quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Se neve fosse areia

O cheiro da praga do natal já começa a me intoxicar
E não é que eu não ame festas ou o conceito de família
Mas é que ter vivido toda uma vida em isolamento
E depois ter sido abusada por um menino idiota
E me sentir solitária...
É que quando éramos pequenos, e ela o agredia
Eu me sentia culpada
Como tivesse causado tudo aquilo
Mas não era minha culpa, e eu não sabia
É que abrir o supercílio dele, com todo o peso da minha existência 
E mais um ferro, em velocidade
E vê-lo sangrando no meu sofá branco da sala de estar, no meu sofá preferido
É que rachar a testa e o crânio, e a inocência dele daquela forma
Enquanto ela rachava a paz daquele menino aos gritos e à histeria
Como me fazia a irmã, a genética intacta da loucura
A herança que nós dois recebemos, como um presente mórbido de Deus
Mas quando eu não percebi meus olhos se fecharam
O sol me queimou por dentro e a luz me drogou por fora
Os raios eram tão intensos que eu emanava como um espelho da experiência de uma praia de horas
E enquanto eu desmaiava sentada
Ele invertia papeis comigo, invertia o jogo
Roubava a minha história de mim
E eu não vi, pois estava de olhos fechados
É que quando eu servi os copos eu queria ser um presente de natal
A escolhida do Papai Noel
Mas Papai Noel tinha morrido há tempos
E nem no meu próprio pai eu acreditava mais
E quando eu soube que ele foi costurado depois de quase morrer no meu sofá, eu quis me machucar
Pois tinha o provocado um de meus maiores pavores
Acho que eu respondi errado pra ela, e sim, ela me culpou
Ela sempre me culpava, assim como a outra, que me absolvia
Eu gostava de quando ele tocava os dedos em mim
De quando me cutucava, me beliscava, me chutava, me varria e me puxava pra debaixo d'água 
Gostava de como chamava meu nome e de como sempre queria minha companhia 
E de como colocava a mão em lugares que não deveria pôr
Eu me sentia real
Me sentia alguém
Sentia que só ele notaria se eu não estivesse ali
Até que deixei de ser relevante
Então passei a ser mais um objeto
Algo a ser jogado no lixo, como tudo à volta dele
E percebi que nada na minha realidade fazia sentido
Eu nunca existi de fato
Eu era só um sopro, uma sombra
Um pó.
Mas na noite em que eu me senti triste
Eu acreditei que ele viria comigo
Então abri a boca
E a refeição que veio foi violência
E na noite em que tive que lutar para não ser apagada
Do livro da história dessa família
Eu deixei de existir
Deixei de respirar
Deixei de ser capaz de decidir
O que fazer com meu próprio corpo
E ele decidiu por mim
Porque afinal
Eu era um objeto
Que ele podia usar e descartar
E ele usou
E hoje eu não sei mais pra onde ir
Então o que é Natal?
Se eu não tenho pais
Se não tenho família
Se o que me resta é abandono e abuso
E tolerar vê-lo, suportá-lo
Fingindo que nada disso aconteceu?
Natal.

Não é que eu queira cometer este sacrilégio com amor e com a rabanada
Mas o amor 
O açúcar
A canela
E Deus
Apenas desistiram de mim.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Edging

My room is a mess
My head is a mess
I am a mess and
I don't know why do you even talk to me
I keep waiting for you to just go away
My psychic tells me I should take it slow
But I can't
I don't know how
I don't even know where to start
And I keep trying to but
It doesn't work
And my psyche tells me to be careful
Not to drown myself
To stay safe behind the line
Away from danger
Whatever the hell
That's supposed to mean
But this so said barrier doesn't even exist
It's a fairytale 
A lullaby I've been singing myself to sleep 
My entire life
And it's not working anymore
I haven't slept in months
I haven't slep in years
Safety isn't real anymore
I can feel it in my bones
And my psycho tells me
That if I'm already dead
There's no such thing as killing myself
It's just a matter of 
burying, burning, throwing on the sea,
tearing apart the rotting pieces,
Or better saying,
Taking a proper care of the meat.
I don't know why should I get scared
Of the living things
or unliving ones
If it's eternity my one true fear
The steps and voices,
crawling up a wall,
being threatened,
being yelled at,
tortured, physically, mentally, emotionally,
(death is truly my favorite)
being fucked, and hurt, terrified,
is nothing compared 
to the pain of being alive.




