terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sem janelas

     Ar. Ela quase já não sabia definir a sensação de senti-lo entrando e saindo com facilidade. Seus pulmões doiam a cada tentativa persistente de sobreviver dentro daquele espaço tão menor que ela. Ela tentava desesperada e inutilmente se encolher, e assim talvez ela coubesse novamente na própria bolha e fosse capaz de escapar pela própria garganta. Nada adiantava. Cada gota de suor era incômoda. Cada som que não vinha dela mesma era insuportável aos ouvidos. Teve a ânsia de se cortar novamente. Mas como poderia se estava ali tão presa e tão fora do alcance de tudo? Até do ar, até de si mesma. O que estava especialmente fora de seu alcance era a paz. Ela podia lançar a própria cabeça contra o concreto frio da parede. De que adiantaria? Permaneceria presa. E seu desespero tornava o espaço cada vez menor. Era impossível! Impossível conviver com as paredes.
     Era apenas mais um acesso de insanidade. Era recorrente. Ela procurou uma calma falsa no vácuo. Não encontrou. Uma espécie de ataque de pânico. Falta de ar. Mais um blackout.

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