe que estas virtualidades não são saudáveis.
O que somos nós?
Eu ainda estou decepcionada por você não ter sido quem eu queria.
Mas também não poderia ir e te deixar aqui levando a culpa.
O que eu quero dizer é que de decepções somos feitos todos.
Eu fico um tanto triste quando penso que queria isso que você teve com ela.
Ontem o universo me deu uma chamada, mas já tá tudo certo.
Exceto pelo fato de que eu continuo sozinha.
Eu vou ficar sempre sozinha.
Desculpa, amor, desculpa.
É possível que eu acabe tendo surtos de raiva quando falar contigo.
É provável que você nem veja eles acontecendo.
Eu vou te dizer que tudo bem, que você pode sim falar comigo.
Eu vou te dizer que não me importo, vou tentar te ajudar.
E, no fim do dia, eu vou ficar com raiva daquilo tudo. Porque é isso que eu faço.
No fim das contas, já era.
O que foi, foi. E eu nunca mais vou te ver da mesma forma.
Sempre fica esse espaço vazio, essa enorme frustração no ar.
O que era. O que eu sentia. E não sinto mais.
Eu odeio deixar de sentir as coisas.
Me sinto imensuravelmente vazia. É como se uma parte de mim morresse.
E falando contigo, tudo se confirma. Não é igual.
Não sinto mais o que eu sentia. Esperança.
Mesmo que uma esperança meio deturpada, aflita.
Mesmo que uma esperança meio destrutiva.
Eu não a sinto mais.
Eu não te amo mais.
Eu apenas me importo.
Eu não te desejo fielmente.
Eu não te suplico coisa alguma.
Te enxergo como ser humano qualquer.
Humano, não mais que isso.

(E eu vou te ajudar sempre que eu puder)

Saldo negativo

No início era tudo calores
Em excesso até
Eu te doía em todo o meu amor
Empolgação que nunca finda
Desejo de te ter dentro de mim
No início era tudo muito
Eu te cantava versos
Eu te ligava
Eu faria tudo que tu me pedisse
E um pouco mais
E agora
O que é que eu faço?
É sempre pouco
Não acha?
Eu já quase não me importo
Eu não te mando cartas
Eu não pergunto como você tá
Eu mal sei como que anda a tua vida
Eu nunca faço o que você me pede
Agora eu chego a estar 
Do outro lado do Brasil
Quando você vai na minha casa
Eu sempre negligencio
O que te diz respeito
Eu não sei dar presentes
Ou estar presente
Te escrevo um texto ou outro
De vez em quando
Eu quase sempre perco
A hora de te dar os parabéns
Quando é o teu aniversário
(eu sempre tenho medo de fazê-lo)
(não sei por quê)
E somando tudo
O que ainda sobra
É que eu me importo com o teu bem estar
E tenho vontade de dizer que te amo
E tenho vontade de beber uma cerveja contigo
De vez em quando
Você não me doi
Não fujo muito de ti
Não tenho ódio de te encontrar
Ainda te amo

Você mesmo dizia
É como um casal
Em um relacionamento desgastado
Eu e tu
Fazemos bodas de qualquer coisa
E devia ser bonito
Mas parece normal pra mim
Parece normal te amar
Quando não jogamos purpurina na coisa toda
Quando eu estou sóbria, eu acho

Melanie Martinez - Dead To Me

My condolences
I'll shed a tear with your family
I'll open a bottle up
Pour a little bit out in your memory
I'll be at the wake dressed in all black
I'll call out your name, but you won't call back
I'll hand a flower to your mother when I say goodbye
'Cause, baby, you're dead to me

I need to kill you
That's the only way to get you out of my head
Oh, I need to kill you
To silence all the sweet little things you said
I really want to kill you
Wipe you off the face of my earth
And bury your bracelet, bury your bracelet
Six feet under the dirt

Rainy days and black umbrellas
Who's gonna save you now?
Can you cheat from underground?