Lucky Dice

I smell cunt and weed
from my bathroom
And I suck people's dicks
I shouldn't be sucking
But it gets me higher
Than any drug
Well, at least I ain't 
Cutting my wrists off
So I guess it's a win, right?
I am succeeding 
I'm way better at this now
Than I used to be
But I guess I wish 
That I wasn't
The subconscious
Doesn't lie much
Does it?
I like the way she talks to me
And I try to be understanding but
What can I do about the gossip?
I bet they all gossip on our backs
I'm not very trusting
Well, people don't give me reasons
This is why is safer to be in silence
You learn a lot
A chameleon's superpower
Is very useful
I wish I had a different set, tho
It sucks to change colors
Like a fucking rainbow
No matter how good
They might look

Hanged Man

I smell christmas on my stomach 
Along with a cigarette triad
A hella punk spearmint drink
And a bunch of tiny rageous beefs
That insist on eating my guts out
And I know it's yet october but
I'm Jack Nightmare, the skeleton
A white dust, an empty spirit
The dark flame, for lack of better meaning
A witch or such, if this becomes
Some kind of Halloween Town
An Ace of Hearts
A rolling head, a burning Carrie
A bleeding one
Alice upside down
An ellipse, eclipse
Sally, or Emily, whatever
Elliot, Ash, 
I wanna be Sandy Claws
I wanna win this holiday
Like a God, and make them laugh
But I could never
I cannot feel
Because I'm made of bones
Everything is bone
Is sacrifice
I'm a demolishing tower
I'm helpless
I'm undead
Like Christ

sábado, 24 de setembro de 2022

Gasolina

Gosto de te chamar de putinha
E de quando você me pede pra gozar
Mas quando você me desobedece
Eu sinto muita vontade de te matar
Gosto de quando ele me escuta tenro
Com a voz mansa no telefone
A foto cinza
Me diz que eu vou ficar bem
Mente que me entende
Eu faço que acredito
Adoro quando ele me agride
Me ameaça morte
Um psicopata
Com a voz suave
Um veludo doce
Um vinho tinto 
Me envenenando
Amo quando meu querido
Me atende grave
Como não fosse
Um bebê macio
Deitado sob meu colo
Esperando meus tapas
Esperando meus beijos
Como não fosse um amigo
Um amor antigo
Um futuro próximo
Como eu não fosse vê-lo em um amanhã paralelo
Quando me pede sereno
Quando me pede frágil 
Um gelinho a mais
Uma faísca leve
E eu lhe dou um sustinho
Mas só deixo a vontade
Tudo isso isso é comida, pra mim
Eu digo
Tudo isso é comida
Eu te devoro inteiro, meu Bebê.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Caquinhos

Um cigarro. Um cigarro. Um cigarro. 
Toda hora esse pensamento me passa e eu tento soprá-lo tipo a fumaça burra excessiva de quando eu não trago.
O dia me pesa como chuva. 
Como uma nuvem cinza e vermelha que tentei rabiscar mas que não fez sentido. 
Um amor desigual repartido dentro de mim que de repente de um nada explode e me sufoca.
Não quero amar. Não quero falar com ninguém. Respirar me doi.
Não sei existir. 
Acho que ele não me entende.
Acho que ninguém nota que estou aqui.
Estou esperando calada que alguém perceba o incômodo da minha presença e me chute desse lugar.
Mas não calo a boca.
Movimento, sou incrível, uma estrela cadente, um raio de sol.
Eu sou o palco.
Eu detesto ser o palco.
Preciso de um drink.
Se eu beber um gole eu sei que eu vou me matar.
A vida tem sido incrível a tal ponto
que eu enxergo um futuro.
Um futuro cheio,
Parrudo,
Um velho gordo e capitalista.
Rindo da minha cara.
Eu acho que sou gordofóbica.

