domingo, 4 de abril de 2021

Não ilha, Atlântis

 Me debruço sob o mármore da janela

Fucinho na brisa gelada, pelada

Como um cão de apartamento buscando ansioso a fuga

Uma criança enrolada em sua toalha pequena 

E o lago na sala

Eu sou uma sereia à luz do luar

Buscando o mar

Com meus cabelos molhados

E me escorre o ouro pelos dedos

É tudo tão efêmero

O ar é tão seco, para ser tão fresco

Me racha

Me humanizo

Granizo,

No lugar de chuva ou oceano

E minha cauda, minha capa

Me escondo

Do quê?

De quem?

Por que a criança chora?

E se ela bebe um copo d'água, por que

A fuga continua?

Tomo ar milhares e milhares de vezes

Incessantemente 

Afundo, âncora

Chumbo

Cidade submersa

Oceano puro

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