terça-feira, 10 de julho de 2018

Carcereiro

O dia cede
E enquanto cessa,
O ímpeto de chorar
Me retorna
Meu universo é um monstro faminto
Que espera alimento
Desde o parto.

Nada é capaz de nutri-lo.
Nada é capaz de matá-lo.

O peso de grossas correntes
Se arrasta
Ferindo o concreto,
Cansando as dobradiças.
O metal de firmes pulseiras
Dilacera-se diante da fúria
Da fome e do isolamento,
Da força como se sustentam
Punhos e pulsos
Dentro de mim.

Meu monstro é sonoro.
Me ocupa o espaço,
Me polui o ser.
Eu sou a sua vontade
E o roncar incessável
De seu estômago.

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