Espero que eles não percebam quem eu sou 
e que alguém me pegue pelo pescoço e torça até partir em dois.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Disforia

Hoje não fez frio
E eu quis tirar minha pele pra secar
Mas eu não podia
E por mais alienígena que eu fosse
Eu ainda estava presa dentro de mim
Desse corpo
Faz dias que eu não durmo direito
Espero amanhecer
Só me reconheço nela
Em nomes avulsos
Em nomes vários
Menos em mim
E nem tem coerência
Não que isso seja novo
Afinal, é a única invariável
Nesse caos
Saber que sempre vai ter algum paradoxo
Ou variabilidade perpétua 
Dentro da minha cabeça
Mas eu tinha a expectativa 
Esperança
De poder descansar
Mas não consigo
Não dá pra tirar minha pele pra secar
Nem quando não faz frio
E quando faz também
Não dá pra aguentar só com ela por cima
Não é suficiente
Simplesmente não é uma pele adequada para mim
Não é a minha pele

sábado, 6 de agosto de 2022

Harlequin

I knew when you attacked me
You could never become the rapist
I'd grown out of every man
I'd water and feed them
Fertilize it, breed it 
Give birth to my own rape
Just so I could feel myself getting hurt
By someone else
Because this was the only kind of love 
I understood
I knew everytime I looked at you
You were not able to do it
And it tricked me 
Because somehow, somewhere
I still desired for it
For you to hurt me
For you to get angry at me
But you couldn't hurt me
You were small.
Way beyond small, 
You were tiny
A little ant
Next to my giantness
And I was your monster.
I'm so sorry about it
I know a lot of it was my fault
And part of it was the reason why 
I was so neglectful 
Because I didn't want you to live that life anymore
I felt like you were having a terrible life with me
I felt responsible for it
And I felt trapped.
I wanted you to feel free
But I didn't want you to die.
I just hoped you could survive on your own
I couldn't.
I think you couldn't either.
That thought frightens me.
You died when you left the house.
I will too.
Aqueles trechos de Elena.

When I looked at you
I could see you would never be able to hurt me
And that made me realize
For the first time
I could love someone
And be safe
And I could trap you
And force you to love me back
Because you had no way out
This sense of confidence
Made me love you so deeply 
You were the most precious thing
Being
Person
The most precious preciosity 
I've ever loved in my life
And just the act of loving you
Was amazing for me
I miss loving you
Being able to love you
Remembering you
I miss you.
You being alive
You being here
You being.
I miss you.
All you were to me.

I'm sorry for everything.
For everything I've done to you.
I will always love you.
Always.
Thank you for your life.
You were a bless to me.
You taught me light.

domingo, 24 de julho de 2022

Carvão Ativado, Lembrol

Triste me deito
Alguém escreveu
Esperava uma poesia
Fiquei no ponto
Outro dia comecei um texto
Agora me lembro
De ter me esquecido
De como esse texto era
Precisava adormecer
Aceitei o luto
Um entre tantos
Definho no leito
Me doem as tripas
Escorre de mim
Até a última gota
Sonhei que ela me trocava
Por outra uma das trevas 
Em uma convenção de bruxas
E todas perdiam identidades
Abraçava o Sinistro numa casa invadida
Assustava o Papa
Em ambiente remoto
Eu prometia ir a uma farmácia
Comprar fatiadoras novas
E tentava vestir uma capa do alto

Ficava presa num plástico, num círculo,
Roubava uma tesoura, e era abusada nua 
Sexualmente 
Enquanto doente e desorientada, 
que pedia socorro

Minha cronologia debocha de mim
A semântica me vê uma grande piada
Um grupo se junta com a perspectiva 
Egocêntrica de 5ª série
E me deseja a morte
Me sinto na escola

