quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Queda e silêncio cheio.

   As vozes não falam, mas seus sentidos cruzados estão ali, e eles gritam. Berram vontades opostas, mimos, revoltas. Indignações e uma esperança conquistada. Briga! Briga! Briga! A ânsia pelo silêncio oscila de solidão a suicídio. Passa pela libido adoecida e pela fantasia. As mentiras e verdades engolem umas às outras. E só resta uma certeza: é preciso fugir. Mas não há escapatória. Estar em casa não é estar em paz, e todos os lares são defeituosos. Talvez porque o defeito está em mim. Talvez os meus problemas sejam fruto desses lares transitórios, inconstantes. Pessoas são lares melhores, mas lares que me chutam, que me odeiam, e me deixam ao relento. Preciso me acostumar a estar na rua, a estar só. Mas tanto meu pulmão quanto o estômago não estão nem de longe preparados para tanto. É como se eu estivesse apodrecendo. E sei que estou. Por dentro e por fora, a decadência lerda e imutável. O gosto de morte dorme e acorda comigo. Não sei o que ainda pode me salvar daquelas crises. As companhias são todas fracas, não há objetivo. Não há sentido, e a esperança oscila. Morre e desmorre quando quer. Estou completamente perdida. No limbo, no vácuo, no abismo. Em queda permanente, sem nunca chegar ao chão.

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