My condolences
I'll shed a tear with your family
I'll open a bottle up
Pour a little bit out in your memory
I'll be at the wake dressed in all black
I'll call out your name, but you won't call back
I'll hand a flower to your mother when I say goodbye
'Cause, baby, you're dead to me

(I'll mourn you when you go)
Baby, you're dead to me
(I'll mourn you when you go)

I need to say sorry
That's the only thing you say when you lose someone
I used to say I'm sorry
For all of the stupid shit you've done
So now I'm really sorry
Sorry for being the apologetic one
But if I told you again, if I told you again
You would think I was crazy

My condolences
I'll shed a tear with your family
I'll open a bottle up
Pour a little bit out in your memory
I'll be at the wake dressed in all black
I'll call out your name, but you won't call back
I'll hand a flower to your mother when I say goodbye
'Cause, baby, you're dead to me

(I'll mourn you when you go)
Baby, you're dead to me
(I'll mourn you when you go)
'Cause, baby, you're dead to me

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Sobre estar em casa

Acaricio a minha própria coxa
Eu penso tanto em fumar que já nem sei
Queria aqui
O meu velho livrinho de colorir
Os meus lápis de cor
Queria minha mala de volta
Queria poder conversar de verdade
Olha só
Eu mal cheguei em casa
E já to assim tão deprimida
Eu nem sei quem eu sou
Quando não estou viajando
Só quando viajo que eu sou feliz
Eu acordei
Nem faz três horas
Só penso em dormir de novo
Ele cutucando a minha mente
As coisas de sempre no fundo
Eu não me suporto
Eu queria a minha casa
E já quero sair daqui
Que absurdo
Eu não quero que a minha vida seja toda assim
Eu não tenho nada pra fazer
Eu preciso dormir mais
Comer uma gelatina, sei lá
Não quero saber de Lara
Eu quero ser egoísta
Quero ser mais e mais egoísta
Eu estou piorando como ser humano
Não quero ninguém desabafando
Cansei de ser masoquista
Eu quero ser superfície como os outros
Eu quero só falar das coisas boas
Fingir que nada acontece
Não quero mais me odiar dessa maneira
Eu sempre achei que fizesse pra ajudar os outros
Mas não é o meu destino
Na verdade eu só faço pra me machucar
Não tem sentido
Não me sinto bem com isto
Preciso parar
Preciso acabar com esta farsa

Last Cig 020815

terra do nunca, chatice de sempre

Reclamei minha dor
Ai, Terra do Nunca
Onde te encontro?
Onde não te escuto mais falar?
Ah, que tormento
Quando esbarro em todos os corpos
Já os quero de vez
Dentro de mim
Não de uma forma erótica
Mas, também, sim
Eu sempre me apaixono
Pelo tonto que me faz um gesto
Seja ele grande ou pequeno
Seja do jeito que for
Tudo que eu quero
Um colo
Alguém pra me foder
Durante a noite
Alguém pra atender
Minhas ligações
Em desespero
Alguém pra ouvir meu choro
Sou puro interesse
Engulo os desavisados
Quero todos os que são casados
Quero todos os que são amigos
Como ajudar
Ao pobre coitado
Que se faz amigo
Dessa louca?

Então se põe,
Terra do Nunca
No vazio espaço
Onde se encontrava
O medo,
Em estágio terminal
Com direito a flores
Com direito a fadas
E tudo que tem direito
No visual fantástico da farsa
E em versos breves e distantes
Recitais sobre o amor eterno
Tudo que eu queria
Maior traição de todas
Brincar com isto
Falar com menina Débora
Em seus cinco anos
Venha, 
Aqui tem doces
Vamos ser amigos
Vamos nos amar pra sempre
Foi como se eu estivesse em casa
Como num filme que assisti uma vez

Não sei se consigo mais explicar
Apenas me incomoda
Arranha a garganta
Falar dessa mentira
Tão idiota
Eu achei que alguém me amasse
De verdade
Eu queria que isso sequer existisse
Mas, não importa
Eu vou fingir que não importa
Vou fingir que fico quieta
Calada
Sem me pronunciar sobre isso