A linguagem não me reconhece 
A psicologia não me reconhece
A minha família não me reconhece 
A minha história não me reconhece
Eu não me reconheço no espelho
Eu não me conheço nas minhas memórias
Eu sou invisível aos outros
Eu sou um silêncio que faz barulho demais

Eu não existo 
Me deito
E tento deixar de existir 

quinta-feira, 14 de julho de 2022

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Chapéu e a Matilha

O começo dele tinha gosto de fim
Tinha gosto de que eu queria que fosse o fim
Eu vi o brilho no negro do olho do lobo
Por dentro de meus olhos fechados
As folhas secas se ralavam no cimento da calçada
E ninguém entendia
O que eu tentava dizer aos gritos
Em desespero
O que eu tentava dizer em silêncio grave
O que eu calava com meus próprios braços e mordaças
E minhas inúmeras e vãs tentativas
De não ser ignorada
Meus fragmentos
Minhas amnésias
Minha literal e lateralidade
Meu preto no branco no preto no branco no preto no meio do caos
No meu apocalipse
E a minha ilha
E como o oceano que a cercava era tão imenso, mas tão imenso
Que eu nunca iria conseguir escapar 
De todas aquelas lágrimas

E como eu sou a minha ilha, e não apenas vivo nela
Não posso deixá-la
E como não existo fora deste faz de conta
E como fantasias não são reais
Nem eu, nem o lobo
Somos reais
Eu não existo
Por mais que eu tente muito existir
Eu não consigo
O mundo não tem espaço pra mim
Não me cabe
Não me ouve
Não me compreende
Eu não passo de uma coletânea de personagens

Uma série de histórias que ninguém nunca vai contar.


quinta-feira, 30 de junho de 2022

Arroz

As árvores chacoalham
feito um chocalho de criança
ou cem chicotes
O vento tenta carregar meu copo
A janela bate
Eu entro correndo pelo quarto
Tranco e destranco a porta
Protejo wally
O céu tem um roxo azulado
Eu penso se fecho a janela
Quero tirar a roupa
E vestir cinco camadas
O ar é gélido
Não o suficiente
Mas não de forma que eu o suporte
Penso se a deixo aberta
Ouço um som de alguém tossir
lá de baixo
Alguém fuma um baseado
O cheiro entra no meu peito
Agora sei ainda menos o que fazer
Talvez eu esteja a ponto de perder a mão
Desse meu texto estruturado 
Porque alguém me droga contra a minha vontade 
Mas eu quero 
As minhas costelas sangram
A minha coluna
Meu alicerce 
Tudo apodrece
E rasga e racha por dentro
Estou em cacos
Espero os morcegos
Talvez se por alguns segundos 
Eu tiver um átimo
De esperança
Eu não me jogue do segundo andar
Só pra sentir meus ossos se despedaçando
Mais um pouco
Eu quero que tudo acabe
Eu quero que eu acabe
Quero que meu corpo inteiro queime
Corroa, doa, morra.
Eu quero morrer.
E quero morrer com dor.

Queria que meu prédio fosse alto.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Clonazepan 26º

