terça-feira, 30 de maio de 2017

Quero ele

Te quero fraco,
Taciturno, deplorável
No meu colo,
Miserável,
No meu peito
Sufocando ao soluçar
Sem caminho
E sem ninguém
Para chamar de lar

Te quero fraco
Com rezas infantis
E rimas rasas
Insatisfeito
E com reclamações ingratas
Te quero com olhos fundos
E afogados
Te quero meu

Te quero um breu
Perdido para nunca mais voltar
Te quero preparado pra pular
E se eu pedir, você pula?
Se eu implorar
Você me rouba dele no altar?

Te quero fraco
Completamente entregue
Aos meus caprichos
Te quero adestrável
Como os bichos
Te quero encarcerado no convés

Te quero fraco
Os versos dos homens fortes
Não me cabem
Os gestos dos outros homens
Só me ardem
Te quero derramado nos meus pés

sábado, 27 de maio de 2017

Go away

Queria escrever um texto
Esse silêncio me rasga
Eu tenho sido quieta e decente
Mas preferia ser indecente contigo
Sei que estou cedendo
Sei que em pedaços de mim sou sua
Mas não serei sua
E não vou morar em você para todo sempre
Tenho escolhido não ser
E não escrever meus textos
Porque eles são todos pra você
E eu estou cansada
Das nossas infinitas provocações
Mas sinto falta de quando você me amava
Faz tempo que você me amava
Agora você me chama em vão
Eu digo que sinto sua falta, e sinto
Porque sou sincera como você não sabe ser
E cada resposta tua me doi só mais um pouco
Essa solidão eterna de ninguém mais saber
Como eu me sinto
Você não compreende nada do que eu sou
Você me isola uma porção de terra
No meio das lágrimas
Você me ilha
Eu sinto falta de quando éramos chão
Você continua buscando o que buscava antes
Aflição
Talvez inspiração
Eu sei que me doi faz tempo demais
A tua ausência
A tua companhia ausente
A tua presença solitária
Eu queria que você não existisse
Doi, doi viver
Sabendo que você tá por aí.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Te escrevi um texto

Não tenho sido
Quem você um dia conheceu
Não tenho sido a menina
Que corta os pulsos,
Seu depósito de lágrimas
Não tenho sido a menina que escuta
Madrugada adentro, o dia inteiro
Ainda faço piadas
Lembro um pouco, vagamente
De quem você costumava ser
Sou outra
Não sei mais como era
Quem você chegou a conhecer
Não tenho absorvido
Gírias absurdas
Mas vez ou outra escolho
Algo sem graça pra repetir
Não tenho pensado em ti
E nos diversos problemas que tivemos
Mas hoje pensei
E não sei por quê
Talvez eu só não possa te dizer
Não tenho sido
Quem você esperaria de mim
Mudei
Dormi e acordei vezes demais
Viva, sobrevivendo a tudo que tem sido
Digerindo todas as semanas
Amando compulsoriamente
Outros mortais
Não tenho sido o anjo decomposto
Que te dava abrigo
Tenho sido fogo, vivo e ardendo
Tenho sido madrugadas epiléticas
Tenho sido o pânico na sala de estar
Tenho sido tudo, menos algo
Que poderia te confortar
Mas hoje lembrei teu nome
Queria te enviar uma mensagem qualquer
Como você está?
Não tenho sido constante ou frequente
Não tenho sido gentil
Ou coerente
Mas você gostaria de falar com a consequência
Do que fomos nós
(e mais um pouco)?
Não tenho sido quem te conheceu
E não me recordo bem
Teu jeito de falar
Mas me conta
Quem você tem sido?
Como você está?

terça-feira, 16 de maio de 2017

Protection spell

Walls, walls
That never down
Make me safe again right now
Take this right back to it's home
And get me some peace alone

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sparks and shift

I roll on glitter every night
My mom should think it's fine but
She says it's dirty
And I feel like cuddling
With dead butterflies
What you sugest me to do
About my pair of pool eyes?
Will you give me one last kiss
Before I say goodbye?
I close mes yeux in the light
And open again when it's dark
It ain't about falling apart
It's the sweetness of silence
And it's sparks
Even the stars go sleep in time
And I ain't
But I will