Catapulta

Que estúpida
Repete os mesmos erros sempre
Por quê
Não toma logo vergonha nessa cara?
Vai
Faz outra vez
Você devia saber estudar
O que há de errado contigo?
Menina mimada de merda
Sempre falta
Sempre deixa a desejar
E agora
O que é que vai fazer?
Acabaram as regalias
E agora
Como vai pagar a faculdade?
Que inferno
Que inferno
Que inferno
Vai continuar sozinha
Será?
O universo ataca novamente
Será outra vez pra equilibrar?
Será que ele traz mesmo algo de bom?
Isso é tudo culpa minha
É tudo culpa minha
Que não estudo
Que faço os outros de lixo
Como eu faço para não obrigá-lo a isso?
Como eu faço
Pra não ouvir essas coisas?
Não quero que ele se humilhe
Não quero que ele quebre
Não quero nada disso
Quero resolver as minhas coisas sozinha
Quero poder me arrepender disso no futuro
Cansada de tanto trabalhar
Não posso ficar lidando com isso
Porque eu sei que a minha reação
É a mais idiota de todas
Se corte, se mate
Que absurdo de infantil
Como você tem coragem de dormir à noite?
Como tem coragem de dizer as coisas que diz?
Estúpida
Covarde
Irresponsável
Você nunca faz nada pra ninguém
Finge que se importa
Finge que ajuda
Por puro interesse
Eu volto
E está tudo no lugar
Caindo
Caindo
Desabando aqui
Na minha cabeça
Dentro de mim
Eu preciso de mais álcool e mais cigarros
Eu preciso me cortar mais umas mil vezes
Pra ver se sou penalizada o suficiente
A gente sabe como isso termina
Vai começar tudo de novo
E de novo
E de novo
Achei que tivesse me livrado disso na faculdade
Rosa viu
A minha falta de evolução nesse aspecto
Ela achou que eu tivesse aprendido algo
Mas não
Não aprendi
Não aprendi
Não aprendo
Nada disso entra na minha cabeça
Eu sinto tanta culpa, tanta
Tanta mesmo
Me desespera
Me sufoca
Eu preciso sair daqui
Eu preciso chorar
Eu preciso ter um colo no qual deitar
Mas não posso tê-lo
Eu não mereço nada disso
Eu nem sei como fazer isso na minha vida
Eu não sei
Eu tenho medo das pessoas
Meus dedos se desmancham nas minhas mãos
Agora não é raiva,
Eu só quero morrer
Sair daqui
Morrer
De tristeza
De desesperança em tudo
Eu não vou ajudar ninguém
Eu não mereço nada disso
Eu mereço sofrer
O resto da minha vida
Sozinha
Sentindo dor e mais dor
Eu mereço enlouquecer
Eu mereço me matar
Vai ver
Eles merecem também
Que eu me mate
Porque eu nunca mereci
Nada do que eles faziam
Eu só fico cada vez pior e pior
Socorro
Socorro
I can breathe
I souldn't
I don't deserve the air
I'm gonna run away
That's all I do
I'll do it again
And again
And again
I'll watch the world
Fall down
I'm too scared,
Too lonely,
Too sick.
Too coward
To change everything
To make myself
A better human being

Sonho de escola

No meu sonho, eu tinha
Um talento,
Uma função,
Uma raiva de alguma coisa
Externada nesse talento:
Correr,
Eu nunca fui boa nisso,
Mas no sonho era,
Acho que é vontade,

No sonho,
Eu tinha
Um menino japonês meio triste,
Lhe dei um calçado,
Mas com um pouco de mesquinharia,
Não me lembro a história,
Mas sei que ele queria esse meu tênis

E em seguida,
Um ursinho,
Um macaco de pelúcia,
Um bicho de pano ou algo do gênero

Descobri que funcionava
Por alguma razão senti que Peter me ajudava
Naquela coisa do menininho

É tudo muito estranho
Quando a gente sonha
E também quando a gente vive
Era uma escola no fundo
E eu preferia viver ali

Quebra-cabeças

Ele é Lara
Eu sou Tu

Universo sempre me prega peças
Para me deixar montar a coisa toda
Como se já não me bastasse um desses
Como se eu já não preferisse a morte

Spank Delivery

Quando doi
Eu gozo
Quando me atinge o espirito
Me esfrego feito puta nos lençois
A voz, o verso, a dor alheia
O que permeia tudo que me agoniza
O sofrimento, a falha
O que nunca me trazem
Mas faz doer aos outros
Onde que isso acaba
Me atingindo a satisfação?
Eu preciso de mais uma
Daquelas visitas de emergência
Eu preciso gritar, estou sentindo
Eu preciso dizer que sinto coisas
Eu preciso poder pedir socorro
Faltam doze dias
Pro meu aniversário
E eu não sei o que faço desta vida
Olha, que já chego aos 19
E mal tenho perspectiva
Eu preciso deitar naquela cama
Pequena
Eu preciso estender
Meus quatro membros
Eu preciso sentir na minha pele
Apenas
Para que tudo vá embora
Para que eu permaneça sã
Ninguém entende o processo
Mal faz um dia e já estou ficando louca
Eu preciso de ajuda muito logo
Antes que eu me esqueça
De tudo que aprendi
Sobre ser gente

Quando a garrafa diz "veneno"

Quando você se foi
Sem despedidas
As feridas estavam abertas
Ardendo com o vento
Quando você voltou
Despedidas não eram necessárias
As explicações quase todas
Já sabia
E saindo o esparadrapo
Nem doía
Já estava tudo cicatrizado
Eu pensava
Em como não sentia nada
Lembrava
De quando eu me rasgava os braços
Enquanto você voltava
Eu continuava indo
Seguindo em frente
Porque dessa vez
Você tinha estragado tudo

