sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
Dálmata +++
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
Tesoura
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
Tempo de Vida Útil
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
Territorial
sexta-feira, 5 de novembro de 2021
Um escorpião nunca ficou calmo na vida
quinta-feira, 4 de novembro de 2021
Olhos miúdos diurnos
terça-feira, 2 de novembro de 2021
Velório de Papel & 𝕃𝕖𝕕
sábado, 30 de outubro de 2021
Geleia magnética
sexta-feira, 29 de outubro de 2021
It's the little things
quarta-feira, 27 de outubro de 2021
Moletom Vermelho
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
Três anos de pôr-do-sol
domingo, 24 de outubro de 2021
Joints
sábado, 23 de outubro de 2021
Texto Sem Título
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
Monsters don't know how to do hygiene
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
Nights
Não funcionou
terça-feira, 12 de outubro de 2021
Fever
sexta-feira, 8 de outubro de 2021
Tablatura
Dias
quarta-feira, 6 de outubro de 2021
Não pode rir
sábado, 25 de setembro de 2021
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
Semicerrados
sábado, 28 de agosto de 2021
domingo, 22 de agosto de 2021
Vermin
sábado, 14 de agosto de 2021
Fotografia
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Lamb
domingo, 8 de agosto de 2021
terça-feira, 3 de agosto de 2021
Muda
domingo, 1 de agosto de 2021
Milk
sábado, 31 de julho de 2021
Ácidas
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Não pregue os olhos
quinta-feira, 29 de julho de 2021
A corrida
As camomilas
O emaranhado de arames daquela casa crescia inevitavelmente.
Eram grossos, curtos e dourados.
quinta-feira, 8 de julho de 2021
Bonedog - Eva H.D.
Recitado por Lucy em I'm Thinking Of Ending Things:
Coming home is terrible
whether the dogs lick your face or not;
whether you have a wife
or just a wife-shaped loneliness waiting for you.
Coming home is terribly lonely,
so that you think
of the oppressive barometric pressure
back where you have just come from
with fondness,
because everything’s worse
once you’re home.
You think of the vermin
clinging to the grass stalks,
long hours on the road,
roadside assistance and ice creams,
and the peculiar shapes of
certain clouds and silences
with longing because you did not want to return.
Coming home is
just awful.
And the home-style silences and clouds
contribute to nothing
but the general malaise.
Clouds, such as they are,
are in fact suspect,
and made from a different material
than those you left behind.
You yourself were cut
from a different cloudy cloth,
returned,
remaindered,
ill-met by moonlight,
unhappy to be back,
slack in all the wrong spots,
seamy suit of clothes
dishrag-ratty, worn.
You return home
moon-landed, foreign;
the Earth’s gravitational pull
an effort now redoubled,
dragging your shoelaces loose
and your shoulders
etching deeper the stanza
of worry on your forehead.
You return home deepened,
a parched well linked to tomorrow
by a frail strand of…
Anyway . . .
You sigh into the onslaught of identical days.
One might as well, at a time . . .
Well . . .
Anyway . . .
You’re back.
The sun goes up and down
like a tired whore,
the weather immobile
like a broken limb
while you just keep getting older.
Nothing moves but
the shifting tides of salt in your body.
Your vision blears.
You carry your weather with you,
the big blue whale,
a skeletal darkness.
You come back
with X-ray vision.
Your eyes have become a hunger.
You come home with your mutant gifts
to a house of bone.
Everything you see now,
all of it: bone.
