terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Sol

Me cala, copo cheio
Brasa tóxica
Que tenta me matar
Me isola do mundo
Que lá fora
Não tem nada para olhar

Me engole, ácido
Relembra
Que não sou nada
Que um corpo morto
É só um peso, adubo
Pra terra brotar

Me cala, verso
Me fecha os olhos perversos
Depois de desmanchar
A voz estúpida
Me expor ao ridículo
Provar que eu sou digna
Do ódio tutelar

Me mata copo
Me acaba trago
Me engole rio
Me arrasta pro fundo do mar
Pra nunca mais voltar

Me bebe, morte
Sol líquido numa mesa de bar
Que sorri entre meus dedos
E então tenta me apagar

Me cala uma última vez
Que eu não quero nunca mais viver
Não sou como vocês
Nunca vou ser

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