Tão triste siesta da madrugada

Tanto esforço pra nada
Eu vou e venho
Com minhas panturrilhas estilhaçadas
Esse cansaço não me serve de coisa alguma

Universo, achei que eu e você
Tivéssemos um acordo
Quer dizer,
Quando se trata dele eu ainda entendo
Em um momento penso tal coisa
No outro já muda totalmente
Mas entendo
Pela explicação mais razoável
Apenas ele

Se pá
Aquele outro
Que antes costumava me fazer tão bem

Universo,
Só lhe restam doze dias
O que é possível fazer com isto?
Te apresse
Não entendo as outras duas
De que me servem
São pra equilibrar o karma?
Ou pra me lembrar que o agora
É sempre agora
E em breve não mais será?

Ora,
Que vazio imenso sinto
Que tristeza ampla
Porque voltou o menino
E terminou as coisas
Quando me disse em tom de recomeço
Que estaria aqui na amizade
Não mais vai me doer
É verdade
Mas como é triste,
Se é,
Não poder amar

E o que ele me disse
Sempre lembrando
Sou boa quando desamo
Todos acham
Não me suporto em tamanha ausência
Absence, absence
Odeio esta falta de esperança
Vamos lá, universo,
Me ajude
Por favor
Eu não aguento mais isto

Todos eles
Todos eles
Eu não
Por que não?
Por que não?
Me olha universo
Não me esquece aqui

domingo, 2 de agosto de 2015

Sad

Não sei de onde vem a minha vontade de chorar
Talvez eu só me negue admitir
Estou tão triste
Parece que tudo finda
Não sei onde estou
Não sei quem sou
Não quero saber
Prefiro sumir
Prefiro sumir de mim
Que há de errado?

Desconfiança

Agora vai-se embora
Já deixaste o teu recado
Já me deste de bom grado
Aquele velho pacote de incertezas
E mesmo que a tristeza seja mansa
Já trazes o mesmo prato de sempre
Eu entendo quase tudo que pretendes
E ainda encho minha jarra de cevada
Eu já não me reconheço em rosto quente
Aquela que nunca bebia por nada
Eu abro todas as vias
Tento confiar na minha antiga armadura
Me lembro de que este medo é o que perdura
Mas no fim da conta as noites nem são frias
Espero ansiosa
Escuto o pendular na hora na mente
Sei que quando somes, finges que nem sentes
Sei que este é o novo provisório
Ande,
Que desta vez eu tenho horário
São treze dias deste relicário
Andes, antes que eu me desfaça de vez
Amanhã não serás mais tão cortês
Não o esperava desta forma
Mas acho que irei dormir antes das três

Rédeas, cordinhas, cílios

Eu vejo competições
Que não sei se existem
Mais organização,
Maior esforço
Enxergo intenções
Que as pessoas não percebem
Em suas atitudes rasas
Às vezes
Sou um tanto arrogante
Às vezes
Tomo as rédeas de tudo
E como esperado
Tropeço em todas as coisas tropeçáveis
Vou dormir tarde
Com passos atrás
Outros na frente
E um futuro um tanto perdido
Me sinto insegura
Na mesma falta de sempre
Se tivesse aquela pessoa
Com aquele discurso
Eu saberia vencer tudo
Não me convenço
Não me confio
Não acredito nesse futuro incerto
Estou exausta
Trabalho inútil feito
Adormeço

sábado, 1 de agosto de 2015

Regresso

Escuta as palmas no fundo
Escuta o povo rindo
Escuta aqueles poucos gritando
Escuta eles me dizendo que estou ficando louca
Não posso
Não posso com tamanha chantagem
Ignorar a tua imagem
Se ela continua minha todos os dias
Minha lembrança
Minha vontade
Mas e se tu vais embora?
Eu não sei lidar
Com tanta incerteza dos dois lados
Eu nasci para terra
E não para mar ou fogo
Lua em virgem
Só desejo aquilo que permanece
E mesmo o que muda todos os dias
Eu aceito em determinado modo
Mas não o que se ausenta
Não suporto ausências
Eu só consigo manter
O que permanece
Mas, vamos lá.
Não é tu que gosta dos segredos?
Bem, será agora meu segredinho
Não abrirei a boca a este respeito
A nenhuma alma viva
Devo falar aqui
Ou em nome falso
Em algum outro espaço
Dou um passo pra trás
Só de dizer me assusta
Só de dizer machuca
Mas não sou dona de mim
Todos o sabem

