segunda-feira, 13 de maio de 2019

Tu, depois você

Eu procuro nossos dois livros
E seu blog, para ler novos poemas
Procuro versos teus, reclamações
Soltas pelo meu caminho
Procuro a tua voz
No meio da tarde
Você sabe que meus dias viram noites
E estou em plena madrugada
Acordo insone às três da tarde
E quando estou prestes a chorar
Penso em você
E quando estou prestes a morrer
Busco você
Pelos meus textos, pelo meu corpo
Do que ele ainda lembra,
Os cabelos negros molhados,
Pesando nos meus olhos
Aquele abraço infinitamente quente,
Gigantesco,
Como abraçar um ser sobrenatural,
Os pés qual grossas pilastras,
Me fazendo sentir pequena,
Ausente,
Teu peso exausto sobre mim.
Eu te disse que ainda te amava,
Que tu era uma outra metade, gêmeo
Uma reprodução deturpada
De tudo que conheço sobre mim
Eu te disse que preferia morrer
A ouvir teus lábios
Mas mentia, pois preferia morrer
A qualquer coisa,
Exceto a ouvir teus lábios
Dizendo que me ama também.
E tu me disse, como sempre espero
E tu riu de meus comentários bobos,
Falhos, coxos, vis,
Você riu de minha insanidade
Como eu tivesse carisma
Como realmente enxergasse algo
Por detrás de meus ossos esfarelados;
Mais uma vez eu te disse coisas
De que me arrependi.

E foi sublime ouvir os teus sorrisos
Teu suor no rosto, a tinta respingada,
E te busco cega, pra tentar resgatar
Aqueles enormes 5 minutos.
Eu não escrevo mais textos,
Sigo calada,
Tento buscar nos teus
Algo que me comunique
Que me manifeste
Que prove a minha existência fúnebre
Se te amo e te sou, em certa parte,
Não há matrimônio ou prole,
Não há futuro,
Eu só preciso sobreviver.

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