Recitação de Jessie Buckley interpretando Lucy no filme:
terça-feira, 22 de junho de 2021
Ovo triste
quinta-feira, 17 de junho de 2021
Como una Flor - Francisco, el Hombre
Fui de saco al trabajo y se cerró mi corazón
Me cambié a una casa pero ahí no quepo yo
No caben mis zapatos ni la luna ni el sol
Se cerró mi corazón
Me agarré del pie de un dios y se cerró mi corazón
Fui de saco al trabajo y se cerró mi corazón
Me cambié a una casa pero ahí no quepo yo
No caben mis zapatos ni la luna ni el sol
Me amarré una corbata y se cerró mi corazón
Me tapaba todo el pecho escondiendo un dolor
Me arranqué todas las ropas y entonces desnudo
Tomé en mis manos mi corazón y se abrió como una flor
Y se abrió como una flor
Me agarré del pie de un dios y se cerró mi corazón
Fui de saco al trabajo y se cerró mi corazón
Me cambié a una casa pero ahí no quepo yo
No caben mis zapatos ni la luna ni el sol
Me amarré una corbata y se cerró mi corazón
Me tapaba todo el pecho escondiendo un dolor
Me arranqué todas las ropas y entonces desnudo
Tomé en mis manos mi corazón y se abrió como una flor
Y se abrió como una flor
Y se abrió como una flor
Y se abrió como una flor
Somos humanos ou máquinas
Animais ou máquinas
Somos humanos ou máquinas
Não me enferruja a chuva iaiá
Somos humanos ou máquinas
Animais ou máquinas
Somos humanos ou máquinas
Não me enferruja a chuva iaiá
Somos humanos ou máquinas
Animais ou máquinas
Tomé en tus manos tu corazón
Y se vá abrir como una flor
Uma flor rasgou a rua
Desafiando a inércia cinza do ódio
Uma flor, uma flor minha e sua
Florescendo trouxe vida à rua
Soy mi propia luz, mi propria
Soy mi propria luz, mi propria
Soy mi propria luz, mi propria
Soy mi propria luz, mi propria luz
Dose - Jade Baraldo
Pode acontecer, espero
O amor quer me tomar
Quer me sugar, desnortear
De onde vem, não sei
Não sei
Tudo começou do zero
O amor é um mistério
Vai despir, vai engolir
Quando você se distrair
Pra onde vai, não sei
Já foi
Me arrisco só pra te ter
Beijo os seus lábios pela imaginação
Tudo que eu vejo é quase uma ilusão
Entro nos seus sonhos e me encontro nesse vão
É tudo tão na contra mão
Sinto o seu cheiro invadindo o meu colchão
Quase um desespero essa inspiração
Bebo dessa dose como uma boa poção
É quase que uma maldição
Tudo começou do zero
O amor é um mistério
Vai despir, vai engolir
Quando você se distrair
Pra onde vai, não sei
Já foi
Me arrisco só pra te ter
Beijo os seus lábios pela imaginação
Tudo que eu vejo é quase uma ilusão
Entro nos seus sonhos e me encontro nesse vão
É tudo tão na contra mão
Sinto o seu cheiro invadindo o meu colchão
Quase um desespero essa inspiração
Bebo dessa dose como uma boa poção
É quase que uma maldição
quarta-feira, 26 de maio de 2021
Fé, lá
Eu desperto
De meu sono acordado
Meu corpo desperta
Sinto dores que não deveria sentir
Verdades que estou fingindo esquecer
Sinto meu corpo reagir
Sinto ele sofrer
E dopar-se,
Criando uma festa insossa
No meu paladar
Eu não sei explicar
Eu não sei para quem tentar
Algo está errado
Eu não sei se há o que fazer
Se aproveito o momento
Se me deixo morrer
Sinto que quero
Fechar meus olhos
E minha boca
E me deitar
Eu tenho muito a perder
Não é como das outras vezes
Mas esse muito não dá pra agarrar
Tem que correr muito
E correr
E correr
E correr
E correr
Pra alcançar
Pra tentar
Pra continuar a enxergar
Mas eu tô aqui
Correndo
E correndo
E correndo...
...
.
às vezes eu paro um pouco
— muitas vezes —
e não vejo mais nada
mas tá lá
terça-feira, 18 de maio de 2021
Chá de Boldo
Meus olhos não pregam
Como as mãos de cristo
Não sei se tento enxergar algum milagre
Ou só aceito como Buda ou algum sábio
De que outra maneira-?
Meus enormes negros, fundos
Olhos de coruja
A nova voz no meu sonar
Mais alguém em quem confiar...
