terça-feira, 8 de outubro de 2013

Texto número 375 (ou mais)

   Vou falar sobre você, porque já não tenho mais o que dizer. Porque foi você que agora resolveu se instalar na parede do meu estômago. Mas contra as expectativas, a comida ainda tá me descendo legal. Não é que eu não queira chorar de vez em quando, não me entenda mal. Ainda sou essa manteiga derretida que vive da dramaticidade. Mas é que eu estou realmente decidida dessa vez. A ponto de começar a confundir o que me fazia falta em você. Será que era a euforia do meu ponto G, ou quando você me acalmava de um surto psicótico? Só tenho certeza que sinto falta de te machucar. Isso a gente não encontra em qualquer canto. Seu masoquismo era às vezes uma espécie de entorpecente para a minha alma. Você foi realmente muito mau comigo. Mas eu acho que o que realmente me faz falta é a ideia de ter um namorado. De ter alguém que se importa mesmo. Alguém que me coloca em primeiro lugar e que cuida de mim. É uma ideia meio deturpada, aprendida em muitos filmes não-nacionais que meninas assistem com mais frequência do que deveriam. Mas me faz falta. Ah, romântica incorrigível. Obsessiva e viciada em prazeres físicos. Sou abominavelmente eu, querido. E agora, eu sem você na minha vida. E você nem vai se dar ao trabalho de ler o texto número 375 que eu escrevi pra você. Não que você tenha lido os outros 374. Você não se importa com o que é importante para mim. E isso doi. Porque provavelmente eu nunca vou encontrar o que eu vi naqueles filmes idiotas. Porque nem existe. E talvez nem mesmo eu exista nesse mundo tão sobrecarregado (luto contra a minha terapeuta para existir, eu juro).
   Amor, você nunca entendeu minha filosofia. Nem minhas estranhezas, nem meus sentimentos. Você nunca entendeu minhas necessidades, e provavelmente não entenderia como agora eu não preciso de você. Mas em algum lugar, te quero. E se tudo correr bem, não por muito tempo. E de alguma forma, essa minha decisão ainda me incomoda. Não sei mesmo como você pôde se deixar levar por essa ladainha venenosa, mas quem sou eu pra dizer quando fui a mais intoxicada? Eu sinto muito que você tenha que ir. Sinto mesmo. Mas não há outra saída, se não me livrar do que me atormenta. E vocês dois me atormentam mais que os meus demônios de 2011. Sinto muito que tenhamos os três nos tornado quem nós somos. E, adeus.

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