quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Disforia

Hoje não fez frio
E eu quis tirar minha pele pra secar
Mas eu não podia
E por mais alienígena que eu fosse
Eu ainda estava presa dentro de mim
Desse corpo
Faz dias que eu não durmo direito
Espero amanhecer
Só me reconheço nela
Em nomes avulsos
Em nomes vários
Menos em mim
E nem tem coerência
Não que isso seja novo
Afinal, é a única invariável
Nesse caos
Saber que sempre vai ter algum paradoxo
Ou variabilidade perpétua 
Dentro da minha cabeça
Mas eu tinha a expectativa 
Esperança
De poder descansar
Mas não consigo
Não dá pra tirar minha pele pra secar
Nem quando não faz frio
E quando faz também
Não dá pra aguentar só com ela por cima
Não é suficiente
Simplesmente não é uma pele adequada para mim
Não é a minha pele

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