quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Joãozinho, a sereia

Meus fios de cabelo
Os que sobraram
Tiram sarro de mim
Dá para ouvir as gargalhadas
Manchando o box do chuveiro
Espalhando tristeza
Onde eu passe.

Gosto de fazer
Minhas próprias coisas
Porque não confio
E sou sozinha
E um erro meu pode doer
Infinitamente menos
Que o de outro.

Gosto de ser responsável
Pelos meus próprios desastres.
Cabelo no ralo,
Sangue na coberta,
Quadro quebrado.

Eu sou um furacão
Preso dentro de um quarto
Quatro paredes e vozes
Que o silêncio não corta
Não cala, distrai ou ofusca
Eu sou a tentativa vã
De respirar
Debaixo d'água.

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