E meus cílios como cola para postiços,
Colados nas pálpebras,
Arregalada
Laranja Mecânica
Me digo
Que não desligue
Não desligue
Não, você não pode desligar agora
Mas ao deitar e implorar tudo está em pleno neon
Sigo acesa
E o caos e o caos e eu penso
O que fazer com este caos
Então me sento frágil
Forte
As duas simultâneas, juntas
Acordadas,
Sigo a descascar o caos
Como uma cebola que ardesse os olhos
Mas dessa vez, mastigo as partes
Engulo
Uma após a outra
Após a outra
E após
Até que não me seja mais possível descamar
Em tamanha náusea, no passado
Alguém me daria um chá
Um chá de boldo, pra enjoar
E colocar tudo de ruim pra fora
Engulo o chá.
domingo, 9 de maio de 2021
Marie Kondô
Para Segurança é preciso limpeza e organização.
Então, te dou uma pá, dez sacos de lixo, uma vassoura piaçava muito usada, uma agenda e uma caneta funcionando.
Esqueço a garrafa cheia de álcool 70 na mesa e um ou três paninhos descartáveis, e talvez uns papeis para limpar a sujeira que a vida acumulou.
A gente volta pra buscar.
Um ventilador, uma máscara. Um celular tocando música.
O celular interfere e você sabe.
Não vem ninguém te socorrer, pare de esperar na porta.
Visitas são perigosas. Você não quer isso.
Precisamos limpar essa vida inteira. Temos muito trabalho a fazer.
Como achar o caminho de saída no meio dessa bagunça?
Nosso quarto não tem janelas.
Nossas coisas estão desempacotadas.
Você lembra como costumava ser. Segue as antigas regras.
Mas como?
Joga todo esse lixo fora.
Eu não sei fazer isso, eu não sei.
Eu me sinto tão sem nada que esse lixo é tudo que eu tenho.
Quase ter coisas é quase ter pessoas, é fingir que eu tenho alguém.
Objetos pra mim são os pedaços das pessoas. Como jogar pessoas no lixo?
Como?
Eu sinto falta dele.
Ele curou tudo.
E foi embora.
Agora eu só tenho o desespero.
O desespero puro, o desespero.
Eu vou morrer aqui
Eu vou morrer aqui
Eu vou morrer aqui
Eu não suporto mais
Eu não suporto mais
Eu não suporto o pavor e como estou aterrorizada
O desespero
O panico
Eu vou morrer aqui
Ele vai me matar
Vai me quebrar toda
Me colocar no hospital
Ele vai me matar de tanto bater
E talvez eu mereça
Talvez eu mereça
E tudo que eu faça me leve a apanhar até morrer
Eu não tenho como sair
Não importa o quanto eu limpe
Eu estou suja demais
Eu sou suja demais
Minha vida é suja demais
Desintegrada demais
Muito apocalíptica
Para ser organizada
Eu to condenada
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Corvos
Um olho gigante me observa no escuro
Arregalado, me engolindo
Colado na minha retina
e
ofuscando a habilidade de se fecharem as pálpebras
Aquilo me vigia
Eu sou um mar de culpa e crimes,
Um maremoto,
A maresia
Eu preciso quebrar no fim da onda
Na beira, na areia
Na borda
Eu preciso quebrar.
No escuro da noite eles comem
E no silêncio da carne desmaiada
Do surdo e do mudo
Da perda de todos os sentidos
E do infinito nada do não-átomo da antimatéria
Pulsa e pulsa e pulsa como uma maratona que pairasse entre morte e vida
E tento ter olhos para ver
Pele para sentir
Alma para existir
Tento abrir os olhos
Mas sou um não-átomo do átomo
Do que formou o mundo e o equilíbrio da forma
Não enxergo um átimo,
Não o percebo
Se não o reflexo dos olhos grandes elétricos
e a fome das bestas
O tempo e o mundo, se existem, em outro plano
Eu e eles aqui e escolho o ciclo.
sábado, 10 de abril de 2021
Segredos
Tremo sob os degraus de uma possível sobriedade
Como um sanduíche de pão velho com molho de ontem à noite
É de manhã
Me invadem
Não sei de meus pensamentos
Agora estou a mil
Ando pela sala
Pelos cantos
Não sei para onde vou ou o que estou ouvindo
Estou acelerada e distante
Não estou aqui
Me invadem
Não sei das circunstâncias
Não sei se quero saber
Queria o nada
O nada
O meu nada
Onde meus pensamentos eram a tinta
E eu era o branco
Eles me sujam
Eu tremo e
Sinto desgosto
Quero tremer em silêncio
domingo, 4 de abril de 2021
Cobras
Odeio
quando
você
finge tenta
ser
minha
amiga
.