Na parede da calçada
Estava escrito assim:
Na rua
Um poste
Sonha em ser lua
Pensei:
Um corpo
Sonha existir
Que bonito
Poesia na rua
Eu sou o poste da rua
Fazia tempo
que não me sentia assim
O risco
Grifado na minha testa
A maneira como
Eu balbuciava sozinha
Gesticulava pro vento
Ou falava alto para estranhos
Sobre me jogar na frente de carros
Cortar os pulsos
Ou nunca mais acordar
Me senti EU
Foi alarmante
Um amigo se preocupou comigo
Um colega, eu acho
Minha amiga,
Minha mãe postiça
Comecei a manhãzinha
Ligando pro controle de pragas
A praga era eu
Renata ficou mais de uma hora no telefone comigo
Era só mais uma Marcela
É estranho os estranhos
Como eles nunca perfuram minha pele
Fundo o suficiente
Nunca é suficiente
Eu sempre estou sufocada
Meus sonhos sobre assassinato e o ditocujo armado
E o diabo
Voltei no tempo
Comi a droga do calzone de charge
Tava maravilhoso
Uma dose de tequila dourada
Achei que seria difícil de engolir depois de tanto tempo
Quase nem tinha gosto, desceu fácil
Eu beberia mais três
Fumei cigarros tal qual uma chaminé
Nem contei, chutando a tradição no lixo
Pretendia ter me cortado
Me impediram
Aceitei a decisão alheia do universo
Eu pensei um pouco mais cedo:
Essa semana eu vou ter uma recaída
Não fazia ideia que eu não ia aguentar horas
Fazia tempo
Eu não me lembrava como era
Nada fez, fazia ou faz sentido
Se eu pudesse pular da ponte, eu pulava
Mas a ponte é só uma metáfora
Eu me refiro a prédios.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

18 de Maio

Sonhei com você
Não me lembro direito
Você era meio monstro, meio gente
Acho que você me contaminava.
com uma espécie escorpião alienígena gigante
Ele me acertava nas costas,
doía muito, bem na coluna
como você sempre reclamava
Não era com o rabo, era com as patas
Uma estrutura no peito
como agregasse a coluna dele na minha
como um andaime, ou um daqueles pinos
que põem em cirurgia em pernas quebradas
Ou colunas quebradas, eu acho
Mas era de fato como se ele fosse um parasita
Mais que um parasita
como se ele me segurasse e fosse me carregar dali em diante,
ou eu carregá-lo,
não tenho certeza,
Ele era muito maior que eu
E você tinha me dado isso
E tinha sido de propósito.
Você olhava pra mim como que aliviado
Um sorriso muito ínfimo escapava de você
E seus olhos pediam desculpas.
Seus cabelos eram curtos se considerar o meu padrão
Muito pretos
Seu rosto parecia escuro demais
Como maquiado de preto
E seus cabelos cobriam boa parte dele
Tinha um aspecto bem emo, em corte "V"
Você tinha um olhar estranho
Tipo de bicho
O escorpião me lembrou Sasori
Todo aquele esquema do fantoche e tudo mais
No final do sonho eu procurei uma menina que estava passando
Aleatória
Não me fez lembrar ninguém
Ela tinha cabelos castanhos claros lisos e olhos verdes
Tentei passar o escorpião pra ela
Não me lembro se funcionou

18 de maio
18 de abril
18e18
Você sabe né.
Bem
Senti sua falta esses dias.
Sinto saudade.
Não sei por quê.
Nada disso faz sentido pra mim.
É inaceitável.
Espero que você esteja feliz no seu mundo surreal.




quinta-feira, 12 de maio de 2022

Existencial Candy Burrito

I sleep in a warm caramel cocoon
'cause I made it freezin' out there;
I fuck myself till I feel all numb
But you know what I really wish for;
Life burns inside of me;
it's nearly 2am, and not three as typical
I listen to Lana or Elena (Maggie actually);
maybe Elliot, 
but Miley calls me, 
and someone curses me
for not being disciplined about my Poppy prayers.
I feel shattered.
Homeless,
orphaned;

small

And, overall,
Alone.
Adult, messed up, with not a clue of what to do, or where to begin with but, all alone.

For the first time in my life, I feel like
I figured it out
The plans, the tactics, the physics of the main life,
What I must do in order to stay alive
The research, the day by day work,
the sweat, the difficulty of it all.

But I still feel like I have no reason for it.
Why?
Why would I even bother?
Why do people battle to keep their lives?
What's the fucking point?

I drop caramel of myself
And feel disgusted at it
Why do people do that?
How do people handle themselves?
Their bodies? Their minds? 
Their significant others?
How do people mate? How do people meet?
I cover myself in cloth,
Because I have no strength left
To cover myself with water
and soap
/no amounts of soap could heal
this amount of sadness anyway/.
I feel bottom ground
bottom down
bottom dirt
I feel dirt.
If I touch water now I'll turn into mud or some.

