sábado, 21 de julho de 2018

Bastidores

Me serve uma bebida
Enche meu copo
Despeja teu corpo torto
Ao meu lado
E sossega o teu enorme peso
Em meus dois olhos.

Eu falo muito de carne
Pouco de espírito
Mas é que sempre fomos tão clichês
Que sempre imprevisíveis

Quando você rugia para mim
E me fincava as garras
Eu gostava e te gritava socorro
Como encenasse
Uma grande comédia

No meio do último ato
Eu fechei as cortinas
E cansada de tantas vaias
A plateia calou-se
Saciada

Pois, agora
Nos bastidores
Onde eles não puderam enxergar
Onde nos calamos nós
E desmontamos as peças
Figurino e maquiagem

Eu te sirvo uma bebida
Em um copo vazio
Sem garras, presas
Ou pupilas dilatadas

Nenhuma tragédia ou ópera
Menino por trás da máscara
Quem sempre foi comigo
Um companheiro de teatro.

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