quinta-feira, 30 de julho de 2020

Here I am. Send me.

Dizem que eu sou pessimista.

Não sou. Eu sempre fui bastante otimista. Um pouco assustada às vezes, talvez. Era estranho me descobrir pequena diante das minhas vontades. 

Sempre acreditei ter o poder, e o dever de mudar o mundo. Nunca me fez sentido "aceitar" as coisas como elas são. Algumas pessoas são assim. Eu nunca fui. 

Para desejar mudar o mundo, pôr esforço nisso, decidir agir em moção a essa realidade, é preciso sobretudo acreditar na mera possibilidade de sua existência. E é preciso MUITO otimismo para se deparar com um mundo de intermináveis violências e continuar acreditando que existe luta contra elas. Que vale a pena comprar esta luta, pagar por ela com a vida, se entregar de graça pelos outros. 

Sou otimista. 
Há em mim, muita depressão. Momentos de desgraça e desesperança. Momentos de descrença na humanidade, decepção e revolta. Mas me revoltar contra a maldade é também forma de ter esperança de que exista algo além dela. 
Sou Borderline, tenho altos e baixos, crises e extremos. Tenho momentos de cortes em que nada além daquele segundo relampeando dentro de mim consecutivamente pode fazer sentido. Há realidades que são fortes demais para competir, ou serem vividas em co-consciência com outras. 
Há dores e desesperos que precisam ser vividos solos. Na mais profunda e aguda solidão.

Pensar nisso como um momento, como uma experiência da vida como tantas outras. À qual eu sou capaz de sobreviver, e à qual sobrevivi por tantas vezes. E entender que, mesmo aceitando mergulhar no escuro mais desconhecido de absoluto pavor que exista em minha mente, eu ainda posso queimar ao fim o pavio desta dor, seguir meu rumo, e voltar pro cais, montar minha artilharia;
É, inegavelmente, 
Ser de cego e irremediável
Otimismo.





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