Nesse paradoxo sobre o qual eu caminho sem escolha, uma confusão
interna se cria e me sufoca. Quero ser simples e pura, e ao mesmo tempo
há uma necessidade absurda, e de origem desconhecida, de ser fatal. Fatal
no sentido sexo, é claro. Porque se juntar a morte, a dor e um orgasmo,
há um auge de sensações tão maravilhosamente extremo que parece a mim
ser o que chamam de felicidade. Sempre há um medo louco do que vem
depois. E ainda há uma fantasia ainda mais absurda de que há amor e
amizade em proporções tão intensamente límpidas que se eu chegasse ao
auge disso, seria capaz de atingir a serenidade pela qual tanto gritei.
Acho que no fundo não vou buscar nenhum dos dois, e sim seguir cega as
oportunidades que me aparecerem, sempre me mantendo na esperança de
algum auge sem sentido. Nada disso existe. Eu já disse que sou um
paradoxo cético? Mas ainda sim. É da minha natureza persistir e desistir
infinitas vezes na mesma coisa. Difícil mesmo é algo definitivo. Minha
alma tem vários pedaços. Alguns extremos aparecem vez ou outra. Hoje eu
fui os dois extremos. Será que a psicologia pode me salvar?
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