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Midnight time sadness

I have fucked up wrists
And my red iced tea
I have a dope sadness
And deep inside
I'm broke
But it's okay
It will be fine, at least
Even if I have to cry
Another river
On the subway
Anywhere
Even if have to fight
Another week
I'm here
I'm here
I'm here.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Eterno retorno

Amor comigo é complicado
Dia amo, dia desamo
Dia morro, dia existo
E às vezes desapareço só de graça

Na sexta me sinto sozinha
Na semana seguinte te odeio
E sem rodeio, domingo eu me deito nos teus pés

Amor comigo é complicado
Ora me amo, ora não amo
E tem momentos em que é impossível
Nutrir amor
Seja por quem for

E se não dou notícias
Do que tem sido minha vida
Ou se ainda penso nos teus dedos e nomes
É complicado

Meu tempo é circular
E eu não sei se vou te amar
Mais uma vez, pela manhã

Eu não sei se na esquina
Algum outro me espera pra me distrair
Não sei
Se volto pra você
Antes de ir embora daqui

Perdão, eu acho

Se eu morrer no teu abraço
Mais uma vez,
Você me perdoa
Por ter sido pesada,
Por ter sido triste,
Por não ter sido tua, nem minha,
Nem de mais ninguém

E se eu fechar meus olhos
E meu corpo esquentar, aflito
Você me perdoa
Por ter chamado o teu nome
Durante o sono
Por ter te retornado as ligações
Por ter decicido fazer
O que decidi fazer

E se eu chorar na tua camiseta
Você me perdoa
Se eu fechar meus punhos
Enquanto esmago tuas costelas
Se eu parecer sufocar
Você me perdoa
Por ter sido essa pessoa que tenho sido
Por ter sido sozinha
Por ter sobrevivido a tudo que sou

Se eu te chamar de madrugada
E uma última vez pedir socorro
Porque teus braços tão longe
E eu me sinto só
Você me perdoa
Por ter desaparecido tantas vezes
Por ter sido egoísta como sempre
E por depois de tanto tempo
Ainda te amar

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Desistência

Dois comprimidos
Um café
Dois olhos pintados de preto
E o amuleto,
Sabe como é

E tudo ao redor
Insistentemente
Repetindo
"Por que estamos aqui?"
"Por que preciso existir?"

Mas nesse pouco sentido
Que ainda me resta
Se é que resta
Eu me levanto da cama
O corpo quase morrendo
Eu me sento

Escrevo mais um texto
Porque calar é ruim
E eu não tô mais suportando
Estar aqui

Então,
Mais uma vez
Eu levanto e saio de casa
Tentando não falar de morte
Não falar de amor
E não ficar em silêncio

Manter meus olhos abertos
E engolir mais um dia
Com manteiga e leite
Com agonia

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Posse

Tenho olhos de quem tem chorado
Um cabelo desgrenhado
Umas roupas largadas no chão
E tudo mais
Tenho versos espalhados
Para pessoas do passado
E um milhão de vezes escrito
"Eu não aguento mais"
Tenho um corpo
Que parece
Não ser inerte
Como os outros não são
E uma mente
Que a quase ninguém importa
Parece ter se perdido
Na confusão
Tenho uma vida
Que me deram
Como tudo têm me dado todos
Sem merecimento, sem lar,
Sem aconchego
O que nunca foi pedido me deram
E eu tenho (sem apego)
Tenho muito mais que muitos têm
Mas se a posse nada é
Perto de acordar todos os dias
E ser
Eu não tenho nada
Senão a minha vontade
De morrer

As coisas que a gente deseja

Queria mergulhar
Meu corpo em água fervente
E de minha pele ardente
Limpar
Toda a sujeira
Que tenho carregado comigo.

Queria me afogar
Em Lysoform
Ou qualquer desinfetante
E matar todos os germes pulsantes
Que tenho no dentro acolhido.               

Queria eleger um inimigo
Que não tivesse minhas mãos,
Os pés e o mesmo sapato preto,
Que não carregasse o mesmo
Verde amuleto
No peito.

Queria não ter que receber
Os incontáveis tapas
Que tenho merecido,
Queria antes ter sido
De fato, uma pessoa melhor.