domingo, 29 de dezembro de 2013

Passé

  Meus pulmões estão sentindo. É algo maior. Maior que minha existência no presente. É mais sobre quem eu nasci. Um agosto ou dezembro molhado, e um estranho no fundo chamado violão. Tantos desconhecidos da infância. Tantas nostalgias abstratas. Quantas vontades natas de estar num meio assim tão agitado. A batida no fundo e uma rejeição branda. Dulce vitta. Toût passé.

29/12/2013

Pray

Everytime I think of you it gets me angry.
Everytime I think of you I try to think anything else.
And there's this piece, this smalest part of me, that wants to cry.
But I won't let it.
Because baby, I am over.
I'm done here with you.
I'm done of your pretty awesome hands,
I'm done of your safe arms.
And I don't care about your funny way to calm me down.
I don't want it anymore.
My home got down.
You can no longer stay inside of my life. 
Neither of my heart.
I'll leave the love you gave me in a box,
And burn it down.
I'll change your name in every poem made for you, and call it past.
I'll forget about what I used to call peace,
And stop believing  in something that doesn't really exist.

Tudo o que fazemos na vida pode ser resumido em dois propósitos. Calar a mente, ou aumentar o volume.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

L'ombre

"Deixe-me tornar-me
A sombra da sua sombra,
A sombra da sua mão,
A sombra do seu cão,
Não me deixe.
Não me deixe...
Não me deixe!"

"Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre 
L'ombre de ta main,
L'ombre de ton chien,
Ne me quitte pas.
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas!"



Edith Piaf - Ne me quitte pas

sábado, 14 de dezembro de 2013

Visita

- Senti sua falta.
- Vadia.
- O que foi que você...?!
- Vadia. Você é uma bela de uma vadia.
- Quem é você?
- Até parece que você não sabe. Pelo amor de deus, Talita.
- Desde quando você me chama pelo meu nome? O que aconteceu?
- Estou cansado.
- De quê?
- De você. Dos seus joguinhos, dos seus caprichos, dos seus sumiços. Dos seus serviços... De tudo.
- Entendo.
- Eu quero morrer, Talita.
- Eu também, querido. Eu também.
- Você nem se importa. Tá mais preocupada com a própria depressão do que com qualquer um no resto do mundo. Sempre egoísta, não é?
- Me desculpe.
- Não fale isso da boca pra fora! Sua falsa, fingida! Você sempre faz isso, não é? Chega aqui dizendo que sente minha falta, que se importa... Você só mente pra mim.
- Não existe verdade, você sabe...
- Por que você mente pra mim? Por quê, hein?
- Eu não tenho essa intenção, você sabe disso.
- Por que você sempre tem que voltar?
- Porque se eu não voltar, eu morro.
- Mentira.
- Não posso te convencer disso, mas é verdade.
- Você disse que não existem verdades.
- Eu digo muitas coisas contraditórias.
- Por que você vai?
- Porque ficar aqui me sufoca. Porque minha mente é agitada demais pra permitir que meu corpo more em um só lugar.Mas eu te amo. Eu te amo, juro que amo.
- Droga, garota. Eu te amo. Eu te odeio porque te amo. Eu me odeio porque te amo.
- Não se odeie, por favor.
- Então pare de fazer isso comigo.
- E se eu prometer que vou passar seis meses aqui?
- É confiável essa promessa?
- É. Sem fugas. Só não posso prometer que vai ser sem brigas.
- Seria bom. Só...
- Se eu precisar sair, eu juro que vou te avisar e explicar aonde eu vou.
- Eu queria que você não saísse nunca mais...
- Eu sei, querido, eu sei.
- Mas você não pode.
- Não.
- Eu te perdoo por me deixar aqui sozinho.
- Obrigada, meu amor.

breath

Todo sentimento tende à morte.
A cama sussurra meu nome e eu danço como se quisesse viver.
Meu estômago ruge e minha boca nega o prazer de qualquer alimento.
A única coisa boa que me resta é minha mente de trajetos cíclicos e logicamente insanos.
Morra... Morra... Morra.
Preciso dormir para que meu inconsciente aja.
Minha mente vai me salvar desse tédio que é a realidade.
Life is made of frustration and disappointment.
Vou fugir, vou fugir.
Matar alguém,
ou cortar os pulsos.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Analgesia fúnebre

    Sentamos lado a lado e olhamos o nada pensando no mesmo, pensando no silêncio. E ao abrir a boca, somos apenas mentiras, e um joguinho sujo fetichista, no qual somos terrivelmente viciados. Tudo se resume a palavras bestas. Lógicas, e metáforas. Dançamos fatalmente pisoteando a nós mesmos, em prol de uma superioridade forjada. No silêncio não pensamos na verdade, porque esta é extremamente perigosa, e sabe-se lá quem pode ler os nossos fracos pensamentos. A verdade não existe. Só existe a dúvida. E assim, somos quem precisamos ser, somos quem é capaz de nos dar mais orgasmos. Orgasmos da mente, e nossos sonhos depravados. A humanidade adoeceu. E nós realmente não somos doentes. Ou talvez sejamos os mais doentes de todos.
    Sentamos e quebramos vários ossos. A violência supera o sexo, e a sutileza paira soterrada, em estado de choque. As carnes pegam fogo, e os gritos ninam as criancinhas indefesas entre nós. Somos a morte. Prédios, e casas, e escadas de emergência. Parques, e praças, e academias podres. As pessoas, os bichos e as plantas. Tudo desmorona, e se corroi ao nosso redor. Nosso veneno é tamanho que tudo se esgota. And we know we're gods. Analgesia. Nem se o próprio sangue escorrer em nossa pele, fará alguma diferença. Nem mesmo se for nosso.
    Enquanto o mundo acaba, somos só palavras. Sussurros obsessivos e conflitos que não falam o que dizem. A sensação da euforia e do poder é maior que tudo, é maior que o mundo, é maior que nós. Dispostos a promover a tragédia em cada coração. A gritar verdades ensandecidas a cada mente fraca. E até a torturar por diversão.
     Psicopatas brincando de confissões tão mórbidas quanto ingênuas. Tão cruamente inocentes. Tão quaisquer e tão vazios, que não nós. E nem ninguém.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Queda e silêncio cheio.

   As vozes não falam, mas seus sentidos cruzados estão ali, e eles gritam. Berram vontades opostas, mimos, revoltas. Indignações e uma esperança conquistada. Briga! Briga! Briga! A ânsia pelo silêncio oscila de solidão a suicídio. Passa pela libido adoecida e pela fantasia. As mentiras e verdades engolem umas às outras. E só resta uma certeza: é preciso fugir. Mas não há escapatória. Estar em casa não é estar em paz, e todos os lares são defeituosos. Talvez porque o defeito está em mim. Talvez os meus problemas sejam fruto desses lares transitórios, inconstantes. Pessoas são lares melhores, mas lares que me chutam, que me odeiam, e me deixam ao relento. Preciso me acostumar a estar na rua, a estar só. Mas tanto meu pulmão quanto o estômago não estão nem de longe preparados para tanto. É como se eu estivesse apodrecendo. E sei que estou. Por dentro e por fora, a decadência lerda e imutável. O gosto de morte dorme e acorda comigo. Não sei o que ainda pode me salvar daquelas crises. As companhias são todas fracas, não há objetivo. Não há sentido, e a esperança oscila. Morre e desmorre quando quer. Estou completamente perdida. No limbo, no vácuo, no abismo. Em queda permanente, sem nunca chegar ao chão.