Não um pedido de desculpas, não uma arrogância muito grande

Sinto um prazer quase sádico,
Dentre os sentimentos ruins que tu me traz.
Talvez eu tenha em mim
Esse clássico ferrão do escorpião
Essa compulsão por ser vingada
Mas não é disso que costumo me alimentar
Eu vivo de crenças e reflexões internas
E quando não, de outras bobagens
Com as quais poucos se importam
Mas a verdade
É que quando me doi a carne acesa
Em fogo forte,
Tendo sempre um espectador
Bem posto à minha frente,
Eu tendo a exigir justiça
Nem sempre através da dor alheia
O desequilíbrio entre dois polos
Nunca é certo
O que segue, se doi
Precisa ser compreendido
Precisa ser aceito
Pra se recompor
Para seguir em frente

Um, quatorze, oito

Acordo de batom vermelho e pés exaustos
Vislumbrando o meu futuro
Quase certo, mais distante
Em um ou dois anos,
Talvez na direção oposta
Eu não sei se estou mesmo disposta
A fazê-lo mudar pro lado certo
Observo a minha velha nudez de sábado
As faltosas doze horas dormidas
Uma sede, que não se explica em ressaca
Uma fome, que não se esvai em comida
Se eu soubesse ao menos
Como me livrar dessa bendita dor nas costas
Se eu tivesse o mínimo
De vontade de me pôr debaixo do chuveiro
Talvez se a casa não fosse apenas minha
Eu seguisse o trajeto,
Que talvez o universo quer que eu siga
O que foi que eu esqueci de notar,
Querido céu?
Ou será mar, de onde vem toda essa carga?
Porque perder a bolsa é fato
Porque sair de casa é gesto
Porque ver surgir de lá e cá
Esses fantasmas
Não pode ser coincidência
Depois de tanta conversa sobre a vida
Eu já não me lembro daquela recente ferida
Tento me importar com que me importa
Tento me impedir de acabar morta
No meu próprio quarto

Talvez a minha fé seja maldita
Talvez eu espere do mundo
Um pouco além do que eu deveria
Talvez seja arrogância minha
Querer saber antes de realizar

É apenas sábado
Eu tenho direito a um pouco de descanso
Eu me dei isso
É apenas sábado
Eu ainda estou de férias,
Espero que não por pouco tempo
Ainda hoje, sábado
Eu prometo
Hei de pesquisar o que se deve
Entrar em contato
Querer saber sobre o que preciso

Hoje é dia primeiro
Faltam catorze dias
Acho que eu mudei antes da hora
Acho que eu não estou pronta
Pro novo ritual de todo ano

Textos sobre eclipses não são teus, são do outro.

E os adicionais

A acrescentar tenho questionamentos
Primeiro sobre o porque de definir-se tanto assim
Numa notável falta de caráter
Se nenhuma pessoa já é tão má
Que não se possa fazer em atitudes hoje
Segundo sobre tamanhos ciúmes
Absurdos e inconsoláveis
Que se fazem desnecessários prontamente
E em terceiro
O que nunca compreendo acima de tudo
Qual é a chave que te prende atrás
Deste enorme portão chamado metáfora
Como te arrancar desta farsa
E te por frente a frente, como o tal adulto que és?

Sobre os acertos e erros

Tens breve razão
Quando afirmas que não te supero
Quando te converso, reflexo
Na superfície do mar
Ainda te quero
Mesmo com tudo que me doa
Ainda te espero
Mesmo sabendo
Que faz tempo abri mão
Do perdão alheio pela alma tua
Eu te perdoo
Se me provares que acredita de fato
No que acredito mais que todo o resto
Não falo de amor, palavras fúteis, nada eterno
Falo do que existe dentro, humanidade
O que é tu e eu, a consciência
A noção clara e profunda
De ambos os lados da moeda
E mais que isso a escolha do lado certo a seguir
Se ainda não é claro,
Eu escolho viver
Eu escolhi pela primeira vez
E venho desde então todos os dias
Se tu não fores por lá,
Nós não iremos
Vou só, se for preciso
Hei de catar uns condenados no caminho
Há mais miséria nos seres que se espera
Há mais tesouro nas almas que se enxerga
Sei que em ti, ambos existem
Mas todo livre arbítrio
já distorce a minha fé inconformada

Não te sou
Há textos que não te pertencem
Há versos que me arrancaste à força
E ainda doem
Há algo por ti que não se explica ou se cura
Mas futuros não nascem disto