segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Água, farinha e cor

Tenho braços para cercar
Todas as pessoas do mundo
Segurar firme e dizer
Chora.
Eu sinto a sua solidão.

Tenho pernas para desabar
Quando tentar fugir
Do excesso
Do caminho sem retorno
Deste verso
Tenho joelhos
Para ancorar-me ao chão

Tenho olhos para borbulharem
Saliva, para engolir o corte
Pulmões, para notificar asfixia

Tenho espírito
Para sentir-me vazia,
Insaciável
Ou plena e perpetuamente
Insuportável

Tenho comigo
A qualidade física
Da dor

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