Assassinaram a liberdade dos meus pensamentos
Sou uma rocha em pontas despencando em giros
Quinas e saltos ao longo de um morro sem fim
Me ralo e deformo, imagem volátil, circular de mim
Eu quero um minuto de silêncio
De paz, de alegria, de
Não precisar ser tanto
Um descanso
Um não precisar fazer
Você sabe o quê
Você entra e me enche de veneno
E eu não sei como
Não faz sentido
Você deveria ser berço
Mas eu só vejo cobra
Eu me cubro, um escudo improvisado
Mas não tenho para onde fugir
Do seu abraço
Não ilha, Atlântis
Me debruço sob o mármore da janela
Fucinho na brisa gelada, pelada
Como um cão de apartamento buscando ansioso a fuga
Uma criança enrolada em sua toalha pequena
E o lago na sala
Eu sou uma sereia à luz do luar
Buscando o mar
Com meus cabelos molhados
E me escorre o ouro pelos dedos
É tudo tão efêmero
O ar é tão seco, para ser tão fresco
Me racha
Me humanizo
Granizo,
No lugar de chuva ou oceano
E minha cauda, minha capa
Me escondo
Do quê?
De quem?
Por que a criança chora?
E se ela bebe um copo d'água, por que
A fuga continua?
Tomo ar milhares e milhares de vezes
Incessantemente
Afundo, âncora
Chumbo
Cidade submersa
Oceano puro
sexta-feira, 19 de março de 2021
Pinduca, consanguíneos e o coral
O dia nasce,
eles gritam
Eu penso que é você
Na minha janela
Gritando pra mim
Você foi embora,
mas ficou aqui
E ficou tanto que não me deixaram
trazer outro para te substituir
Pelo menos assim eu poderia dizer
Que você voltou pra mim
Renasceu das cinzas
Reencarnou
Que era você de novo, no outro
Que você veio atrás de mim para me proteger
O dia nasce, eles gritam
Eu tento descobrir
se é você voltando pra mim
Ou se ainda estou esperando você partir
sábado, 13 de março de 2021
Inconsequência
Às vezes, fazer as coisas como se não houvesse amanhã
É ter fé
Nas soluções e no que virá
Às vezes,
Fazer as coisas como se não houvesse amanhã
É tentar fazer
Com que não aconteça o que você acredita que está prestes a acontecer
É ter fé que o fim nas suas ações de alguma forma findará o fim das ações que a sua fé crê que findarão.
Às vezes, fazer as coisas como se não houvesse amanhã
É não ter amanhã
E fé
Apenas na falta do amanhã.
sexta-feira, 12 de março de 2021
Corpo
Lavo meu cabelo com álcool 70
Minha unha vira ao contrário enquanto eu tento me limpar
Passos rápidos, pelada pela cozinha
Torcendo para ninguém me notar, mas
Sigo nessa competição sem nexo
E tenho pedido atenção, como fosse fazer diferença
E decidi me omitir, pois não quero que me notem nua pela cozinha
Digo,
Ao contrário, suja,
O cheiro que me sobe dos poros e
A casca que raspo para manter-me achável,
Tolerável, tragável,
Ma nu se á vel
Me tranco num quarto escuro da mente
Um quarto calmo
Um quarto de morte
Durmo infinitamente
Mas levanto às vezes, pra alimentar o corpo.
quinta-feira, 11 de março de 2021
Quase
Deixei um texto pela metade
Minha vida pela metade
Meus dias sem lavá-los
E as horas, os quadros, os restos jogados no chão
Por todo o chão
Por todo lado
Metade do quarto
Metade de mim
Me sinto um coral
Arrebentado
Pelos rebotes do mar
Macerada, embotada
Pela força divina das águas
E da seca das nascentes
Da morte de todas
De ambas as minhas metades
E minha cauda
E meu pó
Fechei meus olhos
Porque era março
Um mês qualquer pra se morrer em vão
E eu estava assim por dentro
Partida, ferida
Triste
Deprimida.