segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Fetiche

Me percebi trancada
Em meu corpo
Preso no mesmo canto
Mal ocupado do sofá
No meu silêncio
De quase três da manhã
Só interrompido
Pelas respirações mais profundas
Pela contração
Que dentro de mim me obrigava
A mover-me no mesmo espaço
Pequeno, resfriado
Me percebi atada à indecisão
Uma espécie de punição
Resposta à desobediência do destino
De não ter satisfeito meus desejos
Me tornara então estátua
Cubo de gelo
Derretendo-me através do tempo
Duas horas
E minha voz já não existia
Eu queria gritar
Mas não queria
O excesso dos quadris aprisionados
Era o que dava sentido
À minha loucura
E ser apenas eu
Era existir

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