It's no longer freezing out there,
It's not like I even bother anymore;
But I'll (try to) sleep in my cloth cocoon
Demi-cold, demi-warm
Fully empty, even stuffed with me in there.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Smell; psycho

Você cheirava a clorofórmio:
Formol;
Desinfetante;
Água sanitária;
Veneno;
Eu quero você longe de mim.

O mais longe possível.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

The blur

Every night I feel sad.
I don't speak my language;
I don't speak my name;
I don't have a name.
I am no one;
An abstract.
The lamb
Cooked on someone's meal.
On the Tiger's tongue:
Teeth and mouth,
saliva,
blood,
but even my blood is transparent;
I am invisible.

Every night I pretend
I play games
I do a theater piece of nothing
An emptiness spectacle
I delete my brain
And my life
As if I was able to erase myself from
the existance whom I 
never belonged to
I don't remember
It's even hard to say what exactly 
I get myself so confused
My mind feels like it's loosing itself
Sometimes I think I lost it for good
And that comes with some sense of relief

Finally
I don't have to worry about getting mad anymore
Now I already am
I don't have to pretend to be sane no longer 

I skip pill days
Like rabbit holes
The more lost I am the better
I want to feel hurt
And I wait anxiously and willingly
for the moment where destruction 
Will find its way back to me

I want to go home
To my graveyard
I wish to disappear in the air
I'll never receive or possess
the privilege to be

Alter

I see you
I close my eyes and see you;

I smell you
I breathe you
Through the smoke
and my polluted lungs
I feel you;

You are here.
I am you.

I hear you
Beating in my chest
How fast
The lack of coherence
A skipping balance 
Cadence;

I taste you
Experiment you
Try out this new type of being,
New type of place,
Strange,
Which I don't recognize at all
because I am you,
now
And you are from another time–space
And around these new ideas
you know nothing about;

Neither are interested to, are you?
That's what I see at least;

Deeply, I listen to you
Not with my ears, you know
I feel you with my skin though
But that's quite relevant 
At each and every goosebump 
I fall in love for you
Another one more time


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Baby

Quando eu desato meus cílios
E descaso meus lábios
Para te ouvir me ver
Baixar maré
Solto meus remos, 
Temo
Maremoto, seca
Rio com piranhas
Jacaré, arraias
Águas-vivas
Escorpião do mar
Ou do deserto
Carneiro contrariado
Sou um cordeirinho
Perto do tubarão-tigre
O pensamento de ter o mero direito
Ou chance
De ter um lar
Não confio no Deus que o fez
Que me fez
Porque se te fez, qual dos dois?
No preto ou no branco, ou
se — ainda pior — no cinza?
Porque o mínimo dos riscos
De pisar nessa estrada
De alta velocidade
Em horário de pico
É colocar em teus braços
A cria macia que me pari
Com tanto apreço e desespero
E se ao piscar os olhos
Ela te escapa os dedos
Te soa escorregadia
Pesada demais, mesmo que por
milésimos de segundo
Me sobram cacos
E levei tudo que sou
para cultivá-la
É um projeto
literalmente
de toda a vida.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

De Passagem

Fazer a barba
Pintar as pontas
Passar pomada
Lavar o coco
Cortar o toco
Raspar a casca
Checar os pulsos
Lavar a louça
Tirar a pasta
Pastar a prata
E o cálcio
Calçar o salto
Trocar de alça
Checar as horas
Check in list
Os ítens do saco
Dê cê dê cê 
FM – AM
Um hidratante?
Para dentro ou para fora?
Bisnaga azul de toque seco?
Checar a tela
Testar o corpo
Desligar na frente
Brisa fake
Checar a janela
Perder o time
Perder o self
Checar as luzes
Se perder 
Entre as paredes
Achar a porta 
E
Girar a chave

Ah
E vestir 
A roupa íntima
Da boca