sábado, 30 de março de 2024

Burning Bullet

Looks like I have been shot
Exactly half a centimeter left
To the very center of my chest
It's amazing how my body persists
In such a theatrical way
To present me
Surprisingly as precise as I am
As I feel
From my very core
I don't wanna be here
In this house, today
I think I may have given up on to
Looking good
Or trying to
Being something beautiful
Instead of
Fighting against pain
Is this supposed to be beautiful?
I'm not really sure
Of any of it, anyways
I like to hide my truths on a second language
To hide my panic attacks
In subconscious side-realities
Ultimately 
To crack my memories into so many pieces
I can't finish the puzzle for my life
Of my life
I can't find all of the pieces at the same time
Cause they're drawn as a paradox
A snake eating its tail
I devour my own past
And spit it away
It comes back over my skin
And teeth
Under my foot
Between my bones
On my shoulders,
In the middle of my spine
It comes back as the smell I feel on myself 
That makes me realize
I am real
I am something 
Not anyone, someone, a person
But a feeling
A willing 
The power force
To move
A strange machine 
With a lost user guide

sexta-feira, 22 de março de 2024

Caixa-Preta

Tenho medo de me tornar
Tudo aquilo que eu desprezo
E estou chegando lá
Eu sou o medo que tenho
De mim, do meu corpo
Do subsolo da minha mente, do tapete
Onde eu escondo as coisas
Que não quero enxergar
Os muros que eu montei
Em construção atípica
Montes de cascalhos derramados
Acumulando-se até cobrir a vista
Se tornaram altos demais
Para que eu os pudesse atravessar
Se eu tentasse
Caminhar sobre os cacos de conchas
Distribuídos ao redor de tudo 
que eu consigo ver
Meus pés ficariam dilacerados
Não sei se ainda teria pés
E então, qual afinal
Seria o propósito de ir até depois do muro?
E ficar presa diante dele
Observando de longe o que possa ter do outro lado...?
Acho que meu muro tem uma razão de ser
Um alçapão com motivo
Com direção e propósito
Como tudo sempre fez sentido
Enquanto eu o construía
Mas eu costumava forrar caminhos para o meu trânsito
Em dias chuvosos
Em dias raros
Em dias em que o brilho das pedras
Refletia a luz daquilo que me mata
E delas eu conseguia tirar alguma beleza
Mas então algo deu errado
Eu não me lembro o que causou o desmoronamento
Eu não me lembro o que fez com que todos os caminhos se apagassem nos entulhos
Talvez porque as memórias tenham ficado presas nos escombros
E eu não tenho coragem de tentar buscá-las
Eu tentei muito
Venho tentado
Até perceber que
Havia algo muito terrível
Escondido debaixo das pedras
E me veio o pensamento de que
Talvez eu não devesse libertar
O que quer que esteja vivendo por lá
Soterrado 
na poeira da guerra
do meu passado
Eu não entendo como esperam que eu prossiga
Que espécie de vida eu teria
Sem meus membros
Com um monstro à minha sombra
Com metade do meu sangue no chão sob meus pés
Eu não entendo como esperam
Que eu encontre uma saída
Uma maneira
De acreditar que ainda existe vida
Se tudo que eu posso ver com esses meus olhos exaustos
É a neblina
Do que um futuro deveria ser
Do que a realidade deveria ser
Eu não sei se eu estou de fato aqui.
Eu não sei se eu quero estar...
Eu tenho medo
De me odiar ainda mais do que tenho me odiado
Durante toda a minha vida
De sofrer por isso
De me machucar
Os ecos dos meus pensamentos são meu terror noturno
Eu sou meu próprio algoz
Eu tenho medo
Sobretudo eu tenho medo de morrer
Ao contrário do que tenho dito
Tenho muito
Muito muito
Muito medo de morrer
E talvez por isso
Há tantos anos
Venho desejando
Que a morte aconteça logo
Tento ser corajosa
Se eu enfrentasse de uma vez
Talvez
Talvez eu não tivesse mais medo.


segunda-feira, 4 de março de 2024

SDV

I cum to any sign of affection
Like I'm made of absence and water
I try to hydrate myself
Like I'm a dry tailed mermaid
Cooking inside a mattress' box
And then I pull my hair away
Push myself against the ice
And towards the unknown 
Into expectancy
I'm always alone
What do you want from me?
What do I want from thee?
The poem dies as soon as it gets born
This isn't how love is supposed to look like
I never met any sort of affection at all
I pray to Ioba and hope not to die yet
Not just yet
It's not even year 2

domingo, 3 de março de 2024

Vermelho

Eu descobri que gosto do cheiro de água
E que talvez eu seja um Iéti
Eu descobri que flores podem ser como socos
E silêncios podem ser a maior arma
Que alguém tem pra te tolher
Eu descobri que tenho pânico
De ver meu sangue escorrendo
Pra fora de mim
Ao contrário do que eu esperava
Ao contrário do que eu pensava desejar
Descobri que não estou morta, ainda
Que posso ser divertida
Pensei que estava muito velha
Com a alma a cacos
Mas parece que ainda me resta vida
E eu queria muito menos
Do que eu acreditava querer
Ao que parece eu tenho vivido sempre
Com o mínimo
Menos que o mínimo
E não resta espaço pra ouvir
Meus próprios sentimentos
Descobri que
Gosto muito de vermelho
Escondi que era uma cor que eu amava
No rosa, no amarelo
Todo o ódio que eu carrego camuflado
Não sei dizer se vermelho simboliza amor
Talvez seja como flores
Meus ossos estão deteriorados
Ou a capa deles
Algo que me doi
Descobri que ainda consigo
Aprender coisas
E talvez assim
Se eu continuar escrevendo
Buscando ar
E me resfriando à noite
Eu consiga continuar de pé