domingo, 10 de março de 2019

Furacão

Eu sou um furacão de bolso.
Versão pocket.
Grande, gorda, mas pocket.
Eu sou um pedacinho de revolução.

Desde meu corpo
Que cresce ocupando espaço
E pisa e grita e roda
[Mulher rodada]
Onde não pode pisar
Aos meus discursos desconexos
Frágeis
Cheios de espinhos e minas no campo
Uma bomba-relógio
Ativada com sangue
Que eu mesma tiro de mim.

Eu me movo como quero
Ando torto nas regras
Fujo do que me é certo
E entro no descabido
Para vestir minhas roupas ao contrário
E pintar meu rosto com minhas tintas velhas
E dobrar as mangas na minha barriga
E declarar que tudo que se vê ao redor
De meu profundo umbigo
É o universo.

E na permanência
De minha vida
Quem manda sou eu.

Eu abro as minhas pernas
No fuso horário errado
Para alimentar meus tornozelos
Com a comida mais barata do posto
E se não provo de todas as drogas
Para saber de tudo que me falam
É porque sou eu
E existo
Em meu apocalipse
Não quero me perder nos escombros
Dos limbos de outros
Já tenho meu próprio oceano
No qual me afogar.

Eu sou os transtornos mentais
Dos artistas natos
O abuso e a violência
E também a insistência dos servos divinos
Em manter uma falsa ordem
Neste caos

Eu vou e volto
Em meus caminhos
Meus passos
Mesmo despedaçados
Mesmo deitada fúnebre
Sobre meu empoeirado caixão

Com minhas músicas
E poemas tristes
E lamentos hipocráticos
E feitiços satânicos
De cura e proteção

Eu sou meu próprio abismo
E do amor de outros
A minha falta de sentido
E perpétuo conflito
Foram o parto do mundo
Entre a harmonia e o pandemônio.

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